Tapiando o Destino escrita por caroline_03


Capítulo 28
Último capítulo + epílogo


Notas iniciais do capítulo

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Algumas semanas depois.

Cocei a cabeça olhando em volta da sala de minha avó. De fato, tudo ainda estava uma bagunça, mas eu não tinha muito tempo para arrumar minhas coisas e ainda fazer o dever de casa.

O colégio de Nova Iorque estava muito adiantado com relação à Beeville, o que me fazia ter trabalho em dobro, copiando matérias perdidas, trabalhos atrasados e fazendo dever de casa extra. Minhas malas ainda estavam da mesma maneira desde o dia em que eu chegara ali. Por sorte, Annie, minha velha amiga de infância, ia até o apartamento de minha avó todos os dias depois da aula para me ajudar.

Mas infelizmente, mesmo sem querer, era impossível não começar a fazer comparações entre Anna e Clara.

Se fosse Clara ali, e não Anna, ela provavelmente estaria me fazendo rir de alguma coisa e diria que Justin copiaria depois o faltava. E então Eric, que há muito não falava comigo, viria se sentar conosco e leria minhas anotações, dizendo o quão o ensino era fraco nas escolas: “Enquanto poderíamos estar aprendendo física quântica, estamos aprendo coisas inúteis como o meio de locomoção dos cnidários! Isso é realmente deprimente!” seria seu discurso ideal para um momento como aquele.

No entanto, Anna simplesmente gostava de trabalhar em silêncio, com todos os meus cadernos abertos em cima da mesa de granito de minha avó, enquanto a novela da tarde dá um som de fundo.

Meu deus, nunca pensei que diria isso, mas como eu sentia falta de Beeville.

Não sei ao certo quando Annie percebeu que alguma coisa estava errada. Um segundo eu estava olhando fixamente para a janela e na outra sua mão passava em frente aos meus olhos rapidamente, tentando me tirar do “transe”.

-Maggie, está tudo bem? Você está tão aérea hoje. –ela falou com um sorriso doce. Os cabelos curtos e loiros atrás da orelha.

-ah! Está tudo bem sim, estava só pensando no que Eric estava fazendo. –dei de ombros colocando a lapiseira na repartição das folhas do caderno. –faz algum tempo que não falo com ele. Toda vez que ligo para casa ele sempre está na escola desenvolvendo um novo projeto para o trabalho final. –revirei os olhos sorrindo ligeiramente. –você sabe como ele é... Quando coloca uma coisa na cabeça, não desiste até provar que está certo.

-é eu sei. –Anna sorriu, segurando a cabeça com uma das mãos. –você e ele são muito parecidos nesse aspecto. –bufei girando os olhos.

-não sou tão determinada assim. –sorri a contra gosto.

-é claro que é. –ela sorriu de canto, como se soubesse de algo que eu não imaginava –não percebeu a forma como você falou? “Liguei para casa”... Como se aqui já não fosse mais seu lar. Você já pertence àquele lugar.

-é... Talvez. –dei de ombros com a testa franzida.

-e os outros? –ela me perguntou com ternura, como se soubesse que estava pisando em terreno arenoso.

-Clara me liga todos os dias e ficamos oras no telefone, Justin de vez em quanto fala comigo por alguns segundos, mas então já chama a irmã, Simon está tão empenhado em seu trabalho de fim de ano quanto meu irmão... Acho que não me resta muita coisa. –peguei minha lapiseira outra vez, rabiscando em uma folha desenhos aleatórios.

-e... E quando a...

-não! –sacudi a cabeça, franzindo a testa. –por favor, não faça isso.

-tudo bem... Se você prefere assim. –vi ela dar de ombros sem dar muita atenção.

E essa era apenas mais uma diferença entre Anna e Clara.

Com Anna eu nunca sabia se suas perguntas eram porque ela se preocupava comigo ou simplesmente para satisfazer sua curiosidade, que nem era tanta assim, já que ela preferia não insistir em um assunto. E Clara...  Bem, Clara não descansava até que eu ouvisse tudo o que ela tinha a me dizer. E isso inclui um sermão gigantesco de como eu sou idiota e problemática e ela não é capaz de me entender.

Talvez eu estivesse apenas desacostumada com a vida daqui.

-bem, eu vou embora. Nós avançamos bastante nas matérias, restou apenas geografia, mas é pouca coisa, você vai ver. –Anna sorriu para mim demonstrando um pouco mais de afeto, depois colocou sua mão sobre a minha. –Maggie, eu sei que as coisas nunca foram fáceis para você e agora mais do que nunca você está se sentindo sozinha sem sua mãe, irmão e... Você sabe. Mas quero que saiba que nada mudou nos meses em que você esteve em Beeville. Eu ainda sou sua amiga, ok? Você ainda pode contar comigo! –ela piscou um olho azul, fazendo com que as sardinhas de seu rosto ficassem mais evidentes.

