Dezessete anos foi uma idade boa. Eu estava a pouco tempo dos meus sonhados dezoito anos, onde ganhamos um pouquinho de mais liberdade mas também uma enorme quantidade de responsabilidades. Se pudesse voltaria no tempo e teria dezessete anos para sempre.

Em um domingo qualquer Tuti e eu estávamos sentados em um banco qualquer de uma praça qualquer, próximo a minha casa, totalmente deserta, sem crianças, diferentemente de quando eu era criança, e que tínhamos que esperar para usar o escorregador e não ficar em casa presos no vício de um aparelho eletrônico.

– Eu quero ir a praia - De repente, sem sentido nenhum ele levanta e diz.

– Praia? - Eu perguntei.

– É... nunca senti tanta vontade de ir a praia, nunca fui a praia com você. Como pode um casal que nunca foi a praia juntos? - Ele diz com cara de indignação.

– Eu conheço casais que nunca foram a praia juntos - Eu retruco.

– E eles estão juntos ainda? - Ele pergunta.

– Não, quer dizer, não sei. Mas porque a praia?

– Eu amo a praia e eu amo você, quer algo mais perfeito do que estar no lugar que você mais ama com a pessoa que você mais ama? - Ele se agacha e me beija acariciando meu rosto - Vamos vai.

Eu não consegui resistir ao seu argumento e pedi para que Tamara levasse a gente, um bate-volta, só para fazer a vontade do Tuti, afinal, ele sempre fazia as minhas. Tamara concordou e lá estávamos nós dentro do Peugeot velho com algumas guloseimas para a viajem, com o som alto e todos cantando juntos como loucos.

Chegando,nós três saímos correndo e deitamos na areia. Ao meio das risadas Tuti diz:

– Escutem isso - Ele suspira.

O som do mar era como uma música aos nossos ouvidos.

– Só você mesmo para nos tirar da mesmice Julio - Tamara fala depois de um suspiro, daqueles de se sentir libertado.

No fim da tarde Tuti nos convida para andar na beira do mar.

– Vão vocês meninos, estou louca para saber o que vai acontecer no livro que estou lendo - Tamara amava ler como eu.

– Ah vamos lá - Eu insisto.

– Não é sério, vão vocês, eu estou bem. - Ela reafirma.

Eu sabia que ela só queria nos deixar um tempo sozinhos. Fomos então caminhando enquanto víamos o sol se por, era uma paisagem linda.

– Eu entendo porque você ama a praia, é tão lindo. - Eu digo apreciando tudo aquilo.

– Além de tão linda ela me deixa feliz, me traz paz, me acalma... - Ele responde olhando fixamente nos meus olhos.

Nós paramos então e estava um baita clima romântico aquele momento.

– Eu amo a praia pelos mesmo motivos que eu amo você Elisa. - Ele fala com o seu olhar que devia virar um quadro, daqueles bem caros e que duram anos como "Mona Lisa" e iria ficar na sala de estar da minha casa.

– Acho que nós devíamos nos casar na praia, o que você acha? - Surge a ideia de repente.

– Acho perfeito! Vai ser o dia mais feliz da minha vida. - Ele me abraça.

Aquela cena nunca saiu da minha cabeça, foi tudo tão lindo, coisa de filme mesmo. Eu sentia o amor verdadeiro estar entre nós e queria com todas as minhas forças que ele ficasse ali, bem ali com a gente.

– Tuti, você promete que nunca vai me deixar? Que nunca vai esquecer tudo isso que estamos vivendo? - Eu sabia que ele iria falar que sim mas queria sentir se seria um sim verdadeiro.

– Nós nunca sabemos como vai ser o futuro amor, mas eu prometo que vou lutar para o meu futuro ser com você. E pode ter certeza que eu nunca vou esquecer de você, de tudo - Ele responde.

Eu senti que era verdadeiro, de verdade, mas nem sempre nós vencemos nossas lutas, Tuti sabia que não podia me prometer algo que não tinha certeza que cumpriria, ele sabia que por mais doloroso que seja, nosso namoro podia acabar um dia, mas só por tentar tudo isso não seria em vão.