Céu & Mar escrita por Luh Castellan


Capítulo 11
Only in Summer Times


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada quero agradecer a Just Juuh pela recomendação perfeita *---* Sério, quando eu vi, eu saí pulando no meio do meu quarto ashuash Obrigada a todos vocês, meus leitores queridos, pelo carinho ^^
O título foi inspirado na música "Summer" de Imagine Dragons
Espero que gostem :3



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Thalia

Um grito feminino cortou o ar, atraindo a atenção de todos. As explosões já haviam se dissipado, só restavam pequenos rastros lampejantes aqui e ali. Desvencilhei-me de Percy, ofegante, vasculhando o perímetro com os olhos à procura da fonte do barulho.

— Summer - Imagine Dragons —

Todos os campistas ali presentes interromperam o que estavam fazendo para olhar fixamente para um casal. Contive uma risada ao notar Clarisse La Rue esperneando e esfregando o corpo freneticamente, enquanto Chris Rodríguez a encarava sem entender absolutamente nada. O riso rolava solto entre os campistas, diante daquela cena cômica. Visualizei Annabeth num canto distante, com um sorriso triunfante no rosto.

A menina grandalhona cansou de se coçar e correu para a água, numa tentativa de se livrar do pó de mico. Chris seguiu ela, ainda confuso. Logo, outros campistas juntaram-se a eles tirando camisetas, sapatos e disparando rumo ao mar.

Percy livrou-se dos tênis e começou a desabotoar a camisa. Fiquei alguns segundos hipnotizada pela visão em minha frente e não me dei conta do que estava acontecendo, até sentir dois braços fortes me içando.

– Ei! Me coloque no chão! - Protestei, me debatendo.

– Não - Ele limitou-se a responder, com um meio sorriso malicioso.

Chutei, esperneei e dei murros em suas costas, mas ele me ignorou totalmente, marchando para a água.

Vi de relance os outros adolescentes rindo e se divertindo. Até a própria Clarisse tinha parado de se coçar e agora travava uma guerra de água com Chris. Mas eu sabia que ela não esqueceria fácil do que havia ocorrido.

Senti a água gelada respingar em mim na medida que Percy adentrava nas ondas. Cansei de protestar e me agarrei ao seu pescoço para me equilibrar aos solavancos.

O mar batia na altura da cintura quando Percy me deixou descer. Minhas roupas estavam grudadas ao corpo e minhas botas estavam inutilizadas. Ele sorria para mim de um jeito brincalhão, até um pouco fofo, mas não o poupei.

Fiz uma concha com as mãos e esguichei água salgada nele, furiosamente. Ele colocou as mãos na frente do rosto, porém, isso não me impediu de fazê-lo engolir água.

No início, o moreno revidou, terminando de me encharcar. Mas depois, ele parou e começou a tossir loucamente. O desespero e a preocupação tomaram conta de mim. Interrompi a brincadeira imediatamente.

– Percy? - Chamei-o, apreensiva. - Tudo bem com você?

Ele não respondeu, só agitava os braços freneticamente enquanto tossia.

Me aproximei para checar se ele estava bem. De repende, fui surpreendida por um par de braços me envolvendo. Eu estava colada ao seu peito nu, sentindo-o subir e descer com as risadas.

– Você acreditou - Ele sussurrou no meu ouvido, fazendo-me arrepiar até a raiz do cabelo.

– Idiota - Esmurrei seu peitoral. - Nunca mais faça isso.

– Tão fofinha, preocupada comigo... - Ele murmurou, afagando meus cabelos molhados.

– Fofinha o caralho! - Exclamei, me soltando do abraço. - Faça isso de novo e eu arranco fora as suas bolas!

Ele revirou os olhos e cruzou os braços. Seu jeans estava colado ao corpo de forma sexy. O famoso "tanquinho" despido e molhado ganhou uma beleza fora do normal, banhado à luz do luar. Parecia a visão de um deus grego.

– Meiga como um coice de mula - Provocou, me encarando de cima a baixo.

