Evil Ways escrita por Moonlight


Capítulo 34
Me ouça cantar, Peeta.


Notas iniciais do capítulo

vocês acreditaram em mim quando eu disse que ia postar no sabado? Porque eu REALMENTE acreditei em mim.
E é por me sentir tão culpada que eu estou postando esse capítulo agora. Ele ainda está incompleto, mas agora que parei para pensar, era um ótimo momento para encerrar ele. Não só pela brecha e pelo tempo que vai me dar até os capítulos que vem a seguir - relaxem, em dois capítulos vocês vão voltar a me amar, ou não... - mas porque ficaria um capitulo menor do que aquele monte que eu planejava.
Enfim... vamosss?



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Ain’t no mountain high, ain’t no valey long, ain’t no river enough baby. — Finnick passou as mãos no cabelo, a língua sobre os lábios e olhou para a garota em sua frente, exatamente como Haymitch havia ensinado nas aulas de “como ser um rockstar”.

If you need me call me, no matter where you are, no matter how far. — Annie cantou, mas não segurou o riso. É claro que era extremamente irônico cantar a frase “Se precisar de mim, só me ligue”, especialmente para Finnick, que fez exatamente o que os versos diziam para impedir Annie de ir embora da sua vida, naquele glorioso dia pós-festa de aniversário. Finnick riu em vez de dizer “Don’t worry baby”, como deveria ter dito em sua parte do dueto da canção de Marvin Gaye.

— Eu não convivi muito com Annie. — Peeta começou a falar, olhando para o palco onde Finnick segurava o microfone com uma mão e a mão de Annie com outra. — Quando eu cheguei à clinica, fiz algumas poucas consultas em que ela estava, especialmente no grupo de apoio coletivo, onde os pacientes se reúnem em roda. — Continuou. — Eu nunca avaliei Annie pessoalmente. Mas a Dra. Coin faz questão de me deixar saber o quão surpreendente é o estado dela depois de Finnick aparecer. Ela disse que, aparentemente, Annie esperou Finnick aparecer à vida toda. Ela nunca foi tão feliz, saudável e ‘normal’ como está agora. Dra. Coin me repreendeu claro, porque deixei o contato deles acontecerem dentro da clinica e porque Finnick a esperava todos os dias sem ser solicitado. — Peeta riu, lembrando-se da ‘inofensiva’ maluquice de seu amigo. — Mas você sabe como Finnick só é burro, e não maldoso. Nunca teve a intenção de parecer psicopata. Ao ver dele, era romântico perseguir Annie, mas a deixaria em paz caso ela solicitasse. Annie decidiu que conversaria com ele um dia, só pra deixar as coisas claras, mas desde então não o deixou ir embora. Dra. Alma até me agradece por ele às vezes, mas ela deixa claro que não sabe o que vai ser de Annie se eles terminarem.

— Olha, Peeta. — Katniss falou, tirando o canudo da Pina Colada da boca. — Como uma expectadora, eu vejo as coisas diferentes. Olhe para eles.

Katniss e Peeta se viraram para o palco do Karaokê onde Finnick e Annie sorriam tanto que pareciam propaganda de pasta de dente na balada ao som de Sia e David Guetta. O casal que assistia estava sentado na mesa há pouca distancia do palco, onde estava a quase uma hora jogando conversa fora.

Finnick e Annie ficaram muito contentes quando convenceram Peeta a chamar Katniss e fazer um encontro duplo. O casal veterano o fez prometer que vai pedi-la em namoro rapidamente, de preferência naquela mesma noite, cantando alguma música para ela ou coisa assim. Peeta, o mais fiéis dos últimos românticos da terra, deu uma gargalhada. “Vocês dois se merecem” ele falou quando Annie e Finnick se sentiram ofendidos com a recusa de Peeta em cantar Lionel Richie para Katniss.

— Annie é perdida pelo Finnick, mas se um dia eles terminarem... Eu honestamente não sei o que seria de Finnick caso um dia Annie o deixe ir. — Katniss completou sua fala, dando ponto final a seu ponto de vista.