-Obrigada Annie. Não sabe como é bom ouvir isso. –suspirei forçando um sorriso.

-eu sei sim. –ela riu baixinho. –qualquer coisa me ligue.

Acompanhei-a até a porta e esperei o elevador chegar para finalmente fechar a porta. Estava tão cansada que poderia dormir no sofá até o dia seguinte, e ainda não passava das sete da noite. Aproveitei para ligar para casa, era o horário perfeito para pegar Eric em casa.

Minha avó havia saído para fazer compras e ainda não tinha chego, o que era uma coisa boa, levando em conta que assim estava tudo silencioso de mais sem ela correndo atrás de mim para me fazer provar alguma gororoba que ela havia inventado.

Parei na estante pegando o telefone sem fio ao lado de milhares de porta-retratos, cada um de uma época diferente de nossas vidas. Fiquei impressionada ao achar uma foto minha bebê, com a chupeta na boca no colo de meu pai. Peguei o porta-retratos com um sorriso no rosto.

Era estranho, mas nos últimos dias pensar ou ver fotos de meu pai não era mais doloroso. Era como se simplesmente as coisas sempre tivessem sido dessa forma, ou como se milagrosamente eu tivesse me acostumado com sua ausência. É claro que eu não estava curada. Como Jackson dissera uma vez, ele era meu pai... E eu sempre o amaria, mas talvez segurar com firmeza aquilo que não voltaria mais apenas trouxesse mais sofrimento a mim e aqueles que estavam em minha volta.

Nada além disso.

Disquei o telefone e esperei pacientemente até que alguém finalmente atendesse. Foi surpresa para mim que Eric, e não o Seu Madruga, atendesse dessa vez. –aparentemente o seu madruga estava freqüentando mais a minha casa nos últimos dias.

-oi, alô? –ele falou com a voz alterada, como se tivesse corrido para atender.

-Eric? É você mesmo? Tem certeza que não é nenhum ET que seqüestrou meu irmão? –brinquei já rindo.

-Maggie! Engraçada como sempre. –ele suspirou. –e aí? Quer falar com a mamãe?

-não... Por que você sempre deduz que eu quero falar com a mamãe? Você ainda é meu irmão, sabia? –bufei cruzando um braço sobre a cintura.

-bem, você nunca queria falar comigo... Está sentindo minha falta? –ele logo chutou com a voz risonha. Pensei que discordar apenas para dar a ele o ar da dúvida, mas estava cansada de mais para isso.

-você não sabe o quanto... –suspirei.

-ah, mas isso é... EI! Você não foi irônica dessa vez! –ele notou. –MAGGIE! VOCÊ ESTÁ SENTINDO MINHA FALTA DE VERDADE?

-é claro que sim! você é meu irmão, não é? Quem mais você acha que iria me irritar todos os dias se não fosse você! –ri um pouco, mudando o peso do corpo para a outra perna.

-ah! Volta para casa Maggie! O Frog não é o mesmo sem suas ameaças diárias... Ah, e falando sobre animais... –ele hesitou por um segundo.

-falando sobre animais... Eric! O que aconteceu com os meus gatos?! –já franzi a testa, imaginando se meu irmão tinha matado algum deles. Se ele tivesse feito alguma coisa para a Lilly ou para o Bartolomeu...

-aLillyestágravida, pronto falei. –ele engoliu em seco.

-a Lilly está grávida? Como assim? –perguntei embasbacada.

-você quer realmente que eu explique? Em termos técnicos ou em termos mais comuns? Bem a Lilly e o Bartolomeu...

-ESSA PARTE EU ENTENDI! –gritei antes que ele começasse com alguma coisa que eu não queria ouvir. Tive a impressão de ouvir uma risada por perto. Deveria ser minha mãe. –mas como isso aconteceu?

-bem, a Lilly é obviamente uma fêmea e o Bartolomeu um macho. O resto a natureza se encarregou! –eu podia praticamente vê-lo dar de ombros.

-ah, parece bem simples para mim. –suspirei chateada. Legal, eu vou ser avó!

-e na verdade é...

-tudo bem. Eric, eu ligo amanha, ok? Preciso ir dormir.

-são sete e meia...

-é, mas não foi você que precisou copiar praticamente um livro de quatrocentas páginas essa semana. –suspirei.

-as coisas estão difíceis?

-você nem faz idéia. –repuxei um canto da boca.

-tudo bem, vai lá... Boa noite.

