Tempted escrita por Camille Rose


Capítulo 4
O sonho


Notas iniciais do capítulo

Olá! Gostaria de dizer que a fic será postada sempre pelo começo da semana. Boa leitura!



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Quando nos retiramos para a sala novamente, naturalmente acabamos nos dividindo em nossos grupos internos. O Sr. e a Sra. Grey sentaram em poltronas muito confortáveis perto de uma lareira. Elliot e eu nos aninhamos em um dos grandes e fofos sofás e Christian...

Eu o havia perdido de vista.

Enquanto Elliot massageava a minha mão que sustentava o anel de noivado, dispersei meu olhar pelo ambiente em volta. Tive a impressão de vislumbrar alguém através do vidro escurecido que dava vista para o jardim lateral. Não pude ter certeza por que lá fora estava escuro em comparação com o interior da casa, e as cortinas balançavam, ora e outra encobrindo a visão.

— O que foi, Ana? – perguntou Elliot.

— Onde está Mia? – inventei.

— Deve estar no telefone de novo. – Elliot rolou os olhos. — Ela diz que são amigas, mas suspeitamos que seja um namoradinho.

— E Christian? – joguei.

— Não faço ideia.

— Hmm...

— Por quê? – Elliot quis saber, as sobrancelhas um pouco pesadas sobre os olhos.

— Achei... Estranho...

— O que? Christian? Mas ele é, sim, um pouco estranho. – Elliot riu.

— Não... – tentei rir para aliviar. — É que... Ele pareceu não se enturmar muito...

— Christian é assim.

— Por quê?

Elliot pareceu um pouco desconfortável de repente.

— Como em breve você será da família, então vou lhe falar... – e abaixando o tom, continuou. — Christian foi adotado pela mamãe. Papai não queria muito ter um filho adotivo, mas... Mamãe se compadeceu da situação de Christian quando o conheceu há alguns anos atrás. Minha mãe convenceu papai a se juntar a ela... Na causa... Então Christian veio morar com a gente. Foi bem difícil no começo, até ele se adaptar. Depois de um tempo ele se interessou por estudar e virou um homem de negócios. Mas sempre foi assim, distante. Nunca temos certeza de tudo que ele pensa ou faz.

Quando Elliot terminou, percebi o quanto estive concentrada na história. Um sentimento de interesse e curiosidade muito estranho me atingiu. A final, quem poderia imaginar que um dos homens mais bem-sucedidos dos Estados Unidos teria origem no anonimato? Que segredos poderia Christian esconder? Quem ele era de verdade?

— Ficou impressionada? – perguntou Elliot perante meu silêncio.

— Um pouco. Eu nunca imaginaria. – admiti sinceramente.

— Bem-vinda a um dos segredos Grey! – ele retornou ao tom mais alegre.

— Um deles? São muitos?

Elliot riu.

— Não.

— Menos mal!

Passado algum tempo, o senhor e a senhora Grey subiram as escadas. Elliot e eu ficamos sozinhos na sala. Eu havia esquecido que Christian poderia estar do lado de fora, na varanda. Elliot também pareceu achar que estávamos sozinhos.

— Então quer dizer que vou mesmo passar a noite aqui? – perguntei.

— Hum-hum... – murmurou Elliot cheirando meu pescoço.

— Isso é tão estranho...

— Por quê? – perguntou beijando minha garganta.

— Em Paris estávamos só nós dois. Aqui... Tem toda sua família. – Elliot finalmente alcançou meus lábios. — E eu... Acabei... De... Conhecê-los.

— Hum-hum...

— Elliot...

— Ana... – ele suspirou de volta.

Estava ficando difícil tentar falar enquanto ele me beijava. Eu estava deitada no sofá, com as pernas por cima das dele, que estava sentado. Mas agora ele mantinha minha cabeça no ar, segurando-a com uma das mãos, enquanto se inclinava para ter melhor acesso a mim. Isso não me deixava muita alternativa: ou o beijava de volta, ou falava, não dava pra fazer os dois.

Deixei Elliot me beijando enquanto sua mão livre passava pela lateral do meu corpo. Era bom, mas também me enxia de calafrios. Uns calafrios assustados.

De repente ele me tirou de cima do seu colo e me colocou direto no sofá, deitando-se em mim em seguida. O peso do seu corpo era agradável e quente, mas um sinal de alerta começou a soar no meu cérebro.

— Elliot... – chamei.

— Hum...

— Não seja irracional... – consegui dizer, segurando seu rosto a alguns centímetros de distância do meu.

— Ainda não? – ele perguntou meio sem fôlego.

Eu cogitei... Olhei rapidamente para o modo como estávamos, parecia muita, muita ousadia levando em conta o lugar. Meu vestido havia se enrolado para cima e minhas coxas estavam quase inteiramente à mostra. Enquanto eu pensava, Elliot continuava a massagear a lateral do meu corpo com uma mão. Sentia as pontas de seus dedos encostarem-se ao meu seio de vez em quando.

