Evil Ways escrita por Moonlight


Capítulo 36
As mentiras Everdeen-Abernathy


Notas iniciais do capítulo

Oi

Caso não me reconheçam: Capitollina, eu mesma. Bom, minha vida mudou muito, então eu decidi mudar aqui também.

Sei que disse que estaria de volta em Dezembro. Acontece que a vida é uma grande série inesperada de eventos. Ao terminar meu ensino médio e técnico, me vi com vontade de fazer absolutamente nada. Dezembro passou. Janeiro passou. Nesse meio tempo, eu fiz o Enem e ganhei uma bolsa integral do Prouni e prestarei um concurso público para poder trabalhar, e prometo a vocês que pensava em Evil ways e Who we are sempre. Não queria abandonar.
O ato de passar tantos anos da minha vida lendo e escrevendo me ajudou a escolher minha profissão, me deu uma bolsa na faculdade (sim queridos, minha redação salvou meu enem). Não podia ser ingrata assim. Tenho que terminar coisas que comecei.

Então, Evil Ways está de volta. Perdoem por demorar tanto, e por não ter revisado o capítulo.

Obrigada a todos.



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Haymitch esperou por uma reação, mas nenhuma boa o suficiente ou até aceitável tinha saído de Peeta, porque agora que ele entendeu as palavras, ele estava sofrendo do real choque ao se questionar se elas eram, de verdade, aquilo que ela tinha compreendido.

— Você tá namorando a minha mãe? — Peeta perguntou, só para confirmar.

— Sim, mas antes que você reaja negativamente, tudo isso é culpa sua! — Haymitch falo e quis retirar o que tinha dito logo em seguida.

Ótimo, não tem como ficar pior.

Da ultima vez que ele disse algo similar, tinha acabado de ser flagrado com a mulher de outro cara e, obviamente bêbado, disse “Isso é sua culpa, você deveria fazer o que eu fiz...” e levou um soco logo em seguida, pra não dizer pior.

— ...Ou culpa dela, eu não sei. — Ele tentou continuar. — Eu só sei que eu fiquei perdido nela naquele primeiro jantar, aquele fiasco. Naquela noite, ela chegou com um vestido vermelho e pronto! Cara, como você tem coragem de apresentar sua mãe pras pessoas assim, Peeta? Isso é perigoso, sabia? Agora eu estou aqui, apaixonado nela.

Peeta queria muito compreender como aquilo tinha chegado naquele ponto. Diferente de Effie, que explicou capítulo por capítulo da história para Katniss, Haymitch só havia jogado o prólogo e o epílogo, esperando que Peeta compreendesse. Haymitch fez, em um tempo prolongado e de maneira mal feita, aquilo que Effie fizera em cinco minutos. Naquele momento, por exemplo, ela estava ensinando uma perturbada Katniss a cuidar de cabelos loiros.

Haymitch não estava preparado para reação a seguir. Ele criava expectativas, e na sua cabeça já haviam acontecido mil cenários diferentes. Peeta lhe dava um soco na cara, como o marido daquela garota. Peeta virando as costas e indo embora, pedir explicações para sua mãe. Peeta se jogando da varanda, como Haymitch deveria ter feito (em sua cabeça, claro).

Peeta definitivamente fodeu com a cabeça de Haymitch quando respondeu, de boca meio aberta:

— Ata.

Ambas as cabeças daquela varanda pensavam “O que diabos acabou de acontecer?” e amigos, nenhum dos dois eram capazes de explicar. Quero dizer, Peeta estava legal. Peeta Mellark é a pessoa que sempre sabe o que dizer, porém estava muda naquela situação, e Haymitch tem um pouco de dificuldade em lidar com emoções genuinamente humanas, de maneira que, por ele, a conversa acabaria bem ali, com um sonoro “Ah, valeu então”. Mas ele decidiu se esforçar mais, bem ali.

— Hãm... Tudo bem. — Ele sibilou. — Você se importa...?

— Pelo amor de deus pai, é claro que eu me importo! — Ele falou um pouco depois de Haymitch assimilar a ideia errada. Como ele não se importaria? — É que... Bem, eu claramente já tive essa conversa antes. Alguém me falando sobre namorar minha mãe e tudo mais. Já você é meio novato nisso, não é? — Peeta emitiu aquela gargalhada gostosa que fazia sua mãe, seu pai e Katniss aquecerem os corações. Aquela gargalhada dele fazia qualquer estranho se sentir mais a vontade e chegar mais perto.

