Passei o dia todo trancada em meu apartamento estudando para a disciplina nova. Sou o tipo de aluna que se prepara antecipadamente para qualquer coisa. Infelizmente, não sou muito boa em análises computacionais, descobri isso essa semana quando vi em minha grade curricular uma disciplina envolvendo computadores. Nada contra essa ferramenta, mas sempre fui o tipo de garota conectada em livros.

Concentração nesse momento era algo impossível, pois haviam mudanças em meu andar. Estava ganhando novos vizinhos e eles devem ter uma infinidade de móveis, pois não param de fazer barulho carregando coisas. Isso é sinal de que dessa vez é um casal e com filhos, bem melhor que o antigo morador, o rabugento senhor Ryota, uma vez ele acabou tendo uma parada cardíaca exatamente no momento em que fui em seu apartamento pegar minha encomenda que acabou indo pra lá por engano, e terminou que até hoje todo mundo pensa que eu fiz alguma coisa com o velhinho.

Dessa vez, vou tomar uma boa iniciativa. Coloquei um belo sorriso em meu rosto e saí do meu apartamento em direção ao local vizinho para dar as boas-vindas e oferecer a minha ajuda caso seja necessário. Apertei a campainha apenas uma vez, e logo a porta se abriu. Minha boca abria e fechava, mas nenhuma palavra saía. Fiquei parada admirando a perfeição que era o homem que estava a minha frente. Cabelos negros e olhos na mesma tonalidade, acabei me aprofundando na tentação do seu olhar. Um corpo definido, parecia até esculpido por deuses, meu corpo estremeceu ao respirar um ar tão próximo ao seu perfume amadeirado.

- Então... – ele disse passando a mão em seus belos cabelos negros.

- Ah, desculpe... Eu sou a sua nova vizinha, quer dizer, você é o meu novo vizinho, então, vim aqui pra conhecer a nova família... – falei igual a uma tagarela. Eu sempre falo rápido quando estou nervosa. – A sua família...

- Ok... – ele deu um pequeno sorriso e mordeu os lábios me olhando dos pés à cabeça. – Meu nome é Sasuke e o seu é...?

- Sakura.

- Então, Sakura, eu até te convidaria pra entrar e beber alguma coisa, mas o local está meio bagunçado...

- Posso ajudar, se quiser...

- Ah, claro... – ele me deu passagem e acabei entrando. Fiquei surpresa com a quantidade de móveis e caixas empilhadas. – Como você pode ver, ainda tenho muito o que fazer...

Olhei ao redor procurando mais algumas pessoas e parecia que ele estava sozinho. Ele se sentou perto de algumas caixas e começou a abri-las.

- Eh... Quem mais mora com você? Sua esposa?

- Não sou casado.

- Sério? – perguntei até animada. Ele arqueou uma sobrancelha com a minha empolgação. – Eh... Que pena... – tentei parecer indiferente com a sua resposta.

- Hum... Eu já moro sozinho há um bom tempo... E você?

- Também estou sozinha e já nem me lembro há quanto tempo... – me sentei ao seu lado e comecei a ajuda-lo a tirar os livros de dentro das caixas. – Você gosta muito de ler pelo que estou vendo...

- É necessário... Meu trabalho requer isso.

- Você é escritor?

- Não... Sou professor.

- Nossa! É legal ter um vizinho intelectual... Isso é raro por aqui... – comecei a rir me lembrando novamente do senhor Ryota.

Ajudei o Sasuke por mais ou menos duas horas. Ficamos conversando sobre vários assuntos enquanto arrumávamos suas coisas. Ele parecia um cara muito legal. Acabei descobrindo que seu sobrenome é Uchiha e que ele não tem namorada. Isso me agradou muito. Não sou uma tarada como aparento, é que já faz muito tempo que não tenho um relacionamento com um homem de tirar o fôlego, que sou capaz de qualquer coisa pra ter uma chance com alguém no perfil do Sasuke.

Voltei para o meu apartamento com uma sensação estranha. Fiquei sorrindo à toa e me joguei na cama com os pensamentos voltados para o belo homem que morava ao meu lado.

(...)

No outro dia, acordei bem disposta após ter sonhos eróticos com o meu lindo vizinho. Sim, isso é comum pra uma garota da minha idade, afinal, chegar aos vinte e dois anos tendo apenas uma experiência sexual não é uma tarefa fácil nos últimos tempos. Todas as minhas amigas contam suas experiências sexuais com muita facilidade. Eu sempre fico ruborizada e acabo mentindo em meus relatos. Pelo menos, ler hentai tem as suas finalidades. Todos dizem que depois que se experimenta, não larga mais. No meu caso, eu evito o sexo por me lembrar do desastre que foi a primeira vez.

