Céu & Mar escrita por Luh Castellan


Capítulo 12
Garotos...


Notas iniciais do capítulo

Oii cupcakes! Estou muuuito feliz com a recomendação linda que recebi do John Prior *---* Sério, quase vomitei arco-íris *---*
O capítulo de hoje é mais focado no Nico, uma espécie de "bônus" :v
Prometo que teremos mais Percalia nos próximos o/



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Nico

Estávamos no meio de mais um jogo de Captura da Bandeira. Como sempre, eu fiquei no time de Annabeth. Caramba, aquela loira estava me deixando completamente maluco.

Desde o dia em que eu a resgatei do ataque de ovos de Clarisse e sua corja, havíamos ficado mais próximos. Fazíamos canoagem juntos, eu a ajudava na parede de escalada e ela me dava dicas de estratégia nos jogos de xadrez. Como sua prima estava ocupada demais no lance amor/ódio com Percy, era eu quem lhe servia de companhia. Nas noites em volta da fogueira, ela me confidenciava seus segredos e eu lhe contava piadas para distraí-la quando estava triste.

Para mim, era um grande prazer arrancar-lhe sorrisos, quando estava deprimida com alguma coisa ou com "alguém". Este "alguém" era outro ponto importante, que estava me corroendo.

Era horrível ouvi-la falando sobre Luke, quando eu sabia muito bem as intenções daquele babaca. Ainda não tinha tomado coragem de contar tudo para Annabeth. Sempre quando eu estava a ponto de botar tudo para fora, ela sorria, exibindo suas adoráveis covinhas na bochecha direita, fazendo toda a determinação se esvair de mim.

Eu me sentia como se levasse um soco no estômago, toda vez em que ela dizia uma nova proeza do seu "príncipe encantado". Mas eu não podia fazer nada, a não ser sofrer em silêncio e forçar um sorriso, enquanto ouvia em detalhes como "O adorável Luke lhe deu um beijo romântico sob a luz de mil estrelas". Afinal, é isso que os amigos fazem.

– Hey, ouviu o que eu falei? - Ela estalou os dedos na frente dos meus olhos, me despertando dos meus devaneios.

– Hã... Não - Desculpei-me com um sorriso tímido.

Annabeth usava roupas camufladas bem folgadas e botas de combate. Seus cachos loiros estavam presos num rabo de cavalo alto, feito improvisadamente. Mesmo assim, parecendo uma mini soldada que voltava da guerra, estava incrivelmente linda.

Ela revirou os olhos e repetiu a explicação.

– Você fará parte do grupo de ataque comigo, entendeu? Esperaremos os outros despistarem eles pelo flanco direito e...

Novamente me perdi na imensidão dos seus olhos de tempestade, apenas assentindo com a cabeça, sem fazer ideia do que ela estava dizendo.

Um apito irrompeu a floresta, iniciando o jogo.

– Vamos! - Ela exclamou, agarrando sua pequena pistola e adentrando na mata.

Peguei meu marcador, posicionei minha máscara e a segui. Corremos por um bom tempo, desviando para a esquerda e para a direita e ziguezagueando pelas árvores. Depois de uma eternidade, paramos para recuperar o fôlego.

– Tem certeza de que estamos no caminho certo? - Indaguei, apoiado numa árvore.

Ela hesitou antes de responder.

– Não. Acho que nos perdemos, não conheço essa parte da floresta.

Encarou o chão, envergonhada.

– Hey, relaxa - Tranquilizei, levantando seu rosto para fitar diretamente suas íris cinzentas. - Não devemos estar muito longe, vamos conseguir voltar.

Ela assentiu, e olhou em volta apreensivamente.

– Vamos voltar por onde viemos. Acho que foi por ali - Indicou uma direção na floresta, aleatoriamente.

Caminhamos por um bom tempo, talvez horas, sem chegar a lugar nenhum. As árvores erguiam-so sobre nós, bloqueando a fraca luz do sol poente e criando um clima sombrio. Eu estava exausto, com fome e com sede. Annabeth não parecia estar em condições melhores. Me joguei aos pés de uma mangueira, incapaz de dar mais um passo. Ela imitou o gesto.

– Acho que podemos subir, para ter uma vista de cima - Sugeri, com a respiração entrecortada. - Ou pelo menos pegar algumas mangas.

– Boa ideia - A loirinha confirmou, dando uma boa analisada na árvore.

Os galhos pareciam firmes, capazes de suportar nosso peso. Me levantei e posicionei as mãos entrelaçadas na frente do corpo, para auxiliar sua subida. Ela pisou no apoio e alcançou o primeiro galho. Eu subi logo em seguida, e assim fomos escalando a mangueira.

— Leoni Part. Dinho Ouro Preto - Garotos II - O Outro Lado —

Quando alcançamos uma altura considerável, Annabeth parou, equilibrando-se num dos galhos. Sentei-me no galho de frente à ela. Afastei as folhagens, procurando qualquer coisa que pudesse nos ajudar com a localização. Porém, por uma infelicidade do destino, o sol já estava mergulhado quase completamente no horizonte, e a única iluminação restante não ajudava em muita coisa.

– Droga - A menina resmungou. - Não consigo ver nada, essas folhas não deixam. E você?