Bom, Haymitch se sentiu assim.

— Olha, quando eu era criança, era meio complicado pra mim. — Peeta continuou. — A cada namorado novo, era um novo “pai”, e novas expectativas. A cada fim era uma tristeza diferente. Quando eu cresci mais, tive mais dificuldade em lidar com caras folgados agarrando a cintura da minha mãe... — Peeta falou olhando diretamente nos olhos de Haymitch, intimidando-o, mas dando um sorriso tranquilo no final. — Agora não é como se eu não ligasse, mas é que minha mãe sabe o que quer. Então está tudo bem.

Peeta chegou mais perto, calmamente, e segurou o ombro de Haymitch.

— Mas agora... Eu tenho um pai, como eu sempre quis. — Suspirou. — E minha mãe namora meu pai. — Peeta assimilou o acontecimento com sabor nos lábios sob o olhar compreensivo de Haymitch. — Parece certo, sabe? Não pelo estereótipo familiar, mas porque vocês dois parecem certos um pro outro. Parabéns, pai.

Peeta deu em Haymitch um abraço que valeria qualquer palavra de afeição que pudesse ser dita naquela noite.

Abraçado os ombros do filho, Haymitch voltava calmamente da varanda, pensando com toda certeza nos apuros em que Effie se encontrava ao explicar tudo para Katniss. Deve ter sido difícil pra ela também, pensou.

— ... Johanna foi a doida que inventou de fazer isso e eu fui mais doida ainda de ir na dela! — Katniss explicava para Effie o porquê de estar loira quando olhou para a porta de vidro e viu Haymitch e Peeta abraçados e sentiu a leveza vinda dos dois. Sorrisos fáceis, olhares calmos, e ela ali se controlando pra não quebrar a garrafa de vinho que estava na mesinha na cara de Haymitch.

Effie parou de gargalhar com Katniss, mas manteve o sorriso quando os viu. Olhou para Haymitch, que piscou para ela (ah, Katniss quase se levantou para insultá-lo bem ali)  e depois olhou para Peeta, buscando nos olhos do filho algum sinal positivo.

— Meus homens voltaram. — Ela manteve o sorriso largo até ver Peeta indo em sua direção e se levantou o sofá, pra retribuir o abraço do filho, beijando-o no rosto. Todos os dias, de uma maneira diferente, deus dava um sinalzinho de que Peeta era mesmo a razão da sua vida. E olha ele ali, dando a ela muito mais do que ela pediu ao universo.

— Não sei se te dou parabéns, você claramente consegue alguém mais bonito. — Peeta falou, embora quase não conseguisse terminar a frase em meio as gargalhadas que dava, levando consigo um sorriso doce da mãe e uma risada alta do pai.

— Não posso dizer o mesmo de você. — Effie sorriu, apontando na direção onde estaria Katniss. — Ela é fabulosa mesmo.

Para entender o porquê Haymitch e Katniss sairiam desse apartamento em menos de 3 minutos, é necessário voltar um pouco no momento em que Peeta se desgruda do abraço de Haymitch e vai para os braços de Effie. Assim que Peeta se solta de Haymitch, os olhos de Katniss discretamente fuzilam Haymitch discretamente, que ao perceber, a abraçou.

Eu não acredito nisso Haymitch, eu vou... — Ela sussurrou, rapidamente e baixo.

Ssshhh querida. Por favor, aproveita o momento. — Haymitch interrompeu-a meio ao abraço.

Por favor, vamos embora. — Katniss sussurrou.

Haymitch só deu tempo de desgrudar do abraço e olhar para Katniss antes que Effie pudesse chamar atenção para Katniss.

... Ela é fabulosa mesmo. — Effie Trinket falou, apontando na direção onde Katniss estaria e sendo pega de surpresa por um abraço afetuoso entre ela e Haymitch.

Se uma vez dito que Haymitch não sabia lhe dar com emoções genuinamente humanas, Katniss não era tão diferente. A Ingenuidade dos Trinket Mellark permitia imaginar um momento carinhoso, porém raro, entre Everdeen e Abernathy. Não que fosse totalmente mentira, pois era realmente difícil para ambos se lembrar da ultima vez em que se abraçaram. Talvez no primeiro Natal de Katniss em Nova York, e somente então. O próximo abraço só aconteceria com uma Katniss e um Haymitch destroçados pós um trágico almoço, que não estava muito longe de acontecer. E o seguinte, somente em Nebraska.