-boa noite... Ei, Eric...

-sim?

-como... Ele está? –perguntei relutante. Ele sabia sobre o que eu estava falando.

-ah, bem na menina do possível. Sempre o vejo no colégio e ele continua vindo aqui jogar vídeo game comigo nos sábados. –ele suspirou. –sente a falta dele, não sente?

-muita. –confessei com nó na garganta.

-eu imaginei.

-bem, agora eu realmente preciso ir... Boa noite.

-boa noite.

Desliguei o telefone, mas o mantive na mão o olhando. Eu deveria ligar para Clara, mas não queria incomodá-la com meus problemas naquele dia. Ela e John estavam realmente bem apesar de toda a burrice do menino. Mas... Eles se gostavam, e era isso o importante.

Fui para meu quarto já ouvindo o som da porta da sala se abrindo com um estrondo e sacolas sendo arrastadas. Essa era a minha avó! Ri baixinho. Abri a janela de vidro e olhei a paisagem. Me perguntei onde estavam o gramado, as casas sem portões, os cachorros brincando e as crianças andando de bicicleta. É claro que a resposta não demorou mais do que dois segundos? Em Beeville, é claro.

Não pude deixar de sorrir ao ver a velha loja de instrumentos musicais que ainda era no mesmo lugar. A loja de doces, a padaria... Nada mudara de mais, mas não era reconfortante de qualquer forma.

[Jackson]

Uma perna quebrada!

Exatamente isso e eu nem estou usando metáforas para comparar ao meu estado atual. Eu realmente estava com uma perna quebrada. Como eu conseguira isso? Muito simples...

Depois de sair da casa de Megan, quando ela estava indo embora, eu resolvi voltar para casa caminhando e parar para pensar um pouco nos últimos fatos de minha vida. Entenda... Eu realmente gostava dela, e vê-la partir não estava sendo nem sequer relativamente fácil.

Virei em sua rua e continuei meu caminho sem ouvir a movimentação estranha em volta. Quando eu vi, um menino com um skate já estavam em cima de mim e eu berrava descontroladamente tentando não quebrar minha cara ou meu pescoço... Sabe como é...

-OLHA POR ONDE ANDA! VOCÊ ESTÁ LOUCO? –berrei sentindo um desconforto na perna.

-ahn... Moço, o que aconteceu com a sua perna? –o menino perguntou, arregalando os olhos e apontando para o desconforto.

Quando vi minha perna torna, comecei a sentir dor instantaneamente. Bem, o menino pelo menos ligou para uma ambulância e eu fui parar no hospital, levando um sermão de Clara e John (sem contar em Eric que estava com um bico do tamanho do mundo).

O médico que me atendera fora o mesmo que ajudara Maggie quando ela veio parar no pronto socorro para receber alguns pontos depois do encontro não muito agradável com Bryan. Ainda bem que a memória das pessoas é curta.

-isso está realmente muito chato! –Clara se queixou, segurando a cabeça com uma das mãos.

-é verdade. A desalmada nos fazia rir pelo menos. –John concordou, se referindo a Megan com um novo apelido.

-ah, qual é? –bufei revirando os olhos. –ela deve estar melhor do que todos nós, sabem disso... Ela sempre quis voltar para lá. –tentei não demonstrar uma magoa guardada.

Mas estava sendo difícil guardar apenas para mim a falta que aquela irritante de uma figa me fazia. E, apesar de não gostar de admitir, até de nossas brigas eu sentia falta. Sentia falta de discutir com ela uma tarde inteira, para que no final eu simplesmente a abraçasse e sentisse o cheiro de seu cabelo lavado. Sentia falta de suas unhas pintadas de cores extravagantes e de como seu cabelo longo se movimentava com o vento. Sentia falta de suas caretas e xingamentos inesperados.

Sentia falta dela, de uma forma que eu nunca esperava.

Eu sentia falta dela, e isso até me fazia mal.

http://www.youtube.com/watch?v=v7cIkdPASvQ

-eu não diria isso se fosse você! –Clara falou me fitando com os olhos castanhos em frestas.

-hein? –ergui uma sobrancelha.

-sabe qual é o problema de vocês? –Clara suspirou revirando os olhos, como se estivesse cansada da discussão. –vocês dois tem uma coisa muito irritante chamada ORGULHO! Você gosta dela, sente a falta dela, mas não quer deixar transparecer. Ela te ama, sente sua falta, acha que não vale a pena ficar lá, mas não quer admitir isso porque sabe que se voltar, todos dirão que foi por sua causa... Sinceramente, VOCÊS ME IRRITAM! –ela bufou cruzando os braços.

-COMO É? –arregalei os olhos.

