Era uma vez, num lugar muito distante da cidade, depois da tão temida floresta, havia um pequeno reino, governado por um príncipe de pele tão alva quanto a neve e olhos tão azuis quanto os céus de verão. Apesar de muito belo, o príncipe era ganancioso. Quanto mais ouro e riquezas, melhor. Isso mudou quando, durante uma de suas caçadas pela floresta, ele conheceu uma bela mulher. Seus cabelos eram de um tom loiro tão claro que faziam o príncipe perguntar se eram feitos de nuvem. Sua pele era pálida, mas cheia de vida. As bochechas rosadas, a boca tão vermelha como as rosas. Seus olhos pareciam safiras, nunca vira íris tão belas! Tinha os seios fartos e o corpo cheio de curvas, certamente era cortejada por vários homens. Ela trajava um vestido branco decorado com delicados detalhes em dourado. Aquela era a mais bela mulher de toda a França, acreditava o príncipe.

“O que uma moça tão bela faz aqui na floresta?” Ele chamou sua atenção, galanteador.

A mulher olhou-o e respondeu com uma expressão de tristeza e confusão “Estou perdida.”

“Posso pedir que meus homens levem-na para casa, se quiser.”

“Não me lembro onde é minha casa...”

O príncipe sorriu ao ouvir aquilo. Teria uma nova e bela mulher em seu castelo. Talvez até mesmo se casasse com ela... “Bom, sendo assim, podes ficar em meu castelo quanto tempo quiser. Será minha convidada.”

A mulher sorriu agradecida. O príncipe deu então o seu braço para a bela mulher, que aceitou e acompanhou-o por entre a floresta, a caminho do castelo. Com um enorme desejo de ouvir novamente a doce voz da moça ao seu lado, o príncipe passou a pensar em inúmeras perguntas para dirigir à ela. “Meu nome é Jackson. Jackson Overland Frost, príncipe e governante do reino de Oragon.” Gabou-se e a mulher riu fraco. Ela gostava da voz firme e grave do príncipe. “E o seu? Qual é a sua graça?”

Ela pensou por um momento. Seria certo revelar seu nome para um completo – ou quase completo – estranho?

“Também esqueceu-se de seu nome?” Jackson perguntou.

A mulher suspirou. “Elisabeth.”

“Elisabeth... Bonito nome. Significa consagrada à Deus.” Elisabeth sorriu tímida. “Posso chamá-la de Elsa?”

A mulher assentiu. “Posso chamá-lo de Jack?” Logo depois ela notou. “Desculpe, sei que não somos íntimos, e o senhor é um prín...” Ela foi cortada por Jackson.

“Chame-me apenas de Jack.” Ele sorriu. “Nada de senhor, para você.”

Elisabeth assentiu, sorrindo de forma radiante.

Mais tarde, uma enorme e envolvente paixão cresceu entre Elsa e Jack, algo que nem eles mesmos conseguiam entender. O príncipe aos poucos deixava de ser alguém tão ganancioso. A ganância de Jack era como uma ferida sendo curada com o amor de Elisabeth.

Todo o reino dizia que formavam um belo casal. “Como são parecidos!” as pessoas comentavam, sem saber que Jackson e Elisabeth também tinham suas divergências. Uma delas era a paixão de Elsa pela leitura, enquanto Jack não gostava tanto. Jack adorava caçar, era seu melhor hobbie, mas Elsa não aprovava de forma alguma. Porém, isso era esquecido quando estavam juntos. E, afinal, quem se importava? Eles não.

Certo dia o príncipe Jack fora levado para fora da floresta. O prefeito da cidade queria desmatar a floresta para ter um território maior, mas precisaria do consentimento do príncipe para isso, já que ela estava em seus domínios. Jackson sabia o quando Elsa gostava da floresta, e obedecendo ao da amada, recusaria a proposta. Durante o que ele preferiu chamar de passeio, entrou em uma taberna, acompanhado de seus homens. Pediu uma bebida e sentou-se em uma das mesas, permitindo que os companheiros bebessem o quanto quisessem.

Uma mulher, não tão jovem quanto Jack, mas de certa beleza admirável, aproximou-se. Seus cabelos eram negros, cacheados e volumosos. Seus olhos eram grandes e tinham um tom azul-cinzento. Ela usava um batom vermelho que destacava sua boca. O vestido de tom vinho tinha um decote generoso, deixando parte de seus seios à mostra. “Posso me sentar?” Ela pediu e o príncipe fez que sim com a cabeça. “És um belo homem. Creio que vem de uma fina linhagem... Seria uma honra se pudesse ler o seu futuro.”

Jackson sorriu de lado, concedendo o pedido da mulher. Seria interessante saber o que o destino lhe reservava. A morena rapidamente apanhava as cartas e colocava-as sobre a mesa, sendo observada pelo homem à sua frente.

“Escolha três cartas” Ela pediu após ter tudo preparado. Jack escolheu qualquer uma, sem se importar muito com escolher a certa ou algo do tipo. Para ele, não passava de uma brincadeira. A mulher virou a primeira carta para cima. “Ah, o senhor tem um precioso lobo em sua vida.” Ela sorriu.

“O que isso significa? É algo bom?” Perguntou um tanto ansioso, lembrando-se de uma loba da neve que costumava caçar no inverno, embora nunca tenha conseguido pegá-la.

“Veremos nas próximas cartas...” Ela disse virando a segunda. “A flor de ouro. O destino lhe sorri.”

Jackson sorriu. Com certeza aquilo significava riqueza. “Bebida para todos por minha conta!” O príncipe exclamou, recebendo gritos e palmas como resposta.

A última carta foi virada, revelando o que parecia ser uma nuvem negra e, logo abaixo, um animal. “Oh... Parece que eu me enganei. Isso não é nada bom.” Disse fazendo um sinal negativo.

“O que significa?” Jack perguntou assustado.

“É magia. E pelo jeito não está ao seu favor.”

O príncipe bateu com as mãos na mesa. “Não acredito em nada disso! Vamos embora!” Chamou os homens que o acompanhavam e retirou-se do estabelecimento.

A mulher permaneceu sentada, recolhendo as cartas. “ Sua vida está prestes a mudar, príncipe tolo.”