– Também não - Suspirei.

Os grilos e cigarras já haviam começado sua sinfonia noturna à nossa volta. Annabeth possuía uma expressão de pânico, misturada ao cansaço. Ela abraçou a barriga, o que entendi como sinal de fome. Meu próprio estômago já protestava.

Avistei uma manga a poucos centímetros de mim e estiquei o braço para pegá-la. Lembrei-me imediatamente de alguns truques que minha irmã ensinara, na minha infância na fazenda do vovô.

– Se vamos passar um tempo aqui, precisamos de comida. Veja isso - Indiquei a fruta. Annabeth me encarava com ar de curiosidade.

Primeiro, bati com a superfície da fruta no galho da mangueira.

– Tem que fazer isso até o suco se soltar - Expliquei, dando soquinhos na manga, até sentir que estava macia o suficiente.

Em seguida, fiz um furo com os dentes na parte superior da casca. Suguei até um líquido doce inundar a minha boca. Não era a mesma coisa de um suco gelado preparado em casa, mas dava para saciar a sede e um pouco da fome.

A loirinha pegou uma manga madura e imitou o processo. Fechou os olhos enquanto tomava até a última gota do suco.

– Hum... É uma delícia! - Exclamou, limpando os resquícios do liquido amarelo que haviam ficado no seu queixo. - Onde você aprendeu isso?

– Por aí - Dei de ombros.

Nos acomodamos em dois galhos que se cruzavam, o lugar mais confortável que achamos. Annabeth equilibrou-se ao meu lado, apoiando a cabeça no meu ombro. Aos poucos, as trevas foram tomando o bosque. Nós decidimos que passaríamos a noite ali, ao abrigo de animais ou qualquer outra coisa que habitasse aquela floresta à noite, e procuraríamos o acampamento ao amanhecer.

Estava ficando cada vez mais frio. A minha fina camiseta com estampa de esqueletos não estava ajudando em nada. O único calor ali presente emanava do corpo de Annabeth, colado ao meu. O silêncio já estava ficando desconfortável e os sons da floresta, cada vez mais assustadores.

De alguma forma, senti que estava na hora de falar a verdade para ela. Seria bem simples, do tipo: "Está frio, né? A propósito, o cara por quem você está apaixonada só ficou com você por causa de uma aposta ridícula. E ele planeja seguir com isso, e namorar contigo por 50 $. Ah! Eu sabia de tudo desde o início."

Quem eu estava tentando enganar? Ela iria surtar. Poderia até cair da árvore, ou me jogar da árvore, ou as duas coisas. Coragem, Nico! Você é um homem ou um rato? Minha consciência gritava. E eu estava prestes a fazer a maior burrada da minha vida.

– Hm... Annie?

– Oi - Ela virou-se para me observar.

Seu rosto estava a centímetros do meu. Seus olhos cinzentos ganharam uma beleza descomunal, banhados pelo luar. Merda, Nico! Cadê sua coragem agora?

– E-eu tenho que te contar uma coisa - Gaguejei.

Meu coração batia à mil por segundo.

– Pode dizer - Ela incentivou, me analisando com curiosidade.

– Mas você vai me odiar... É capaz até de me jogar dessa árvore - Afirmei, adiando o assunto.

Ela riu.

– Nunca faria isso, você é meu amigo - Enlaçou os braços ao redor da minha cintura, num gesto carinhoso.

Então me dei conta de que era esse o problema. "Seu amigo". O maior empecilho não era o babaca do Luke tê-la enganado, e sim que ele podia ficar com ela e eu não, porque nunca passaríamos de "bons amigos". A minha maldição era o ciúme.

Sem pensar duas vezes, selei nossos lábios. Ela poderia me jogar da árvore, me odiar para o resto da vida, nunca mais querer olhar na minha cara, mas nada disso importava. No início, ela ficou meio confusa, paralisada pelo choque. Foi nesse momento em que me dei conta da idiotice que eu tinha feito. Me afastei dela, completamente envergonhado. Não conseguia sequer fitar seus olhos.

Porém, o que ela fez em seguida me surpreendeu completamente. Annabeth me puxou pela gola da minha camiseta, roçando sua boca macia na minha. Arrisquei-me a avançar por seus lábios entreabertos, percorrendo cada extensão inexplorada de sua boca. E ela correspondeu, de forma suave, porém, voraz.

Ela estava quase sentada em meu colo, apoiando-se na árvore com uma das mãos e acariciando meus cabelos com a outra, puxando-me para mais perto. Minhas mãos percorriam suas costas, descendo para sua cintura.

Uma queda de seis metros de altura não me preocupava mais. O fato de estarmos perdidos no meio da floresta à noite não me preocupava mais. A surra iminente que eu levaria de Luke não me preocupava mais. Se eu tivesse que morrer naquele exato momento, eu morreria feliz.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu não sei se existem mangueiras em Long Island, mas foi a primeira árvore que me veio na cabeça :v Se não existirem, me desculpem pelo erro.
Então, pessoinhas, o que acharam?
Quero os reviews de vocês, viu? Não custa nada, dura menos de um minuto e deixa a autora super feliz.
Até semana que vem o/