Beckett estava cansada demais para ficar se debatendo com Castle e então decidiu aceitar o convite do escritor, que soltou uma animado “yes” quando a ouviu dizer “sim”. Entraram no elevador e chegaram ao apartamento em silêncio. Castle abriu a porta, virando-se para Kate.

– Certo, fique aqui enquanto vou preparar o seu banho. – disse ele já subindo as escadas.

– Castle, você não precisa... – ela ainda tentou argumentar, mas ele a deixou falando com a escada vazia.

Não tendo alternativa, Beckett sentou seu corpo cansado sobre o confortável sofá e aninhou-se na maciez do móvel relaxando um pouco mais. Menos de 15 minutos depois, ela ouviu Rick descendo as escadas assobiando, e então seu corpo se tornou mais rígido.

– Pronto, está tudo organizado! A água está no ponto e as roupas para você escolher estão em cima da minha cama. Fique à vontade. – disse ele abrindo a geladeira para beber água.


***

A banheira estava deliciosa e o corpo cansado da detetive se aproveitava de cada movimento que água fazia sobre sua pele. Realmente não foi má ideia aceitar o convite de Castle. Fazia muito tempo que ela não tinha um banho tão relaxante assim.

O pensamento de Kate então começou a viajar. Pensava em Castle e no modo como ele sempre insistia em cuidar dela. Inevitavelmente também se lembrou do seu último relacionamento, apenas mais um desastre. Kate e Josh começaram o namoro pela atração, permaneceram juntos pela experiência, mas depois de um tempo sobreviviam à base da comodidade. E então, na maioria das vezes em que estavam juntos, o desconforto dominava a situação.

Kate naquela banheira de hidromassagem sentiu seu coração doer e uma lágrima rolou por sua face, enquanto fechava os olhos tentando esquecer. Quando ela encontraria uma pessoa que amasse de verdade, que a compreendesse e que respeitasse seu próprio ritmo? Alguém que se sentisse responsável por ela, porque apesar de toda aquela capa de super policial, Kate Beckett era acima de tudo mulher e desejava tudo o que uma mulher queria: amor e proteção. Queria alguém que a completasse e que não a tratasse apenas como sua propriedade. Queria alguém que a fizesse sentir uma mulher única, especial, como... como...

– “Como Castle faz...” – ela suspirou

O tempo passou e Kate só se deu conta do quanto havia vagueado ao ouvir seu celular tocar pela enésima vez.

– Beckett...- respondeu desanimada.

– Oi... er... Eu liguei pra saber se estava tudo bem. – disse Castle desajeitado, do outro lado da porta. - A comida está esfriando...

– Oh, Castle... Eu sinto muito. Já estou descendo. – ela se desculpou.

– Ok então. – disse ele saindo do quarto.

Kate desligou o telefone e só então percebeu que estava devidamente enrugada dentro daquela banheira. Sorte que a água permanecia morna, senão teria morrido de frio ou pego um resfriado. Arrumou-se rapidamente, penteou os cabelos e desceu usando uma confortável camisa e calça da grife“Castle”

– Uau, detetive Beckett! Nunca pensei que você declararia seu amor por mim assim! – disse Rick comentando sobre o “I Love Castle” que havia escrito na camisa que ela escolheu para vestir.

– Ora Castle, não seja criança. – revirou os olhos. - Essa era a única que você me deu para escolher que realmente cabia em mim. As outras pareciam mais para mocinhas de 12 anos.

Ambos sorriram, mas ela sorriu um pouco mais. Ele sempre a fazia sorrir.

Após discutirem mais alguns minutos sobre a verdade das argumentações de cada um foram vencidos pela fome e resolveram finalmente jantar. O momento se tornou mais leve e mais animado e Kate se deliciava com a afinidade de Rick com a cozinha. Terminaram a refeição, organizaram as louças e então Rick a convidou para compartilhar um pouco de vinho.

Apesar de relaxada, Kate possuía um semblante triste, permanecendo encolhida no sofá. Rick sabia que havia algo errado. Ele sempre sabia. Ela estava tão concentrada em sua própria mente que não se deu conta que ele agora estava sentado no mesmo sofá que ela, apenas alguns centímetros de distância.

– No que você está pensando? – ele perguntou depois de chamar sua atenção com um toque.