O que eu poderia fazer? Ia me casar com ele!

Eu sorri. Elliot sorriu para mim. Ele tinha um sorriso doce e brincalhão. Fez-me rir.

Eu estava cedendo?

Elliot começou a dispersar beijos do meu pescoço para baixo... Havia algo de terno além de ousado no modo como ele o fazia.

De repente, ouvimos o som de uma porta se arrastando e rapidamente nós dois nos sentamos. Olhei por cima do encosto do sofá e reparei que era a porta da varanda. Alguém entrava. As luzes maiores haviam sido apagadas e só havia um abajur aceso na sala, perto da lareira, que era insuficiente para iluminar a pessoa que entrava. Mas eu já sabia quem era.

Ele não poderia ter nos visto, pois a costa do sofá nos escondia. Mesmo assim puxei para baixo toda a saia do vestido e arrumei a alça no lugar. Elliot não pareceu tão envergonhado quanto eu, e passou o braço por cima dos meus ombros, mantendo-me perto.

— É só o Christian. – ele cochichou.

Assenti e nós dois vimos a silhueta de Christian passar em direção às escadas, contra a luz que entrava de uma das janelas. Ele teria nos visto ali?

— Comportem-se! – sua voz ressoou da entrada do andar de cima, servindo de resposta aos meus pensamentos.

Elliot bufou.

— Ele nos viu? Ele nos viu! – eu não sei por que fiquei em pânico.

— Acalme-se. Foi só o Christian.

— É, mas ele por acaso já tentou se deitar com uma garota na sala de estar dos pais dele? – perguntei, embaraçada.

Elliot riu.

— Christian nunca traz garotas!

— Ah é?

Elliot parecia não ter notado meu tom de interesse. Eu quase não notei.

— Vem... Vamos lá pra cima! – ele disse ficando de pé e me estendendo a mão.

— É... Mas eu vou para o meu quarto.

Na penumbra, Elliot pareceu ter expressado algum tipo de contrariedade, mas depois relaxou os ombros e disse de forma resignada:

— Tudo bem, Srta. Steele. Como queira!

***

Eu estava deitada só com as roupas de baixo, coberta pelo lençol cor de vinho do quarto de hóspedes quando uma corrente de ar entrou pelas janelas abertas. Meu cabelo foi varrido para o meu rosto e eu despertei. Levantei a contragosto para fechar a janela, o vento fazendo minha pele toda se arrepiar.

Quando me aproximei do peitoril e espiei rapidamente para fora, vi Christian Grey de pé na sua sacada a alguns metros para a direita. Ele estava nu. Meu deus, ele estava nu, de novo.

Eu paralisei. Igual na primeira vez que o vi. Eu não deveria olhar, mas um magnetismo estranho me mantinha ali. Vi as marcas das suas costas se destacando sobre o resto da pele lisa. Seu cabelo tremulava um pouco com o vento forte, mas não era longo o bastante para sair do lugar. Eu não estava certa o bastante de que eu poderia sair do lugar.

De repente Christian dá meia volta e me encara. Olha para o meu rosto e depois para algum ponto mais em baixo. Lembro-me de estar usando apenas um sutiã de renda, que não escondia muita coisa. Mas eu não me importei. Alguma coisa em algum lugar dentro de mim parecia despertar e queria que ele me olhasse, dessa vez sem eu dar chilique.

Ele voltou a olhar para o meu rosto. Seus olhos eram claros como gelo azulado, mas calorosos. Ele se aproximou da ponta da varanda, o lado mais perto que podia chegar da janela, ainda a uns três metros de distância. Senti o magnetismo aumentar.

Christian esboçou um sorriso de leve para a direita, como se pensasse em algo... Travesso. E meu coração se desbaratou a pulsar. De repente, não estava mais sentindo o frio do vento, me sentia apenas quente. E então, sem dar nenhum aviso prévio, Christian sumiu para dentro de seu quarto.

Um pesado desapontamento me atingiu. Fechei a janela e me apoiei sobre o vidro percebendo que eu tinha parado de respirar em algum momento. Soltei o ar dos meus pulmões. Um formigar carente percorreu meus braços e pernas e precisei abraçar a mim mesma para contê-lo. Foi quando alguém bateu à porta.

Como se seguisse algum estranho instinto, eu fui até lá e girei a chave. Ao ouvir o clique, a pessoa do outro lado virou a maçaneta. Dei alguns passos para trás deixando que a madeira lisa deslizasse roçando o tapete. O corpo nu de Christian se pôs para dentro de meu quarto e trancou a porta sem se virar.

