Miss Simpatia escrita por Little Queen Bee


Capítulo 5
Central Park




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POV. Josh

Ás oito da manhã eu já havia levantado. Eu sentia-me bem em relação à ressaca de quinta. Minha cabeça não doía mais. Tomei uma ducha e vesti uma roupa para ir correr. Uma nova rotina: tentar ser mais saudável. Meu irmão, o mais novo, vive me avisando para tomar cuidado com as bebidas. Meu tio assustou tanto a família entrando em um coma alcoólico. Então para não seguir o caminho dele vou tentar não beber mais nas festas, ou pelo menos não beber tanto.

Não sou muito fã de tomar café em casa, por isso separo um dinheiro para ir a uma cafeteria. Visto uma roupa confortável e prendo meu IPod em meu braço.

Corro alguns quarteirões até chegar ao Central Park. O movimento já era bem maior nas ruas. Muitas pessoas vêem correr aqui. Um lugar onde se pode respirar ar puro pela manhã.

Ao passar correndo por um casal, que estava se agarrando, veio-me a cabeça agora. Ontem foi uma das raras vezes em que eu vou ao bar e não transo com alguém. O que tem de garota piranha nessa cidade, que se joga em cima de mim e quer abrir minhas calças logo na noite que a gente se conhece, não está no papo. Não vou negar que eu também dou em cima de muitas delas. Mas me surpreendeu a garota que eu conheci ontem a noite, Daphne. Bom, ela estava bêbada, mas nem assim tentou se jogar em cima de mim. Parecia que apenas precisava de alguém para desabafar e fiz o mesmo. Ela era diferente. Loira dos olhos claros. Uma garota linda que não me deu a maior bola. Essa história da mãe dela não deixar a filha namorar porque quer que ela seja Miss Universo é loucura. Apesar de não falar tenho quase certeza de que ela não quer isso.

Continuo correndo ao sons de Capital Cities. Eu estava tão distraído pensando em apenas um copo d’água gelada, pois eu suava tanto, que não vi a criança que passará correndo em minha frente e me fez esbarrar nela. Tirei os fones e abaixei para ver se a criança estava bem.

– Você está bem, amiguinho? Se machucou? – perguntei e ele balançou a cabeça em negativa. Olhei para os lados em busca de alguém vindo atrás da criança, mas não havia ninguém. – Onde está sua mãe?

– Não sei. Eu corri atrás do moço do sorvete e não consegui mais encontrar minha mãe. Me ajuda a encontrá-la? – disse ele com um desespero em seu rosto.

– Ta legal. Fique calmo. Vamos nos sentar ali no banco. – falei. Sentei ao seu lado no banco e peguei meu celular. – Qual o seu nome?

– Luke.

– Eu sou Josh. Sua mãe tem celular, Luke? – ele assentiu. – Sabe o número dela?

– Sei. Cinco, cinco, cinco, sete, oito, dois, seis. O nome dela é Cheryl. – disse o menino e digitei os números no celular.

– Fique sentado aqui. Vou tentar ligar para ela. Não saia daqui. – ordenei.

Levantei para ter um bom sinal na ligação. Chamou, chamou e finalmente alguém atendeu.

– Alô?

– Bom dia, é a Cheryl que está falando?

– Sim. – pude sentir na voz dela que estava nervosa e deveria estar torcendo para que fosse alguma notícia do filho. – Quem deseja?

– Sou Josh Parker, eu encontrei seu filho Luke aqui no Central Park perdido.

– Ai! Graças á Deus! Ele está bem?

– Está sim.

– Onde vocês estão?

– Perto do lago.

– Chego aí em dez minutos.

– Está bem. Estamos esperando. – falei e então desligamos. Eu estava retornando para o banco quando esbarrei em alguém que estava correndo. Ambos caímos. A pessoa havia caído em cima de mim. Mas só em tão pude ver quem era. – Esbarrando em mim de novo Daphne Campbell? – falei e então rimos.

– Ei, não é só eu a distraída aqui, não ok? – ela comentou, rindo. Ajudei-a se levantar.

– Melhorou da ressaca de ontem?

– Nunca tive ressaca forte igual a sua, Josh Parker. – disse ela limpando sua roupa. - Aliás fazia tempo que eu não bebia igual ontem.

– Sei... – falei em implicância voltando a sentar no banco.

– Você só me conheceu ontem, não sabe direito.

– Isso é verdade. Espere um segundo. – falei e me voltei para Luke, que queria notícias de sua mãe. – Sua mãe chegará aqui em dez minutos.

– Está bem.

– Quem é? – perguntou Daphne, sentando-se ao meu lado.

– Um menino que está perdido de sua mãe, mas ela já está vindo. Ele é o Luke.

– Oi, Luke. Sou Daphne. – disse ela estendendo a mão para o menino, que apertou a mão da mesma. – Como se perdeu de sua mãe?

– Eu fui atrás do moço do sorvete e quando fui chamar minha mãe não consegui encontrá-la.

– Entendo. – respondeu Daphne.