— Ele ficaria arrasado. — Peeta concordou, agora um pouco cabisbaixo. Ainda olhava a felicidade de Finnick com a menina de seus olhos Annie Cresta, mas agora preocupado. Até onde eles iriam? E então, ele olhou para Katniss.

Ela tinha feito a trança lateral com os fios agora loiros. Mas os olhos ainda eram os mesmos, e os lábios também, e o som da risada, e todo o jeito recluso que vez ou outra ele conseguia quebrar. Ali, ele chegou a uma conclusão que parecia tão obvia que ele não sabia como nunca havia pensado nela antes.

— Assim como eu ficaria nesse momento, se você sumisse do nada. — Ele admitiu em voz alta.

E Peeta fez outra vez.

Palavras que importavam demais fora de hora.  Exatamente como a mania de interromper o beijo, Peeta estava jogando outra bomba no colo de Katniss em pouco tempo. Mas, se uma vez fora muito difícil se acostumar com o jeito ultracarinhoso dele, naquele momento, olhando para aqueles olhos azuis – que ela até conseguia esquecer que era igual aos de Haymitch – ela se sentia a altura. Ao mesmo nível. Então quando Peeta falou:

— Você sabe que você significa muito para mim.

Katniss se sentiu livre para responder, com toda a certeza do mundo:

— Você significa muito para mim também. — Ela sorriu. — Muito. — Acrescentou.

Então Peeta a beijou. Peeta continuou a beijando, por um bom tempo, enquanto Annie e Finnick desafinavam a canção de Marvin Gaye. Katniss o beijava, com amor – olha , a palavrinha que ela demoraria a usar em voz alta – enquanto se livrava de todo e qualquer pensamento que poderia invadir sua mente naquele momento quando, perto do ápice, Peeta interrompe o beijo pra sussurrar alguma coisa.

Mas não é possível.

Katniss estava realmente cogitando explicar para ele o que ela achava dessa coisa de parar de beijar para falar, quando as palavras de Peeta a pegaram novamente:

Quer namorar comigo?

Antes de responder qualquer coisa, ou ter a chance de processar a pergunta, Finnick chegou à mesa primeiro, com Annie em seu embalo. Ela esbarrou na mesa com força demais a ponto de empurrá-la e, meio alegre, meio zonza, meio bêbada – era a primeira vez que Annie bebia — ela se desculpou com não só as bochechas, mas com todo o rosto vermelho.

— Isso é tão divertido! — Ela falou, voltando a se sentar ao lado de Katniss. — Quando vocês vão?

— Mais três copos desse aqui e, se eu conseguir citar a tabuada do 7, eu vou. — Katniss falou, levantando o copo em sua mão, atraindo a natural risada de Annie. Como não era uma moça muito mundana, todas as coisas que saiam da boca de Katniss eram engraçadas para ela. Sejam piadas novas ou velhas, ou opiniões fortemente formadas, Katniss era um encanto para Cresta, que mesmo tímida demais para ter amigos, sabia que tinha a presença da morena – perdão, da loira, sempre que quisesse. E Katniss, ainda aprendendo como era a companhia de pessoas carinhosas e normais, a acolhia feito um gatinho peludo.

— E você Peeta? — Finnick perguntou.

Ele ainda olhava para Katniss. Tinha feito uma pergunta ali, e era uma pergunta muito séria. Os olhos azuis de Peeta ainda esperavam uma resposta, quer Annie e Finnick tenham interrompido ou não.

É fato de que, se fosse reunida todas as desculpas, motivos e pensamentos que fizessem Katniss correr de relacionamentos rápidos, relacionamentos inesperados, relacionamentos sérios e relacionamentos, daria um livro com mais ou menos 687 páginas, fora índice, prólogo e epílogo. Às vezes, ela tentava se afastar das coisas que Peeta dizia, mas nunca conseguia ao certo se livrar da coisinha boa, depositada na última borboleta que repousava no seu estômago, que era estar apaixonando-se por Peeta.

