O entregador de balões escrita por dentedeleão


Capítulo 5
Cap.5


Notas iniciais do capítulo

fico feliz que estejam gostando da fic....os comentários são adoráveis.

bjs



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As crianças chegaram e foi realmente divertido observar as fantasias. Tínhamos um pirata ao estilo piratas do caribe, um fantasma, uma zumbi, uma fada com asas de morcego, uma vampira, um mascarado repleto de sangue e a melhor da noite o personagem Edward de mãos de tesoura devidamente caracterizado. Foi engraçado observar todos subindo cheios de maquiagem e sangue pelas roupas com seus sacos de dormir engraçadinhos nas costas.

O pai de Kath não apareceu ou ligou. Não seria a primeira vez, mas eu sempre me pegaria o odiando cada dia mais. Minha filha dizia não ligar, mas era nítido, na hora de cortar o bolo ela deixava sua máscara cair por milésimos de segundo e este era o tempo necessário para me levar a imaginar várias formas de matar o maldito saco de espermas.

Edward não havia partido, não permitimos na verdade. Ele nos ajudou com o sistema de som e a esquentar algumas coisas na cozinha para as crianças. Durante umas três horas eles dançaram, jogaram jogos feitos por eles mesmos, conversaram em uma grande confusão de vozes sobre os filmes do momento e por fim estavam todos exaustos na última rodada de adivinhação com desenhos.

...

Estourei quatro bacias grandes de pipoca e ajudei a todos a montar os sacos de dormir na sala, a televisão foi posta em frente a eles e um filme de terror trash iniciou na tela, ainda podendo observar a todos, peguei uma pequena bandeja com doces e levei Edward para o lado de fora da janela, estávamos em um pequeno espaço na escada de incêndio desativada que eu usava como canteiro de temperos.

“Obrigado por ficar. Ajudou bastante.”

Eu fui sincera, não conhecia o homem a minha frente e não tinha ideia se poderia confiar nele e mesmo assim lhe dei liberdade para estacionar seu carro em minha garagem, passar a tarde ao lado de minha filha e o mantinha ao meu lado como um velho amigo.

“Eu gostei. Foi a primeira vez que quebrei meus próprios limites.”

O olhei de forma interrogativa e ele pegou um brigadeiro mastigando lentamente.

“Isso é realmente doce!”

“Algumas coisas na vida devem ser para valer a pena.”

Eu sinceramente não pensei antes de falar e me vi com as mãos na frente da boca refreando meus impulsos. Ele riu divertido deixando o resto do doce de lado e bêbedo um longo gole de sua água. Reparei em seu queixo e no pomo de adão que se movia de forma lenta durante os goles de agua, aquilo mexia com minha imaginação. Eu nunca havia reparado em um homem desta forma.

“Eu a ouvi no telefone com o pai. Ele não é muito próximo certo?”

Eu estava surpresa, não imaginei que ele ligaria para o celular dela para felicita-la. Pelo menos isso.

“Que bom que ele ligou. Ela sente falta. Ele mora a 10 km de distância e mesmo assim eles não se veem com frequência.”

Comi um dos doces feitos de leite ninho e quase gemi com o sabor, eu era realmente viciada naquelas merdas.

“Ela ligou aparentemente. Eles não falaram por mais de um minuto.”

Mais uma vez eu sofri, o doce desceu amargo por minha garganta me lembrando do quanto tinha falhado. Ela sentia falta de uma figura paterna e eu nunca supriria está necessidade. Quando menor ela era tão ligada a ele, o imitava e respeitava sem nem piscar, ele apenas a ignorava dia após dia.

“De que parte da Inglaterra você é?”

O assunto se tornou muito pessoal. Minha vida nem de longe era um mar de rosas e em alguns momentos eu queria ter alguém, um amigo, para compartilhar, apenas era difícil me abrir com aqueles que já conhecia, todos pareciam ter armas para me apunhalar pelas costas. Vivia bem só com Kath, eu a criava, a divertia e a ensinava, estava bom para mim.

“Auth! Tudo bem, sem dados pessoais! Eu sou de Londres, nasci e cresci por lá. Só estou neste país a pedido da minha irmã, ela se sentia sozinha.”

O olhei surpresa, o que este país teria de tão especial para que duas pessoas se aventurassem a iniciar uma vida em toda esta confusão política e trabalhista. Não estávamos mais entre os top 10 do crescimento econômico e minha cidade era o fundo do poço para novos investidores, sem o acompanhamento correto sua empresa iria a falência em pouco mais de três anos.

“Estou surpresa. Não. Na verdade estou chocada! Deixou Londres para vir para cá?”

Ele sorriu, foi o sorriso mais lindo e leve que vi em meses. Seus olhos pareciam divertidos com algo que se lembrará e eu acabei sorrindo com ele sem nenhum motivo, estava feliz apenas por vê-lo feliz.

“Família é importante. Eu só tenho minha irmã agora.

Não está sendo uma experiência ruim, conheci você!”

Ele bateu seu ombro com o meu.

Ficamos em um silencio gostoso observando as crianças dormindo esparramadas pelo chão sobre pipocas e copos plásticos, os créditos do filme subiam. Me assustei ao olhar para o relógio, duas da manhã.

“Esta tarde para você ir. Você pode ser assaltado ou algo assim. O quarto da Kath estará livre esta noite, você poderá me ajudar pela manhã com as crianças e então está livre.”

Eu meio que impus esta condição a ele e seu sorriso se fez novamente quebrando toda a minha autoridade de mãe adquirida aos longos deste sete anos.

Edward me estendeu as mãos como se eu fosse algema-las e abaixou a cabeça.

“Senhora, pode me levar a cela.”

Acabei rindo de sua fala submissa pegando seus punhos com uma das mãos enquanto me apoiava na janela com a outra para sair. Eu o peguei desviando o olhar para minha bunda e não resisti.

“Oh, vejam só o que temos aqui. Um pequeno aproveitador. Ficara em sua cela sem comida ou agua por tempo indeterminado.”

Ergui uma de minhas sobrancelhas em desafio e ele apenas abaixou mais a cabeça fitando novamente minha bunda já que não havia dado um passo para dentro do apartamento e estava com uma das pernas flexionadas no batente da janela lhe dando uma visão privilegiada.

“Esta é sua pena por não desviar os olhos de minha bunda meliante. Se continuar a encarar vou prender algemas em seus pulsos e te manter trancafiado sobre minha cama.”

Pisquei o fazendo engasgar ao segurar a gargalhada que viria, ele estava pensando em não perturbar as crianças e isso foi adorável.


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