Efeito Dominó escrita por Snowflake


Capítulo 3
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Ficou curtíssimo, podem jogar pedras. Só esperem um momento, tenho uma justificativa: estou guardando minhas ideias para o capítulo IV. ^-^



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POV Dominique.

O grande salão de festas estava minuciosamente organizado. Desde os arranjos e cortinas até os talheres nas mesas, tudo em seu devido lugar. Apesar do clima extremamente sereno que o ambiente apresentava, não pude deixar de ficar um pouco tensa. Nunca tinha comparecido a eventos como esses, e a maneira como as pessoas me encaravam era como se avaliassem meu valor de mercado. Parecia que pulariam em cima de mim, contando vantagens sobre si mesmas, como quando recusaram uma oferta de um milhão de dólares, só aceitando dois. Não sei, deve ser esse tipo de pensamento que se passa na cabeça dessas pessoas. Todos milionários, usando notas de cem dólares até para limpar o suor da testa causado pela alta temperatura do ar condicionado.

Assim que Van der Bilt avistou seus pais, apressou o passo e colocou o braço ao redor de minha cintura.

– Cuidado com onde você põe essa mão, Van der Bilt.

– Você é a minha namorada, Dominique. Mesmo sendo só por essa noite, aproveitarei. – Ele piscou apenas com um olho, e havia um sorriso brincando com o canto de seus lábios.

Não tive a oportunidade de responder à altura, logo que estávamos perto o suficiente para que eles ouvissem o que falamos. Apenas coloquei um sorriso no rosto e observei-os. Meus supostos sogros conversavam alegremente com um homem baixinho e barrigudo, um tanto peculiar. O senhor Van der Bilt era alto, possuía cabelos grisalhos, ombros largos e uma postura que revelava certa importância e magnitude. Seus olhos azuis claros eram idênticos aos de Jude, o que fez com que o meu sorriso se alargasse um pouco, sabe-se lá por quê. Já sua esposa era razoavelmente mais baixa que ele. Usava um longo vestido cor de creme, e seus cabelos castanho claro estavam presos em um coque elegante.

– Mãe, pai. – Van der Bilt chamou-os, pedindo licença ao homenzinho peculiar. – Essa é Dominique, minha namorada. – Notei que essa última frase saiu com dificuldade. Sinceramente, ouvir isso foi tão estranho a ponto de me dar calafrios.

Sorri e os cumprimentei educadamente. Por mais que tentasse ser discreta, minha suposta sogra me olhou de cima a baixo. Foi constrangedor, é claro, mas respirei fundo e continuei a interpretar meu devido papel. Eles perguntaram sobre mim, o que eu cursava, como tinha conhecido Jude, essas coisas.

– Então, Dominique, o que pretende fazer depois da faculdade? Algum negócio de família? Oh, você ainda não me falou sobre seus pais. – Juro que fui pega de surpresa. Isso é o tipo de pergunta que se faça em meio a um evento desses? Para piorar, eu não podia responder que não tinha nada concreto planejado. E sobre negócios de família, o que eu falaria sobre isso? Que sou herdeira de uma razoável fortuna, mas não tenho acesso a ela porque meu pai se preocupa mais com sua coleção de Rolex e ternos de luxo ou suas apostas em cassinos? Temos também a opção dos rios de dinheiro que ele gasta em cada casamento! Aparentemente, Van der Bilt percebeu meu desespero interno e me deu uma mão.

– Esse não é o momento para falar sobre isso, mãe. – Ele disse, um pouco áspero. – O que acha de irmos buscar alguma bebida? – Sua palavra era dirigida a mim.

– Parece uma boa ideia. Com licença, senhora Van der Bilt. – Sorri e, junto de Jude, me afastei da mesa.

Calmamente, fomos até onde as bebidas estavam sendo preparadas.

– Obrigada por me livrar daquela. – Murmurei.

– De nada. Aliás, não seria bom se a conversa seguisse por esse rumo.

Dei de ombros, pegando a pequena taça e tomando um gole de meu drink. Meu nem tão querido namorado estava com o braço em minha cintura, deixando-me um pouco desconfortável. Todo esse contato com Van der Bilt era, de alguma forma, eletrizante.

Ao longe, senti um olhar pairando sobre nós. Virei-me discretamente para checar, o que revelou uma garota alta, com cabelos castanhos e um decote consideravelmente grande. Seus braços estavam cruzados, e parecia sussurrar algo sobre nós para a sra. Van der Bilt, a qual franziu o cenho, ainda nos encarando.

– Não olhe agora, mas parece que estamos sendo observados.

– Quem?

– Uma garota, cabelos castanhos, aparentemente muito silicone, conversando com sua mãe. Ambas estão nos encarando, parecem em dúvida.

– Bom, parece que teremos que aprofundar um pouco nossa atuação. Digo, relação. – Com isso, ele segurou a minha cintura, olhando em meus olhos. Estava perto o suficiente para que eu pudesse sentir sua respiração. – Não se mova.

– O que você está fazendo? – Recebi minha resposta de imediato.

Jude acabou com a mínima distância entre nossos corpos, selando seus lábios aos meus. Inconscientemente, levei minhas mãos ao seu cabelo e ele apertou um pouco as mãos em minha cintura. Não sei o motivo, mas, mesmo me assustando, correspondi ao beijo. Tenho certeza que foi algo meio irracional, mas, quando Van der Bilt quis intensificar, acompanhei. Separamo-nos devagar, respirando fundo. Eu estava furiosa. Pior ainda: estava confusa. Entretanto, como o show deve continuar, olhei em seus olhos e sorri de leve.

– O que diabos você estava pensando? – Mesmo sorrindo, falei com raiva. Sei que isso pode parecer confuso, mas eu não podia socar a cara dele ou chutar seu saco, então continuei a sorrir.

– Convencendo-as que nós realmente nos amamos.

Aquilo soou de uma maneira tão bizarra que não consegui conter a risada. Jude me acompanhou, e ficamos ali, rindo de algo tão estúpido.

– Pare com isso, eu sei que você gostou.

– Não seja mais ridículo do que já é, Van der Bilt.

– Admita que dói menos, DiNozzo. – Ele revirava os olhos. – Ande, vamos voltar para lá.

Retornamos à mesa, onde agora também estava a garota que antes nos observava. Meu “sogro” não estava presente, e sua esposa alegou que fora conversar com um velho amigo. Savannah, a irmã de Jude, aparecera acompanhada de um garoto alto e loiro. A senhora Van der Bilt retornara ao assunto de negócios e finanças, voltando a me questionar sobre a minha família. Eu não me sentia confortável falando sobre isso, então pensei em inventar alguma coisa. Afinal, eles nunca descobririam que era mentira, correto?

Para o meu alívio, o pai de Jude se aproximou da mesa, interrompendo a fala da esposa. Como não queria me intrometer em assuntos familiares, abaixei o olhar, fingindo um grande interesse em minhas unhas.

– Gostaria que conhecessem meu querido amigo e, a partir de hoje, novo parceiro de negócios, Anthony.

Assim que ouvi o nome do sujeito, levantei o olhar. Meus olhos, já extremamente arregalados, encontraram com os dele.

– Dominique! – Ele falou, com um tom animado e despreocupado.

Está certo que estudos apontam que expressões de surpresa duram apenas dez segundos, mas eu ainda estava com os olhos arregalados (e, se duvidar, um pouco pálida).

– Pai?!


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