O entregador de balões escrita por dentedeleão


Capítulo 6
6


Notas iniciais do capítulo

Pov. Edward



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Ficar entediado em sua primeira semana de férias não era um bom sinal. Todos os dias eu me pegava pensando na morena encantadora que me presenteou com o melhor primeiro dia de férias que já tive. Eu ainda não acreditava que na manhã seguinte à festa ela me fez preparar o café das crianças e ainda auxiliar na limpeza enquanto as mesmas iam ao clube com um dos pais como cuidador.

Fui praticamente enxotado para fora quando tudo acabou, ela me deu seu número e me agradeceu várias vezes, mas mesmo assim me colocou para fora. Eu queria que aquele dia tivesse durado mais. Ainda penso nas loucuras que aquelas duas fizeram e o quanto pareciam uma família feliz.

“Mas que merda!”

Não sei se por culpa minha por estar um pouco disperso ou por total falta de equilíbrio da pessoa a minha frente, ambos nos chocamos, meu café entornou por minha camisa branca enquanto o suco verde que a mulher carregava respingava de seu rosto e cabelo.

“Me desculpe...”

Iniciei o processo de desculpas enquanto puxava a camisa para longe de meu corpo, o café estava realmente quente. Não perdi tempo em olhar uma segunda vez para a mulher, estava apenas lamentando a grande mancha e o final de meu passeio.

O som de gostosas gargalhadas chamou minha atenção e levantei meus olhos para a mulher a minha frente imaginando um surto histérico e então algumas broncas. Não foi isso que encontrei.

“Bella?”

“Ótima primeira segunda impressão bonitão. Meu cabelo ficara com cheiro de couve agora!”

Ela fez um bico lindo e em seguida pegou com a língua um pouco do suco que escorria por seu rosto. Ela parecia divertida e sorria, mas seus olhos pareciam preocupados.

“Eu moro perto, quer me seguir e se limpar?”

De onde veio isso?

“Wou, você mora neste bairro? Bom emprego!”

Ela ergueu seus dois polegares sorrindo. Eu peguei seu braço a afastando do meio da calçada, estávamos atrás de uma banca de jornais agora. Notei Bella abrindo sua bolsa e retirando um pacote com lenços humedecidos e então limpando um pouco do rosto, colo e mãos. Reparei em suas roupas, muito formais para um passeio e alinhadas de mais para um dia de trabalho naquela região e com o tempo tão seco.

“Hábitos que adquirimos quando mães e que não saem de nos quando eles crescem.”

Ela me estendeu a embalagem e retirei um pequeno lenço limpando por baixo da blusa e minhas mãos.

“Você me salvou.”

Ela disse enquanto descartava nossos lenços em um cesto de lixo. A olhei de forma interrogativa.

“Estava seguindo para uma entrevista de emprego. Estava em dúvidas sobre o local e não queria ir.”

Ela digitou algo em seu celular e voltou a me olhar divertida.

“Pronto. Desisti desta entrevista.”

Estávamos próximos a um café com uma área externa agradável e a chamei para nos sentarmos. Pedi a atendente por um outro café enquanto Bella optou por um suco de laranja com limão sem açúcar, até mesmo a atendente repetiu o pedido duas vezes para ter certeza antes de partir.

“Excêntrica!”

“Saudável!” – ela rebateu me mostrando a língua –

“Pensei que você já tivesse um emprego?”

Questionei lhe dando a oportunidade de iniciar esta conversa de uma forma agradável.

“Eu tenho um emprego, apenas preciso de outro para completar a renda.”

Disse simplesmente. Bella tirou da bolsa uma presilha e prendeu os cabelos em um rabo, se livrou dos anéis e da corrente que usava, a camisa de botões foi aberta e ela a retirou permanecendo apenas com uma leve regata cor da pele sobre a calça de alfaiataria. Um novo pacote saiu de sua bolsa e então ela tinha um saco azul para lixo sendo aberto para que sua blusa e as joias fossem guardados e colocados na bolsa.

