Who We Are escrita por Moonlight, Redbird


Capítulo 3
Carta II: Querida Mags - A vida real nunca para.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessouas! Demorei?
Eu sei. Vocês ja sabem do problema do computador e bla bla bla (pra quem não sabe: a chuva queimou e me deixou uma semana sem internet)

BÃS agora estoy eu, Thay, aqui novamente, com maior peso nos ombros porque gente, E AQUELE CAPITULO DA RAFAH? AQUELA CARTA? Como vou escrever algo a altura?
Bem, eu tentei.

Leitores do Diário, que estão aqui fielmente há dois caps: Preparados para ter Matthew Mellark de volta? com 17 anos e piadinhas? Ele está aqui. Vamos ao cap agora ♥



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A presença dela era a mais forte da casa.

Matt sabe que ele tem um lugar especial em cada canto do Distrito Doze. A diferença entre ele e sua mãe, no entanto, é que ela transformava cada canto do Distrito Doze em um lugar especial, apenas com sua presença. E ela mal notava.

Naquela manhã, Matt acordou com sua presença e seu corpo magro sentados na beira de sua cama, o observando dormir como fazia quando ele era bebê. Katniss adorava ver os filhos dormirem, com as respirações quase imperceptíveis e as caras tortas e amassadas pelo travesseiro, sentindo uma paz interruptível e protegidos dos perigos de viver. Matt ficou mais cinco minutos sentindo o calor de sua mãe, até aceitar que já tinha acordado de fato, e nem ficar mais tempo em sua cama o faria dormir novamente. Abriu os olhos, só pra ver a imagem de sua mãe com os cabelos soltos acariciando seus cachos loiros.

— Eu sou tão bonito assim? — Brincou Matthew, sorrindo presunçosamente. Ele sabia a resposta: Cabelos loiros cheio de cachos que, mesmo com o corte de cabelo comportado, cismavam em aparecer. Olhos cinzentos como de sua mãe, e – embora nenhuns de seus pais apresentem essa característica – ele tinha sardas discretas em volta ao nariz e covinhas quando sorria.

— Sim, meu amor, você é muito bonito. — Responde Katniss, sorrindo com a ousadia do filho. — Especialmente quando está dormindo, de boca fechada, sem comentários engraçadinhos... — Matt deixou uma risada escapar com o comentário da mãe. Ela era o máximo. Não a trocaria por nada nesse mundo. Sem dúvidas, sua garota favorita, e logo depois vinha Mags. Sua irmã mais velha, que havia se mudado para Capitol e levado consigo dúzias de piadas internas e segredos compartilhados.

Em momento nenhum, desde a partida de sua irmã, sentiu algo próximo ou similar a um sentimento de traição. Ele estava, verdadeiramente, feliz pela chance da irmã, e muito orgulhoso dela também. Mas sentia falta. Era inevitável não sentir a falta de sua melhor amiga, principalmente quando vocês compartilhavam os mesmos genes, pais, casa e nível de comentários sarcásticos.

Talvez aquela seja a razão pelo qual sua mãe estava ali, o observando dormir. Porque ela também sentia falta. Porque ver um filho seguindo um caminho sem você seja uma situação tanto complicada para alguém tão protetor quando Katniss. Porque sua filha mais velha estava na Capitol, por conta própria. E bem, depois da despedida de sua filha, Katniss viu seu filho mais novo e reparou que ele não tem mais um diário azul com nome Billie. Ele já é um quase homem formato, inteligente culto e maduro, e daqui a pouco vai viver também. Só queria vê-lo dormir enquanto ainda podia.

Matt deixou a ultima onda de sono passar diante de si e olhou para o relógio na parede de seu quarto, com ponteiros indicando nove horas e vinte e três minutos da manhã de segunda feira.

— Onde o pai está? — Perguntou ele, exasperado, mas lerdo ainda pelo sono.

— Ele já foi para padaria. — Respondeu Katniss, abandonando o último dos cachos de seu filho e se retirando do quarto, mas sem antes, enfezar: — Você está atrasado se quiser ajudar na segunda fornada de pão e nos bolos e salgados da manhã.