— Anh... Quer saber? Eu acho que eu vou sim. — Katniss falou, tomando para si o tempo destinado a resposta de Peeta à Finnick.

Alguns anos depois, quando Peeta contou essa história à Willow, sua filha mais velha, ele reparou que esse foi provavelmente o primeiro momento em semanas juntos que Katniss demonstrou, abertamente, o que sentia – mesmo que não tenha dito diretamente. Mas para Peeta, o momento que veria a seguir foi momento em que a vida parecia fazer todo o sentido. Ele finalmente estava entendendo porque ele estava ali. Era aquela garota. O destino o privou de ter um pai por 23 anos para, quando ele finalmente encontrasse o homem, Katniss viesse junto como um pedido de desculpas.

E Katniss decidiu que tinha que fazer aquilo porque, de alguma forma, em algum momento, ela sentia no fundo do coração que iria perder Peeta rápido demais. Em algum dia, em algum momento (ela podia jurar saber qual) Peeta iria se levantar da mesa, deixar as cartas por lá, quebrar os dados e largar o jogo.

Então Katniss se levantou da mesa e seguiu em direção ao palco. Colocou o nome na lista, pagou o preço da canção, cobriu os olhos porque Kylo, o rapaz da iluminação, colocou um holofote forte demais em Katniss por tê-la achado-a incrivelmente bonita. Mas seu coração fora quebrado minutos depois quando, de repente, um baixo e instrumentos de sopros iniciaram a canção.

A voz de Katniss tremeu nas primeiras palavras. Quase não saiu na segunda frase, porque estava nervosa. Ela se lembrou, então, quando tinha 9 anos e estava cantando a exata mesma música no banheiro de casa, apreensiva por ser pega, com vergonha.

You're just too good to be true
         Can't keep my eyes off you

Três batidas na porta fizeram sua voz cortar imediatamente.

— Katniss? — Seu pai a chamou. — O que está fazendo aí?

É obvio que ela não fazia nada errado, mas demorou alguns minutos para Leroy Everdeen a convencer a abrir a porta.

— Eu tenho que cantar ela na escola, papai. Mas estou com vergonha. — Confessou.

Leroy nunca havia estudado musica na vida. Seu pai, Hugo Everdeen, só havia ensinado a cantar músicas de Hank Williams e Jimmie Rodgers (que cantava versos como “T for Texas, T for Tennessee”!!) e seu amigo Haymitch passou anos tentando convencê-lo a montar uma banda, que mais tarde, se chamaria The Troublesome Guys e duraria somente três meses. Mas quando sua garotinha estava ali, precisando dele, ele deixaria todos os T para trás e cantaria Frank Sinatra, se fosse necessário.

— Katniss, sua voz é linda, bebê. — Ele falou, com aquele sotaque que Katniss tanto adorava. — Vamos, cante com o papa.

E quando ele voltou a cantar:

You're just too good to be true
      Can't keep my eyes off you

Katniss não conseguia tirar os olhos. A voz de seu pai fazia os passarinhos ao lado de sua casa silenciarem, só para ouvir.

— Katniss. — Chamou Leroy. — Eu não estou ouvindo você cantar, bebê.

Então Katniss voltou para uma realidade onde Leroy estava morto. E de alguma forma, ela estava ouvindo-o dizer: “Katniss, não estou ouvindo você cantar, bebê”.

O segundo verso saiu mais claro. As mãos de Katniss ainda soavam, mas já não tremiam. E sua voz foi saindo cada vez mais límpida, afinada que os pássaros paravam para ouvir. Mas, como não havia pássaros ali, as pessoas distraídas que frequentavam o local trataram de fazer jus aquela voz. Peeta não sabia que Katniss cantava tão bem. E Katniss só cantava quanto estava extremamente feliz ou triste.

You feel like heaven to touch
       I wanna hold you so much

Me ouça cantar, papa, ela pensava. Me ouça cantar, Peeta.