“O que mais pode sair da sua bolsa?”

Ela sorriu, nossos pedidos chegaram e ela tomou do suco sem nenhuma careta.

“Hoje em dia não mais do que isso. Houve anos que até carrinhos de brinquedos e conjuntos completos para chuva poderiam ser encontrados.”

Estava impressionado, não me lembro de conhecer mulheres que teriam tanto em suas bolsas. Costumava observar apenas a retirada de maquiagem e cartão de credito.

“Por que precisa de dois empregos? Não seria melhor apenas um em tempo integral?”

“Queria ter esta sorte! Tenho apenas o ensino médio e um curso de administração dado pelo governo. O melhor cargo que consegui foi o de atendente com isso. Hoje eu atuo em vendas, sou muito boa nisso, estou em renegociação de débitos por danos ao patrimônio público. - Ela parecia orgulhosa – as camisões são boas, mas eles não pagam em dia ou as taxas certas e eu sempre me vejo reorganizando as contas de casa, preciso de um segundo emprego para manter minha filha na escola e em seus cursos extras de dança e línguas.”

“Quanto você trabalha por semana?”

Eu estava espantado, manter dois empregos não era uma tarefa fácil e sua filha tinha apenas 7 anos, quem cuidava da menina? Eu me lembrei de minha secretaria, ela tinha um filho de cinco anos e por muitas vezes a peguei dormindo sobre a mesa ou saindo às pressas para ir à escola resolver algo. Eu não gostava desta dinâmica e acredito que muitos empregadores também não.

“Eu faço 60 horas normalmente e tenho meus finais de semana trabalhando em casa.”

Seu suco havia terminado e ela estava com a bolsa em seu braço, notei seu corpo lutando para encontrar formas de sair dali. Os pés apontavam para a porta de vidra que seguia para a rua enquanto seu ombro estava levemente voltado a mesma área.

“Preciso ir. Obrigado pelo suco e pela companhia. Desculpe por sua camisa, ela parece cara, mas não vou me dispor a pagar outra, sua irmã fez o inferno em minha conta bancaria ao retirar o desconto dos balões.”

Ela se levantou enquanto eu apenas jogava sobre a mesa uma nota de vinte e seguia atrás dela.

“Eu tenho uma empresa, preciso de alguém no financeiro. Contratos, cobranças, pagamentos, estas coisas.”

Eu parecia desesperado, só então notei que não há queria partindo. Foi um encontro ao acaso e eu queria manter contato, ela fazia dos meus dias mais alegres. Mesmo ela não tendo formação, ela atuava com uma cobrança complicada de se fazer, seria fácil orienta-la sobre o sistema que minha empresa utiliza e tê-la por perto.

“Eu não posso fazer 8 horas, o salário de uma assistente não é bom o suficiente.”

Ela continuou andando parando apenas para observar um mural do centro cultural, ela tirou uma foto da programação e seguiu. Eu sabia que o salário de uma assistente não era bom, mas ela teria alguma ajuda com o pai de Kath sobre sua formação, não teria?

“Eu te pago 2.500 por 35 horas trabalhadas sem finais de semana.”

“35 horas semanais?”

Ela perguntou incrédula, sua parada foi inesperada e me choquei com seu corpo. Sua pele em contato com a minha parecia fogo e me afastei, o calor preso entre meus dedos e uma sensação de embrulho no estomago me atingiu. Eu estava nervoso por estar tão próximo aquela mulher.

“Sim, 35 horas semanais.”

Confirmei para que ela não tivesse nenhuma dúvida.

“Sim.”

“Sim.” – afirmei ficando irritado com suas constantes perguntas sobre a mesma coisa –

“Não idiota! Sim, eu aceito o trabalho.”

Vou relevar o idiota por um momento, eu teria várias oportunidades para me aproximar dela por agora.

...


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