-é isso mesmo! Eu não vou ficar repetindo só para deixar você mais bravo. –Clara bufou.

-não, Clara... A última parte, que você falou que ela sente minha falta...

-ah, bem... isso... Ah, meu deus. Ela vai me matar. –ela choramingou fechando os olhos com força. –é o seguinte, Maggie ama você e sente sua falta, mas não se sente confiável o suficiente para voltar por livre e espontânea vontade. Ela acha que você não se importa, pronto falei... Alguém prepare meu velório!

Comece a fazer contas mentalmente. De uma coisa eu tinha certeza: Maggie tem sérios problemas com a realidade. Quantas milhares de vezes eu não dissera que a amava? E que queria ficar com ela? Levantei da mesa do refeitório com um estrondo.

-Clara, me empresta seu namorado por algum tempo? –pedi já segurando o braço de John.

-fala que não, fala que não, fala que não... –meu amigo sussurrou para a namorada.

-é claro. –Clara sorriu dando palminhas.

-YES! –John comemorou. Fingido!

-o que está pensando em fazer? –ela ergueu uma sobrancelha. Com o alto dos olhos vi meu adorável cunhado entrar no refeitório com seus amiguinhos.

-eu tenho umas economias e preciso de alguém para me apoiar. Eu juro que o devolvo em algumas horas... Quem sabe dias?

-nesse caso... –Clara deu de ombros sorrindo ligeiro.

Corri para o estacionamento carregando meu fiel escudeiro comigo, arrastando a maldita perna. John corria e eu nem sequer precisava fazer muito esforço. Parecia que ele também sentia falta de realizar algumas falcatruas.

-e aí? O que nós vamos fazer? –John perguntou entrando no lado do motorista de meu carro.

-você conhece Nova Iorque? –perguntei colocando os óculos de sol.

-ahn... Não! –ele fez careta.

-então é melhor que saiba ler mapas, porque nós vamos precisar. –avisei.

-está pensando em ir dirigindo até Nova Iorque? Ficou louco? É mais de um dia de viagem! –ele berrou me olhando assustado. Eu tenho cara de maníaco suicida?

-é claro que não! John, que parte de: “Eu tenho umas economias guardadas” você não entendeu? –o olhei assustado. –vamos até o aeroporto e aí sim iremos para Nova Iorque.

-ahn... Melhorou... Mas por que você precisa de mim? –ele coçou a cabeça, confuso.

-e onde mais eu acharia um pianista que gosta de Celine Dion? –Ri de canto, vendo seus olhos se arregalarem ainda mais.

(...)

John ainda meio que passava mal por estar viajando sozinho comigo para uma cidade que nem um de nós tínhamos sequer passado perto. Qual é? Caberia duzentas Beevilles dentro de Nova Iorque. Quando o avião finalmente estava aterrissando nós dois engolimos em seco. Achar Maggie ali dentro seria muito mais difícil do que encontrar um cílio no palheiro.

-nós nunca vamos encontrá-la aqui. –John queixou-se colocando a mochila nas costas.

-obrigada por seus pensamentos positivos. Estou bem mais tranqüilo agora. –bufei, olhando em volta atrás de algum ponto de taxi.

-eu não acredito que você me tirou de casa para uma furada dessas! –ele passou as mãos no rosto em desespero. –Clara vai me matar, MINHA MÃE VAI ME MATAR! Eu acabei de tirar dinheiro da minha popança da faculdade, tem noção do que é isso?

-ninguém vai matar você. –continuei olhando em volta, dessa vez o arrastando pelo saguão.

-e como sabe? –ele bufou.

-porque eu liguei para a sua mãe enquanto você estava no banheiro no aeroporto de Beeville. –sorri para ele me sentindo esperto. John arregalou os olhos.

-QUAIS FORAM AS PALAVRAS DELA?

-“Jack, querido... Tudo bem, não vou ficar preocupada. Mas sua namorada não tinha nenhum lugar mais perto para morar não?” –ri alto.

-ela vai me matar. –ele gemeu.

-tanto faz, você tem a vida inteira para se preocupar com isso. –dei de ombros.

-você nem sequer tem um endereço! Nada! Estamos procurando um fio de cabelo no meio de...

-é claro que eu tenho um endereço. –revirei os olhos, arrastando minha perna quebrada comigo.

-tem?

-esqueceu quem é meu cunhado? –pisquei um olho sorrindo.

-baixinho mau caráter. –John bufou me fazendo rir.

(...)

O taxista nos levava para o endereço que Eric havia me dado, enquanto eu ainda falava com o baixinho sobre os últimos preparativos. John discutia com o motorista sobre seu sotaque e tentava (de forma sutil) explicar o que dois adolescentes do interior do Texas estavam fazendo em Nova Iorque no meio da semana.