— Oh, claro mãe, obrigado pelo aviso. — Matthew encheu a frase se ironia, mas quando recebeu um sonoro e educado “não tem de quê”, – tão irônico quanto seu agradecimento – vindo de sua mãe, revirou os olhos e se apressou a trocar de roupa. Era fato de que Matt odiava se atrasar para ajudar seu pai com seus pães, tanto quanto odiava ir para padaria e deixar sua mãe sozinha, uma vez que Mags não estava mais lá para fazer companhia ao menos no café da manhã – já que logo depois disso, Mags seguia numa maratona de estudos tão empenhada que foram necessários dois anos e coragem para atingir o objetivo desejado.

Matt por sua vez, ia para padaria nas manhãs de suas férias para não enlouquecer. Ele sabia que deveria manter toda sua energia e atenção em um ponto específico, do contrário não conseguiria controlar o espírito aventureiro em si. Escolheu, por fim, ajudar seu pai enquanto aguardava pela resposta do jornal News of Panem diante de suas crônicas, contos e a tão sonhada vaga de estágio no jornal mais conceituado do país. Além disso, esperava também por sua volta às aulas para seu ultimo ano escolar, mesmo que esse assunto fosse o menor de todos em questão de importância.

Chegou ao estabelecimento com fachada cinza e azul, escritas “Mellark’s Bakery” próximo às 9h50, encontrando seu pai regendo a cozinha com maestria, como sempre o fez. Sorriu para seu velho, que apresentava algumas linhas perto dos olhos e as mãos já sujas de farinha, sussurrando um “Me desculpa pelo atraso” enquanto pegava seu avental e lavava as mãos, preparado para mais uma semana perto dos fornos, de seu pai e da calmaria.

Para Matt era um dos momentos mais felizes da vida, no geral, estar com seu pai. Ouvir seus ensinamentos, refletir sobre suas palavras ou simplesmente sair com ele para passear dentre o Distrito quando a noite cai rápido demais e o sono não atinge a nenhum dos dois. Seu pai – sendo justo, sua família – era seu ponto de confiança, e uma vez que os tivesse sempre lá, Matt nunca se sentiria sozinho.

Naquele dia, ele abandonou a padaria a 13h da tarde, despedindo-se de seu pai, e seguiu correndo para o ponto ferroviário do distrito Doze, com dois sacos cheios de biscoitos nas mãos e um pão enrolado em saco de papel embaixo do braço. Às vezes o fazia mais tarde. Eram poucos dias não o fazia. Ele seguia até a estação, local aonde turistas de todos os cantos de Panem chegavam para ver o distrito histórico que seu lar se tornara e, de longe, ele via aqueles cabelos laranjas sendo bagunçados pelo vento, e sua voz suave sendo distorcida pelo pequeno microfone que usava para guiar os turistas.

— Sejam bem vindos ao Distrito Doze. — Ela diz. — Antes de começar, quero que saibam que não usamos arco e flecha, nem somos um distrito padeiro. Nossas minas foram fechadas há 30 anos, e não trabalhamos nossas vidas para alimentar um povo a miséria. Nós, crescemos, lembram-se disso. Hoje, vocês conheceram o que se tornou o distrito mais guerreiro de Panem. — Ela fez uma pausa dramática, e colocava paixão e ênfase em cada parte do discurso. — O Distrito que passou 75 anos na extrema pobreza, mais do que qualquer outro. O que mais arriscava sua vida nas minas a serviço de uma cruel Capital. Por fim, o distrito que mais perdeu jovens nos Jogos, o que doou duas de suas crianças e mais de 10 mil de seus cidadãos para o fim do período negro. Que foi bombardeado em chamas há quase 35 anos atrás, e hoje ainda está vivo. Se nada disso lhe interessa, devo avisar que o próximo trem de volta parte daqui a meia hora. E para aqueles que ficam, por favor, ouçam atentamente: Vocês estão preparados?

Matt, que se escondia dentre a multidão, gritou um “Siiimmmm” Tão alto e animado que fez todos ao redor imitarem-no, no apogeu de animação, batendo palmas e fazendo barulho como uma platéia ao fim de uma brilhante apresentação, mesmo sem saber o por quê. A guia turística, no entanto, deixou seu companheiro guiar os turistas até o primeiro ponto histórico – a frente do Edifício da Justiça, onde tributos eram recolhidos e colheita era feita – e se dirigiu ao jovem baderneiro que somente esperava por sua presença com os braços cruzados e sorriso torto.