Aquela canção não era nem ao menos o dueto favorito de Katniss com seu pai. Ela gostava quando eles cantavam My Girl, porque ele sempre fazia cócegas nela e em Prim quando terminavam de cantar, os três, juntinhos. Katniss sempre perguntava para o papai para qual garota ele cantava a música – já que Leroy tinha uma linda esposa e duas meninas— e, em segredo, Leroy sussurrava que era somente para Katniss. Peeta, de fato, só descobriu esse detalhe uns 5 anos depois, quando Katniss escapou a informação enquanto cantava My Girl para Willow durante sua gravidez. Opa, adiantamos muito? Vamos voltar ao bar-karaoke.

Ali estava Peeta Mellark, ouvindo a voz cantante de sua futura esposa dizendo que “ele era bom demais para ser verdade e que ela não conseguia tirar os olhos dele”. Para Katniss, que nunca colocou pra valer as cartas na mesa, era uma das poucas declarações diretas que ela iria fazer na vida.

Depois de terminar de cantar a segunda estrofe, Kylo diminuiu os holofotes e distribuiu luzes coloridas pelo palco, no ritmo animado da canção. Katniss, por sua vez, procurou por Peeta na plateia e quando o encontrou, falou uma palavra no microfone, somente uma, que o fez pela noite toda.

Sim.

Foi o suficiente para fazer dele o homem mais feliz da terra.

 Ele se levantou da mesa em tempo de correr para o palco e pegar o microfone da mão de Katniss para cantar o refrão da canção Can’t Take My Eyes off You”.

Te amo querida, e se estiver tudo bem
Preciso de você para aquecer as noites solitárias
Te amo querida, acredite em mim quando digo
Oh querida, não me desiluda, eu peço
Oh querida, agora que te encontrei, fique
Deixe-me te amar querida, deixe-me te amar.

Então Peeta interrompeu toda a canção para beijá-la pelo resto do instrumental. E eles foram muito, muito aplaudidos pelas pessoas ao redor, e Kylo pensou se o truque funcionaria caso ele o fizesse.

***

Lábios.

Lábios nos lábios, lábios nas bochechas, lábios na orelha, lábios no pescoço, lábios na jugular, lábios na clavícula, lábios beirando os seios, e um elevador pequeno demais e publico demais para tal coisa.

Quando a porta do elevador se abriu, Peeta – que não interrompera o beijo desde o térreo – tomou uma das mãos de Katniss e a guiou para o apartamento onde eles estavam prestes a ter a primeira vez. Bom, leitores, nós já vimos esta cena antes, e com outro casal, então nós sabemos muito antes de Katniss e Peeta que não foi essa  a grande vez. Numa forma curiosa, Haymitch e Effie tiveram seu momento tão esperado muito antes de Peeta e Katniss terem.

Naquela noite, quando Katniss chegou à casa de Peeta de mãos dadas com ele, ambos se surpreenderam ao encontrar Haymitch, em pé, no meio da sala. Os olhos de Katniss arregalaram-se, apavorados, porque ela sabia muito bem o que Haymitch estava fazendo ali. Effie Trinket estava sentada no sofá quando o filho chegara, e levantou-se logo em seguida, ficando em pé ao lado de Abernathy.

— Haymitch quer conversar com você, Peeta. — Foi o que Effie disse.

O rosto de Effie Trinket estava calmo e conformado, mas um pouco preocupado, de maneira que Katniss não sabia dizer se Haymitch já contara a ela sobre a dívida ou se, assim como Peeta, ela também estava no escuro sobre o que Haymitch fazia lá.

 Então Katniss começou a antecipar em sua pobre cabeça o momento em que Haymitch contaria a seu filho que deve dinheiro a uma máfia cubana e que pensou em indenizá-lo. O momento em que contaria que era um bosta e, principalmente, o momento em que o nome de Katniss estaria no meio da história toda, como cúmplice número um. Assim ela começou a odiar Haymitch, por estar fazendo a coisa certa no momento errado, estragando toda a felicidade recente que ela finalmente tinha conseguido sentir.