Dei outro passo para trás, intimidada pelo seu porte e sua nudez. Mas ele logo diminuiu a distância, vindo em minha direção. Repetimos o processo três vezes até que caí sentada na cama, quando a parte de trás dos meus joelhos toparam com o colchão.

Christian parou a minha frente, no espaço entre minhas pernas, afastando-as. Eu tinha que virar a cabeça para cima para não ficar na direção do seu... Mas logo ele segurou meu queixo e, se inclinando, me beijou. Era como se eu fosse um pedaço de metal sendo mergulhado em algum tipo de solução muito quente. Comecei a derreter e esquentar. Minha coluna perdeu a consistência e caí na cama, sem, contudo, me desconectar do beijo do Sr. Grey.

Ele apoiou os próprios joelhos no colchão, empurrando minhas pernas pra cima e pairou sobre mim. Arregalei os olhos assustada com a posição e, enfim, com tudo o mais. Mas também, surpresa comigo mesma por não estar tentando pará-lo.

Meu sutiã pareceu apertado enquanto eu espirava com dificuldade. Meu peito quase tocando o de Christian, minhas mãos estendidas para os lados, mortas. O olhar de Grey sobre meu rosto rubro me fazia sentir envergonhada, mas ao mesmo tempo muito, muito bonita. Ele começou a sorrir, mas o sorriso virou uma mordida em seu próprio lábio inferior... Eu queria... Eu quis morder lá também. Depois, ele sorriu percebendo minhas reações mínimas e se mexeu. Não vi como foi, mas senti algo encostar entre minhas pernas.

— Srta. Steele, - ele falou com uma voz áspera. — Isso, sim, é ousado.

***

Acordei assustada. Muito assustada. A respiração superficial e as mãos tremendo. Levou alguns segundos até eu perceber onde eu realmente estava. Era o quarto de hóspedes dos Grey, a colcha e os lençóis vermelho-vinho. Só que eu estava coberta, devidamente coberta, e vestida com uma calcinha de algodão e um top de ginástica.

Não havia Grey. Não havia Grey. Não havia Grey.

Sentei-me na cama, aturdida. Eu estava quente e sentia algumas partes do meu corpo pulsarem, longe do meu coração. Eu estava... Não, não podia ser... Foi um sonho... Não teria a capacidade de me deixar...

— Ai caramba! – arfei.

Precisava voltar para a realidade! Precisava!

Afastei os lençóis de mim e fui até o banheiro do quarto. Não era tão grande como o outro e não tinha uma hidromassagem, só uma banheira comum. Mas eu não precisava relaxar, precisava despertar, despertar meu corpo para a realidade, não para a fantasia do sonho.

Depois de tomar um banho frio, vesti a bermuda jeans e uma camisa de mangas médias. Meu corpo havia se acalmado. A única coisa que eu conseguia pensar era que estava indo embora desse lugar em alguns minutos. Já era de manhã e eu poderia fazer os Grey entenderem que eu tinha que trabalhar. Será que eles já estariam tomando café?

Prendi meu cabelo num rabo de cavalo e pendurei minha bolsa num ombro enquanto saía do quarto. Quando fechava a porta, uma voz falou atrás de mim:

— Bom dia Anastasia.

Dei um salto no lugar, alarmada, e me virei. Era ele. Era Christian.

— Você! – respondi. Uma parte do meu cérebro revia as cenas do sonho, outra parte me alertava que ele não tinha culpa de nada, era só um sonho. Mas por que um sonho com ele?

— Sou seu vizinho de quarto! – ele deu de ombros, inocentemente. — Assustei você?

— Um pouco.

Ele estava vestido de forma muito confortável, parecia que ia sair para fazer algum exercício. Camisa, casaco com capuz e calça de moletom que, a propósito, lhe caía bem demais a partir dos quadris.

Ana!

— Perdeu alguma coisa, senhorita Steele? – ele perguntou, parecendo divertido.

Percebi que eu estava olhando para a calça dele. Ruborizei na hora e virei o rosto para o chão.

— Não. É que... Estou indo embora. Sabe onde estão os outros?

— Provavelmente à mesa do café, na varanda. – respondeu de maneira simplista. Não foi o mesmo tom que usou logo depois. — Já comeu Ana?

— O que?

— Dejejum.

— Não. Eu estou indo embora.

— Hum... Então vá comer.

— Está me dando ordens Sr. Grey? – perguntei um pouco incomodada.

Christian pareceu quase sorrir.

— É só um conselho senhorita Steele. Aproveite para comer alguma coisa antes. – ele piscou um olho e seguiu pelo corredor.

Algum alerta soou na minha cabeça. Eu só não sabia identificar se era perigo ou outra coisa. Mas a final, por que eu sonhei com ele? Por quê? Será que fiquei tão impressionada assim com nosso primeiro encontro?


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler! Sua opinião é importante, então, o que acha de deixar um comentário? (:



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