Olhei para o meu próprio corpo e enrubesci. Minha blusa estava totalmente colada, demarcando o contorno dos meus seios. Cruzei os braços para escondê-los.

Um vento frio chocava-se contra mim, me fazendo estremecer.

Reparei que a maioria dos campistas já estava retornando ao acampamento.

– Vai ficar parada aí babando ou vamos nos divertir? - Indagou, depois de um período de silêncio.

Mostrei-lhe a língua como resposta e adentrei mais ainda no mar. Ele me seguiu. A maré estava forte e eu tive que lutar para não ser carregada. Percy mergulhou com maestria e desapareceu nas ondas, como se houvesse passado a vida inteira fazendo isso.

Já passava um tempo desde que ele embarcou nos lençóis escuros do mar. Tempo demais. Mas ele é acostumado com isso, sabe o que está fazendo, uma parte da minha mente tentava me tranquilizar. E se ele bateu com a cabeça? E se ele se machucou?? E se ele se afogou??? Essa outra parte de mim trabalhava ferozmente com mil e uma possibilidades, cada uma mais desastrosa que a outra.

Passou-se o que pareceu ser uma eternidade, até o momento em que conhecidos braços fortes me agarraram por trás, dissipando toda a minha preocupação.

A água batia na altura do meu peito, me embalando com seu ritmo suave e constante. Percy beijou levemente a pele do meu pescoço, provocando-me um milhão de sensações. Depois subiu com beijinhos curtos pelo meu pescoço e meu queixo, na medida em que me virava de frente para ele. Aquelas pequenas "reticências" estavam me matando. Entrelacei minhas mãos ao redor do seu pescoço e nossos lábios finalmente se encontraram. Aqueles fogos de artifício que antes coloriam o céu, naquele momento pulsavam dentro de mim.

Seus lábios tinham um gosto salgado e sua boca estava quente, a única chama que eu precisava para me aquecer naquele vento frio. Suas mãos acariciavam minhas costas, em movimentos suaves. Nossos corpos molhados estavam intimamente colados, de forma que eu podia sentir seu coração acelerado. Eu estava ciente que teria uma hipotermia mais tarde, mas nada disso importava.

Aquele foi o melhor 4 de julho da minha vida.

—/

***

Eu tinha acabado de sair do banho. Entrei no chalé enquanto agitava a toalha na cabeça, para secar meus cabelos. A cena da noite anterior ainda estava gravada nitidamente em minha mente.

Calipso estava sozinha, sentada em sua cama impecavelmente arrumada. Ela trançava seus cabelos amendoados com uma maestria de profissional, os dedos movendo-se habilmente pelos fios.

Olhei para a minha própria cama. Estava digna de um hospício. Torci para que naquele dia não houvesse inspeção dos chalés, ou eu estava ferrada. Afastei os papéis de bala e me joguei no colchão macio.

– Você e Percy... Hein? - Calipso insinuou de repente, num tom malicioso.

– Eu... Hã... - Me atrapalhei. - Nós não temos nada.

– Não adianta mentir, Thalia - Ela rebateu, num tom meio ofendido. - Todo mundo viu. Eu vi.

Eu não havia me dado conta dessa informação. Todos deveriam ter visto aquela cena na praia. Eu e Percy éramos o assunto do momento.

Devido ao meu silêncio, ela prosseguiu.

– Então... Vocês estão namorando - Não foi uma pergunta.

Pude notar o tom um pouco pesaroso em sua voz. Decepcionado, magoado, ofendido, não sabia identificar ao certo. Mas estava lá.

– Não! - Neguei imediatamente. Em seguida, parei para analisar a situação. Será que estávamos? - Sei lá, acho que não.

– Ah... - Soltou um murmúrio ressentido.

O que deu nela? Calipso nunca foi de conversar muito comigo, principalmente sobre esses assuntos. Trocávamos somente algumas palavras, o estritamente necessário. E por que ela parecia tão ressentida, como se algo a incomodasse?

Balancei a cabeça para afugentar os pensamentos enquanto marchava rumo à quadra de vôlei. Eu precisava me concentrar no jogo. A equipe do chalé amarelo me aguardava para a partida, ou melhor... Para a sua derrota.


