Crônicas da Nova Terra escrita por Oldboy


Capítulo 4
IV - Finalmente Heatville, Monstros do Passado.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é definitivamente um dos melhores que já escrevi haha.
Espero que gostem, aos que acompanham a história não esqueçam de deixar seus comentários, tem muita importância pra mim kk'



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CLÁS

 

A longa estrada a frente foi complicada. Clás tentava dormir, encostando o rosto na janela de vidro, a paisagem lá fora estava repleta de vida e flores. Sim,isso foi uma irônia, apenas um deserto com o solo completamente rachado, algo que um dia deve ter sido um rio agora não é nada mais que um reflexo da guerra.

Péssima ideia tentar dormir, Clás percebeu. O ônibus estava quase caindo aos pedaços, remendado ao máximo, os bancos não eram nada confortáveis também, mas conforto é algo quase desconhecido nesse mundo atual. Ao lado de Clás um senhor de idade, ele tinha várias cicatrizes, Clás o olhou brevemente e virou o rosto quando o senhor olhou de volta.

—  Cada cicatriz tem um signifcado, filho. – Iniciou a conversa com um ar irônico.

—  Desculpe senhor, não quis incomodar. Mas, adoraria saber essas tais histórias.  – Clás estava curioso.

—  Meu nome é Arnold Thompson. Minha história começa quando aquele maldito elemento foi descoberto pelos russos. Sim, eu sou um veterano da Guerra dos Elementos, naquela época era apenas um tenente. Fiz parte do E.O.S, Esquadrão de Operações Suicidas. Éramos os melhores em operações que pareciam impossíveis, eu e meus onze companheiros fizemos três operações especiais, mas a última acabou muito mal. – Disse, pensativo.

—  Continue! – Clás estava animado, desde criança adorava ouvir histórias sobre A Guerra, passava horas ouvindo as que Ryon contava. – Oque houve nessa ultima? – Estava apreensivo

Enquanto Arnold falava, outros passageiros prestavam atenção. Um veterano da Guerra era algo muito raro e certamente despertaria o interesse de qualquer um. Os ventos lá fora estavam cada vez mais violentos, não era segredo pra ninguém que morasse em Heatville ou Yoraath, uma tempestade de areia estava vindo. Os grãos de areia começaram a bater forte no vidro das janelas, Clás puxou uma proteção de metal que servia para cobrir a janela caso a areia conseguisse quebrar o vidro. Arnold contou sobre suas histórias bem sucedidas e agora falaria da última.

—  Bom, nem tudo acontece da forma que planejamos, e as vezes acaba mal pra caralho.
Nossa missão era relativamente fácil comparada as outras duas, nós subestimamos. Deveríamos ir até a cidade de Elektrostal, na Federação Russa, haviam boatos de um projeto que usaria Sanguimer, não para bombas, mas para armas de fogo. Eu e meus companheiros fomos disfarçados de russos até chegarmos na cidade, nos escondemos e planejamos invadir a base militar, deu certo, chegamos no laboratório de testes e pegamos os dados. Nunca vou me esquecer do momento em que um raio passou ao lado de mim e acertou um companheiro meu, abrindo um buraco em seu peito, era a nova arma que eles estavam testando. Fomos levados pra interrogatório, por horas eles torturaram meus companheiros e eu, e essa é a origem das minhas cicatrizes. Um dia entretanto, meu companheiro apelidado de “Souris” abriu a fechadura de sua cela, esperou o guarda passar e o nocauteou. Assim nós tentamos fugir daquela base, quase todos morreram para que pudéssemos fugir, eu tive a sorte de roubar um veículo russo com Souris e fugir de lá. Anos depois, a Guerra acabou e apenas a destruição prevaleceu.

—  Nossa, sempre me pergunto como seria... – Clás foi interrompido por uma colisão entre o ônibus e algum veículo.

—  São os bandidos! Eles voltaram! – Gritou o motorista. – A Legião dos Motores está aqui!

Todos do ônibus começaram a entrar em pânico, Clás estava irritado agora, não poderia perder tanto tempo onde deveria estar procurando Mylla. Arnold ria enquanto via essa situação

—  Jovens, tão preocupados... – Dizia ele com ar sarcástico.

O ônibus parou de se mover, havia um carro coberto por blindagem na sua frente, impedindo o movimento. Um sujeito armado de machado mandou todos descerem, e assim foi. Todos foram alinhados, haviam muitos dos punks da Legião, Clás decidiu esperar o melhor momento para agir. Eram uma das maiores gangues daquele lugar, e certamente queriam vingança contra Clás após o conflito no terminal.  

