Who We Are escrita por Moonlight, Redbird


Capítulo 13
Carta XII - Querida Mags: O poder enlouquece os homens.


Notas iniciais do capítulo

Olá migs, tudo bem?
Vamos para mais um capítulo?



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Matt pegou o pedaço de pão recém saído do forno à sua frente e o colocou na boca, encostando-se na pia de mármore com seu avental sujo de branco.

— Definitivamente, era a farinha. — Matt ressaltou, mordendo mais um pedaço do pão em suas mãos. — Esse está bem mais fofo. Acho que temos que voltar a comprar as farinhas antigas se quisermos que os pães saiam dessa forma, pai.

— Sério? Deixe-me ver. — Peeta agilmente cortou um novo pedaço do pão a sua frente, provando. Dava razão a Matt: Trocar a marca de farinha foi a pior decisão que fizera em meses. — Vou ligar para a Sra. Rayburn e ver se eles aceitam enviar novas encomendas de sacos de farinha essa semana.

— Se o tio Haymitch quiser mesmo voltar a criar gansos, teremos um trem cheio na semana que vem. — Matt falou, olhando para o pai que estava em pé a sua frente. — Sementes, farinha...

— Nada que já não tenhamos carregado antes. — Peeta ressaltou, sorrindo.

Matt estava na cozinha de casa com seu pai preparando uma fornada teste de bolos e cupcakes. Eles tinham trocado a marca de farinha anteriormente, o que deixou ambos muito insatisfeitos com o negócio. Naquela manhã era sábado e, se não fosse o ato de dormir, Matt não teria nada o que fazer o dia todo. Exceto, claro, em passar o tempo com seus pais, o que de fato realmente gostava de fazer.

— Oi. — Diz Katniss, num sorriso tímido, embora sua carranca e face cansada também estivessem lá. Acabara de entrar na sala com um pato dentro da bolsa, pronto para ser servido de almoço, quando viu o marido e o filho na cozinha. A verdade é que Katniss gostava de vê-los juntos, sendo tão completamente iguais quanto poderiam ser. O que a fazia sentir falta de sua filha mais velha, seus longos cabelos negros em ondas que ela com toda certeza herdara de Peeta e seus olhos tão azuis quanto os dele. — Quase me esqueci, trouxe pra você.

Katniss tirou do bolso da calça um saco de papel cheio de amoras da Campina, as favoritas de Matt durante sua infância.

— Hey, obrigado! — Respondeu o garoto, infantilmente feliz com o saco de papel nas mãos e as amoras na boca.

— E eu? O que você trouxe para mim? — Peeta perguntou, insolente.

Katniss sorriu e aproximou-se do marido, dando-lhe um beijo.

Matt gostava de ver cenas assim. Não necessariamente dos seus pais se beijando (não, ele com toda certeza não precisava ver essas cenas), mas as cenas em que seus pais viravam um casal de namoradinhos 17 anos que ambos provavelmente nunca tiveram a chance de ser.

Katniss soltou-se dos ombros de Peeta e subiu escada acima, preparando-se pra tomar um banho. Peeta, por sua vez, continuava parado na cozinha, sorrindo sem graça para Matt.

— Ela caça. Você assa pães. Tio Haymitch controla o vicio de beber e agora, ele mais dorme do que faz qualquer outra coisa. E eu escrevo. — Matt falou.

— É verdade. Como vai a escrita?

—Vai bem, pai. Envy decidiu não me dar temas mais, e quer uma crônica por semana. Eu já escrevi algumas várias, e já tenho temas da que pretendo escrever. — Matt suspirou. — Mas é difícil. Preciso de um conselho, pai.

Peeta Mellark sentou-se na cadeira da mesa da cozinha, esperando Matt fazer o mesmo. Peeta irradiava conhecimento e calma por trás dos fios de cabelo loiro e grisalhos, e mesmo com a boa aparência, algumas de suas cicatrizes (como as marcas de queimadura que passam por suas testa, sobrancelhas, mas poupam os olhos) e rugas estavam ali para garantir a Matt que o quer que ele precise, seu pai poderá lhe auxiliar com precisão. E ele o amava por isso.

— Diga, filho.

Matt deu um longo suspiro.

— Pai, como eu posso medir as consequências das minhas palavras diante das outras pessoas? Como eu vou saber se... vão afetá-las? De um jeito ruim?

Peeta sorriu. Ele não sabia se isso acontecia com a maioria dos pais, mas ele não podia evitar olhar para o filho e não se lembrar do dia de seu nascimento. Ou do primeiro passo, ou da infância de cabelos cacheados tão rebeldes que lhe rendeu o apelido de “leãozinho” vindo de sua mãe. Então Peeta piscava os olhos e via um homem a sua frente, um homem tão bom e maduro que orgulho era algo pouco. Peeta via Matt, e pensava que já estava na hora de lhe apresentar uma navalha para se barbear, e lhe aconselhar sobre a vida como um adulto.

— Matt, você é jovem demais pra se preocupar assim. No entanto, você tem uma mente muito madura para alguém tão novo. E se você pretende mesmo continuar esse estágio, você vai ter que pesar as consequências de usar suas palavras brilhantes. E em como usá-las. Você não vai conseguir medir a forma que ela vai atingir as pessoas, mas aja, sempre, por um bem em comum. Seja um grande homem que você já é. Eu já estou orgulhoso de você.

Matt respirou aliviado. Mat se lembrou da vez que fora caçar com a mãe, tempos depois a partida de sua irmã, em que Katniss deixou claro que estava orgulhosa dele “pelo homem que está parado em minha frente.” E então ele pensava que a ultima coisa que Katniss e Peeta poderiam ser para ele era infortúnio. Sua sorte em tê-los como pais era incontável. Se esses dois me amam como pessoa, como poderia eu estar errado?

— Obrigado pai. — Ele agradeceu, sorrindo. — Eu vou continuar escrevendo, mas não vou publicar nada sem antes mostrar para você, mamãe, tio Haymitch e nas minhas cartas para Mags.

— Você troca cartas com sua irmã? — Peeta perguntou, num sorriso confuso.

— O quê? Eu disse “Nas minhas cartas para Mags”? — Matt gaguejou. Droga. Droga. Mags vai me matar se não rir de mim antes. — Eu quis dizer “Numa carta para Mags”. Vou começar a enviar minhas crônicas pra ela. O que acha da ideia?

— Eu acho uma boa ideia. Ligue para Effie pedindo o endereço. — Peeta aconselhou. Depois levantou-se da mesa e tirou uma fornada de biscoitos do fogão, provando-as e constatando novamente que a farinha da Sra. Rayburn era de melhor qualidade. Enquanto isso, Matt respirava levemente. Ainda tinha um segredo com a irmã, afinal.

Enquanto ficava mais velha, Katniss Everdeen ficava mais pacifica. No almoço daquele sábado, aparecera com um vestido amarelo de mangas longas que outrora talvez fosse branco. Seus cabelos castanhos prendiam em um nó lateral, caído no ombro. A pele morena revezava espaço com a pele artificial um pouco mais clara, mas que não anulava a beleza comum que Katniss tinha. Matt sorriu discretamente para si, depois dirigiu o sorriso a sua mãe.

— Você parece com a vovó. — Disse Matt, sem ter certeza se era, ou não, um elogio. Ele se lembra de ver sua avó anos mais nova em uma foto, – ao lado de sua tia Prim – e sua mãe estava bonita quanto.

— Deveríamos ligar para ela depois do almoço. — Katniss falou, devolvendo o sorriso de Matt e lhe dando um olhar agradecido. — Qual foi a última vez que você falou com sua avó?

Era quase uma pergunta retórica, então Matthew retribuiu com um “muito tempo, de verdade” e Peeta sugeriu uma visita ao distrito quatro, onde a Sra. Everdeen ainda se encontrava. Um tanto idosa, com seus 75 ou 76 anos – talvez um ou dois anos mais nova que Haymitch, ela passava os dias no hospital que ajudou a fundar. Quando Matthew pensa em sua avó, sente um confortável carinho ao lembrar que ela fora a responsável por seu nome. Sua mãe lhe contara uma vez essa história quando mais novo.

