Em teus olhos me vejo escrita por kyoko


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

novinhooooooo



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Depois de algumas voltas e manobras no caminho ate o parque eu decido ir para a rampa comunitária que tinha em frente ao grande palco no centro do parque onde rola shows e festivais.

Quando cheguei tinha alguns garotos que ficaram me encarando como se eu fosse o absurdo em pessoa. Acho que eles pensam que eu sou alguma Zé querendo dar uma de skatista. Fiquei um tempinho observando dois deles subindo na rampa e fazendo algumas manobras, mas não deixei de notar um grupinho se formando a minha direita. Os garotos da rampa param e vão ate o grupo que agora estavam me observando e avaliando. Eu os encaro por um tempo e vou ate a rampa, ignoro os olhares e então desço com tudo na rampa. Quase como se voasse, deslizo de uma ponta para a outra. Faço algumas manobras, e vou perdendo velocidade aos poucos ate estar quase parando. Os caras vem me cumprimentar como se eu tivesse passado no teste dos machos, ou algo assim.

Vamos ate a rampa e os garotos começam a subir e descer nela. Eu às vezes arrisco, e outras só observo, não faço nada além do básico já que estou sem equipamento. O que eu mais gosto é à cara que eles fazem quando eu conto que aprendi a andar de skate com meu tio Jared Josh que foi um skatista famoso na adolescência. Meio que ele foi esquecido depois que se aposentou, mas ele ainda era famoso na cidade. Os garotos me chamam para fazer uma sequência de manobras e eu aceito. No começo consigo fazer as mais simples. Estou fazendo uma rápida descida na rampa quando desvio o olhar e vejo Marshell conversando com Derek, um dos garotos que estavam andando de skate comigo.

Que diabos ele esta fazendo aqui?

Mal me perguntei isso e eu me desequilibro, escorrego do skate e desço rolando ate parar de costas no chão frio. Ouço um estalo e me apavoro.

Meu deus! Fraturei alguma coisa!

Sinto uma dor brutal na minha perna esquerda e é quando me toco que eu cai por cima dela. Não posso ter quebrado. Sei que a dor de um osso quebrado não é assim. Já quebrei, torci e desloquei muita coisa antes para poder diferenciar a dor de cada um, mas agora não dá pra pensar o que me aconteceu com essa dor latejante.

– AHHH MERDA! – grito.

Logo tem algumas pessoas me circulando, Derek e marshell aparecem entre a multidão que se formando. Marshell se agacha e toca de leve minha perna.

– não, não, n... AHHH! – estremeço e grito ao toque dele.

Me contorço em mil caretas, mas não vou chorar só por esse arranhãozinho, já senti dor pior por coisas mais graves.

Derek coloca o meu braço ao redor do pescoço dele e Marshell faz o mesmo. Eles contam ate três e me levantam. Sou levada ate um carro. Não sei a fabrica a marca o preço o ano, não me pergunte, só sei que é preto, grande, bonito e parece caro. Mas quem liga para isso quando senti como se dez elefantes dançaram funk em cima de você?

Marshell liga o carro e Derek sobe comigo na parte de trás.

– Qual e o tamanho da sua dor em uma escala de 1 a 10? – Derek me pergunta.

– Hmmm... quatro... cinco...

– Não seja orgulhosa Louren diz logo que esta se cagando de dor. – Marshell fala agressivamente.

Ele esta com raiva?

Não falo nada ate chegarmos ao hospital. Chegando lá a dor já amenizou e já estou ate rindo entre um grunhindo e outro de dor das piadas que Derek faz. Vamos para a urgência e emergência. E na recepção vejo Doroti, a recepcionista, que se levanta assim que me vê.

– Kat querida! A quanto tempo.

Dou um sorriso meio amarelo já que ainda sinto dor. Depois de um tempo ela se toca.

– Oh meu deus, desculpe não havia notado... o que você quebrou dessa vez? – ela pergunta espantada enquanto nos conduz ate uma a sala de raio x.