Ficamos em silêncio esperando a chegada da mãe de Luke. Olhei para Luke, mas ele estava concentrado em outra coisa. Segui seu olhar e lá estava o carrinho de sorvete.

– Luke, você ainda quer um sorvete? – perguntei.

– Sim. – ele me olhou todo alegre.

– Então vamos lá. – levantei-me do banco com ele. – Venha Daphne. – chamei-a.

Paramos em frente ao carrinho. Luke estava alegre. Ele escolheu um sorvete de morango e eu um de chocolate. Sinceramente não me importei de pagar um sorvete para uma criança que eu mal conhecia.

– Quer um também, Daphne?

– Não. Obrigada!

– Vamos. Só unzinho. – insisti.

– Não posso.

– Se o seu medo é engordar é só tomar o mais light que tiver. Anda, um dia não faz mal. E podemos correr para compensar. – insisti até que ela cedeu.

– Okay, vou querer um de chocolate.

– É isso aí. Três picolés, por favor. - pedi

O homem da barraca me deu os três picolés e eu os paguei. Retornamos ao banco. Ficamos um tempo em silencio, apenas apreciando a paisagem e os sorvetes.

– Fazia tanto tempo que eu não tomava um picolé. – disse Daphne. E podia ver a alegria e prazer em comer algo do tipo.

A mãe de Luke chegou quando estávamos no final do sorvete. Ela correu para ver o filho, abraçá-lo fortemente, beija-lo e definitivamente não solta-lo mais. Um amor sem explicação. E se estou preparado para isso? Para compreender esse amor? Definitivamente não sei. Desvio o olhar. Daphne estava meio fissura com o que via.

– Você está bem, meu amor? – perguntou Cheryl, acariciando os cabelos de Luke e não lutando para segurar suas lágrimas.

– Estou sim, mamãe. – disse Luke.

– Você comprou um sorvete?

– O tio Josh comprou um pra mim.

– Mamãe nunca mais vai tirar os olhos de você. – prometeu ela e junto com Luke se voltou para mim. - Não tenho como agradecer vocês.

– Não precisa agradecer. – falei.

– Bom agora vamos embora. – Cheryl disse para Luke. – Muito obrigada mesmo. Que Deus abençoe vocês.

– Á você também. – falei em uníssono com Daphne.

Depois jogamos as embalagens dos sorvetes fora e damos uma volta no lago sem dizer nada. Até eu quebrar o silêncio.

– Então quer dizer que você corre por aqui, Campbell? – perguntei e começamos a acelerar o passo.

– Todos os dias para manter a forma. – respondeu ela.

– Eu comecei a correr hoje. To tentando ter uma vida melhor do que ficar com ressaca atrás de ressaca.

– São raras as vezes, que eu bebo demais. Não quero ficar com barriga de cachaça.

– Barriga de cachaça. Até parece que você vai ter. – começo a rir. – Se cachaça desse barriga eu já estaria gordo, que nem um infeliz. – falei levantando a blusa e olhando para minha barriga.

– Essa barriga lisa definida, toda sarada não vai ficar que nem uma de cachaça. – ela comentou ironicamente e me surpreendi. Pude ver que Daphne, depois de seu comentário, ficou meio sem graça.

– Bora acabar com a ressaca. Vamos aumentar o ritmo. – falei começando a correr e Daphne me acompanhando.

Depois de dar uma volta inteira no Central Park, paramos e nos sentamos. Recuperei o fôlego. Daphne não parecia nem um pouquinho cansada. Com certeza já deve estar acostumada.

– Já tomou café da manhã? – perguntei.

– Ainda não. – ela respondeu.

– Eu também não. Vou ao Starbucks, você quer ir comigo?

– Não sei, não. É que... – ela disse meio relutante.

– Vamos Daphne, eu não estou lhe chamando para sair, estou apenas convidando-lhe para tomar um café. Você teria coragem de deixar uma pessoa tomar café sozinha no Starbucks? - digo ironicamente, fazendo uma chantagem, até que ela finalmente ri.

Andamos mais algumas quadras e chegamos à cafeteria. Entramos na fila para pedirmos o que queríamos. Donuts, muffins de diversos sabores, tortas, sanduíches, waffles, e etc e vários tipos de café.

– Nossa quanto tempo que eu não como waffles. – falei fitando a comida na vitrine do balcão.

– Vou confessar. – disse Daphne na fila. – tenho um vício em cafeína.

– Mais do que é viciada em álcool? – perguntei.

– É diferente. Não sou viciada em álcool, só ultrapasso os limites quando estou estressa... – ela parou e pensou um pouco. – Ta, sou um pouco viciada, mas não uma alcoólatra. – tive que rir um pouco, não como deboche da situação, mas pelas tentativas falhas de se explicar. – É sério. Não se baseie em ontem a noite. Não faz nem um dia que você me conhece direito, Parker.

– Acredito em você. Fica tranqüila.

Nossa vez chegou. Fiz o meu pedido e me surpreendi com o Daphne. Superestimei ela achando que escolheria no máximo um café. Ela notou meu olhar sobre ela e se explicou.

– Que? