Na manhã seguinte acordei um pouco mais tarde, por volta das 9:30. Espreguicei-me e olhei para a janela, aparentava que ia chover. Coloquei uma blusa de manga curta branca, bem leve, jeans e uma rasteirinha preta.

– Bom dia Ami! - Rei exclamou, saindo do banheiro.

– Oh, bom dia Rei!

Rei vestia uma camiseta e uma saia bem coloridas e um salto alto rosado. Arregalei um pouco meus olhos e a vi indo para nossa cozinha, pegando alguns bolinhos de chocolate. Ela dirigiu seu olhar para o papel com o número de Shito, a morena apenas arregalou os olhos e me encarou.

– Ligou pra ele?

– Não.

– QUE?! AMI MIZUNO LIGUE JÁ PRA ELE!

Assenti, meio assustada. Não sabia ao certo o que dizer mas lembrei de algo que me fugisse daquela situação, iria visitar Kurashi no hospital. Desliguei o telefone antes do rapaz atender e saí andando até o hospital.

– AMI!

– VOU NO HOSPITAL, VOLTO LOGO!

Fui correndo até o hospital, pensei em pedir carona ao Mamoru, mas ele e Usagi deviam de ter saído. Andei mais algumas quadras e cheguei até o local, lá havia uma jovem recepcionista de seus 25 anos, sua pele era pálida, seus olhos azuis escuros e seus cabelos eram vermelhos, presos num rabo de cavalo, lisos e curtos.

– Olá, sou Ayuri, em que posso ajudá-la?

– Eu gostaria de saber onde fica o quarto do senhor Kurashi Tetsuyano.

– Ah, sim! Você quem o salvou não? Bem, ele está no quarto 107 no primeiro andar.

Agradeci à Ayuri e fui andando até o elevador. Apertei o botão de subir e entrei, apertando o botão que me levava ao primeiro andar. Ao chegar lá, olhei em volta, procurando o quarto 107, até que achei. Bati na porta e ouviu um menino dizer: "Entra!"

– C-com licença... - Pedi, timidamente.

Notei melhor Kurashi, ele tinha a pele morena, seus olhos eram azuis bem claros e lindos! Seu cabelo era curto, castanho escuro e meio desgrenhado. Ele me encarou, sorrindo.

– Você! Você foi a menina que me salvou! Muitíssimo obrigado! - Ele disse, se levantando e me abraçando.

Corei com o ato do rapaz, não estava acostumada a abraçar alguém, muito menos um menino! Uns minutos depois ele me largou, voltando para sua cama. Olhei em volta e vi uma cadeira lá, aproveitei e sentei.

– Você é Ami Mizuno não é? A melhor aluna do Japão.

– S-sou sim...

– Prazer!

Quando notei melhor o rapaz tinha em seu colo o mesmo livro de planetas que eu tinha. Arregalei um pouco meus olhos e sorri, apontando para o objeto como se fosse uma criança querendo um doce.

– Está lendo o mesmo livro que o meu? - Kurashi perguntou.

Assenti.

– Bacana! Qual seu planeta favorito?

– Mercúrio, sou fascinada por este planeta! - Comentei com os olhos brilhando. - E o seu?

– Mercúrio também, é um planeta bem interessante!

Ele se sentou de frente para mim e abriu um espaço do lado dele para eu sentar. Não recusei, me sentei do lado direito dele e ficamos vendo trechos do livro. Quando deu 11:30 saí do quarto, prometendo voltar no dia seguinte.

– Ai ai... - Suspirei.

– Uau, foi tão boa assim a visita? - Perguntou uma voz feminina.

Ao olhar para o lado me deparei com Mako encostada na parede do hospital segurando duas rosas. Ela sorriu, fez um sinal para eu segui-la e assim fiz, andando com ela pelo calçadão para logo chegarmos no hotel.

– Como foi? Ele é bonito? Galã? Simpático?

– Calma Mako! Ele é muito bonito, assim como o Shito, simpático...

– E esse Shito? - Ela perguntou, olhando de relance para mim.