“O pai de Peeta escolheu o nome de sua irmã sem ao menos saber. Ele dizia a seu pai que, se tivesse uma menina, ela se chamaria Margareth, e depois de um dos ataques de seu pai, essa lembrança veio como um consolo. Decidimos então, deixar alguém escolher seu nome. Haymitch se recusou, disse que já estava feliz em vê-lo e isso era o suficiente. Já minha mãe não levou dois segundos para dizer ‘Matthew’. Ela disse que uma vez tinham lhe dito que esse nome significava ‘Dom’. E você é exatamente o que você significa, leãozinho.”

Depois do almoço, Matt decidiu fazer o que fazia de melhor no seu sábado: Andar pelo distrito em busca de vários nadas. Ele costumava passar os sábados com a irmã, mas desde sua partida arrumou atividades diferentes. Ensinar as crianças vizinhas a nadar; Visitar a fábrica de medicamentos construída no fim da guerra; Visitar o asilo para idosos sem família; Irritar Amy. Bem, talvez ele ainda pudesse fazer esse último item.

A casa da mãe de Amy ficava no centro da cidade, próximo a padaria. O Ex-marido costumava viver lá, mas quando se mudou para o distrito três, deixou a casa e o piano para Amy, sua ex-esposa e o noivo dela, Luigi. Matt bateu na porta da casa algumas vezes até ser recepcionado pela versão mais velha de Amy com um sorriso do tamanho do Distrito 11.

— Amy, você tem visitas!

Ela estava lá. Com aquele vestido roxo estranho, que caia mais para o ombro direito do que o esquerdo. Matt não sabia o que tinha acontecido com o cabelo dela, mas como se fosse possível, de alguma forma, ela continuava bonita.

— Se dependesse de minha mãe, você teria a cópia da chave de casa. — Amy brincou, abraçando-o. — Vem, vamos sair.

Amy não disse uma palavra, e Matthew também não precisava dizer para saber que seus passos os levariam direto para o lugar onde os dois compartilharam três beijos: O lago. Era um costume, adquirido desde a infância, usar os sapatos mais confortáveis para aguentar a caminhada dentre as pedras escorregadias que ficavam no meio da trilha de terra que levavam para o destino. Na neve, quando a trilha era coberta, as árvores e os pequenos arbustos indicavam o caminho.

Matt passou pela terceira grande árvore até chegar no lago, onde viu sua amiga arremessar pedras e vê-las pingar três vezes até afundar por completo.

— Como você pode não fazer mais do que três? — Matt implicou, sorrindo.

— Como vai o jornal? — Amy mudou de assunto, sem aviso prévio. Assim, pegando Matt de supetão e deixando o garoto confuso.

— Vai bem. Envy quer mais crônicas, e agora sei o que escrever. Não pra ela, mas... pra Panem.

— Exato. — Ela falou. — Não pense que Panem não está lendo. Meu pai falou comigo por telefone como faz sempre, e ele – no papel de comunicador – ficou maluco com suas palavras. Mal sabe que são suas. Ele disse que o homem que escreveu aquilo vai ter um poder nas mãos se continuar assim.

— Não quero poder, Am. — Disse Matt. — Poder deixa os homens malucos.

Matt se sentou embaixo da árvore, onde foi acompanhado por Amy e suas mãos marrons de terra.

— Sua mãe queria poder? — Ela perguntou.

— Você está estranha hoje. — Ele respondeu, mudando de assunto tão rapidamente quanto Amy fizera minutos atrás. Ele olhou para Amy, que ainda encarava-o sério, no calor da discussão. Depois, sorriu tão insolente como seu pai na manhã do mesmo dia. — O que aconteceu com seu cabelo?

A garota olhou para os joelhos, tentando evitar a risada.

— Você se importa?

— Claro que sim! É o seu cabelo, olha só isso! — Matt pegou as duas mãos e levou sobre a cabeleira laranja da amiga, que distribuiu tapas leves em seus braços. Amy ria, mesmo que estivesse furiosa.