É claro que ele não caiu na história de trabalho de política e vida na sociedade moderna. Essa desculpa nunca funciona.

-Jack, ainda é meio cedo. Eu aposto que Maggie não está dormindo ainda, mas eu poderia apostar que logo, logo ela vai apagar... Ela não está mais acostumada com a rotina daí. E a viagem do aeroporto até a casa de minha avó é um pouco longa. Pede para o motorista acelerar! –Eric dizia parecendo preocupado.

-Tio! Acelera aí! –pedi olhando para o rosto do homem pelo retrovisor.

-eu já estou no limite, menino. –o homem reclamou parecendo cansado.

-olha moço se eu não chegar à casa da minha namorada em meia hora é possível que eu nunca mais a veja! –fiz cara de choro. –será que nem assim o senhor poderia dar mais crédito a mim?

O homem suspirou pesadamente olhando para o meu rosto pelo espelho do carro. Achei que ele iria parar naquela avenida mesmo e mandar que eu e John descêssemos do carro, mas invés disso, ele simplesmente acelerou.

-muito obrigado. –sorri quase emocionado para ele.

-minha irmã estava certa... Você é a criatura mais terrível que existe. –Eric riu alto do outro lado da linha.

(...)

[Maggie]

O dia tinha começado cedo. Apesar de eu não poder faltar aula para não perder o resto da matéria do ano, depois do almoço eu e Anna pegamos o metro (coisa que eu já estava desacostumada) e viemos direto para cá.

Levei um susto ao perceber que minha avó tinha tido um surto repentino de tradicionalismo e feito biscoitos para nós comermos com leite. Os biscoitos estavam duros, mas o que vale a intenção. Ela já estava fazendo de mais por mim nos últimos dias.

-ai que tédio. –Anna reclamou já rindo. –biologia nunca foi meu forte. Não entendo como alguém pode gostar de estudar isso.

-é só um ponto de vista. –dei de ombros terminando de copiar uma linha.

-e aí? Já decidiu o que vai cursar ou vai simplesmente começar a fazer aulas aleatórias? –ela revirou os olhos sorrindo.

-isso pode ser um pouco engraçado, mas me decidi por direito. –sorri olhando para minha letra torta. Anna ficou em silêncio.

-direito?

-eu sei, é uma contradição, mas o que eu posso fazer? Eu sei me expressar bem e sei brigar por aquilo que acredito. Acho que pode ser bom para mim. –joguei a caneta na mesa de estudos e a olhei com um sorriso.

-você é louca! –nós rimos.

-e você?

-bem, me inscrevi para algumas faculdades como medicina, mas não tenho muitas esperanças... –deu de ombros, chateada. –com alguma sorte talvez eu consiga uma faculdade bem longe de casa.

-é, talvez...

http://www.youtube.com/watch?v=0JVUaHJcZp4

Antes que eu pudesse completar minha frase o som de um teclado tocando bem baixinho chamou minha atenção. Primeiro: minha avó mora em um prédio que não permite barulho de instrumentos musicais. Segundo: até onde eu me lembre minha avó não gostava de Bon Jovi.

Eu e Anna trocamos um olhar desconfiado e começamos a procurar com a cabeça de onde o som vinha. Entenda: eu não acredito muito em alucinações conjuntas.

-parece estar vindo da sala. –falei correndo para a porta.

-ahn, não... Acho que está vindo do andar de cima. –ela deu de ombros correndo para a janela e a abrindo e instantaneamente o som ficou mais alto.

Corri para seu lado, já olhando para o alto do prédio procurando pelo louco que estava fazendo uma coisa daquelas. Ouvi o som de engasgo de Anna e logo a voz rouca me pegou de surpresa, quase me fazendo cair janela a fora.

Quando olhei para baixo, muito relutante, não acreditei ao ver que lá estava John, tocando teclado (e eu achando que ele tocava piano) e Jackson com uma guitarra que eu não tinha idéia de onde tinha surgido. Deixei um sorriso escapar enquanto a música lentamente ia me contagiando.

É claro que era ele. E quem mais faria uma coisa dessas? Quem escutava Bon Jovi de forma tão obsessiva nos dias de hoje? Quem mais escutaria exatamente as músicas que eu não conhecia só para ver a minha cara de surpresa?

Quando a surpresa de vê-lo novamente depois daquele curto período de tempo em que passamos longe finalmente passou, olhei em volta, apenas para perceber que o dono da loja de instrumentos estava bem na porta, olhando para a minha janela com um sorriso aberto. Ele acenou para mim, e respondi com um sorriso.