— Pelo amor de Deus, há quanto tempo eu venho pedindo pra você não tumultuar meu trabalho? — Disse Amy, num grande esforço interno para ficar com raiva de Matthew. Mas quando soltava uma risada, via que simplesmente não conseguia.

Matt e Amy eram amigos de infância. Ela tinha pais separados, e seu primeiro amigo a ajudar superar isso foi o filho do tordo. Amy foi a primeira pessoa a dizer que gostava de Matt pelo fato dele ser o melhor amigo dela, e não por ser filho de você-sabe-quem. Na época, eles tinham 6 anos, e hoje, dez anos depois, continuam inseparáveis.

— Não estou tumultuando em nada. E seu chefe não vai te demitir depois da maravilhosa introdução a tour que “você mesmo escreveu no alto de sua inspiração” — Disse Matt, acrescentando aspas nas mãos e um sorriso de escárnio nos lábios. Amy olhou para os lados rapidamente, a fim de saber se alguém ouvira essa conversa. Ao constatar que não, bateu nos braços do amigo.

— Ganhei um aumento graças a esse seu texto. Segundo meu chefe, era “dedicação e amor ao trabalho e distrito”. — Disse Amy, parodiando as aspas de Matt. — Nem pense em me dedurar dizendo que foi você quem escreveu esse texto, Matt. Você sabe eu preciso desse dinheiro.

— É, Eu sei. — Concordou Matthew, meio triste.

Triste, porque aquela é a altura da vida em que você junta dinheiro desesperadamente para fazer a melhor faculdade do tão sonhado curso. Matt estava levemente desapontado com o mundo, porque primeiro: Ele não sabia realmente o que cursar, e o que ser pelo resto da sua vida.

Quando tinha seis anos, sua professora perguntou a classe o que eles queriam ser quando crescer. Aquilo era algo novo, pois durante 75 anos, as crianças dos distritos não tinham opção alguma de escolha: Só queriam sobreviver. Quase 25 anos depois, quando a pergunta fora lançada, as crianças pararam pela primeira vez para pensar no que quer que seja “futuro”. Matthew, naquela ocasião, dissera que “Queria mudar o mundo”. Em suas palavras, que ele escrevera mais tarde em seu diário: “Vamos fingir que o mundo é o cereal e todos gostam, ai eu vou e acho leite, e todos passam a gostar mais ainda.” Matthew tinha seis anos, e até agora, essa era sua única certeza. Ele só sabia que queria mudar o mundo, e ser único, de uma forma que ninguém nunca foi (nem mesmo seus pais.)

Além de tudo isso, lhe intrigava que sua melhor amiga, exatamente como sua irmã, tinha toda a certeza sobre os estudos, vida e carreira. Por pior que fosse, Matt sentia-se perdido no meio da confiança e auto-estima das duas. E isso o deixava meio mal.

— Não fique assim, você sabe que pode vir comigo se quiser. — Disse Amy, acariciando seu rosto e o abraçando. Ela sabia exatamente o que ele pensava, depois de todos os anos de convivência.

— Eu não sei se quero ir pra seja lá aonde você vai. Sabe, ter que agüentar você por mais dez anos não me parece uma idéia agradável. — Disse ele, sorrindo. — Sinceramente, pensei que você gostasse de mim, como você pôde me sugerir uma coisa dess...

Antes que pudesse terminar, Amy estava enchendo-o de socos e gargalhando ao seu lado. Essa era a amizade deles, e provavelmente seria muito mais fácil continuar com ela se Amy não fosse tão difícil e tão bonita.

Ora Matthew, nem pense nessas coisas. Essa é a Amy, lembra-se?

— Tenho de ir, senão realmente serei demitida. — Disse Amy, olhando para os turistas que observavam Matt de soslaio, pela incrível semelhança que ele tinha a Peeta Mellark. — Vá embora, antes que peçam fotos como na semana passada. — Sorriu ela,

— Argh — Matt fez uma careta. — Se nada na minha vida amorosa der certo, eu me caso com aquela garota de 13 anos que nunca mais queria se desgrudar de mim. Serei feliz. — Amy gargalhou novamente, mas quando sentiu o olhar de Joseph – o outro guia turístico que estava tentando levar a tour sozinho – apressou-se em correr. — Hey, antes de ir, tome um saco de biscoitos e dê esse outro para Joseph. Sempre roubo você dele e o coloco em confusão. — Matt abriu um sorriso caloroso ao ver que sua última piada havia funcionado e Amy saíra correndo com dois pacotes de biscoitos na mão e uma risada plantada nos lábios.