Foi então que Katniss soltou-se da mão de Peeta.

— Wow... Hãn... Boa noite? — Peeta respondeu. constrangido. Ele estava mais sem graça em ser flagrado pela sua mãe e – pela primeira vez, seu pai! – prestes a ter sexo com uma garota do que chegar a pensar no porque seu pai estaria ali àquela hora da noite. — Bom... Se você está aqui a essa hora da noite, deve ser grave.

— Sabe.... — Haymitch olhou para cara pálida de Katniss Everdeen. Ele não era um idiota, então obviamente reparara no cabelo loiro dela. Achou meio estranho, mas como não era um idiota, sabia que não era hora de comentar sobre aquilo. De qualquer forma, não eram os novos fios de Katniss que chamavam a atenção: E sim seu rosto completamente desesperado, prestes a desmoronar em lágrimas. — Peeta, vamos conversar na varanda? Pode ser? — Haymitch chamou, desesperado para se livrar do olhar de Katniss.

— Claro.

Desajeitadamente, Peeta voltou a pegar a mão de Katniss e deu-lhe um beijo discreto. Ele continuava com a mão no bolso, mesmo depois de ter controlado a ereção ao entrar no apartamento – meu deus, como ele estava constrangido de verdade. Mas aparentemente nenhum de seus progenitores havia reparado: Effie estava séria demais para seu padrão e Haymitch, bem... Da última vez que eles conversaram sério, foi para discutir sobre a paternidade. Então, ele seguiu Haymitch para a varanda, deixando Katniss e Effie a sós.

Katniss ainda tinha dificuldades em respirar. Acompanhou com os olhos Peeta e Haymitch desaparecendo e depois, olhou para Effie, que ainda olhava para a varanda, um pouco incomodada.

— Effie... — Katniss começou. — O que Haymitch quer falar? Ele tem alguma coisa errada? — Perguntou, em seu tom mais inocente de voz, feito uma criança.

Cínica. Katniss até então já tinha sido persuasiva na vida. Às vezes, era mentirosa, mas gostava de substituir o termo por blefadora. Mas nunca, nunca na vida, tinha sido cínica. Ela se sentia como a pior das Reginas Georges pelo mundo, a mais venenosa das vilãs de filmes.

— Oh, Katniss querida, não é nada disso... — Effie esclareceu. Ela viu o rosto embranquecido e preocupado de Katniss, como se a qualquer momento a garota fosse se quebrar. A possibilidade de imaginar Haymitch doente estava acabando com ela em segundos, pensou Effie. Por isso, ela tomou as mãos de Katniss e a sentou no sofá.

— Katniss querida. — Disse. — Eu sei que Haymitch é como um pai para você durante esses anos em Nova York. E na mesma forma que ele está falando com o meu filho, eu sinto que eu devo falar com você também. Porque você é quase filha dele. Entende?

Katniss acenou com a cabeça. Mas o que...? Se não havia nada de errado com Haymitch – acredite, dever 36 mil dólares para uma máfia que quer te matar é algo muito errado — então que merda estava acontecendo ali?

Effie respondeu as duvidas de Katniss como se lesse seus pensamentos.

— Haymitch e eu estamos juntos. — Effie falou, rápido e indolor como tirar um band-aid. — É claro, nós devemos explicações para você e Peeta. Até aonde vocês sabiam, nós preferíamos distancia da presença um do outro, mas na vida... — Effie suspirou, fechando os olhos e deixando um sorriso escapar. — A vida é muito estranha.

Katniss olhava chocada. Ela provavelmente tinha perdido o movimento dos músculos faciais ou coisa assim, e Katniss esperava estar começando a ficar maluca. Effie Trinket por acaso estaria... Não. Era demais cogitar isso. Talvez tenha sido um erro de interpretação. Eles podem estar juntos, por exemplo, em sociedade, onde Haymitch sabiamente inventou uma empresa de qualquer coisa e Effie entrou com recursos financeiros que vão salvar a vida dele. Uma loja de ferramentas, igual o pai de Haymitch aconselhou.