Algumas pessoas se acumulavam ali, olhando o que estava acontecendo. Imagino que uma serenata bem no meio de Nova Iorque não seja muito comum. Principalmente quando se trata de Bon Jovi... Qual é? O cara fez sucesso há mais de quinze anos!

(Leiam a letra, por favor!)

Obrigado por me amar –Bon Jovi

É dificil para mim, dizer as coisas
Que eu quero dizer às vezes
Não há ninguem aqui
exceto você e eu
E aquela velha luz
quebrada da rua
Tranque as portas
Nós deixaremos o mundo lá fora
Tudo o que eu tenho
para dar para você
São essas cinco palavras e eu

Obrigado por você me amar
Por ser meus olhos
Quando eu não podia ver
Por abrir meus lábios
Quando eu não podia respirar
Obrigado por você me amar

Obrigado por você me amar

Eu Nunca soube que
tinha um sonho
Até aquele sonho ser você
Quando olho dentro de seus olhos
O céu fica num azul diferente
Eu não visto disfarces
Se eu tentasse, você faria de conta
Que acreditou em minhas mentiras

Você me ergue quando eu caio
Você marca presença antes
de eu ser posto de lado
Se eu estivesse me afogando
você abriria o mar
E arriscaria sua propria vida
para me resgatar
Sim,sim,sim,sim,sim

Tranque as portas
Vamos deixar o mundo lá fora
E tudo o que eu tenho para dar para você
São essas cinco palavras e eu

Quando eu não podia voar
Oh, você me deu asas
Você abriu meus lábios
Quando eu não podia respirar
Obrigado por você me amar(3x)
Oh,por me amar

 

(Letra tirada de vagalume.com)


Continuei parada onde estava hipnotizada pelo o que estava acontecendo. Vidrada naqueles olhos verdes que um dia ousei odiar, pensando em como um dia eu pude acreditar que eu seria capaz de viver sem aquele sorriso aberto de forma tão natural. O cabelos claros encaracolados escondendo a pontinha das orelhas.

-você vai ficar aí? –Anna me cutucou. Arregalei os olhos e sacudi a cabeça.

-mas... O que eu faço? –perguntei meio atordoada.

-não fique aí parada, sua tonga. –ela riu empurrando meu ombro.

Enquanto eu ainda decidia o que fazer, John foi parando de tocar e somente Jackson continuou tocando algumas notas da guitarra. Reconheci logo que ele havia mudado de música para aquela mesma que ele cantara uma noite para mim. Always, ainda de Bon Jovi.

-If you told me to cry for you, I could. If you told me to die for you I would. Take a look at my face, There's no price I won't pay to say these words to you. –ele cantou baixinho.

(“Se você me pedisse para chorar por você, eu poderia. Se você me pedisse para morrer por você, eu faria. Olhe para meu rosto, não há preço que eu não pagaria para dizer essas palavras a você.” AH, COMO EU AMO ESSA MÚSICA!)

Deixei um sorriso escapar e quando menos esperava senti uma presença atrás de mim. Quando me vire, lá estava minha avó com um bico gigantesco e um lencinho branco limpando as lágrimas no cantinho dos olhos.

-acho que vou precisar usar minha chantagem para conseguir mais uma vaga para esse menino. –ela riu baixinho e eu a abracei.

Respirei fundo e corri para as escadas de incendio, pulando um degrau ou outro no precesso até finalmente chegar a rua. Nem me importei com a presença de John. Sem o john eu poderia viver, apesar de acreditar que minha vida seria um pouquinho mais tediosa sem suas besteiras diárias. Mas quem eu mais ansiava em ver era Jackson, que passava a alça da guitarra pelo pescoço e a entregava ao dono da loja de instrumentos. Notei que ele estava usando uma tala na perna, mas não me preocupei no momento. Teria tempo para perguntar o que tinha acontecido com ele.

Quando estava a pouca distancia, simplesmente pulei, fazendo com que nós dois caíssemos no chão. Ouvi um gemido de dor, que provavelmente veio de Jackson, mas estava ocupada de mais o beijando para pensar sobre aquilo. Ouvi também o barulho de um carro se aproximando, mas não me permiti abrir os olhos para ver o que era.

Em meio a milhões de selinhos carinhosos, paramos apenas para nos olhar. Jackson sorriu, passando uma mão pelo meu rosto enquanto a outra apoiava o corpo sobre o chão. Continuei sorrindo segurando seus ombros com a maior força que eu era capaz, como se ele fosse desaparecer como em mais um sonho sem sentido que eu estivera tendo.

-eu amo você. –sussurrei, pela primeira vez, sentindo como se tudo estivesse certo.