Após tomar um bom café, me sentei perto da janela e fiquei lendo mais um livro de análise computacional. Peguei o meu notebook e tentei colocar em prática algumas informações, mas não progredi em nada. Fiquei sentada olhando o meu fracasso em tela e sem querer acabei derrubando café na minha mesa, sujando tudo o meu notebook.

- Droga. – peguei um pano pra limpar a mesa e ouvi algumas batidas em minha porta. Fui toda apressada abri e dei de cara com o Sasuke em minha porta.

- Estou incomodando? – ele perguntou com o seu sorriso de canto.

- Claro que não... Eu só estou tentando limpar o meu notebook... Acabei derramando café sobre ele...

- Sério? Posso dar uma olhada pra você?

- Eh... Acho que sim... – ele se aproximou da minha mesa e pegou o meu pobre notebook e verificou alguns detalhes dos quais nem dei atenção porque meus olhares ficaram na seriedade formada pelo rosto do Sasuke ao se concentrar em fazer isso.

- Não sofreu nenhum dano... Mas, tome cuidado...

- Obrigada... – notei que seus olhos percorreram todo o meu corpo e foi aí que notei que estava usando uma blusa com um decote imenso e uma saia bem curta.

- Deixar um homem entrar em seu apartamento com uma roupa dessa é um perigo pra você! – ele mordeu o seu lábio inferior e isso me excitou bastante.

- Ah... Bem... Ninguém vem me visitar mesmo...

- É bom saber disso.

Meu vizinho me agarrou pela cintura e me puxou para um beijo profundo. Fazia muito tempo. Nos soltamos para respirar um pouco. Fiquei sem fôlego de tão intenso que foi sentir a sua boca na minha que a única coisa que me atrevi a perguntar foi:

- Tem camisinha?

Depois de um bom sexo. Nossa! E que sexo! Fiquei sorrindo mais ainda na cama ao lado de um homem maravilhoso como o Sasuke. Ambos estávamos ofegantes e nus.

- Acho que nos empolgamos muito... – me virei para o Uchiha e ele estava com um sorriso em seu rosto.

- Nossa... Que horas são? – ele olhou em seu relógio e pareceu preocupado. – Desculpe, mas eu tenho um compromisso agora... – fiquei desapontada e o Sasuke notou. Ele se aproximou do meu rosto, me dando um beijo. – Nos vemos depois...

Assim que ele saiu, fiquei o resto do dia enxergando arco-íris pra todos os lados. Nem me importei com o fato de que amanhã começam as aulas de análise computacional. Ok, me importei sim. Peguei o meu livro e voltei a estudar que nem uma louca. Precisava concluir essa disciplina optativa pra conseguir retornar para a minha turma de Medicina.

Depois de várias horas, ouvi alguns barulhos vindo do apartamento do Sasuke. Era sinal de que ele havia chegado. Fiquei o esperando apareceu por aqui, mas em nenhum momento ele veio falar comigo. Me lembrei de um caso que a minha grande amiga Ino me contava. Ela dizia que sexos casuais não possuem compromisso algum e que jamais uma mulher deve se mostrar desesperada para um homem a ponto de correr atrás dele. Guardei isso em minha mente e continuei estudando. Odeio sexo casual.

(...)

No dia seguinte, acordei de péssimo humor. Eu me diverti com o Uchiha, mas ele poderia ao menos me mandar um cartãozinho dizendo que foi legal ou algo parecido. Ficaria feliz com uma simples xícara de café. Mas, quando saí do meu apartamento, a sua porta estava fechada e pensei em bater, mas me lembrei novamente das palavras da Ino. Nada de correr atrás de homem.

Durante o caminho até a Faculdade, só fiquei me lembrando do Sasuke. Ele seria um homem perfeito pra mim. Peguei meu notebook e entrei na sala bem cabisbaixa. Me sentei no primeiro lugar mais próximo da janela e da mesa do professor ou professora, nem sei que irá comandar essa disciplina. Sentar próximo é uma boa estratégia para conseguir ajuda de vez em quando.

Olhei ao redor e não conheci ninguém. Maldita disciplina optativa! E pra esse período, não havia nenhuma outra disponível. Liguei o meu notebook e fiquei lendo alguns arquivos. Nem reparei quando o professor entrou na sala, apenas ouvi a sua voz e estremeci dos pés à cabeça.

- Olá turma, meu nome é Sasuke Uchiha e eu serei o seu professor de análise computacional. - Respirei fundo e olhei em sua direção para ter certeza de que era o Sasuke.

- Droga! – praguejei a mim mesma.

(...)