Com isso, seguiu o mais longe possível dos turistas antes que acontecesse aquilo novamente. Fotos, autógrafos e aquela atenção toda que ele recebia e inicialmente achava engraçado – como se um bando de filhotes de cachorros começassem a te atacar e lamber por todos os lados de seu rosto – mas depois de certo tempo, passava a ficar insuportavelmente chato – como se um bando de filhotes de cachorros nunca parasse de lamber seu rosto. Deuses, imaginava como estaria sua irmã se virando em plena Capitol.

Matthew seguiu então para o local onde, certamente, passaria o resto do seu dia: A casa de Haymitch.

Era natural chegar na casa do antigo mentor de seus pais e sentir cheiro de sementes de ganso. O cheiro de álcool era pouco, uma vez que ao passar dos anos, Haymitch foi diminuindo sua quantidade e controlando o vício. Isso, graças a Mags, que criou uma mistura de ervas com capacidade de diminuir a ansiedade e abstinência de seu “tio”. Desde então, chá de plantas, cheiro de semente e pão quentinho eram os odores mais presentes na casa de Haymitch, uma vez que Matt sempre o visitava, levava pão e passara o dia com ele.

— Você está com uma cara boa, hoje. — Foi a primeira coisa que Matt disse a Haymitch naquele dia. Sentou-se na mesa próxima a sala onde Haymitch se encontrava sentado no sofá, vendo qualquer coisa na TV. Matthew colocou o pão na mesa, cortando fatias com uma faca qualquer e entregando a Haymitch, sentando-se ao seu lado.

— Sua irmã ligou para mim. E para sua mãe. — Comentou ele, como se fosse nada de tão especial.

— Espera um pouco. O que você disse? — Agitou-se Matt. Ela ligou? Porque não ligou para mim? Estou a uma semana esperando notícias! Pensou.

— Ela ligou para nós, e provavelmente para seu pai também, logo depois que você saiu da padaria. Mas não fique assim, garoto. — Haymitch ergueu uma carta ao seu lado do sofá. — Chegou isto aqui para você ontem.

Era uma carta. Uma carta média, um envelope branco e novo, com o símbolo da Capitol.

— Acho que ela não gostaria que seus pais abrissem, então mandou para meu endereço. Sabia que eu não o faria. — Comentou Haymitch. — Acho que esse é mais um dos segredinhos de vocês. — Finalizou Haymitch, desligando a TV e seguindo para a cozinha, a fim de fazer um chá antiálcool para comer com o pão fresquinho.

Matt pegou a carta do sofá com tanta rapidez e ansiedade que, quem o visse, pensasse que a carta desapareceria dali sem que ele tivesse a tocado. A carta era quase como um ouro: Era a primeira fonte de contato com a irmã desde que separaram. Matt despediu-se do velho amigo, abandonando sua casa e correu para o único lugar onde, em sua mente, seria o mais apropriado para ler tal carta: a Campina.

Leu a carta em árvore próxima ao lago, lugar onde costumava ficar com a irmã. Sentiu, nas palavras dela, tudo o que ela transmitiria se tivesse dito ali, como sempre o fez. Surpreendeu-se ao vê-la citando aquele mesmo local onde se encontrava. Fazendo filosofias da vida. E surpreendeu-se a ainda mais ver que talvez, aparentava não estar completamente feliz.

Mags era a segurança do irmão, por diversas vezes, em meio de sua confusão. Mags sempre foi a certeza, e ver que ela talvez não estivesse feliz o atingiu como um tiro no ombro e doeu como no dia em que quebrou o pé ao cair – vejam só – da mesma árvore em que agora estava. E ao mesmo tempo, ao apenas ler as palavras dirigidas de sua irmã para si, Matt pensou que talvez todas as duas dúvidas pudessem ser respondidas ali.

Esse era o efeito de conversar com Mags. Ele sabia quem ele era ali.

Tudo o que lhe restou fazer foi seguir para sua casa, subir as escadas até seu quarto e se sentar na mesma escrivaninha que usava todos os dias para escrever em seu diário. Separou a folha mais branca, a caneta mais suave, e pôs-se escrever para sua irmã mais velha.