Os que eram inocentes foram levados de volta ao ônibus, agora um Punk assumiu o lugar do motorista. Clás ficou do lado de fora, foi amarrado.

—  Há, não consegue enferrujar cordas não é? – Tank disse rindo maldosamente.

—  Não vou subir de novo! – Arnold resistia ao punk que tentava o empurrar para dentro do ônibus. Isso chamou a atenção de Tank.

—  E você? Me disseram que estava conversando com Clás. Se é amigo dele merece o mesmo destino, traga-o pra cá! – O punk levou Arnold para o lado de Clás, e o colocou de joelhos.

—  Jovens, mal sabem oque fazem. – Arnold riu em deboche.

—  O que você disse seu velho? – Tank se irritou. – Cansei disso, vão lá, matem eles! – Sobre a sua ordem, alguns punks armados com facas e porretes caminharam a frente.

Arnold abriu um sorriso, e Clás tentava quebrar as amarras com sua digenium, antes que consequisse, foi surpreendido; Arnold deu uma cambalhota para a frente, enquanto quebrava as amarras com o peso do corpo, colocou as mãos atrás e Clás pôde ver o exato momento onde ele agarrava três pequenas facas em cada mão,que deveriam estar escondidas no cinto. Atirou-as para a frente e com precisão mortal acertou a garganta dos punks que vinham em direção, que cairam no chão tossindo sangue. Pegou mais uma faca, e a atirou no joelho de Tank, que estava boquiaberto com a situação.

—  Seu velho desgraçado! – Gritou com raiva e dor enquanto caia no chão.

—  Não sabia que ensinavam isso no exército. – Disse Clás enquanto Arnold cortava suas amarras.

Assim que foi solto, Clás socou a cara do punk que estava descendo do ônibus.

—  Muito bom, meu jovem. – Arnold parecia feliz. Andou até Tank, que tentava rastejar pra longe dele.  –  Vamos levá– lo até Heatville e lá será julgado. – Pode me ajudar? Estou meio velho pra carregar pessoas – Arnold riu, assim como Clás.

Tank foi jogado dentro do ônibus por Clás, e levou uma leve surra dos passageiros ali. Algum tempo de viagem e finalmente Heatville, uma das cidades mais pobres. Clás veio até aqui em busca do Observador.  Nos últimos minutos de viagem, Clás se despediu de Arnold.

—  Então, senhor, esqueci de perguntar oque te traz a Heatville. – Clás estava curioso.

—  Bem, estou em uma missão, fui contratado para uma certa tarefa. Enfim, coisa de idoso... E oque te trás aqui? – Arnold perguntou em seguida.

—  Vim ver o Observador. Preciso de ajuda pra encontrar minha amiga. Mas preciso descansar antes.

—  Bem, boa sorte filho. Parece que é isso, foi bom lutar ao seu lado. – Disse enquanto descia do ônibus e seguia seu caminho.

—  Digo o mesmo, velhote. – Clás riu e tomou seu rumo.

Mylla

Alguns dias se passaram desde a visita a sala dos Oblinus, Mylla era mantida como uma escrava e estava sempre acorrentada. Estava na enorme sala de jantar daquele castelo, era rústico, mas tinha um toque de luxo naquele lugar. Em uma grande mesa, apenas duas cadeiras estavam ocupadas, nelas estavam Mylla e Karth.

—  Karth, você nunca me contou sobre você. – Mylla disse.

—  Bem, você se comportou bem, escrava... Acho que merece saber sobre mim. – Karth disse e se confortou na cadeira.  – Eu fui uma gravidez indesejada, meus pais eram muito pobres e não teriam a mínima condição de sustentar mais alguém. Entretanto eu nasci, uma criança que todos tinham certeza que iria morrer mais cedo ou mais tarde. Minha casa era apenas um barraco com pedaços de madeira e placas de ferro, mas era o lugar mais confortável que eu tinha. Eu estava sempre com uma calça rasgada que achei nas ruas, sem blusa e com os únicos sapatos que tinha. – Karth apoiou os cotovelos na mesa.

—  Por quê... – Mylla foi interrompida por Karth.

—  Deixe-me continuar, por favor. Meu pai se chamava Mennon, era um bêbado apostador, ele sempre perdia e nem sempre tinha dinheiro para pagar. Minha mãe era uma boa mulher, se chamava Talia e fazia de tudo pra agradar a família.

Karth falava e se lembrava da noite em que tudo mudou.

ANOS ATRÁS

Karth estava na sala, sua mãe fazia o jantar em uma fogueira improvisada. Seu pai havia saído e com certeza voltaria bêbado.

