Seu nome era desconhecido entretanto todos os conheciam como Thor. Era o melhor ferreiro da cidade conhecido por seu talento grandioso e por sua beleza incomparável, por onde quer que fosse os olhos pousavam sobre ele e sobre seus enorme braços e torso. Os longos cabelos loiros e os olhos claros também contribuíam para o charme, mas nenhuma mulher parecia realmente se interessar por ele.

Fora criado desde pequeno pelo avô também ferreiro de quem herdou não somente o talento mais também a pequena casa onde tinha seu próprio negócio que o sustentava vendendo peças para os burgueses e os comerciantes.

Thor era um homem bem reservado e não tinha muita conversa com ninguém, não via se quer um parente há anos e o mais próximo que lhe restara fora seu irmão que não tinha contato fazia décadas.

– O senhor é um homem bastante forte.

Disse uma jovem que observava-o de perto levando algumas peças de ferro nos ombros para dentro de sua casa.

Thor parou examinando-a com os olhos lentamente.

– Obrigado. - Respondeu assentindo com a cabeça - Agora tenho que trabalhar, com licença.

– Espere. - Chamou ela rapidamente se aproximando - Não há nenhum só dia em que não trabalhe.

– Nos domingos.

– Queria conhecê-lo melhor.

Falou a moça enrubescendo.

Thor fixou os olhos dentro dos dela.

– Não é visto com bons olhos uma moça como a senhora me galantear assim. - Ela parou afastando-se um pouco sem graça - Mas longe das pessoas eu não vejo problema. Domingo.

– Domingo.

Respondeu ela sorrindo juntando-se à uma amiga que a esperava do outro lado, ambas saíram gargalhando felizes.

Thor adentrou a casa juntamente dos objetos sem dar muita importância ao que havia acabado de ocorrer, deixou os ferros perto da porta e se sentou próximo à pequena lareira feito à mão onde uma pequena chama aquecia a casa sem janelas, abafando-a mas ao mesmo tempo aconchegando-a.

Domingo havia chegado mais cedo do que imaginara e logo pela manhã Thor saía de sua casa quando encontrou novamente a moça de alguns dias atrás.

– O senhor está pronto?

– Sim.

O automóvel já estava parado em frente à casa do ferreiro, ambos entraram sentando-se um à frente do outro enquanto o motorista os levava onde a moça havia lhe dito.

– Onde vamos?

Perguntou Thor.

– Verá.

A viagem demorou cerca de quase uma hora e meia para que chegasse à uma mansão enorme no centro de um imenso jardim verde e colorido.

O loiro desceu lentamente enxergando tudo à sua volta com grande surpresa, todas as árvores pareciam meticulosamente organizadas uma do lado da outra sem exceção, todas cheias de frutas e flores colorindo o lugar. Uma enorme fonte no centro feita de mármore deixara o ferreiro completamente maravilhado com a beleza do lugar.

A moça tocou lentamente o ombro do rapaz seguindo adiante com a intenção de que ele a seguisse logo atrás e assim o fez, passaram por caminhos de terra baixa onde as árvores os cobriam do Sol, o cheiro das flores incendiava o lugar e também as narinas de Thor que pareciam naquela hora respirar melhor, sem fumaças e nem o cheiro forte de ferrugem sobre ele.

Depois de caminharem alguns metros chegaram à enorme porta daquela mansão pintada de cores neutras com bege e branco. A porta se abriu e já saíram em uma enorme sala com o tapete em veludo vermelho, móveis aparentemente caríssimos. Os objetos de decoração feitos à mão de grandes artistas como quadros e estátuas, no fim próximo à escada um vidro cobria centenas de insetos empalhados de todas as espécies, aranhas, besouros, borboletas, abelhas, libélulas, centopéias..

– É uma grande coleção não acha?

Perguntou uma voz masculina em suas costas.

Thor se virou rapidamente constrangido, porém um sorriso se abriu em seus lábios quando o viu parado ali impecavelmente vestido com um sorriso sem graça no rosto.

– Loki! Ha quanto tempo irmão!

O ferreiro se aproximou estendendo a destra para o irmão que retribuiu apertando as mãos num cumprimento formal, depois o loiro não se conteve abraçando-o com força.

– Você está forte Thor.

Disse sorrindo depois de sair dos braços do outro.

– Veja como está elegante!

Disse o loiro.

– Sou um grande colecionador irmão e precisava de alguns objetos para que pudesse colocar minha nova coleção e preciso da sua ajuda.

– Minha ajuda?

– Sim. É um ferreiro de grande talento.

– Faço com todo prazer o que você quiser.

– É gratificante ouvir isso, mas eu não precisava de ferro.

– Precisa do que?

– De diamantes e não conheço ninguém melhor do que você para insculpi-los.

– Mas eu não faço isso há...

– Há anos eu sei. Mas acredito na sua capacidade.

Thor parou por alguns minutos olhando o irmão sem entender, era apenas um ferreiro e não tinha muito jeito com diamantes.

– Onde eles estão?

– Esse é o problema! Foram roubadas.

– Quem irmão?! Diga!

– Eu não tenho certeza, mas vou investigar e lhe direi.

A moça passou por eles e os olhos de Thor a acompanharam.

– Esta é Evangeline, a acompanhante de minha esposa. - Disse para o irmão - Chame-a por favor. - Pediu à acompanhante - Eu ordenei que fosse até você para chamá-lo, soube que não é muito de sair e só fica a trabalhar naquela casa.

– Eu não tenho muitos amigos Loki você sabe e...

Thor fora interrompido com a doce voz daquela mulher adentrando a sala juntando-se à Loki.

– Mandou me chamar?

O loiro pousou o olhar penetrante sobre ela como se jamais tivesse visto beleza comparável, os olhos, os lábios, o corpo e a silhueta detalhada debaixo daquele vestido de renda adoravelmente caído até os pés.

– Thor, esta é Jane, minha esposa.

Os olhos de Jane percorreram o cunhado como se fosse devorá-lo mentalmente, os braços fortes, o tronco musculoso marcado pela camisa apertada, a boca de lábios finos, os olhos azuis, os cabelos loiros pareciam deixá-la cada vez mais constrangida diante de tal beleza.