Entre anjos e demônios - a cidade da fronteira escrita por nico di angelo


Capítulo 3
Um minotauro brincando na calçada


Notas iniciais do capítulo

“a paz não é a ausência da dor, e sim o entendimento do que ela significa, pois se você parar de reclamar, pode aprender muito com ela...”



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/596477/chapter/3

Blue usava uma calça tactel larga e uma regata preta apertada, deixando seus largos e musculosos ombros de fora, aviam antigas cicatrizes de arranhões e cortes cobrindo sua pele morena, em seus braços aviam ataduras enroladas que iam até suas mãos calejadas, seus dedos eram finos e ágeis, seus braços possuíam fortes músculos, feitos para estraçalhar.

Ela socava e chutava sempre mantendo a guarda fechada enquanto Ângelo mantinha os braços em modo defesa enquanto segurava um tipo de almofada em cada braço, Blue se mantinha na ponta dos pés balançando levemente o corpo para manter o sague fluindo em seus pés, seus olhos azuis procuravam uma abertura, e encontraram.

A garota dispara uma sequencia de socos desequilibrando seu oponente, então concentra toda sua força na perna direita, e em um rápido movimento sua perna entra em combustão indo em direção as costelas de seu oponente, o golpe é certeiro, Blue dispara outro chute, mas no terceiro sua perna é agarrada e seu tutor disfere uma forte cotovelada em sua canela. Quando se afasta, Blue tenta se equilibrar, mas sente a dor do golpe eu sua perna e morde o lábio fazendo uma expressão de dor.

O experiente tutor enxerga a brecha, e juntando os braços, atinge o abdômen de Blue com a palma das mãos ha jogando para traz.

Blue se levanta com dificuldades, Ângelo se aproxima e os dois fazem uma reverencia indicando o fim da luta, Blue se dirige a uma pequena arquibancada de madeira no canto da quadra de basquete em que se encontrava, a escola em que estudava não tinha uma sala própria para treino de combate, mas oferecia as aulas como trabalho extracurricular.

– não estava prestando atenção na luta... – Responde ele, era um homem alto e de físico definido, usava uma camisa branca e uma calça bege com uma faixa de mesma cor na cintura, tinha cabelos castanhos e olhos de mesma cor.

– Nada de mais – Diz Blue distraidamente enquanto procura sua toalha de rosto dentro de uma mochila preta com o símbolo da banda nirvana – você sabe... Semana que vem eu irei ao teste de aptidão.

– algo nisso lhe preocupa...? Tem medo? – Pergunta o homem cruzando os braços.

– e quem não teria – Blue se senta colocando a toalha sobre seu pescoço, gotas de suor e agua escorrem por seu pescoço enquanto ela bebe um gole da garrafa de agua, limpando a boca com as costas da mão ela continua – ninguém sabe como são esses testes, só se sabem que muitos morrem, meu irmão acha q vão nos jogar em algum lugar deserto para nos matarmos e os que sobrarem serão “dignos” de entrarem para a fronteira – diz a garota distraidamente enquanto olha para o nada.

Sua cabeça estava longe, seu tutor tentava imaginar o que se passava em sua cabeça, Blue mantinha os cotovelos apoiados nas pernas segurando a garrava entre as duas mãos, voltando a parecer apenas uma garota comum, com problemas comuns de adolescentes. Um problema de família, ou de dinheiro era o que qualquer pessoa diria que ela tem.

Porem o aniversário de 16 anos de um meio sangue era uma época de decisões difíceis, ficar na terra a mercê do preconceito e do perigo de ser morta por um demônio, ou ir a fronteira a procura de conhecimento e treinamento adequado, um bom emprego em uma cidade de seres iguais a ela, com problemas iguais aos dela, um lugar onde todos se ajudam e se entendem, quase como um paraíso.

Era o sonho de muitos de sua espécie, mas para isso teria de passar no teste de aptidão, depois cinco anos de treinamento e mais 15 longos anos de serviço no exercito. Depois de terminar seus anos de serviço ganharia ótima casa na cidade da fronteira, livre de demônios.

Poderia escolher com que trabalhar e viver o resto de sua vida longe dos humanos, ou se preferir, poderia adotar um de sua espécie como seu protegido, sendo o seu anjo da guarda vivendo entre os dois mundos, assim como Ângelo. Essas preocupações e decisões estavam martelando sua cabeça nos últimos meses.

