Travelling in times escrita por Vick Grason


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, o capítulo estava todo no papel, mas enfim... aqui está o capítulo. Aproveitem e escutem a música que deixei aí no meio. :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/596183/chapter/5

31 de Outubro, 2014 ( Narrativa de Sam )

Era como se tudo o que me impedia de respirar desaparecesse. Não custava tentar. Suspirei. Estava livre. O peso sobre meus olhos aliviou, então se abriram. Meu corpo deitado num caixão. “Mas o que é isso?”, me perguntei. Ao meu redor um salão velho e três adolescentes vestindo roupas estranhas me olhando boquiabertos. Uma japonesa, um garoto de cabelos loiros bonitinho e um garoto negro com dreadlocks nos cabelos. “Quem são eles?”, pensei. Todos os meus pensamentos foram interrompidos pela visão do garoto bonitinho segurando uma adaga com sangue, meu sangue, a adaga que agora não estava mais atravessada nas minhas costas até minha barriga, mas em suas mãos.
Num movimento rápido, agarrei as laterais do caixão e saltei para fora como um dos zumbis do videoclipe "Thriller" de Michael Jackson. A asiática gritava desesperada. Agarrei o pescoço do loiro.
–Ah!- gritou ele com meu ataque em segundos.
–O-QUE-VOCÊ-FEZ-COMIGO-SEU-DESGRAÇADO?- gritei.
–Por que? Você queria ficar com essa coisa enfiada em você? –perguntei tentando se livrar da minha mão ficando vermelho sem ar.
–Então quer dizer que não foi você que colocou a adaga em mim?- disse soltando um pouco o pescoço dele.
–Não! Quem você é afinal? É muito estranho você estar dormindo com uma adaga enfiada em você...- comentou ele.
–Isso aqui está muito confuso...-disse a japonesa.
–Eu sou Samantha, mas pode me chamar de Sam, e vocês são...?- falei me arrependendo desde já de ter anunciado minha identidade á completos estranhos.
–Essa é Sabrina , esse é Daniel e eu sou o Nick.- respondeu o loirinho.
– Que dia é hoje?- perguntei.
–31 de Outubro de 2014.- respondeu o "Bob Marley".
O ar me faltou aos pulmões, desde que a sede por sangue surgira, não havia tido mais ataque de asmas, mas aquilo foi como se tivesse sido empurrada de uma escada. Tudo o que conhecia provavelmente não existia mais. “Meus pais!”, foi a primeira coisa na qual pensei.
–Tem certeza que não é 1985?- perguntei com medo da resposta.
–Sim, tenho plena certeza que estamos no século XXI.- respondeu Nick olhando para os outros como se eu estivesse bêbada ou algo do tipo, se eu fosse ele acharia o mesmo.
“O que tinha naquela adaga que me fez adormecer por vinte e nove anos?”, pensava.
–Você está bem? Você está pálida...-disse Sabrina.
–Digamos que faz vinte e nove anos que não como nada...- respondi.
–Como assim? Você está drogada?- perguntou Daniel.
–Posso confiar em vocês? Se não, terei que mata-los.- expliquei seriamente, uma ótima desculpa para ter meu primeiro banquete depois da garçonete há vinte e nove anos.
– Acho que sim então...- respondeu Nick.
– Acredito que dormi nesses vinte e tantos anos, pois nasci no ano 1969 e tenho dezesseis anos, era 1985. Sou uma...- fiz uma pausa dramática com receio de suas reações- vampira.
Daniel simplesmente soltou uma gargalhada e a japonesa apenas revirou os olhos.
–Prova então.- pediu Nick, o único que continuava me olhando seriamente.
Aproximei meu lábios do pescoço do garoto. Meus caninos de vampira surgiram instantaneamente e fisguei a pele macia dele.
–Ai! Isso dói!- reclamou o garoto.
Afastei-me de seu pescoço e olhei fundo nos seus olhos azuis, e ele nos meus. Abri minha boca e ele viu, gotas de seu próprio sangue molhando meus dentes. Seus olhos cor-piscina arregalaram.
Mal podia acreditar, pela primeira vez havia me controlado. Aquilo era estranho.
–Acho melhor a gente ir embora...- comentou Sabrina, assustada.
–Eu acho que preciso de ajuda...-falei- estou fraca!
–Tem um jantar lhe esperando do outro lado da rua. -disse Daniel sinistramente.
A cena de um banho de sangue surgiu em minha mente. Era tentador.
– O que estamos esperando então?- disse.