— Ela realmente é, não? — Haymitch quem disse, ainda abraçado a Katniss, dando-lhe um carinhoso beijo na bochecha. — Você tem sorte Peeta.

— Você também tem sorte. — Peeta sorriu.

— Ah, vamos sentar no sofá, abrir uma garrafa – ou terminar uma, não sei... — Effie começou falando antes de ser interrompida pelo protesto sem graça de Katniss.

— Ah, Effie, podemos fazer isso outro dia não é? — Katniss esboçou um sorriso triste. — Nós temos que ir.

— Sério? Porque, ta super cedo ainda. — Effie contestou, confusa.

— Ah... Escuta, é besteira, mas Katniss e eu não estamos muito... a vontade, sabe? — Haymitch tentou começar uma desculpa. — Nós... preferimos que vocês dois, vão lá em casa antes. Num almoço, de domingo, como nós Texanos fazemos.

— Katniss é de Nebraska. — Peeta Retrucou.

— Coração texano, meu amor. — Katniss argumentou.

A demora em assimilar frases, o excesso de carinho e sorrisos de Katniss e Haymitch era o que entregavam suas mentiras. As mentiras Everdeen-Abernathy nunca eram muito boas, mas eram constantes e de fácil aceitamento – como por exemplo, andar de transporte público todo dia. Mas além não andar de transporte publico, os Mellark ainda não sabiam identificar as mentiras. Por isso aceitaram de bom gosto o convite de almoço e as despedidas dos respectivos amados.

Assim, beijos inundaram aquele lugar. Beijos na bochecha ou na boca, beijos de despedida de um tempo bom. Peeta já estava colado com Katniss antes que ela pudesse pensar em se agarrar a ele para ver se toda aquela angustia passava. Haymitch sentiu o fino corpo de Effie sob si mesmo, rezando para aquilo durar para sempre. Katniss, escondendo estar tão trêmula, só respirou tranquila mesmo quando estava dentro do táxi, cada vez mais distante do condomímio. Antes disso, tinha se despedido do namorado e da sogra no apartamento e arrastado Haymitch para fora, seguindo caminho todo em silêncio.

E o imprestável do Haymitch não tinha dito nada desde então.

— Desembucha Katniss. — Ele falou uns dois minutos depois.

— Eu quero te matar, Haymitch. Você viu a bosta que você fez hoje? Namorar Effie? Namorar Effie?! — Ela gritou.

— Peeta me contou que você estão namorando também. — Haymitch jogou na cara dela, rindo. — Qual é? Só você pode ser feliz? — Ele falou, irônico.

— A questão não é essa. — Katniss rebateu, controlando a raiva, embora não soubesse por que fazia tanta questão de controlá-la. — A questão é que no segundo que Effie descobrir sobre a máfia, vai achar que você ta namorando ela pra dar algum golpe, com certeza. E se não, ela só vai parar de olhar na tua cara e o Peeta também vai odiar você e vai acabar comigo. Caralho, Haymitch! Você só fode.

— Para de hipocrisia Katniss, porque você ta na merda juntinha comigo. — Haymitch se virou para ela. O sorriso irônico do rosto já havia desaparecido há tempos. Ele viu que Katniss não estava ali para poupá-lo de nada, e ele não precisava de mais dores de cabeça nem sermões. Não dela. Não naquele dia. — Eu ia contar para Peeta, eu pretendia contar, quando ele veio com essa e formatura, daí veio Effie e eu achei que eu finalmente tinha a chance de fazer algo certo comigo mesmo.

— Traçando ela? — Foi a vez de Katniss rir irônica. Que puta jogo cruel.

— Tentando ser feliz, Katniss. — Ele aumentou o tom de voz. — Não fala assim. Você não sabe o quanto eu estou apaixonado por aquela mulher.

Você não sabe o quanto eu estou apaixonada por Peeta! — Katniss gritou.

Peeta, Peeta, Peeta! — Haymitch imitou seu dom de voz em ironia. — Eu amo o garoto, mas é só ele que importa pra você nesse momento? É com isso que está preocupada?

— Eu to preocupada com a bola de neve que estamos nos metendo, afinal, eu to na merda, juntinho de você! — Katniss gritou,

— Eu não queria nada disso, Katniss. Nada. Mas você foi quem me disse pra não morrer, lembra? Não queria estar aqui. Mas agora que estou, eu estava tendo o dia mais feliz da minha vida! — Haymitch gritou, no mesmo tom de voz. — Eu estava brindando com a minha mulher e meu filho, e eu nunca mais vou ter outra chance.