—  Mãe, por que você deixa o papai voltar bêbado sempre?

—  Meu filho, seu pai está tentando ganhar as apostas para trazer mais dinheiro, assim poderemos pagar as dívidas e sair dessa cidade.

Antes que pudesse dizer alguma coisa, Karth ouviu barulhos altos vindos de fora da casa, logo depois seu pai foi jogado através da porta.

—  Pai! – Karth gritou, Mennon estava com o rosto deformado por socos e pancadas, entraram três homens vestidos de preto no pequeno casebre, e começaram a quebrar os móveis e a estrutura da casa.

—  Fique calmo meu filho, vai ficar tudo bem! – O pai de Karth gritou desesperado.

—  Oque temos aqui... Uma bela mulher e um garoto chorão. – Um dos homens segurava Talia, que gritava e chorava muito.  Os outros dois homens batiam em Mennon, Karth tentou empurrá-los para longe, mas sem sucesso, levou um soco forte e caiu no chão. Apenas podia chorar, e isso irritou aquele maldoso homem que o bateu.

—  Esse moleque chorão não vai calar a boca? Seu pai deve muito dinheiro, cansamos disso. Sabemos que ele não tem como pagar então vamos ensinar uma lição. –  Um deles agarrou Karth e o prendeu contra o chão, enquanto os outros dois tentavam tirar as roupas de sua mãe. Se sentia fraco, imponente, apenas olhava os olhos azuis em lágrimas de sua mãe enquanto era violentada por pessoas monstruosas. 

Seu pai tentava se levantar e puxar a perna de um deles, mas apenas recebeu chutes, Karth tentava não olhar mas o homem que o segurava o forçava a assistir tudo. Uma situação horrível, mais comum do que parecia na Nova Terra, um mundo sem governo, sem lei. Após oque pareceu uma eternidade, um dos homens puxou uma faca do bolso. Uma raiva e um desespero maior ainda tomaram conta de Karth enquanto o homem colocava a faca no pescoço de Talia.

—  Não chore meu bebê, vai ficar tudo bem. – Talia dizia enquanto chorava desesperada.

—  Há, brincadeira. – Retirou a faca do pescoço de Talia, a soltaram. – Não vamos matar vocês, afinal isso foi só um aviso, precisamos do dinheiro.  Que isso sirva de aviso. – Enquanto iam saindo, um deles tropeçou em algo. Uma madeira solta.

—  Oque é isso? – Eles retiraram a madeira e perceberam um buraco, com dinheiro dentro. Um silêncio súbito correu aquele casebre. Um deles lentamente começou a rir, enquanto sua expressão mudava para ódio puro.

—  Seus filhos da puta! Tinham o dinheiro e nem sequer falaram? – Disse o homem que até agora não tinham falado nada. – Me dê à faca. – E assim foi, ele correu até Talia e enfiou a faca em suas costas, ela gritou de dor. Mennon tentava gritar algo, mas não conseguia.

Karth foi jogado no chão e obrigado a assistir sua mãe sendo esfaqueada. O ódio em si foi tão grande, que desejou que esses monstros morresse. De repente  não sentia mais o peso de seu agressor, percebeu algo estranho em seu corpo, gotas de sangue caiam, quando Karth olhou para cima, percebeu oque tinha acontecido.         

—  Que porra é essa?! – Os dois homens que esfaquearam Talia olharam espantados enquanto Karth se levantava. De sua coluna saia algo que parecia uma cauda,  formada por vários segmentos de ossos como se fosse uma extensão de sua coluna. Totalmente negra, com rachaduras de cor violeta, a ponta era fina, longa e extremamente afiada. Um dos homens estava empalado, suspenso no ar como se não pesasse nada. Em um movimento súbito, moveu a cauda e partiu o corpo já morto ao meio.

Os homens tentaram correr, mas antes que pudessem sair pela porta àquela cauda perfurou o joelho de um deles, e puxou de uma vez, amputando o membro e jogando o homem no chão. Enrolou a cauda no homem que deu a primeira facada na sua mãe e o puxou para trás, arremessando-o perto de si. Andou até ele com lágrimas no rosto e com ainda mais ódio.  Lentamente, começou a cortar pedaços de seus membros, ele gritava em dor. Quando braços e pernas haviam sido amputados, restando apenas o torso, Karth saiu, deixando-o para morrer devagar e dolorosamente.

 Saiu pela porta e foi atrás do outro homem que rastejava, sem parte de sua perna. Como era um pouco afastada do vilarejo, não havia problema deixá-lo tentar fugir, mas Karth já havia o alcançado e o empalou com a cauda, matando-o. Karth chorou quando voltou para casa e viu seus pais no chão.

