Em teus olhos me vejo escrita por kyoko


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

mais um cap. aproveitem.



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– E como foi o primeiro dia de aula da minha antissocial reclusa preferida? – meu pai pergunta em um tom divertido.

Ajudo minha mãe a por a mesa do jantar e logo me sento.

– Bom, nada demais. Só o básico sabe, bolinhas de cuspi na minha cara uma bombinha no meu armário e uma bela obra de arte na capa do meu livro – brinco com a salada em meu prato – e um garoto novo chamado Marshall Lee que eu odiei só de ouvir o nome e me dá nojo só de olhar pra cara dele, é um playboyzinho e possivelmente me atazanara futuramente.

– Hummm. Bolinha de cuspi, bombinha e vandalismo com seu material sem dizer ódio desenvolvido precocemente pelas pessoas... devemos nos preocupar com isso? – Perguntou meu pai erguendo as sobrancelhas e franzindo a testa.

– Hummm... nah! – Respondo fazendo uma careta.

– Tem certeza? – minha mãe perguntou se sentando a mesa conosco.

–Eu já estou acostumada mãe. Essas coisas não são tão significantes pra mim pra fazer com que vocês se preocupem.

– Mas se precisar alegaremos ao juiz que você é inocente caso se envolva em algum assassinato. – Meu pai faz sinal de positivo com o dedão.

Eu dou uma risada, não por ser engraçado, mas por que eu já estava preste a matar alguém mesmo.

Na manhã seguinte acordo atrasada.

Péssima ideia não deixar a minha mãe ajustar o despertador.

Arrumo-me às pressas. Pego apenas uma torrada e acelero ao máximo no meu skate. O sinal já havia tocado a área de lazer estava vazia todos já estavam na sala.

Droga, droga, droga estou ferrada.

Já estava atrasadíssima e sem perceber entro de skate na escola, e só desço dele já quase dentro da sala. Tento entrar de mansinho pela porta de trás da sala, mas eu bato meu skate na lixeira de ferro fazendo o maior estrondo. A professora Suliver interrompe a leitura e me encara junto com a turma toda.

– Senhorita Louren, que horas acha que são?

– Hora de aventura?

Errado, idiota, quer ser suspensa?

Todos riem menos a Suliver.

– Kattirine Louren esta debochando de minha cara? – ela pergunta tão brava que estava vermelha.

– Que isso professora?! Não estou zoando com sua cara. Jamais faria isso.

– pois bem! – disse ela retomando a postura arrogante.

– Ate por que sua cara já nasceu zoada demais. – falei para mim mesma, ou era o que eu achava já que a turma toda riu.

– CALEM-SE! LOUREN VÁ JÁ PARA SEU LUGAR. – Suliver grita já roxa de raiva

Corro pro meu lugar e pra estragar meu humor já meio merda, Marshall estava lá bem ao meu lado com aquele sorriso de canto me olhando.

Passei a aula toda sendo mirada pela Suliver. Ela fazia uma atividade oral quando me chamou pra frente da sala para que eu lesse alguma coisa em inglês.

– Louren, você que é tão esperta, por que não lê um texto? – debochou.

Eu não pude negar, já que só pelas chacotas já podia ser mandada para diretoria.

Engulo o nó que se formou na minha garganta, levanto e enquanto atravesso o mar de olhares posso ouvir os comentários: “vai lá, mostra pra ela quem é mais macho” “nerd ta ferrada” “katmacho vs baleia de óculos, fight!”. Eu não sabia se aquilo era motivação ou gozação, mas mesmo assim vou ate a Suliver, ela me dá um papel e me manda ler, sem revisa-lo – ate por que sou ótima no inglês – o li diretamente.

– “A bitch, girl without heart and false... (uma vadia, garota sem coração e falsa). – falo meio que perdendo a voz ao reconhecer as palavras.

Encaro a professora que tinha a cara de maracujá estampada com aquele sorrisinho da vitória malicioso, a turma toda me encara, alguns dão risadinha outros estão confusos ou seriamente espantados e o resto me olhava com sorrisos sarcásticos e cínicos.

–Continue, estava indo muito bem.

“… O-one unpunished murders…t-that's what I am.” (assassina impune é isso que eu sou.) – continuo gaguejando tanto que já não dá para entender o que eu leio.

Já havia me esquecido disso. Havia esquecido como cada palavra esfaqueava meu peito.

Meus olhos marejaram. Eu estou totalmente perturbada com essas palavras. Nunca sequer imaginei fala-las novamente, mesmo em inglês eu leio essas palavras perfeitamente por que já às conheço, afinal eu havia as escrito.

– Porque parou Katmacho? Estava indo tão bem.

Diz Britney.

–Vamos Louren. Continue ou quer ficar para recuperação?

“ S-should die…or kill me…” (Deveria morrer ou me matar...) – continuo quase sem voz.

As palavras simplesmente param de vim. Tem um nó na minha garganta. Estou prestes a chorar. A ser humilhada na frente da turma toda.

Fico um tempo engolindo a seco procurando forças. Antes de eu prosseguir o sinal bateu.

– Bem. Não poderemos prosseguir. – Suliver diz enquanto me dá um tchauzinho e sai da sala junto com os alunos.

Vou à direção a minha cadeira. Minhas pernas estão fracas e no caminho tropeço caindo de quatro no chão. Todos riem.

– Opa! Desculpa “sou vadia”. – Britney fala enquanto se levanta e sai da sala.