Fitei o chão, não costumava reparar em meninos ou pensar no amor e, em minha opinião, estava falando demais neles. Olhei para a minha frente e vi um rapaz correr em nossa direção. Era o Kogayama.

– Oi garotas! Ami, te liguei, não viu?

– Estava no hospital, tive de desligar o celular... - Comentei.

Ele sorriu de lado. A Jupiter saiu do local nos deixando a sós, coisa que me deixou desconfortável. Shito me olhou sorrindo largamente e pegando na minha mão, mas logo soltei.

– D-desculpa, é que não sou de ficar de mãos dadas com garotos que conheci há 18 horas mais ou menos...

– Hahaha, tudo bem! Mas, por que estava no hospital? - O garoto dos cabelos pretos me perguntou.

Contei toda a confusão e ele logo arregalou os olhos, me puxando para o local novamente. Entramos lá e voltei para o quarto de Kurashi, que olhou espantado para Shito.

– POR QUE NÃO CONTOU O QUE ACONTECEU?! - Gritou o que me acompanhava para o acidentado.

– De-desculpa Shito! Não queria preocupar você e o seu pai!

Arqueei a sobrancelha e fiquei entre eles, logo, perguntei o que havia ocorrido e pedi que me explicassem a confusão que estava sendo.

– Desculpe-me Ami. Shito é meu meio-irmão desde os 5 anos. Minha mãe se casou com o pai dele e...

– Chega! Sua mãe estava preocupadíssima ontem Kurashi! Meu pai ligou em tudo quanto é lugar... Espera. Ami! POR QUE NÃO NOS AVISOU ONTEM?!

Me encolhi, expliquei o que ocorreu e o olhar de Shito se voltou para Kurashi, que engoliu em seco. O de cabelos pretos bufou, cerrou o punho e saiu do quarto, novamente me deixando a sós com o de olhos azuis.

– Você é maluco ou o que?! Sua família estava muito preocupada pelo visto e você nem pra avisar! - Reclamei, saindo e descendo

Voltei para o hotel, indo até o refeitório do local. Peguei um pouco de macarrão com molho a bolonhesa e sentei-me sozinha, não sabia onde as outras estavam até ver Usagi, Chibiusa, Hotaru e Mamoru chegarem. Fiz sinal e eles vieram almoçar comigo.

– Onde estão as outras? - Perguntei.

– Haruka foi levar o almoço para Michiru e as outras saíram faz um tempinho. - Comentou o rapaz. - E você? Esteve aonde?

Contei toda a confusão, deixando ambos boquiabertos. Voltei a comer meu macarrão sem ligar muito para os olhares deles, até Usagi tocar novamente no assunto depois de uns minutos.

– Esse tal de Kurashi é maluco! Se não tivesse ninguém para salvá-lo...

– Ele estaria morto? - Chibiusa perguntou na maior das inocências.

– Sim... - Suspirei. - Vou voltar para meu quarto, com licença.

Cheguei no meu quarto e peguei meu livro novamente. Ao olhar para a janela, vi Luna e Diana sentadas, logo, abri a janela para mãe e filha entrarem. A menor saiu por aí, xeretando tudo que podia.

– Hahaha! - Ri com gosto da cena. - Mais alguma suspeita?

– Não... Mas acho que será algo para nos afetar de vez, estejam preparadas. - Luna disse, séria.

– Certo.

Senti meu celular vibrar, peguei-o na mão e vi que era uma mensagem de Shito, dizendo para eu encontrá-lo na praça da cidade daqui duas horas. A gatinha cinza viu a mensagem e ficou boquiaberta.

– Ami-chan vai ter um encontro!

Corei com o ato da pequena.

– DIANA! Desculpa Ami, ela é muito serelepe...

– T-tudo bem... - Disse, sem me preocupar.

Uns minutos depois vi Rei chegando com uma cara feliz, parecia ter arrumado alguém na vida provavelmente. A morena foi até o banheiro tomar um banho enquanto eu pegava um pouco de água no frigobar. Passado um tempo, Rei saiu do banheiro vestindo um roupão, sentou-se na cama e começou a pentear o cabelo.