—  Pai! Mãe! – Gritou, em lágrimas.

—  Tudo bem meu filho, venha cá... Abrace-me. – Disse seu pai, enquanto chorava.

—  Você vai sobreviver não é pai?! – Havia um pouco de esperança no coração de Karth.

—  Prometa-me filho, prometa-me que vai ficar bem... Você pode mudar esse mundo, eu acredito em você. Eu tenho orgulho de você. – Tossiu sangue, sabia que não tinha muito tempo de vida.

—  Tudo bem pai, eu prometo, mas não morra! – A dor e o sofrimento do coração de uma pobre criança emergiam como lágrimas e gritos.

—  Pegue o dinheiro filho, eu ia usá-lo para que pudéssemos comprar as passagens e fugir daqui. Agora você só precisa comprar uma. Sua mãe e eu estaremos sempre te olhando. – Seu pai arrastou-se o pouco que pôde e segurou a mão de Talia. E assim fechou seus olhos, a voz chorosa de Karth foi a última coisa que ouviu.

 Passou algumas horas cavando buracos, para enterrá-los. Os raios de sol já batiam no rosto de Karth quando acabou, entrou em casa para pegar suas coisas, parou em frente ao espelho, seu jeans rasgado manchado de sangue, assim como seu rosto e corpo. Virou seu corpo para ver suas costas, os ossos de sua coluna se destacavam, estavam todos negros.

Mylla

  Bem, essa é minha história. – Karth parecia triste. Karth deixou Mylla livre de suas correntes, talvez um voto de confiança, talvez apenas estivesse testando-a, de qualquer forma, a fuga teria que ser hoje.

Mylla se levantou assim como ele e foram todos para os seus quartos. Mais tarde, quando todos dormiam, Mylla saiu de seu quarto, desceu as escadas de pedra para o portão de aço, se esgueirou pelas sombras até o guarda que não havia a notado. Com uma pancada forte o desmaiou e abriu o portão o suficiente para poder passar.

Ao sair, Mylla se deparou com dezenas dos soldados de Karth, todos armados como se já estivessem esperando-a. Estava finalmente do lado de fora do castelo, era uma fortaleza com várias casas, onde moravam os soldados, podia ver o portão de madeira que levava a liberdade mesmo que estivesse longe.

O portão atrás de Mylla se abriu, revelando Karth com um grande sorriso no rosto.

—  Surpresa em me ver? Era tão óbvio que iria tentar fugir, logo no primeiro dia que lhe soltei.

—  Bem, você me deixou vir até aqui sabendo que eu iria fugir?

—  Eu queria ver se podia confiar em você, te deixei vir aqui fora para mostrar que não pode fugir da minha fortaleza. Estou decepcionado. – Disse em tom irônico.

—  Bem, eu só precisava chegar aqui fora.

Mylla começou a correr, tão rápida quanto o vento, passou por todos os guardas e foi em direção ao portão.

—  Oque?! Ela está fugindo, atrás dela agora! – Comandou os guardas.

Mylla havia ativado seu digenium, estava na velocidade máxima que podia percorrer, precisava estar rápida o suficiente para destruir o portão com um chute. Na muralha a sua frente, soldados ativaram facas e machados nela, Mylla foi atingida no ombro por uma faca, mas seguiu forte e destruiu o portão. Estava cansada e ferida, mas precisava correr mais, os soldados atiravam nela todas as armas que tinham e já estavam quase a alcançando. Karth deu um grande salto por cima da muralha e quase alcançou Mylla, que estava assustada com a grande velocidade.

—  Acho que terei que te matar! – A cauda de Karth emergiu, rasgando seu terno e revelando um corpo cheio de cicatrizes. Tentou perfurar Mylla, mas ela desviou caindo no chão. Karth pulou cima dela, mas foi recebido com um forte chute. Prendeu a cauda em sua perna e a puxou, jogando-a contra o chão de areia, seu ombro sangrava manchando suas roupas, os soldados de Karth se aproximavam.

Mylla se levantou, suas pernas agora estavam com rachaduras azuis que brilhavam fortemente, se sentiu revigorada de uma maneira repentina, a sua digenium se expandiu, agora não ia até o joelho, mas até metade de sua coxa. Karth tentou atacar com sua cauda, mas Mylla moveu-se tão rápido que desviou do golpe e chutou seu estômago, Karth foi lançado na direção de seus soldados. Mylla correu ainda mais rápido.

—  Senhor, deveríamos ir atrás dela? – Perguntou um de seus soldados.

—  Não, deixem– na ir.