-sempre, sempre, sempre. –ele foi alternando as palavras enquanto beijava meu rosto.

Sorri novamente, o abraçando, colando nossas bochechas e sentindo seu perfume e o calor de seu corpo.

E naquele momento, senti como se todas as minhas prioridades tivessem sido alteradas. Por um longo tempo acreditei que se eu demonstrasse que gostava de alguém eu seria fraca. Imaginei que se tal pessoa soubesse que eu a amasse, seria a melhor forma de ela ter forças contra mim. E, só não percebi, que durante todo esse tempo eu fora fraca, e só agora finalmente tinha conseguido pilares sólidos para me construir.

-ah, meu deus... Não acredito. –ouvir a voz de minha mãe foi meio estranho.

Arregalei os olhos e encontrei minha mãe, meu irmão, a mãe de Jackson e Clara nos olhando. Minha mãe tinha as sobrancelhas levantadas e os olhos arregalados, o que era engraçado. Eric tinha a feição totalmente satisfeita, enquanto a mãe de Jackson olhava para o filho com cara de dor. Epa...

-EU DISSE! EU DISSE! EU DISSE! –Clara cantarolou correndo até John. –eu sabia que eles estavam aqui e não em algum cassino clandestino!

-alguém pode, por favor, me explicar o que está acontecendo aqui? –minha mãe pediu colocando os cabelos para trás.

-ué! O que mais poderia estar acontecendo além do obvio? –John riu abraçando Clara.

-mas...

-Jackson Bennett! Sua perna quebrada! –minha doce sogra choramingou com as mãos na cabeça.

-ah, não está doendo mais. –ele deu de ombros rindo, apertando mais os braços ao redor de minha cintura.

-eu desisto. –ela suspirou.

-ahn... Mãe, o que vocês estão fazendo aqui? –perguntei mordendo o lábio inferior.

-Oras, o que você acha que estamos fazendo aqui Megan? –minha mãe colocou as mãos na cintura. –dois adolescentes somem do colégio no meio da tarde...

-e depois o gerente do banco me liga dizendo que houve um saque da conta de Jackson. –a mãe de meu namorado continuou.

-e então eu escuto seu irmão cochichar no telefone pelos cantos...

-daí eu recebo uma mensagem no celular do cartão de crédito, dizendo alguma coisa sobre passagens aéreas. –nesse ponto, minha sogra quase me fuzilava com o olhar.

-e sem contar que Jackson saiu de casa sem tomar os remédios para dor! –minha mãe ergueu o indicador.

-se vocês querem saber... É tudo muito conveniente! QUERIAM NOS MATAR DO CORAÇÃO? –nessa hora a mãe de Jackson olhava diretamente para o filho, que coçava a cabeça com o braço livre.

-não tinha pensado exatamente nisso...

-ORAS JACKSON...

-tudo bem gente... Está tudo bem! Ninguém se machucou e estamos todos aqui! –Clara sorriu, piscando um olho para mim. –acho que deu tudo certo no fim!

-é... Certo! –minha mãe bufou. –mas fico feliz que tenham se reencontrado.

-eu também. –eu e Jackson dissemos juntos, ainda sentados no chão. Sorrimos um para o outro e juntamos nossos lábios no que eu esperava que fosse apenas o inicio de nosso final feliz.

-ECA! OLHA OS TRÊS MESES DE BACTÉRIAS!

-ERIC!

 

 

# Epílogo #

Muito, muito, muito tempo depois.

[John]

-eu não acredito que EU fui encarregado de fazer isso! Vamos deixar bem claro, isso é humilhante!

-John, para de reclamar e faz logo de uma vez! As pessoas estão curiosas para saber o que aconteceu com a gente depois de tanto tempo!

-Maggie, querida, já te disseram que você é a pessoa mais mandona que existe?

-sim! Você não me deixa esquecer!

-ótimo, mas que droga...

-VAI LOGO!

-está bem! Estressada!

-o que foi que você disse?

-eu disse... Linda! Linda comadre! Hihi!

-aham...

-ta legal, vocês dois! As pessoas já entenderam que algumas coisas não mudam, agora vamos logo com isso...

-Clara...

-sem mais!

-hunf!

-tudo bem vai... Não pode demorar muito.

-é... Eu sei...

Sra. Fuller e Seu Madruga:

Ou eu deveria dizer Sr. e Sra. Daves? Bem, tanto faz... O que importa é que os dois casaram e continuam morando em Beeville! Abriram um pequeno escritório de advocacia na cidade alguns anos atrás, mas depois de algum tempo decidiram simplesmente “Curtir a vida”...

-Por que é que nós o chamávamos de Seu Madruga mesmo?