– Ai ai... Finalmente um homem de verdade! - Ela disse, vendo meu celular e pegando-o. - VOCÊ AINDA NÃO SE ARRUMOU?!

– Está xeretando minhas conversas?!

– Claro! É meu dever como amiga te ajudar em encontros com meninos! Começando por sua roupa!

Ela abriu meu lado do guarda-roupa, procurando alguma coisa para eu vestir. Rei deu-me uma camiseta preta colada que mostrava minha barriga, uma calça jeans e um All Star azul escuro.

– Pronto, vai tomar um banho e vista isso!

– O QUE?! Não tem camiseta melhor não?

Ela negou, empurrando-me para o banheiro. Depois do banho, vesti a roupa e sai, pegando uma jaqueta jeans antes. Depois de um tempo, coloquei a jaqueta e andei até a praça, onde Shito estava.

– Mudou de roupa? - Ele brincou e assenti.

Fomos andando até uma sorveteria. Eu estava morrendo de calor com aquela jaqueta, mas não tiraria, não queria mostrar a camiseta que usava naquele momento. Foi então que vi Mako conversando com um rapaz.

– Ami! - Ela disse, andando em minha direção. - Ah, este é Yamato Kurama!

– Prazer! - Eu e Shito dissemos.

Yamato era um rapaz de, pelo menos, 16 anos. Possuía uma pele esbranquiçada, cabelos brancos e olhos lilás. Usava uma regata branca e uma bermuda tectel bege, o que me fez lembrar do calor que eu sentia.

– Não está com calor? - Mako perguntou.

– B-bem...

Puxei-a para o banheiro e tirei minha jaqueta, eu era tímida demais para esse tipo de coisa, odiava mostrar meu corpo com qualquer roupa justa. A Júpiter me olhou de cima a baixo e me empurrou para fora.

– M-MAKO!

– Ai Ami, não há mal nisso, há coisas piores!

Assenti, indo para a frente novamente. Shito e Yamato conversavam enquanto estávamos fora, foi só chegarmos que eles nos encararam, boquiabertos. O meu companheiro pegou na minha mão e me puxou para a fila, na intenção de comprarmos sorvete.

– Bom, nós vamos indo. - Disse o acompanhante da minha amiga. - Até mais!

– A-até... - Eu disse, envergonhada.

Shito me olhava no rosto, o que me aliviou por completo. Pegamos nossos sorvetes e fomos dar uma volta pela praia. A brisa fresca que batia em meu rosto me dava uma sensação de liberdade e calma, coisa que eu raramente sentia. Olhei o relógio algumas horas depois, 18:30. Avisei ao garoto que teria de voltar.

– Deixe que eu te levo pro seu hotel, ok?

– Ok.

Ao chegarmos lá, nos despedimos. Iríamos apertar as mãos, mas ele fora mais rápido e me dera um abraço. Corei de leve, sorrindo timidamente e correndo para meu quarto. Ao chegar lá, encontrei Rei assistindo à TV com uma cara emburrada.

Alguns minutos mais tarde, alguém bateu em nossa porta. Fui atender e me deparei com todas, incluindo Michiru que aparentemente estava melhor. Elas nos chamara para irmos jantar e fomos, indo para a maior mesa possível.

– Como foi a tarde? - Hotaru perguntou, educadamente.

Depois de todas contarem, os olhares se voltaram para mim. Mako deu uma piscadela, "dizendo" para eu contar sobre meu dia. Relatei tudo o que podia e minhas amigas ficaram super alegres, o que me deixou com vergonha.

– Parabéns Ami! - Exclamou Setsuna, logo tendo uma cara maliciosa. - E já se beijaram?

– C-CLARO QUE NÃO! E-EU MAL O CONHEÇO!

Todas riram e voltamos a jantar. Realmente, havia sido uma experiência incrível hoje, mas não acho que eu esteja pronta para ter um relacionamento sério com alguém.