Estava escuro, não conseguia enxergar direito e nem me mover, minha cabeça pesava e minha espinha doía, tentei me mover e percebi que estava preso, porem cansado de mais para me mexer.

Minha cabeça pesava, mas eu consegui levanta-la o suficiente para enxergar, estava em uma sala cinza, sem portas ou janelas. Ao chão avia manchas pretas e vermelhas com pedaços de alguma coisa jogados pelos cantos. Minha visão estava embaçada, mas consegui distinguir um vulto vindo em minha direção.

O borrão foi tomando forma conforme se aproximava, percebi que era um homem, usava uma roupa branca amarelada, porem a maior parte estava com manchas vermelhas e pretas. Um cheiro fétido de sangue, urina e fezes tomava o lugar, o homem se aproximou de min e olhou nos meus olhos, os seus eram escuros e tremiam de uma forma insana, como se ele estivesse esperando por aquilo a vida toda.

– Esta na hora - ele disse, então vejo em sua mão, algo parecido com uma faca- esta na hora...

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Marcos abre os olhos e percebe que está deitado, o teto é branco, porem sombras e luzes laranjadas percorrem a extensão do teto, “foi só um sonho...”

Ele permanece ali por alguns segundos, ouvindo apenas seu coração, mas percebe q há algo crepitando a sua volta, ele então se senta na cama e esfrega os olhos, e percebe q sua cama esta pegando fogo.

Marcos olha para as chamas emburrado, era a terceira vez aquela semana, crianças normais urinavam na cama, ele a fazia pegar fogo, embora estivesse longe de ser uma criança, mas aquela semana era diferente, avia um motivo, as provas de classificação.

Alguém da leve batidas na porta, interrompendo seus pensamentos, ele ouve uma voz baixa e abafada:

– posso entrar? Este acordado?

– Uhum – diz o garoto se levantando, sua camisa estava carbonizada e grudada em seu peito, marcos estende as mãos sobre a cama, e as chamas vão até seu braço em movimentos circulares, como um tornado, então desaparecem sobrando apenas as cinzas.

Lena entra no quarto e torce a boca ao ver a cama, ou o que sobrou dela...

– mais uma? É a terceira...

– eu sei... - o garoto caminha até o outro lado do quarto a procura de uma camisa em quanto limpa as manchas pretas de sua barriga. Já estava acostumado a queimar alguma coisa ao acordar, ou quando ficava irritado.

– tudo bem... sabe, quando eu era mais nova acordava com raízes e corvos sobre min, era meio assustador, mas gostava dos corvos, eles costumavam bicar minha orelha pedindo por sementes. – marcos deu um sorriso ao colocar a camiseta– pode acordar a Blue pra min?

– claro... Responde marcos enquanto observa Lena sair de seu quarto, ela era uma mulher simples de longos cabelos castanho escuro e olhos verde musgo. Depois se voltou ao espelho, ajeitando camisa e olhando seu reflexo, não reconhecia aquele rosto, não o considerava seu, já que se tira-se sua pulseira de contenção se transformaria na sua forma verdadeira.

Marcos caminha pelo corredor, o quarto de sua irmã fica no final dele, na metade há uma escada a esquerda que desse para a cozinha, a porta do banheiro ficava no outro lado do corredor.

Marcos abre a porta e entra no quarto escuro. O quarto esta mal iluminado, mas a luz o suficiente para enxergar a bagunça em que se encontram os livros, tênis de corrida e roupas.

Parecia o quarto de um garoto, não que Blue fosse a mais feminina das garotas, ao canto embaixo da janela estava a cama, e em baixo da coberta avia algo grande demais para ser uma pessoa, uma pata de cachorro do tamanho de um rosto estava para fora e uma cauda enorme se enrolava no pé na cama, marcos puxou bruscamente o cobertor, revelando um grande lobo cinzento se encolhendo por causa da súbita corrente de ar.

– Hora de acordar... “cachorrinho” – diz marcos dando um sorriso sádico

– vai se ferrar... – diz o lobo com uma voz feminina grave.

Marcos fica esperando até o lobo abrir os olhos, então chamas brotam de seus pelos, eram chamas azuis, quase tão azuis quantos seus grandes olhos, elas cobrem o corpo do lobo q se encolhe e diminui de tamanho, tomando a forma de uma garota, Blue se senta e se espreguiça, seus cabelos curtos estavam emaranhados formando uma juba ao redor de seu rosto, eram pretos e mal alcançavam seu pescoço, ela estava curvada, sentada com as pernas cruzadas sobre a cama e esfregando os olhos, sua pele era levemente morena, porem seus olhos eram tão azuis que chegavam a brilha.

A garota olha para o lado e percebe que seu irmão a observa, apreciando a beleza do momento, Blue era uma garota durona, mas parecia uma garotinha naquele momento, Marcos adorava acorda-la, fazia lembrar-se de quando ela era apenas uma garotinha perdida.

– o que foi? – diz Blue franzindo uma das sobrancelhas.

– nada... de vez em quando me esqueço que você é uma garota...

Blue da um soco no ombro de marcos e os dois riem.

Vem... – Marcos estende a mão para ajuda-la a se levantar, Blue observa seu irmão, a um sorriso pleno em seu rosto, e a calma em seus olhos, raramente o vê assim, então ela pega em sua mão e o abraça.

– bom dia...

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