— Katniss, você está bem? — Katniss acenou, ainda sem mover os músculos do rosto. — Quer que eu continue?

— Por favor, Effie. — Implorou. Desfaz essa maluquice que eu acabei de escutar.

— Então, como eu estava dizendo, nós nos desculpamos na formatura de Peeta. Então fomos almoçar juntos e descobrimos que já nos conhecemos em uma outra oportunidade, antes mesmo de Peeta nascer, e nessa oportunidade nós quase... Nos conhecemos melhor.  Desde então nós saímos cada vez mais e hoje viemos parar aqui. E então Haymitch decidiu que não aconteceria nada sem conversar com Peeta antes, e agora que você está aqui, eu também acho que devemos deixar tudo claro para você também.

— Então... Vocês estão namorando? — Katniss juntou todas suas forças para formular a pergunta.

— Está tudo bem para você? — Effie perguntou, forçando um sorriso e fazendo uma careta de preocupação.

Não. Não está nada bem. Você não tem ideia de como Haymitch está acabando com as coisas boas aos poucos, e como ele bagunçou minha vida e em breve, vai acabar com a sua e de Peeta. Você não sabe, Trinket, mas eu e ele e Johanna estamos fazendo coisas tão erradas sobre suas costas que talvez você nunca vá nos perdoar.

Em resposta, Katniss abraçou Effie.

Katniss a abraçou, porque ela não poderia mentir, mas também não queria dizer a verdade. Katniss colocou os braços ao redor de Effie e enterrou seu rosto nos ombros da mulher porque ela não poderia dizer o quanto ela sentia muito por toda aquela situação e, se fosse há outros tempos, em uma realidade alternativa, ela ainda iria estranhar Haymitch e Effie, mas não iria de maneira alguma repelir, rejeitar ou até rezar para que fosse mentira.  Enquanto a Effie, ela pensou que Katniss a abraçava porque ela estava tão tranquila com a situação que palavras não eram suficientes para demonstrar isso. Um abraço, no entanto, era.

Effie deixou escapar um suspiro de alivio e uma gargalhada curta enquanto apertava Katniss ainda mais, que tentava a todo custo ter empatia com a felicidade da mãe de Peeta.

— Eu estou feliz agora que falamos a verdade. Dá um alivio, sabe? — Effie confessou, ainda rindo.

Ignore o peso na consciência e responda algo indolor e eficiente, pensou Katniss.

— Eu também estou feliz. — Katniss falou em concordância.

E assim, ela decidiu não pensar se estaria realmente feliz caso o mundo fosse paralelo e ela não estivesse nessa roubada toda. Era doloroso demais imaginar o “se”.

— Agora podemos falar sobre como você está linda com esse cabelo e eu posso te ensinar como é difícil manter cabelo loiro hidratado, mas não se preocupe, você tem a mim e tudo ficará bem. — Effie se soltou do abraço e deu as mãos a Katniss, que riu com a mudança rápida de assunto.

Se ela realmente ignorasse toda a situação por dois segundos, pensaria em como Haymitch deu um único tiro certeiro na vida escolhendo ela. E em como ele era sortudo por tê-la, seja por quanto tempo for.


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Notas finais do capítulo

*Canções do capítulo:
Ain't not Mountain High Enough - Marvin Gaye e Tammi Terrell
Can't Take My Eyes off You - Franki Valli (embora há varias versões, dentre elas a famosa do Frank Sinatra).
Jimmie Rodgers - Blue Yodel No 1 (T FOR TEXASSS T FOR TEENEESSEEE - to com esses versos na cabeça)
E, indiretamente, Stop The World I Wanna Get Off With You do Arctic Monkeys pelos versos "And I don't wanna lie but I don't wanna tell you the truth" → "E não quero mentir mas não quero lhe dizer a verdade" que serao bem explorados next caps adoroooo

EU NAO SEI QUANDO EU VOLTO MAS EU AMO VCS EVIL WAYS É NOISSSSS Beijo gente



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