— Não, não é com o cabelo! — Ela falou, fazendo o amigo parar. — Qual é! Nós dois sabemos que mesmo sendo meio fora do lugar, Dylan vai pilotar os melhores e os mais modernos aerodeslizadores que esse país vai ver. Sua irmã é um gênio, não precisamos de argumentos. E você está fazendo meu pai se ajoelhar nos seus pés mesmo sem saber que é você... — Ela diz, com um riso seco. Matthew, que é ótimo com palavras, passa a ativar o modo ‘bom ouvinte’ quando a garota continuava a falar. — Eu só vou manter a ordem das coisas como engenheira elétrica. Criar novos motores, manter a energia no país. Perto de vocês? Isso não importa. Me faz ter pensamentos de que eu posso morrer a qualquer momento, e de que nada mais importa...

— Amy, — Matthew interrompeu-a. — Se você é idiota o suficiente pra crer que nada importa... Então você é nada para mim.

Pela primeira vez na história, Matthew foi responsável por puxar a moça e grudar os lábios e fazê-los criar uma sincronia única, seguida por ambos. Ninguém se separou. Ninguém fugiu. O sol foi se pondo enquanto eles continuavam presos.

No entanto, foi difícil para Matthew largar daquela nuvem que o sustentava levemente pelo dia. Foi difícil largar a moça na cidade, e não beijá-la em publico, ou andar de mãos dadas. Pior ainda é largar o sono quando se ainda está sonolento. Matt seguiu para a casa de Haymitch para confirmar ou não se o velho voltaria a criar gansos, como tinha dito a seus pais que iria antes de sair de casa. Em resposta a tal pergunta, o velho Haymitch respondeu:

— É claro que eu vou, garoto. Aposto que dessa vez vão morrer menos gansos do que das outras. — Haymitch uma das gavetas de uma estante qualquer, que estava no mesmo lugar da casa mobiliada pela Capitol há quase 45 anos. — Aqui, a carta da sua irmã. Ah, e vê se fala pra garota ruiva não bagunçar tanto o seu cabelo assim. Ou arruma um corte, garoto. Também resolve.

Ler a carta, no entanto, era uma instável sensação, que mudava a cada palavra. Ele poderia ver todos os sentimentos da irmã resumidos, e mudavam a cada parágrafo. Responder aquilo foi ainda pior. Talvez ele devesse manter o bom humor, para mostrar para irmã que ainda são os mesmos.



Querida Mags

Eu não acredito que está nevando na Capitol! De verdade? Quero dizer, todas as vezes que experimentei a neve na Capitol eram artificiais, jogadas pela cidade inteira. E aqui, no Doze, o máximo que o tempo proporciona é ventos gelados. Mas isso nãos nos incomoda. Mamãe inclusive colocou um vestido de mangas longas hoje.

Ah, tenho uma novidade para você. Ou sobre você. Fui até a biblioteca no antigo Edificio da Justiça, e achei um livro com significado dos nomes antigos. Descobri que o seu nome significa “pérola”, e eu aposto que mamãe e papai nem sabem. Bem, levando em consideração toda a história com aquela pérola no anel da mamãe, e a segunda arena, e o que ela significa, acho que o destino deixou as coisas bem apropriadas. Também ligamos para a vovó nesse fim de semana, e eu acho que você deveria fazer o mesmo. Mamãe fez questão de atualizar seu estado na Capitol, e acho que vovó merece notícias de você vinda de você. Ela está velinha como o Tio Haymitch, você sabe. Fala pouco, mas ainda significa muito.

Tudo bem... Vai chegar uma hora ou outra nessa carta que eu tenho que te falar que eu quase, quase... Contei a papai sobre nossas cartas. Eu deixei escapar! Mas depois contornei a situação. Não se preocupe. (talvez um pouco, eu não sei se ele acreditou. Mas pareceu conformado).

Envy Summers não me dá mais temas para crônicas. Ela me deixa livre e pede ao menos uma publicação por semana. Vou entregar para ela uma crônica especial sobre o distrito dois, que tio Haymitch, mamãe e papai já leram, como fazem com todas as outras. Mamãe me deu informações que enriqueceram o texto, e papai e tio Haymitch elogiaram a maturidade dele. E mesmo com o estágio e a escola ativos, com a pressão do último ano escolar, teste de aptidão e Amy Shields, eu ainda encontro tédio nesse dia da semana.