– Você não achou que eu vim fazer uma visita sendo carregada?

Ela ri. E para na porta da sala.

– Desculpe amores mais vocês não poderão entrar se não forem parentes ou algo assim. – ela fala para Derek e Marshell.

– Esta tudo bem garotos posso ir...

– E o namorado pode ir com ela? – Marshell me corta perguntando a Doroti.

Que?

– Claro meu bem. – Doroti responde surpresa.

Hãm?

Fico que nem uma débil tentando processar o que esta acontecendo que não percebo o momento que Derek me solta e só fico apoiada em Marshell enquanto entro no consultório.

Como assim namorado?

* * *

Tudo passa em um piscar de olhos e em pouco tempo estou sentada na cama do consultório já com a perna engessada e alguns curativos pelo corpo enquanto Marshell me observa sentado em uma cadeira ao meu lado de braços cruzados. Doroti entra com alguns remédios e entrega para Marshell.

– Certifique-se que sua namorada tome todos na hora certa.

Reviro os olhos.

– Ele não é m...

– Pode deixar que eu tomo conta da minha pimentinha. – Marshell me corta sorrindo presunçosamente.

Doroti dá uma risadinha e me olha com ternura enquanto sai da sala.

Eu encaro Marshell que sorri pra si mesmo.

Pimentinha pra cá, pimentinha pra lá. Já estou de saco cheio desse apelido, foi só ficarmos a sois, há alguns minutos atrás, que eu explodi com ele, xinguei, gritei e só não bati por que eu estava imóvel, ai ele me chamou de pimenta e a Doroti que ouviu sem querer achou que era apelido carinhoso. E quando ele viu que eu corei por Doroti achar isso ele começou a me provocar com essa maldita pimentinha.

Fico calada sei que qualquer coisa que falar vai ser usada para me provocar.

– Então como você conhece as enfermeiras o medico e a Doroti? – ele pergunta quebrando o silencio.

– Há um tempo eu vinha muito ao hospital, na emergência pra ser especifica, eu me machucava quase o tempo todo e acabou que fiquei amiga do pessoal daqui.

– machucava?

Mal pode responder minha mãe entra exaltada pela porta e meu pai vem logo atrás ela analisa o ambiente e quando seus olhos me encontram ela vem correndo me abraçar. Meu pai vem logo me abraça depois que ela me solta. Eles descarregam um caminhão de perguntas sobre mim e enquanto eu tento responder Marshell se levanta e minha mãe o nota. Ela olha para mim depois para ele.

– Então era desse rapaz que Doroti falava?

Merda, lá vem merda.

– Sou Luca Louren, pai da Kat. – meu pai se apresenta apertando a mão de Marshell.

– Prazer senhor Louren. Sou Marshell, Marshell Lee.

Minha mãe o abraça e quando se afasta aperta de leve os ombros e depois os bíceps como se estivesse checando.

– Oh! É um rapaz forte e saudável.

– Mamãe! – a repreendo.

Marshell e meu pai riem.

– Sou augusta, mãe da Kattirine.

– Prazer senhora Louren.

– Não me chame de senhora me sinto uma velha. Apenas Augusta.

– Como quiser Augusta.

Fico surpresa com quão educado Marshell e com meus pais.

Meu pai não gosta muito de hospitais então ele é o primeiro a sair. Mamãe e Marshell me ajudam a ir ate o estacionamento. Fico envergonhada quando minha mãe descarrega uma penca de perguntas para Marshell durante o caminho. Cada uma mais cabulosa que a outra.

– O medico disse que essa semana você não vai para a escola. – mamãe me fala ao chegarmos ao carro de papai.

– Então terei que falar com meus professores na próxima semana.

– Se você quiser, eu falo com eles. – Marshell fala enquanto entro no carro.

O encaro e ele sorri, sorriu de volta.

– Seria bom.