– Bem... Marcos este certo – diz Ângelo, Blue o encara franzindo a testa, seu irmão sempre sabia de tudo - Mas não se preocupe... Seu irmão e eu lhe treinamos bem, e ele é bem forte – Diz ele dando um sorrido pleno, o homem se levanta tirando as almofadas dos braços e diz – acredite mais em si mesma, assim como eu acredito.

Ângelo se levanta e vai até seu sobretudo pendurado na parede, o veste e se dirige para a porta junto de Blue, antes de saírem ele apenas estala os dedos, fazendo todas as luzes se apagarem sozinhas e as portas se trancarem.

– os testes de aptidão duram semanas, e são mais de um, apenas confie em seu parceiro escolhido no teste, não posso informar mais do que isso pra você – Ângelo já avia passado pelo teste fazia séculos, será que continuava sendo o mesmo?

Os dois andam lentamente no meio da rua escura, iluminada apenas pela lua, o céu estava limpo e estrelado, carros se estendem ao lado da calçada, mas os dois andam bem no meio dela, já que nenhum carro passava por lá àquela hora da noite, Blue sente uma sensação que conhecia bem, a de ser banhada pela lua cheia, ela olha e sorri para Ângelo que a encara de volta com um rosto preocupado, de repente ouve um grave estrondo de metal sendo retorcido e um alarme de carro toca na esquina a sua frente.

Um forte rugido ecoa pela noite e ambos observam enquanto um carro atravessa a esquina sendo arremessado como um carrinho de brinquedo, ele cai pesadamente deslizando no asfalto formando um rastro de faíscas e batendo em outros carros.

Blue serra os punhos e Ângelo solta o sobretudo no chão enquanto uma grande criatura aparece pela esquina o os observa, uma grande besta com longos chifres de touro e cascos de cavalo, um minotauro. Seu corpo é grande e musculoso, coberto de pelos que deixam escapar uma leve cortina de vapor de sua pele, longos chifres encandecestes e curvados reinam em sua cabeça como uma coroa demoníaca, a besta abaixa a cabeça apontando-os para suas duas presas e investe num ataque mortal.

Blue desvia do golpe e sobe em cima de um dos carros estacionados, longas asas surgem das costas de Ângelo o impulsionando para cima, ele estende a mão para a criatura que recua com o brilho vindo das asas de seu oponente, Blue enxerga a chance, e numa explosão de chamas se transforma num grande lobo cinzento que agarra o mostro pelas costas, mordendo seu pescoço e o jogando para traz.

A criatura é jogada algumas quadras de distancia até alcançar o asfalto, quando se levanta ruge e fecha os punhos soltando um rugido tão alto que metade da cidade deve ter ouvido, os ouvidos sensíveis de Blue a traem, fazendo sua visão embaçar, e quando volta ao normal é tarde de mais.

O mostro correu e investiu de forma tão rápida que Blue não teve tempo de se defender, Um de seus chifres atinge seu peito, porem não forte o suficiente para penetra-lo. Blue sente uma forte descarga elétrica de dor percorrendo seu peito e subindo seu por pescoço, porem aguenta firme para não ser arremessada para trás. O mostro a empurra mais e mais, as patas de Blue deslizam no asfalto, seu peito começa a doer mais forte ameaçando rasgar, então olha para a lua, e numa súbita descarga de força e energia, ela pressiona seu peito com mais força sobre o chifre empurrando o monstro para traz. Sua pele se encandece numa cortina de chamas azuis, seu corpo para de doer e ela prossegue a luta.

Quando o monstro cai de costas no chão, o grande lobo sobe em seu peito, mordendo seu pescoço com o máximo de força possível, seus dentes sentem a carne se rasgando entre eles, o sangue encontrando sua língua enquanto a criatura se debate, a cessação de uma presa se debatendo em seus dentes lhe causa um grande prazer, então num rápido movimento, ela aperta sua mandíbula com toda sua força e puxa a carne da criatura.

Um jato de sangue escuro é rojado para o alto como uma leve garoa de inverno, uma parte do pescoço da besta se encontra entre os dentes de Blue, fazia anos que não sentia aquela sensação, a de ser o predador, e não a preza.

Ângelo desse e recolhe suas asas enquanto Blue volta a sua forma normal, se transformando numa garotinha ajoelhada sobre o peito de um grande monstro, ha sangue escorrendo de sua boca e manchando sua blusa enquanto ela olha nos olhos de Ângelo esperando ele dizer alguma coisa.

Porem as únicas palavras que saem da boca do homem são – e você ainda esta com medo do teste? São os demônios que deveriam ter medo de você...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre anjos e demônios - a cidade da fronteira" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.