Percy

Por onde eu andava, as pessoas cochichavam e me lançavam olhares sugestivos e maliciosos. Somente revirei os olhos e fingi que não era comigo. Continuei seguindo o tão conhecido caminho do estábulo, que havia se tornado um dos meus lugares preferidos naquele acampamento.

Eu não podia acreditar que já havia se passado mais de um mês da minha estadia ali. Para mim, pareceram poucos dias. E por incrível que pareça, eu não sentia mais saudades de casa. Acabei criando laços fortes naquele lugar, alguns fortes até demais, e seria difícil abandoná-los.

Os rapazes do meu chalé já estavam reunidos para a atividade do dia, equitação. Eles estavam em um pequeno grupinho, se acotovelando em volta de alguma coisa. Cheguei perto para ver o que era.

Estiquei o pescoço sobre os ombros de Nico e pude notar que o foco da atenção era um celular nas mãos de Luke. O visor mostrava fotos dele e Annabeth aos beijos, provavelmente tiradas na noite anterior.

– Tá vendo, Connor? - O loiro sorriu, presunçoso. - Eu ganhei a aposta.

Cerrei os punhos. Como uma criatura poderia ser desprezível a esse ponto? Brincar com os sentimentos de alguém assim, sem mais nem menos.

– Pegar a loirinha é fácil, aposto 30 paus que você não consegue namorar com ela. - Connor desafiou.

– Trinta? - Luke indagou, incrédulo. - Eu já ganhei a aposta, só faço isso por no mínimo 70.

– Cinquenta dólares e não se fala mais nisso.

– A nerdzinha tá caidinha por mim, vai ser mole. Fechado - O mais velho exibiu seu sorriso sarcástico. - Vocês estão de prova. - Gesticulou na direção de todos nós.

O grupo dissipou-se com a chegada no instrutor. Cada um foi na direção de um animal.

Nico se retesou ao meu lado. Eu soube que ele e Annabeth haviam ficado mais próximos ultimamente e com certeza ele não estava gostando da forma como estavam enganando sua amiga.

Apoiei-me na cerca de madeira e me virei para observá-lo.

– Annabeth tem que saber disso - Ele afirmou, com o olhar vidrado no nada.

– Não sei não, cara... Será que ela acreditaria em você? É difícil contradizer garotas apaixonadas.

Ele arregalou os olhos e fez uma expressão de alguém que tinha levado um chute no estomago, como se a ideia de Annabeth apaixonada por Luke o apavorasse.

– Tem razão - Respondeu, tristemente. - Ela vai achar que eu estou tentando botar pilha no relacionamento dela.

Acariciei o pelo negro de Blackjack. Queria poder ajudá-lo de alguma forma, mas eu não sabia. Que ótimo amigo eu sou..

– Mas é você que sabe. Vocês são amigos... Você deve conhecer ela melhor do que eu, então...

– Eu acho que ela gostaria de saber a verdade - Concluiu, meio receoso.

Assenti, incapaz de pensar em uma alternativa melhor.

– Ahh... Não sei o que fazer - Soltou um gemido de frustração e apoiou a cabeça nas mãos.

Dei umas leves tapinhas na suas costas, numa tentativa de reconfortá-lo.

Ele ergueu a vista para mim e sua expressão transformou-se num sorriso maroto.

– Mudando de assunto... E você, pegador? Vi vocês ontem na maior amasso... - Insinuou, maliciosamente.

Um leve sorriso escapou dos meus lábios. É, eu conseguiria aguentar mais dois meses naquele lugar sem internet, sem TV, sem qualquer contato com o mundo, sem água quente, com mosquitos, frio e com aqueles animais selvagens que chamávamos carinhosamente de "seres humanos".


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Notas finais do capítulo

Digam o que acharam... E eu tô aceitando sugestões também. É porque ainda vão rolar dois meses de muita treta, e eu só tenho planejado o que vai acontecer lá pro final, então ainda estou vendo os acontecimentos desse meio tempo.
Até semana que vem, cupcakes o/