POV Liam

– Liam, meu querido, você está atrasado. Nossa mãe já estava ficando preocupada! – minha “irmã” fala assim que me vê chegando em casa. – Porque não veio com nosso pai?

– Eu não estava na empresa. Pode falar para a sua mãe que eu cheguei no horário, e estarei pronto quando nossas visitas chegarem. Não se preocupe, mãe! – respondi e fui para meu quarto, tomei um banho breve e vesti o terno que estava sobre a minha cama, mas não coloquei a gravata.

“Que os jogos comecem” – mandei em tom de brincadeira para Karma, que me respondeu logo em seguida.

“E que a sorte esteja a seu favor.” – ela mandou.

Desci a escada pensando em como era comum eu ouvir essas coisas mesmo sem nunca ter assistido ou lido nada de Jogos Vorazes.

– Cadê a sua gravata, Liam? – meu pai perguntou e a campainha tocou.

– Acho que não terei tempo de colocá-la. – sorri e ele foi atender a porta. E me surpreendi ao ver Lauren e logo em seguida seus pais e Amy.

– Olá Bruce. – meu pai cumprimentou o senhor Cooper.

– Olá, John. Deixe-me lhe apresentar minha família. – ele falou. – Essa é a minha esposa Farrah, e essas são minhas filhas Lauren e Amy. – ele indicou com o braço cada uma, e Amy pareceu surpresa ao ser apresentada como filha.

– Amy?! Que prazer revê-la. – meu pai falou cumprimentando-a. E então recordei do evento em que Amy esteve presente e eu fiz uma grande cena contando a todos que minha irmã na verdade é minha mãe.

– Senhor Booker. – ela parecia assustada - O prazer é todo meu.

– Vocês se conhecem? – Bruce perguntou.

– Sim, sua filha é amiga o meu filho. Creio que já foi convidada dele em algum evento. Estou correto?

– Sim, senhor Booker. Foi um grande evento! – ela falou.

– Bem, então deixe-me apresentar a minha família. - ele nos apresentou. - Essa é a minha esposa, Jeniffer. Meu filho, Liam. E minha filha, Anna.

– Prazer em conhecê-los senhor e senhora Cooper. – eu cumprimentei. E observei minha irmã/mãe cumprimentar Amy e fui até elas.

– Veja se não é a garota que quase arruinou meu noivado, junto com meu irmão?! – ela falou em tom ameaçador.

– Eu sinto muito! – Amy respondeu.

– Porque não deixar o passado no passado, Anna? Esse jantar é muito importante para nosso pai. Assim como a parceria dele com o padrasto da Amy. – Eu falei no mesmo tom que ela usou com Amy.

– Mas é claro, Liam. Um prazer revê-la, Amy. – ela falou e foi embora.

– Valeu. Eu estava um pouco assustada.

– Eu entendo. Ela tem essa cara de quem está prestes a dominar o mundo e te fazer de escravo, mas é incapaz de fazer qualquer coisa que não seja casar com milionários, mentir ou fazer compras.

– Que bom saber. – ela riu. – Vamos ao jantar!

[...]

O jantar passou consideravelmente rápido, com toda aquela formalidade e bons modos. Tínhamos lugares marcados, o que não me surpreendeu. Nos dois lugares às pontas da mesa estavam os sócios, cada um de um lado. Ao lado de Bruce estavam minha Farrah, a direita e Lauren, a esquerda. Ao lado do meu pai, Jeniffer, a sua direita e Anna a sua esquerda. E no centro eu e Amy, frente a frente, igualmente entediados com aquele espetáculo.

POV Amy

Depois do jantar Jeniffer, Anna, Lauren e minha mãe sentaram juntas nos sofás e conversaram sobre moda, celebridades e essas coisas. Do outro lado da sala Bruce e John falavam de negócios, enquanto o Liam ouvia desatento.

– Amy, junte-se a nós. – Bruce chamou. – Amy é minha salvação em casa. Enquanto Farrah e Lauren falam das coisas delas, Amy sempre conversa comigo sobre os negócios ou outros assuntos que temos em comum.

– Sobre negócios? Que curioso. Sobre o que falam, exatamente? – John se interessou.

– Sabe aquela idéia de investir em pessoas que lhe propus? Que falei que é um mercado inovador e pouco investido por empresas... Foi idéia da Amy.

– Uau, impressionante. Quem sabe não se torne uma futura empresária? - John respondeu.

– Bem, a idéia é bem simples. Investir em pessoas. Como uma pessoa investir na Squerkle, só que vai ser o contrário. - eu expliquei.

– Uma empresa investir em uma pessoa? Tipo a Squerkle investir no Duke, e a Squerkle lucrar de acordo com o desempenho dele? – Liam se interessou.

– Você fez meu filho se interessar por assuntos da empresa. Isso é impressionante!

– Ela está falando em você lucrar investindo no sonho e no talento das pessoas, atletas, artistas... Isso é impressionante! – ele respondeu ao pai.

– Você entendeu bem a idéia. Imagina fazer do Duke uma “empresa” e ao invés de ter patrocinador, empresas investiriam nele. – falei pro Liam.

– Então a Squerkle, a Nike e a coca-cola investem nele, e ele não teria compromisso com apenas uma empresa, e todas lucrariam com uma vitória dele, de acordo com quanto investiu. É isso?

– Exato! – respondi.

– Amy, isso é genial! – John se pronunciou. – Mas não acha que teria de mudar todo o mercado e a bolsa de valores para isso se tornar realidade?

– Não, seria apenas um novo mercado, que a Squerkle iria controlar. – Bruce respondeu sorrindo.

– Você é inovador. Ainda bem que é meu sócio.

– Querido, já é tarde, devemos ir. – minha mãe chamou.

– Você está certa, amanhã cedo eu tenho um contrato para assinar. – ele sorriu para John.

– Sabe que vendo assim, nem parece que seu pai é um monstro destruidor de sonhos. – falei pro Liam e ele riu.

– Do que estão rindo? – minha mãe perguntou quando eu comecei a rir também.

– Nada, senhora Cooper. Coisa nossa, sabe?! – Liam respondeu.

– Bem... Até amanhã, Liam! – cumprimentei – Até mais, Booker, foi um prazer rever sua família.

– Foi um prazer, e uma surpresa, lhe conhecer melhor, Amy. – ele respondeu.

Quando estávamos indo para o carro, Bruce colocou o braço em meus ombros me abraçando.

– Eu estou orgulhoso de você, Amy! – falou ele e eu sorri.

Ele me apresentou como filha, me convidou para a conversa com o sócio, disse que está orgulhoso de mim. E mesmo feliz com isso não consigo deixar de pensar no meu pai, e em porque ele foi embora.