— Ah, Haymitch, vai se fuder, você teria a chance se tivesse contado a verdade pra ele.

Eu vou contar a verdade para Peeta! — Haymitch deu o grito final. Ele estava realmente cansado de dizer aquilo, e odiava a maneira ridícula como Johanna e Katniss o tratavam.

Como? Quando? Estava tudo certo, Haymitch. Você contava pro Peeta, pedia dinheiro para ele, e caso ele achasse que você estava sendo um charlatão, eu como a namorada tentaria o fazer enxergar que você nunca fez nada por mal e que precisaria dele naquele momento. Agora com esse lance da Effie, não sei o que faremos para eles não pensarem que somos golpistas. Além do mais, sem Peeta, como vamos arrumar dinheiro mesmo? Puta merda, você só fudeu hoje.

— O que você queria? Que eu não tivesse Effie? — Haymitch perguntou, encarando Katniss nos olhos. — Não vê que é a primeira vez na vida que eu estou agindo certo?

Certo? Você não faz nada certo desde que saiu do maldito Texas e começou a beber e apostar e a fuder com a vida de todo mundo.

Cala a boca! Katniss! — Haymitch gritou.

O Táxi parou abruptamente, lançando Katniss e Haymitch sem cintos para frente, não forte o suficiente para feri-los.

— Desçam vocês dois do meu carro agora. Vão brigar ai na rua. — O motorista falou, nervoso.

Katniss foi a primeira abrir a porta e sair pela rua deserta sem nem saber que direção estava indo. Haymitch correu atrás dela, segurando seu braço e procurando algum lugar seguro. Ambos estavam mudos. Nem o mesmo protesto de sempre de Katniss por ter o braço agarrado tinha saído de sua boca. Tudo o que ela fez foi chorar, como uma criança saindo do pula pula obrigada. A rua estava escura, vazia e silenciosa também. Aparentemente, Não havia lugar seguro. Haymitch chamou um carro pelo Uber, e sentou-se na calçada. Katniss sentou logo depois. Eles ficariam presos ali para sempre.

— Você não vê, mas eu tenho uma família agora. — Haymitch falou, depois do silencio. Dessa vez, ele não olhava para Katniss: Olhava para os lados, para os sapatos, para a mancha na mão direita. Mas nunca para a garota. — Eu tenho um filho, e eu tenho a mãe dele, e eu só quero tê-los, quero fazer dar certo. Eu sei que eu escondo e só faço merda, mas eu estou tentando de verdade ser um pai, e eu quero muito ser um marido. Eu não posso perdê-los. — Haymitch afirmou.

Ele passou as mãos na cabeça, no rosto, e suspirou. Colocou uma das mãos no bolso, e voltou a olhar para baixo. Aquela reação era nova para Katniss, muito nova, porque era a primeira vez que ela o via chorar.

— Na pior das situações, você vai ter outro Peeta por ai. E eu só vou ter eles. Pra sempre. E eu não posso perder minha família. Não... de novo.

Katniss olhava para Haymitch. Ela sabia muito bem como era aquele sentimento, ou ao menos achava que sabia. Sabia que Haymitch tinha uma família gigantesca no Texas, mas todos os seus irmãos tinham sua própria família. Era o único ainda sozinho, fracasso, solitário. Nunca teve a chance de formar uma família e agora que eles estavam ali – definitivamente prontos, como se estivessem somente esperando por Haymitch – ele estava prestes a perdê-los. E embora Haymitch não soubesse como era a dor de perder a família, essa mesma dor era algo familiar para Katniss.

Eu vou falar com Gale sobre o dinheiro, Haymitch. — Katniss sussurrou, chegando mais para perto de Haymitch. Queria abraça-lo, mas de alguma forma achou errado, como se fosse um cão que iria morder caso você chegasse perto. Esse novo Haymitch – um homem que chora – era desconhecido para Katniss. E o desconhecido é quase sempre perigoso.

— Eu preciso falar a verdade para Peeta. — Soluçou Haymitch, deixando Katniss num estado de quase desespero. — Eu não quero ser um homem sujo como Snow.

Certo. Haymitch estava certo, mas Katniss não ia admitir em voz alta. Então ela passou as mãos nos braços porque agora que o calor da discussão estava cessado, o vento frio a pegou de jeito. Então ela se calou de vez pelo resto da noite, e só esperou o momento de chegar a casa e encontrar um jeito de explicar para Johanna o que aquela noite tinha sido.


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