1 de Novembro , 2014 ( narrativa de Nick Clark )
3H00 a.m

A vampira, como uma predadora, atraía suas vítimas ao beco ao lado da fábrica aonde ocorria a rave. Os outros preferiam ir embora, mas eu, estava encantado com Sam. Estava escondido atrás de um latão de lixo a vendo devorar sua refeição. Daniel e Sabrina realmente acreditaram que ela apenas iria beber um pouco de sangue, eu admito que também, quando ela facilmente se controlou ao morder meu pescoço.
Observava sua pele morena sob a luz do luar. Seus lábios finos vermelhos pelo sinistro batom chamado sangue. Seu olhos castanhos direcionados á presa, esfomeados com um brilho incandescente. Seus cabelos ondulados sobre os ombros. A vítima, um rapaz de uns vinte anos, caiu morto no chão. Eu conseguia enxergar o sentimento de culpa tomando conta dos olhos de Samantha.
Sam olhou para os dois lados procurando saber se alguém a espionava. Então ela marchou na direção do latão com determinação, meu sangue gelou. A vampira chutou o latão para o outro lado da rua sem saída.
– O que você está fazendo aqui?- esbravejou ela.
Levantei-me e comecei a gaguejar.
–É.. então...eu...
A garota simplesmente me prensou contra a parede pelo colarinho e seus lábios ficaram milímetros de meu rosto, seus olhos focaram nos meus. Conseguia sentir o hálito de sangue saindo de sua boca. Eu estava sendo atraído a ela. Então ela me deu um tapa, não um simples tapa, mas um tapa daqueles.
–Nunca mais me veja assim!- disse ela antes de sair andando.
–Aonde você vai?- perguntei.
–Procurar meus pais, eles devem estar bem preocupados.- respondeu ela inocentemente.
Isso se ainda estiverem vivos...”,pensei.
–Eu vou com você então, vamos de carro- avisei acelerando o passo para alcança-la, guiado por algum impulso que não sabia qual era, mas o segui.

https://www.youtube.com/watch?v=QXwPUYU8rTI&list=RD7hxIGKNhW1Q&index=4 ( ouvir enquanto lê )
Caminhamos até minha Hilux cabine dupla preta.
–Esse aí é o seu carro?- questionou ela quando finalmente chegamos até o veículo.
–Sim, por que?
– Bem diferente do meu companheiro e velho amigo
Corcel II GT. – respondeu ela me fazendo rir.
Entramos então no carro e dirigi por algumas quadras. A noite estava calada. Chegamos á uma casa laranja e o rosto de Sam tornou-se nostálgico.
–É aqui.
Parei o veículo do outro lado da rua e descemos. Samantha se aproximou com cautela da janela da frente e a acompanhei.
–Cadê o Yin Yang da minha mãe? Ficava aqui no vidro.- disse ela para si mesma.
–Ela deve tê-lo mudado de lugar- falei tentando acalmá-la.
Alguns segundos depois, as luzes da cozinha foram acesas. Corremos para longe da casa, mas podemos ver uma mulher branca e loira vestindo um roupão branco com um copo d’água na mão.
–Você a conhece?- perguntei.
–Não mesmo.- ela disse.
–Seus pais podem ter se mudado de casa ou cidade...-comentei.
–Eles viviam reclamando da casa, mas nunca iriam se desfazer dela...- disse ela quase num sussurro.
– Podemos ir no cartório quando amanhecer se você quiser, para ver aonde estão morando agora.- sugeri.
–Pode ser.- falou ela meio ao bocejo.
– Vampiros dormem? –perguntei.
–Sou novata nisso, não tive tempo para descobrir muita coisa, logo enfiaram aquela coisa em mim. Mas eu não preciso mais de meus óculos, nem sei onde estão ,nem da bombinha de asma. Só sei que estou com sono. –respondeu ela.
–Vamos embora daqui... está ficando tarde- comentei quando uma tempestade começou a cair.
–Vamos.
Entramos no veículo novamente. O barulho da chuva caindo sobre o teto do carro dava um ar de tranquilidade, talvez fosse por isso que Sam caiu no sono no meio do caminho. Quando o farol ficou vermelho, tirei minha jaqueta, mesmo não tendo certeza de que ela sentisse frio, coloquei sobre Samantha que dormia no banco de passageiro com o rosto apoiado na janela do carro.
Sam era diferente de todas as outras garotas que havia conhecido, não só porque ela se alimentava do sangue de pessoas e tinha a idade de meus pais, mas seus olhos eram cheios de vida, seu modo de agir, sua alma bela e velha, estava acostumado com garotas que exibiam suas roupas de marca e eram completamente fúteis. O jeito como Sam tirava a vida de suas vítimas, sentindo culpa a cada mordida. Algo fazia-me querer conhece-la melhor.
Abri o portão da garagem e entrei com o carro. Meus pais não podiam vê-la, ela teria que ficar no carro, o vidro filmado nesse caso iria ajudar. Desci da Hilux ,peguei um travesseiro e um cobertor no armário da garagem.
–Sam-chamei tentando acordá-la.
Seus olhos se abriram como uma criança que acorda assustada. Sua face estava amassada com semblante de sono. Ela não parecia uma vampira. Parecia uma adolescente normal.
– Que foi? –perguntou ela.
– Você terá que dormir no carro, por causa dos meus pais. Se quiser pode dormir no banco de trás. Trouxe travesseiro e cobertor.
–Ok. É gentil de sua parte.- falou ela sorrindo pela primeira vez.
– Te vejo amanhã então...- comentei antes de sair.
– Te vejo amanhã...-comentou ela num sussurro de cabeça baixa ainda sorrindo.

Nick Clark


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem , assim poderei saber do que vocês gostaram na história e do que poderia melhorar. Quero saber se há algum ser vivo aí do outro lado da tela ok? Haha...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Travelling in times" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.