Por isso eu fico muito contente em receber suas cartas no sábado. Elas me deixam ocupado, e esse dia costuma ser bem solitário desde que certa pessoa partiu para a Capitol para ser brilhante, sem minha companhia. Se lembra dos nossos sábados? Procurávamos qualquer coisa estúpida para fazer, ou íamos caçar, ou visitávamos lugares que precisavam de nós. Hoje em dia, eu não faço muito dos meus sábados. Lembro-me de ter escrito no meu diário, as 6 anos, que você pode tornar qualquer dia de sua vida em um dia espetacular. Mas agora, acho que temos que viver esses dias de monotonia e aceitá-los. (A quem estou enganando? Isso é tedioso). Não sei o que você faz dos seus sábados, mas algo que me diz que você passa seu tempo estudando, tenho certeza disso. Saudades de te perturbar até você largar seus livros e correr atrás de mim procurando uma vingança saudável. Bons tempos.

Bem, eu espero que você passe seus sábados visitando museus ou tomando sorvete com suas amigas. Se sim, mande um beijo as duas. Diga a Phoebe que eu estou encantado com os olhos puxados que ela tem, eu só vi olhos assim duas ou três vezes na vida. E diga a Nash... Que ela é mulher bela, corajosa, independentemente do que digam ou façam. Diga a ela que eu entendo de mulheres corajosas. Convivi com três a vida toda. (lembre-se mesmo de ligar para a vovó).

Bem, agora eu vou contar a parte do qual não me orgulho nada: Eu amassei sua carta até ela virar uma bolinha de papel. Sinto muito. Eu meio que perdi o controle quando li sobre esses malditos desgraçados que te atacaram. Eu acho que vou rabiscar os palavrões antes de te entregar essa carta, mas é isso mesmo que eu senti. Eles foram os mesmos que você atacou, não são? Isso é cruel, é violência pura e gratuita. Eles foram punidos? Como podem receber o título de estudantes desse Departamento se eles se comportam como fucking bestantes? Como podem estar livres? A sociedade não enxerga o perigo nas pessoas com falta de empatia. Essas pessoas param de enxergar o próximo como seres humanos, e quando isso acontece, eles tornam o cruel em rotina. Deveriam ser expulsos, Mags. Deveriam ser presos.

Infelizmente, eu sei que os diretores não o farão. Eles enxergam as mentes brilhantes e as futuras descobertas em potencial desses químicos. Eles não podem perder talento, não é? Talvez usem o argumento de ‘cientistas loucos e suas excentricidades’. Eles ganham poder para fazer o que quiserem. E o poder nas mãos do homem é uma arma. O poder enlouquece os homens.

Por fim, eu acabei desamassando sua carta se quisesse ler o final dela. Diga a Effie que agradeço o apoio e seu silêncio em relação a Abraham Lincoln. E eu, quero dizer o quanto sinto sua falta. O quanto estou orgulhoso por você se levantar por si mesma. Lutar sua guerra, erguer sua bandeira. Por não bancar a inocente, e por mostrar as pessoas que nada vai te derrubar. Eu estou orgulhoso da sua força. Como eu já disse: Convivi com três mulheres corajosas.

Ah, falando em seus amigos, encontrei Joplin na semana passada. Ela estava de férias por aqui, veio visitar os pais, já que ela estuda no distrito nove. Ela ficou contente em saber que você conseguiu a vaga que queria, e que se fosse ela esperar por dois anos para começar a faculdade, ‘estaria em estado de ansiedade de comer os cabelos’, em suas palavras. Mandei abraços seus para todos os meus amigos, que adoram você. Aquele espertinho do filho do sapateiro me perguntou sobre você, e eu tentei não morder a parte de dentro da bochecha de raiva. Ou ciúmes.

Papai e eu estamos bem. Fizemos pão hoje de manhã, e decidimos nunca mais trocar a marca de farinha. Tio Haymitch está pensando em criar gansos outra vez, mas eu duvido que seus 70 e poucos anos o façam lembrar. Acho que ele quer se ocupar com alguma coisa. Vou ver se ele está afim de aprender a fazer pães. Por fim, mamãe está usando vestidos, como naquela foto da vovó e da Prim. Quer saber? Vou obrigar ela e papai pousar numa foto com Tio Haymitch. Vou te mandar nessa carta.

