Will

Felizmente, minha querida e estúpida irmãzinha havia retornado. E não quis responder nenhuma pergunta.

Ela e Melody haviam saído para “patrulhar” a área, embora eu tenha certeza de que o propósito era pôr a conversa em dia.

Stela e Night estavam brincando de – céus, qual é o problema desses dois –lutinha. Jack –aquele preguiçoso imprestável –estava tirando um cochilo . Restavam apenas eu e Sadie.

Ela estava de costas para mim, observando o horizonte do pôr-do-sol com seus olhos com de sangue.

Eu, que estava até agora sentado, me levantei e caminhei furtivamente até ela, mas recebi no rosto uma rajada de terra, comprovando que a mesma tinha conhecimento de meus movimentos.

Sentei à seu lado.

 -Não precisa ser assim. –Falei sem pensar.

Ela com certeza tinha entendido, mas levantou uma das orelhas, como se um miado tivesse saído de minha boca.

“Você fala como se fôssemos os únicos aqui. ” E então sorriu, os olhos transbordando de raiva “Assim, você já teria tentado. E o que eu poderia fazer para impedir, já que essas cicatrizes já não lhe servem mais de lição? ”

E com toda a linguagem corporal emanando ódio, ela foi se deitar ao lado de Jack.

Voltei a ser um fantasma no bosque: escuro, frio e silencioso.

Jack

Melody e Moon retornaram, com tristes sorrisos em seus focinhos. Sadie se ofereceu para sair comigo pela região. Will me fuzilou com o olhar enquanto Melody se aconchegara junto dele.

 -Vamos! –Disse Sadie rispidamente

Eu a segui, e desaparecemos entre as árvores escuras e retorcidas, que deixavam o chegar da noite ainda mais intimidando do que deveria ser, já que lobos são criaturas da escuridão. Ela vasculhava o breu com olhos, brilhantes, atentos e desconfiados.

Caminhávamos como se tivéssemos sido programados para isso, o que provavelmente era verdade. As almofadas de nossas patas se atracavam aos grãos de terra e nossas narinas sugavam cada poro do ar.

Então, de repente, um som.

O odor de carne fresca invadiu meus pensamentos. Um rato, ou talvez um esquilo.

Sadie, que pareceu farejar a mesma coisa, começou a rosnar, girando a cabeça. Perguntei qual era o problema.

—Há um animal morto aqui, certo? –Sussurrou ela, cautelosa –Então, quem o matou?

Engoli em seco. Boa pergunta.

Olhos brilhantes piscaram na escuridão à nossa frente. Me preparei para o pior.

A luz da lua revelou uma raposa, e a seus pés havia algum tipo de roedor, morto recentemente.

Sadie

Jack obviamente se preparava para dar as costas e deixar a criatura em paz, mas eu não.

Aquela raposa havia cruzado meu caminho, e iria pagar por tanto azar.

Saltei sobre ela, que já não estava lá.

Girei a cabeça, rosnando para o nada. Era a vez de ela atacar. Senti um formigamento na cauda, como se dezenas de pequenas agulhas a espetassem. Me virei, apenas para levar uma dentada no rosto. Agarrei-a pelo pescoço e comecei a apertar, mas ela se contorceu, chutando e arranhando meus ombros, e fui forçada a soltá-la.

A ágil raposa deslizou por minha barriga e mordeu uma de minhas costelas. Soltei um latido ultrajado. Quase perdi o equilíbrio quando ela arranhou minhas costas, espalhando tufos de pelo preto pelo solo. De repente, algo a empurrou contra uma árvore. Jack!

A raposa ganiu e desferiu uma patada em seu rosto. E então fugiu.

Voltei a assumir minha postura confiante de sempre.

—Obrigada... –murmurei, e em seguida acrescentei, ferozmente:

“Se contar isso a alguém...”

Ele soltou uma risada curta e lambeu as marcas de mordida em meu rosto.