Meus pais o agradecem e se despedem.

* * *

– ele é muito educado, gentil e é um gato. – minha mãe fala para minha tia Thrud que veio me ver no dia seguinte do meu acidente.

– mãe! – a repreendo.

– o que foi? Ele é bonito mesmo. Um moreno alto forte de olhos escuros, um verdadeiro pedaço de mau caminho.

Minha tia ri.

– se sua mãe esta falando e por que é mesmo. – minha tia fala.

Não posso acreditar nessas duais. Desde eu minha tia chegou não sabem falar de outra coisa. Depois de muito cochicho mamãe vai trabalhar e minha tia fica tomando conta de mim.

O fim de semana passa divagar parece uma eternidade, minha mãe não parava de falar como Marshell era gentil e maravilhoso por vim me visitar e trazer os trabalhos que passaram nos dias seguintes ao meu acidente. Que saco! Ter que aturar as gracinhas que Marshell faziam quando vinha para minha casa já era ruim agora ter que aturar a tiete dele que, por acaso, é a minha mãe, é péssimo.

Ao contrario do fim de semana infernal, de domingo a sexta foi um piscar de olhos. Minha mãe já havia ido trabalhar e eu e minha tia conversávamos e riamos sentadas no sofá da sala, alguém bate na porta minha tia meio desengonçada tira minha perna engessada das coxas dela e vai atender entre risadas e murmúrios. Ouço a porta abrir e minha tia se cala, me viro no sofá para ver por que do silencio e a vejo perada, imóvel, diante a porta aberta.

– Tia? – pergunta.

– oi. – cumprimenta a outra pessoa que não me é visível com um sorriso largo e bobo se formando em seu rosto.

– oi. – responde uma voz profunda e masculina muito familiar.

Marshell. Marshell. Marshell...

O nome dele ecoa por mim enviando pequenos arrepios por todo meu corpo.

Viro-me ao ouvir os tênis All Star no piso e o vejo de camisa de botões preta e calça jeans azul justa. Oh meu deus! Esse garoto definitivamente não existe!

– gosta do que vê pimentinha? – ele pergunta presunçoso.

– talvez. – provoco.

– admita logo que esta de quatro por minha pessoa.

– seu ego já é grande o suficiente.

Desde que eu e Marshell nos conhecemos nunca conversamos direito apenas discutíamos e irritávamos um ao outro, mas de um tempo pra cá passamos a conversar bastante, ainda nos provocávamos, mas mais de uma forma engraçada e divertida do que irritante.

Nos dois rimos e ele se vira para minha tia que estava admirando sua parte traseira e a cumprimenta. Minha tia vai ate a cozinha pegar lanches após um pequeno interrogatório, Marshell vem ate mim e insinua que vai se sentar no sofá ao meu lado então tiro minhas pernas, ele se senta rapidamente, e pega meus pés antes de eu tocar o chão e coloca-os em suas coxas. Não estranho, nem tiro meus pés, ate por que essa posição é muito confortável e também não era a primeira vez que ele faz isso.

– por que veio aqui?

– a professora Jade Vaiola te mandou trazer isso – ele entrega a pasta de sua mão que ate agora não tinha visto. – e te mandou um abraço e desejou melhoras. Ela pareceu bem preocupada com você.

– bem, ela é a única pessoa com quem eu falo na escola, talvez minha única amiga. – falo enquanto abro a pasta e vejo algumas atividades e a carta. A maldita carta. Um dos fantasmas de um tempo esquecido. Odeio essa carta, mas me faço o favor de rele-la e instantaneamente me arrependo. Ao ler e reconhecer cada palavra meu peito aperta, minha garganta fecha e sem notar as lagrimas escorrem. Flash de memorias revivem momentos aterradores do passado em minha cabeça. Quase em um segundo estou me afogando naquela escuridão familiar e desesperadora.

Não, senhor não. Tudo menos a escuridão.


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