Querida Mags

O segundo passo é acostumar-se com a falta, e seguir em frente com ela. É um passo cruel, eu mesmo confesso, mas eu acho que faz parte de crescer. Bem, deve ser. Me diga você: quantos passos são necessários para uma caminhada saudável?E para uma caminhada feliz?

Você está, de verdade, feliz?

Eu estou – mesmo – feliz, e é apenas por receber uma carta sua, e saber que você ainda sabe o quanto eu gosto de cartas. Eu sinto sua falta, e isso ta piorando cada dia. Eu estou me vendo sozinho, andando sem rumo dentre o Distrito, indo nos lugares em que costumávamos ir juntos, e vi algo que nunca havia percebido antes: A vida real nunca para. A vida não para com suas tristezas, suas perdas ou seus sentimentos. Não importa a situação, nem a confusão em si. Pra quem está descobrindo a vida aos poucos, ter que correr para alcançá-la o tempo todo é cansativo. Você tende a descobrir sobre si, tomar suas decisões enquanto o tempo está espreitando em seus ombros dizendo: “Você tem mais 5 minutos”. É sufocante.

Não me leve a mal nem nada disso, você sabe o quanto eu amo você. Mas você a certeza nas decisões do próximo (como a sua mudança e o esforço de Amy) só te faz ficar mais perdido. O que eu faço?

É a mesma situação novamente. A água do lago está gelada, e você como sempre mais corajosa, se joga primeiro. Seus respingos caem sobre minha pele, e eu constato que ela está mesmo gelada, como você disse que ia ser, e por isso meu medo de aproximar cresce um pouco mais. Não vemos a cor da água em si – vemos um marrom por causa da terra que há muito já se mexera, tornando o lago com cor semelhante à sua, e verde pelas plantas subaquáticas – mas a gente sabe que nos dias em que está bem cedo, aqueles em que nenhum dos peixes ainda se moveu e nenhuma forma da natureza ousou tocar aquela água ainda parada, podemos ver tudo o que há sobre ela. Podemos ver que a água é transparente, e que a terra embaixo dela continua com cada grão em seu lugar.

A água é linda. O lago é maravilhoso por si só. Mas se eu mergulhar, Mags, eu estaria estragando toda sua perfeição?

Você nem pensou nisso. Você sabe que o certo é estar nele e alimentar os poros de sua pele e lavar sua alma. E, se aquela água não lhe fizer bem, sei que você saira dela com segurança, secará seu corpo, e procurara por algo que te alimente – e não, não são amoras. Mas eu, eu continuo receoso, porque a água e fria. E se eu não me adaptar a ela? Se minha pele e a água forem repelentes, e eu simplesmente descobrir que lá não é meu lugar, mesmo que todas as coisas que eu tenha sentindo na vida me dizem o contrário?

Vendo você se divertir lá, me faz querer mergulhar também. Quem sabe, o lago só fique realmente perfeito quando ambos estivermos nele, e nos tornarmos parte do que ele é.

Mas como você me disse em uma lição de física certa vez (aliás, obrigado por essa) dois corpos não ocupam o mesmo espaço. Podemos, nós dois, estar no lago, mas nenhum de nós fará diferença alguma para o outro. O lago é completo somente comigo. Se eu me afogar, talvez você continue nadando.

É o que me faz ver que seguimos a vida sozinhos.

Então, minha amada Margareth (sei como você odeia que te chamem assim, hih) eu estou lhe dizendo que estou disposto a tentar sozinho. Sim, eu preciso de ajuda, mas o peso do sucesso ou derrota será somente meu. Portanto, a caminhada será minha, as pedras estarão pesando na minha bagagem, e ninguém mais poderá carregá-la por mim.

Obrigado pela teoria do lago, Mags. Obrigado por ser minha melhor amiga. Continue me mandando as cartas, por favor. E saiba que seus segredos sempre estarão guardados comigo. (Eu sou bom em guardar segredos. Tanto que ninguém até hoje sabe que você gostava do filho do sapateiro). E uma ultima coisa: O silêncio nunca predominara sobre nós.

Com amor (e sarcasmos) do melhor e mais bonito irmão do mundo

Matt Mellark

Ps: Nós realmente nunca mentimos um para o outro: Eu comi aquele biscoito.

Foi mal.


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