Céu & Mar escrita por Luh Castellan


Capítulo 5
Ta chovendo... Pizza


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada eu gostaria de agradecer a Kalel e Sophie por terem comentado minha fic XD Esse capítulo é dedicado a vocês :3 Boa leitura o/



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Thalia

O resto da semana correu normalmente, até que chegou a sexta. Annabeth me contou que nesse dia acontecia o jogo de captura da bandeira, muito esperado pelos campistas. Porém, uma forte tempestade inundava o acampamento naquela manhã. A chuva ricocheteava com violência nas paredes e janelas do nosso chalé e os ventos fortes quase levavam o telhado. Era impossível sair com aquele tempo.

– Campistas, receio informar que devido às chuvas, não haverá captura da bandeira hoje - A voz estática de Quíron ressoou pelo alto-falante do quarto. - De acordo com as regras do Acampamento, o jogo ocorrerá na próxima sexta. Hoje vocês tem o dia livre, aproveitem.

– Que droga - Annabeth resmungou, chutando um de seus tênis. - Logo hoje, que eu iria acabar com a raça de Clarisse La Rue...

– Ok... O que fazemos pra passar o tédio? - Perguntou Calipso.

Rachel tirou do baú um caderno de desenhos e ficou rabiscando, esparramada na cama. Juníper e Calipso resolveram fazer as unhas. Annie iniciou pela trigésima vez a leitura do seu livro de Arquitetura e eu liguei meus fones no máximo, deixando System Of A Down me desligar do mundo. O dia ia ser longo...

Percy

Eu observava os pingos de chuva batendo na janela e escorrendo pelo vidro. Isso sempre me acalmava, assim como tudo relacionado a água. Acho que estava relacionado a eu viver na praia desde pequeno, e passar grande parte do meu tempo no mar. Meu pai, Poseidon, era pescador. Ele me ensinou a surfar quando eu tinha apenas 8 anos e desde então não parei mais. Simplesmente me apaixonei pela sensação das ondas, indo e vindo, pelo som do mar e o cheiro de maresia. Aos 12 anos fui morar com minha mãe, contra a minha vontade, mas continuei passando as férias com meu pai. O barulho da chuva me fez lembrar que eu poderia estar em Miami, deslizando sobre as águas na minha prancha preferida e sentindo a brisa salgada bagunçar meus cabelos. Suspirei, voltando à realidade.

Enquanto o mundo caía lá fora, meus colegas de chalé tentavam eleger a garota mais bonita do acampamento. Eu e Nico ficamos de fora, jogando damas (não tinha nada melhor para fazer, então...). Ele ganhou de mim pela quinta vez. Havíamos nos tornado meio que amigos. O resto dos caras estavam empoleirados no beliche dos Stoll, votando nas suas candidatas.

– Aquela Katie é bem gatinha - Travis defendeu, com os olhos brilhando.

– Ainda prefiro Calipso - O outro irmão discordou.

– A minha Silena dá de 10 a 0 em todas - Beckendorf deu de ombros.

– Naaaam - Os outros rapazes protestaram, jogando travesseiros e almofadas nele.

– É muito amor envolvido - Luke debochou. - E você, Percy? Vota em quem? - Arqueou as sobrancelhas.

– Hm... - Pensei em dizer "Thalia", mas eles poderiam achar que eu tinha algo com ela, ou estava interessado nela e a última coisa que eu queria era esses caras enchendo meu saco, muito menos problemas com Luke. - Calipso, eu acho.

– E você, Nico? - Travis perguntou, sorrindo sarcasticamente.

– Di Angelo é gay - Luke disse, zombeteiro, fazendo um gesto de indiferença com a mão.

Os olhos negros de Nico cintilaram de ódio.

– VOU TE MOSTRAR QUEM É O GAY!! - Ele se retesou, cerrando os punhos.

Num momento, o menino estava sentado do meu lado, num outro, estava em cima de Luke, socando o garoto. Ou pelo menos tentando. Luke era mais alto e bem mais forte que Nico.

– Ei ei! Sem brigas - Beckendorf interferiu, como um grande e sábio líder.

Ele agarrou o moreno pela gola da camisa, tirando-o de cima do outro. Os irmãos Stoll seguraram Luke pelos braços, que ofegava, incrédulo. Não deu tempo de nenhum dos dois se machucar. Eu estava imóvel, sentado na cama, ainda processando a cena que eu acabara de ver. Por um instante, o único ruído presente no quarto era o barulho da chuva batendo no teto. Nico bufou e voltou para o seu lugar, ainda fuzilando o loiro com os olhos. Os outros voltaram a discussão de antes, como se nada tivesse acontecido.

– E aí, Nico? Você ainda não respondeu - Travis perguntou novamente.

– Tem uma loirinha, Annabeth, eu acho. Ela é... Bonita - Ele respondeu, desconfortável.

– A nerdzinha? - Luke riu. Esse idiota já estava se tornando insuportável.

– Aquela lá é difícil - Connor resmungou, chateado. - Rejeita todo mundo, não fica com ninguém.

– Eu consigo pegar ela - Luke deu seu típico sorriso malicioso, se gabando.

– Duvido - Connor provocou.

– Vamos apostar? - O rapaz mais velho desafiou.

– Se você não conseguir ficar com Annabeth até o fim do verão, vai... - Connor parou para pensar - Ter que fazer o que eu quiser, ser meu escravo, ou me fazer algum favor, sei lá.