Ah, e como está Effie? Quero notícias dela. Li uma matéria sobre os efeitos químicos de um Shampoo caro da Capitol, espero que ela não os use. Diga a ela que mandei beijo nas duas bochechas.

Eu espero que esteja mesmo bem. Sei que não mentiria para mim. Seus segredos estão guardados comigo. Eu te amo. Pode contar com quantos olhos você precisar.

Com amor,

Matt Mellark.

PS: Eu beijei Amy. Lide com isso.



FOLHA DOIS

O SEGUNDO DISTRITO E AS DUAS FACES DA MOEDA


Abraham Lincoln.

Nada impediu que o segundo Distrito fosse derrubado junto com os outros Doze durante os Dias Escuros. Não fora massacrado quanto seu último irmão – aquele que fora considerado extinto por 75 longos anos – mas, tal qual os 11 sobreviventes, o Distrito Dois também fora obrigado a participar do massacre anual, televisionado para todo país.

O que faz este distrito tão distinto dos outros, no entanto, é a maneira pela qual ela passou os 75 anos de Jogos e Fome.

Sendo um dos mais ricos do país, a lenda é que o Distrito fora recompensado por sua lealdade a Capitol. Depois da perda do Distrito Treze, o Dois fora usado como nova base de pacificadores da Capitol, principal fonte de produção de armas para o Capitólio, além de ceder seus próprios homens como soldados.

Em funções, era o Distrito da alvenaria. Antes da rebelião, viviam em pequenas aldeias em torno de minas, de onde os mineiros tiraram sua sobrevivência da miséria. Nada indicava que aqueles mineiros não sofriam tanto quando os outros distritos, nem que suas crianças eram poupadas de uma vida cruel.

O que acarretava os maus olhares ao distrito, no entanto, era o peso de sua atuação nos anuais Jogos Vorazes. Assim como os Distritos 1 e 4, o segundo Distrito tinha como estratégia o treinamento de crianças, conhecido como “carreiristas”. Como os maiores vencedores dos Jogos, ganharam 14 edições de 75. Mas isso não era uma troca justa, nem um bom preço. Quanto valia colocar armas nas mãos de suas crianças? E quantas vidas de crianças sorteadas aos 13 anos os voluntários de 18 anos salvaram? E quantas tiraram dentro de uma arena? Porque, então, o Distrito 1 e 4 foram facilmente perdoados? O resto dos Distritos ‘ganharam’ por 3 ou 4 vezes no máximo, e o Doze conseguira mudar o jogo com dois vitoriosos na mesma edição. Mas quantas crianças os distritos perderam na tentativa de sobrevivência dos carreiristas? A clara diferença era que os não carreiristas tinham o nobre ato de morrer a perder a dignidade. Talvez, seja verdade.

A lealdade a sobrevivência do Distrito Dois era facilmente comparada a lealdade a Capitol, o que gerou ódio silenciosos dos distritos afins e batalhas durante a Guerra. A Guerra fora o momento de provar onde o Distrito Dois se posicionava. E o bom filho tornou-se contra seu pai.

O Distrito dois não fizera mais ou menos do que os outros na tentativa de sobreviver. Tudo é a maneira da qual se olha, qual face da moeda é analisada: As estratégias de um distrito que reconheceu nunca ter saído da Guerra, e reconheceu sua própria terra como arena. Tentando salvar a si mesmo. E o egoísmo dado com seus irmãos.

Seus filhos ainda eram oferecidos. Suas crianças tornaram-se assassinas. Seus trabalhadores sofreram, e seus soldados estavam presos ao lado errado da causa.

O Distrito Dois não foi perdoado.


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Notas finais do capítulo

wow, parece que temos leitores vivos!
Agradecemos a linda questionadora que comentou essa fanfic. Querem ter caps dedicados? Hein? Sugiro que comentem tbm! HAHAHAYH n dói, nem machuca nem nada. Juro.
Ah, quase que me esqueço! A partir de hoje terão crônicas em cada capítulo do Matt. Rafah tá me ajudando MUITO com isso, ela é gênia!
até!



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