-deixa para lá John! –Maggie suspira. –é demais para você...

-hm, não entendi...

-ah! Jura? –Jackson começa a rir descontroladamente.

 

Eric e Simon:

 

Eric não se tornou o médico neuro-cientista que ele tanto sonhava quando era mais novo... Ao invés disso, se dedicou a vida inteira a criar um equipamento totalmente capaz de ajudar pessoas debilitadas a conseguir pelo menos fazer suas funções básicas. O projeto de Simon e a inteligência de Eric foram a maldita união que “fez a diferença”.

No ano de 2025 ambos ganharam o premio novel... nocel... noluel...

-NOBEL SEU RETARDADO!

-NOBEL! Isso mesmo.

Depois de algum tempo Eric reencontrou a namorada de infância (exatamente... A Mercie) e parecem que vão casar no fim do ano ou alguma coisa do tipo... Não tenho muita certeza.

Simon também está namorando... Uma tal de Madonna... Dizem que ela é famosa...

-ah meu deus... O que eu estava pensando quando votei nele para fazer isso?

-e você pergunta para mim? –Clara sussurra.

 

Justin:

Justin hoje dá palestras sobre: “Como ser um observador”, onde ele conta, sobre a experiência própria, tudo o que ele aprendeu observando o grupo de pessoas em sua volta. Entre suas maiores descobertas estão:

-meninas são emocionalmente instáveis.

-meninos são emocionalmente instáveis.

-as pessoas em geral são emocionalmente instáveis.

-ser burro como meu cunhado faz com que as garotas...

-EI!QUE DROGA É ESSA?

-muito boa! HAHAHAAHAHAAHAHAHA

 

Clara e o cara bonitão ali da foto:

Clara, entre todas as pessoas do grupo, foi a que se deu melhor, casou com um homem bonitão, boa pinta, inteligente, extremamente sagaz...

-humilde, sem a mínima gota de semancol e muito metido...

IGNORANDO certas pessoas que ainda não foram mencionadas... Olha só que bonitinho... Eles até tiveram um filhinho:

 

 

 

Coisa mais linda do papai! Bidu, bidu, bidu...

-qual é? Ele não é mais uma criança!

-Megan, vai cuidar da sua vida!

 

Megan Fuller e Jackson Bennett:

 

Os insuportáveis continuam juntos... E morando em Nova Iorque, depois que terminaram a faculdade. Maggie realmente se formou em direito e segue a carreira da mãe enquanto a Jackson...

Jack, o que você faz da vida mesmo?

-limpo a casa, cuido das crianças, arrumo o quarto, cuido dos gatos...

-você é dona de casa?

-dono!

-VOCÊ É DONA DE CASA! HAHAHA

-AIII... Tudo bem, relevo...

E depois de muito tempo Megan engravidou o Jack... AI! Não precisa partir para a violência também! Sua grossa!... Recapitulando, a Maggie ficou grávida do Jack (pelo menos é isso que ele acredita) e eles tiveram duas filhinhas:

Não é fofo? Deixa só o meu filho crescer e vocês vão ver uma coisa...

Ahn... Melhor deixar as coisas por aqui, ou então eu vou perder um olho... Ou o pescoço... Ou vou ser castrado...

Bem... Tchau!

Os insuportáveis continuam juntos... E morando em Nova Iorque, depois que terminaram a faculdade. Maggie realmente se formou em direito e segue a carreira da mãe enquanto a Jackson...

Jack, o que você faz da vida mesmo?

-limpo a casa, cuido das crianças, arrumo o quarto, cuido dos gatos...

-você é dona de casa?

-dono!

-VOCÊ É DONA DE CASA! HAHAHA

-AIII... Tudo bem, relevo...

E depois de muito tempo Megan engravidou o Jack... AI! Não precisa partir para a violência também! Sua grossa!... Recapitulando, a Maggie ficou grávida do Jack (pelo menos é isso que ele acredita) e eles tiveram duas filhinhas:

 

Não é fofo? Deixa só o meu filho crescer e vocês vão ver uma coisa...

Ahn... Melhor deixar as coisas por aqui, ou então eu vou perder um olho... Ou o pescoço... Ou vou ser castrado...

Bem... Tchau!


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Notas finais do capítulo

HDUISAHDAIUAHSUIDSHDIAUSHDSAIUDHAIUDASHUIDASHDAIUDHAUIASHUD espero que voces tenham gostado do ultimo capítulo meninas!!!! ++ obrigada por tudo até aqui e quero que saibam que eu tenho o projeto para um novo original! daqui uns dias eu posto!! ++
comentem uma ultima vez em Tapiando o Destino!!! ++
obrigada, de verdade!



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