Enquanto ouço as gargalhadas sinto meu sangue ferve, juro que se não fosse o meu alto controle de monge me manter na paz eu teria acabado com a raça da Britney. Todos saem enquanto eu me levanto e vou ate minha cadeira, sento-me e me debruço sobre a mesa.

– Você esta bem? – Marshell pergunta enquanto se inclina e apoia suas mão na minha mesa.

– Isso não te interessa “senhor popular em um dia”. – respondo me esforçando ao máximo para minha voz de quase choro não sair tremula.

– não sabia que meu nome havia mudado. – ele retruca com a voz divertida.

Eu levanto meu rosto para ver aquele sorriso de canto jorrando arrogância.

– Sabe de uma coisa? Não vou com a tua cara. – falo sendo quase a personificação da franqueza.

– Por quê?

– Simples. Você e só mais um playboyzinho popular que vai implicar comigo assim como todos.

– Hum ...você me avaliou bem, mas eu não vou implicar com você.

– Ahãm?! Sei. Aposto que já deve ate esta pegando a tarântula de salto, Britiney.

– Pra falar a verdade não. Loiras não fazem meu tipo sou mais as morenas.

Ele me olha de cima para baixo e sorri maliciosamente.

Isso foi uma indireta? Espera um pouco, esse cara esta realmente me cantando?

– É serio. As morenas são muito mais atraentes e seus corpos são bem mais generoso e ...

– Eu acredito que você tem fetiche por morenas, não precisa dizer isso tudo. – eu o interrompo.

Ele ri e suas covinhas aparecem nitidamente, ele se ergue tirando as mãos da minha mesa.

– Não tenho fetiche apenas aprecio as coisas belas.

Oh meu deus! Esse cara realmente existe?

Eu olho totalmente incrédula.

– Você não acredita em mim?

– Não venha disfarça sua taradice com poesia meu amigo

Ele ri mais uma vez. Odeio admitir, mas o riso dele e muito agradável. Ele me encara quando eu deixo escapar um sorriso.

– Você tem um sorriso lindo.

A surpresa me toma.

– O que? – pergunto só pro caso de não ter escutado direito.

– seu sorriso, ele é lindo. – ele responde com o sorriso de canto mais vivo e menos brincalhão.

O encaro seriamente ate que explodo em risadas. É serio isso? Um cara acabou de me elogiar? ESSE cara acabou de me elogiar?

– E seu riso e mais bonito ainda. – ele fala agora com a voz firme e seria.

Travo totalmente, o encaro procurando por um sinal de que isso é gozação. Mas ele esta serio, sem sorriso ou olhar de menino travesso.

O cara esta me cantando na cara de pau mesmo. Apesar de eu achar isso impossível.

E eu achando que o cara era doido, mas ele é totalmente doente mental.

– Você esta falando serio? – pergunto que nem uma idiota.

– Estou.

– De que hospício você saio?

Ele ri agora as covinhas aparecem totalmente.

– Você sempre responde a um elogio chamando os outros de doido?

– Eu não respondo a elogios, ate por que nunca sou elogiada.

Agora ele parece surpreso.

– O que? Você é linda... como assim não te elogiam? O que a de errado com o mundo? – ele fala dramatizando cada palavra.

– O que a de errado com VOCÊ? – pergunto rindo do showzinho que ele acabou de dar. Ele me olha sorrindo com olhar brilhante como se tivesse conseguido o que queria. Noto que já não estou angustiada, pelo contrario me sinto bem e ate confortável, coisa que nunca senti na escola, e tudo por causa desse cara.

Ele ate abre a boca para me responder, mas um grupo de meninas se aproxima e eu rapidamente abaixo a cabeça.

– Marshell! – as meninas falam em uníssom com vozes melosas.

Olho pelo canto dos olhos sem levantar a cabeça e vejo Micheli com mais duas garotas de outra sala quase se esfregando em Marshell.

– A gente veio perguntar se você gostaria de passar o intervalo com a gente? – ela pergunta com sua voz mais melosa e irritante que o habitual.

Marshell olha para mim, eu desvio o olhar.

– Claro! Vão na frente eu já vou. – ele responde.

Quando olho novamente Micheli esta saindo com as garotas enquanto me escara com um olhar de roubei-teu-homem que só me faz ri.

– Por que você abaixou a cabeça? – ele pergunta.

Fico calada. A resposta pra pergunta dele é fácil. As pessoas me olham criticando, avaliando, desaprovando, intimidando e me diminuindo. Eu odeio me sentir assim – me deprime e me sinto desconfortável – então apenas evito olhar para as pessoas. Mas mesmo sabendo a resposta continuo calada por que se eu responder sei que ele vai me perguntar por que eu não desvio o meu olhar do dele. E ai a resposta vai ser bem mais complexa, por o simples fato de eu saber, mas não querer saber. Saber disso estranhamente faz meu coração bater mais rápido.

O silencio gradualmente vai ficando cada vez mais desconfortável. Ele suspira, esfrega a nuca e simplesmente sai da sala.

– Por que não desvio o olhar dele? – Me pergunto. – Será que é por que ele não me reprime e não me sinto sufocada?

Ah que ótimo! Agora eu estou perguntando coisas sem sentido pras paredes e me respondendo com uma pergunta. Genial! Sou a Clarice Lispecto da minha geração.

Já estou farta dessa escola, desses professores dessas pessoas. Não vai fazer mal se eu cabular as ultimas aulas já que sou uma aluna quase exemplar.


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Notas finais do capítulo

comentem isso me motiva muito ^-^



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