Ao entrar no castelo, havia um homem coberto por capas negras que usava óculos.

—  Então, vai mesmo deixar ela fugir? Não completei os estudos sobre a digenium dela, mas tenho grande parte. – O homem disse.

—  Demyt, caro amigo. Ela não vai chegar na cidade viva, vou mandar O Caçador atrás dela. Você disse que estava pronto, não é?

—  Sim,mas... Ainda não foi testado, é perigoso demais pra qualquer um. – Demyt estava recioso, mas Karth mandou mesmo assim soltar O Caçador. E agora Mylla corria um perigo mortal.

 

CLÁS

Clás resolveu descansar na taberna de seu amigo Jonnis, que não via desde que fugiu de Heatville com Mylla, a vários anos atrás. Dormiu um pouco mais do que gostaria, acordou e tocou seu digenium como de costume. Se arrumou e despediu-se, e na noite saiu.

Estava andando pela grande favela que era Heatville, via pessoas com medo nas ruas e sujeitos muito estranhos o observando nos becos enquanto seguia seu caminho. Precisava chegar no Observador, ficava na parte mais nobre (Embora ainda pobre) daquela cidade, mas algo chamou sua atenção quando olhou pelo beco a sua esquerda. Havia uma mulher, lutando com vários homens, ela estava dando uma boa surra neles, porém, agora por um deslize foi derrubada, estava recebendo vários chutes, Clás não pensou duas vezes e foi até lá, correu e chegou com um forte soco no rosto de um deles.

—  Quem é esse?! Algum amiguinho dela?! – Estavam vestidos como mercenários, eram muito comuns naquela região por ser uma profissão sem muitas exigências e com uma boa remuneração.

A garota chutou o joelho de um deles, quebrando-o, e se levantou enquanto empurrava os demais para ganhar espaço.

—  Olá, meu nome é Amy – disse a garota com um sorriso e um grande machucado no rosto.

—  Péssima hora pra conversar... E meu nome é Clás.

Eles vieram com socos, eram seis mas dois estavam incapacitados, no chão. Clás abaixou e desferiu um potente cruzado na costela de um deles, com seu digenium ainda coberto com bandagens, deve ter quebrado. Amy segurou o braço de um deles, pisou em seu joelho e subiu, passando a perna por cima do braço do mercenário sem sorte que teve seu braço quebrado e foi arremessado contra o chão. Quando ela se levantou não viu o soco que vinha em sua direção e foi atingida, tentou proteger o chute mas acabou sendo atingida no joelho, gritou de dor.

 Clás foi ajudar e empurrou o mercenário para longe de Amy, porém o outro que estava atrás dele agarrou seus braços e o imobilizou. Recuperado do forte empurrão de Clás, o mercenário se aproximou e desferiu vários socos em Clás que estava imobilizado. Sem outra alternativa, ativou seu digenium, com rachaduras escarlate que brilhavam no beco escuro impressionou os que estavam ali presentes.

Clás se empurrou para trás e bateu seu agressor contra a parede, ele o soltou e recebeu uma cotovelada da digenium escarlate. Agora o último que restou tinha uma armadura um tanto diferenciada, parecia mais cara. Talvez esse fosse um mercenário de rank maior. Ele tentou socar Clás, com sua mão coberta por armadura de metal, mas não imaginaria que Clás socaria a mão dele, quebrando a armadura e a mão do mercenário em um impacto estrondoso. Ele se curvou de dor, para finalizar, Clás deu um forte chute frontal no rosto do homem que caiu desmaiado.

Amy observou tudo, segurava o joelho com as duas mãos, parecia estar machucada.

—  Você tá bem? –  Perguntou Clás.

—  Estou sim, que maneiro, você tem um digenium, nunca tinha visto um. – Parecia admirada, ela era fofa, Clás pensou. – Ei, me ajuda, arrasta esse cara pra mim. – Apontou para o mercenário líder.

—  Tudo bem. – Clás o arrastou para perto de Amy, que procurou seus bolsos e retirou algumas chaves e uma carta.

—  Olha só! Tinha certeza que isso foi encomendado por Jonnis. – Disse enquanto lia a carta.

—  Ei, você parece cansada, não quer ir ver se está tudo bem com seu joelho?

—  Bom, não estou conseguindo andar.

Mesmo que estivesse apressado para encontrar o Observador, talvez Clás tivesse ganho uma nova amiga e companheira para sua busca. Ela lembrava muito de sua irmã.

Clás a pegou nos braços, ela sorriu.


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Notas finais do capítulo

Estarei postando um mapa da região da Nova Terra onde se passa a história, deve sair essa semana :3



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