Ela olhou para o contato que as duas peles faziam e em seguida para aqueles olhos azuis. Aqueles olhos para os quais ela não sabia mentir, não sabia negar nada. Beckett pela primeira vez não fugiu de um assunto pessoal com Castle. Pelo contrário, falou tudo o que estava em sua mente, em seu coração, suas mágoas, seus medos. Talvez fosse efeito do vinho, ou apenas ela desistiu de se esconder.

– Kate... – Castle começou depois de alguns minutos de silêncio, após Beckett terminar o seu discurso. – Eu sei que não sou um exemplo de sucesso em relacionamentos...

Ela sorriu... Ele também...

– Mas você merece alguém que priorize você. – continuou ele. - Uma pessoa que te ame de verdade, que te compreenda e que respeite seu próprio ritmo. Alguém que se sinta responsável por você, porque apesar de toda essa capa de super policial, a “Kate Beckett” que eu conheço é acima de tudo mulher e deseja tudo o que uma mulher quer. Amor e proteção...

O silêncio reinou enquanto a troca de olhares falava o resto que precisava ser dito. O coração de Beckett saltava provocando uma tempestade interior. Mesmo assim, ela apenas observava a forma como ele parecia ler todos os seus sentimentos.

– Você pode ser feliz Kate, você merecer ser. – Castle continuava sua explanação. - Você precisa de alguém que te complete e que não te trate apenas como uma propriedade. Alguém que te faça sentir uma mulher única, especial, alguém como, como...

– Você... – Beckett sussurrou.

O tempo parou e então se deram conta de que estavam muito próximos. Não saberiam dizer como nem quando se aproximaram tanto, mas o fato é que agora estavam perto o suficiente para sentir o calor da pele um do outro.

– Sim, Kate... – Castle falou baixo. - Alguém como eu... Eu...

– Shh... – ela o interrompeu tocando os lábios dele. - Me beije, Rick.

Kate apenas fechou os olhos e esperou. Sentiu lentamente os lábios de Rick provocando-a, ao mesmo tempo em que ele enrolava sua cintura puxando-a para ele. Era um beijo de reconhecimento totalmente diferente do primeiro beijo acidental deles. Mesmo assim, os hormônios e o vinho não demoraram muito a comandar e logo ela estava em cima dele, sentindo a língua enlouquecedora dele em sua boca e suas mãos invadindo sua blusa.

Ofegavam já sentindo seus corpos em brasas, quando o telefone dele tocou. Kate deu um pulo assustado, enquanto ele parecia voltar de um transe meio descabelado. Ambos procuravam o celular que havia ido parar em algum lugar até que Beckett o achou.

– É a Alexis! – ela virou repentinamente, entregando o celular para Castle como se segurasse um batata pegando fogo.

– HEEEEEEEEEEEEY PUMPKIN!!!!!!!!!!! – Castle simplesmente gritou.

Kate arrumou os seus cabelos, ajeitou a sua blusa e tratou de desborrar o resto de batom que ainda restava em seus lábios. Castle mesmo falando com sua filha, não deixava de prestar atenção àquela mulher maravilhosamente desconcertada. Mesmo sendo apenas um telefonema, Beckett sentia como se ambos tivessem sido pegos no “flagra”.

– Não, não... Kate está aqui... – disse Castle. - Quer dizer, a detetive Beckett está aqui... – ele corrigiu enquanto a mulher a sua frente adquiria a coloração cor de rosa. – Ah, sim eu digo sim...

A ligação terminou e o escritor se dirigiu para a policial em seu sofá.

– Onde paramos? – disse ele com um sorriso suspeito no rosto.

– Na parte em que eu estou indo pra casa. – disse ela atordoada, procurando sua bolsa. – Depois eu devolvo as roupas.

– Hey, espere. – disse ele fazendo-a olhar para ele, já que ela o estava evitando. – Você não precisa ter vergonha de Alexis. Ela mandou um beijo pra você.

– Eu agradeço. Mas não acho que...

Ela teria continuado, se Castle tivesse permitido. Se enrolaram um no outro sensualmente, fazendo cada um gemer o nome um do outro de maneira ofegante. Discutiriam sobre Alexis depois. Falariam sobre eles depois. Resolveriam seus medos depois. Agora apenas queriam ser o que poderiam ser um para o outro. Tudo.

*FIM*