– E se eu pegar a loirinha, o mesmo vale pra você - Luke estendeu a mão. - Mas, lembrando que não serei escravo sexual, nem nada do tipo. Procure outra pessoa pra satisfazer suas fantasias eróticas - Ele sorriu, malicioso.

– Fechado - O outro riu e apertou a mão dele.

Eu e Nico nos entreolhamos. Não sabia se ele compartilhava o mesmo pensamento que eu, mas isso não ia dar certo. Se tem uma coisa que eu sabia bem é que não se pode brincar com os sentimentos das pessoas.

Thalia

A sexta feira passou, entediante, e veio o sábado. Consegui sobreviver a uma semana inteirinha sem internet! Que milagre! A manhã estava ensolarada, mas os estragos que a tempestade do dia anterior causou ainda eram visíveis: Algumas árvores arrancadas, entre outras coisas, nada muito relevante.

Estávamos almoçando, no pavilhão do refeitório. Eu sentava na mesma mesa do primeiro dia, com as mesmas pessoas. Malcolm tinha a cabeça enfiada num livro, como sempre. Lee Fletcher aumentou bastante sua popularidade depois daquela noite na fogueira e agora quase todas garotas que passavam pela nossa mesa davam risinhos ou acenavam com a mão para ele, o que pareceu deixar Katie incomodada. Ela ficava carrancuda toda vez que isso acontecia. Beckendorf e Silena trocavam apelidos carinhosos e eu me esforçava para não vomitar minha pizza, com aquela cena.

Do jeito que as coisas andavam, eu sairia desse acampamento rolando, de tão gorda. Pizza, batata frita, lasanha, docinhos, refrigerante... Caramba, eu queria beijar quem quer que fosse o cozinheiro desse lugar! De vez em quando tinha comidas saudáveis também, é claro. O que era uma pena, detesto salada.

– Huum tem alguém que ta só olhando pra você - Annabeth me cutucou e apontou para uma mesa onde estavam Grover, Juníper, Nico e... Percy, que me encarava.

Quando ele me viu olhando de volta, fingiu estar interessado no seu almoço, intocado.

Dei de ombros.

– Que ele se foda, to em um relacionamento sério com essa pizza - Lambi os beiços.

Annabeth riu.

– Gorda, só pensa em comida.

– Claro, tem coisa melhor no mundo?

– Hm... Que tal amor? Garotos?

– Amor é uma merda. E é só fachada. Não acredito no amor. Prefiro pizza: é só minha, não tenho que dividir, não vai me decepcionar, mata minha fome, me deixa super feliz e ainda por cima é uma delícia - Retruquei, enfiando um pedaço generoso na boca.

Ela torceu o nariz, mas não discutiu.

– Você nunca se apaixonou, né Thalia? - Ela perguntou.

– E nem quero - Respondi de boca cheia. - Olha só pra você: toda boba, suspirando por aquele babaca que nem liga pra sua existência.

– Ei! - Ela protestou, tentando me acertar com uma batata frita. - Não tem babaca nenhum e eu não to apaixonada - Afirmou, pouco convincente.

– Sei...

– Mas pode escrever o que eu digo: daqui pro final do acampamento, você vai estar namorando o Jackson.

Foi a minha vez de jogar uma batata nela.

– Eu heim? Deus me livre! - Exclamei, gesticulando dramaticamente. Obrigada, aulas de teatro.

Ela riu e jogou outra batata frita em mim. Logo, estávamos numa espécie de jogo, atirando batatas uma na outra.

– Oba! É guerra? - Lee comemorou jogando um bolinho em Katie.

A menina não esperava isso e o doce espatifou na sua blusa. Ela fuzilou o outro, antes de revidar com um copo de Guaraná. A ideia foi se espalhando pelos outros campistas. Num instante, criamos uma gigantesca guerra de comida.

O caos instalou-se no local. Bolinhos, pedaços dos mais variados tipos de carne, macarrão, frutas, e outros projéteis comestíveis voavam em todas as direções. Líquidos coloridos manchavam as camisetas dos adolescentes, que riam, eufóricos e cobertos de comida. Silena dava gritinhos histéricos por ter o cabelo arruinado com molho de tomate. Até Malcolm largou o livro e atirava biscoitos de chocolate para todos os lados.

Os monitores corriam desesperados, fugindo dos alimentos voadores. Quíron tentou conter a algazarra, mas lhe jogaram sorvete na cara como resposta. Eu tinha catchup até nas meias. Meu cabelo estava ensopado de não-sei-o-quê grudento e minha camiseta tinha 50 manchas de alimentos diferentes. E você não vai querer saber aonde tinha calda de chocolate.

Um Sr. D enfurecido apareceu lá na frente, quase soltando fumaça pelos ouvidos como naqueles desenhos animados. Ligou o microfone aos alto-falantes e gritou.

– CHEGA!!

Todos congelaram. Parecia que alguém tinha apertado um botão e pausado a cena. O diretor limpou com nojo um hamburger que estava grudado na sua camisa e lançou um olhar mortal para nós.

– Ferrou - Murmurei.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que vocês acham que vai acontecer? Ah! E só pra esclarecer: Vocês devem estar achando que a Thalia é uma insensível sem coração, mas em breve saberão os motivos dela agir assim e guardar tanta mágoa. Quero o feedback de vocês :3 Até semana que vem o/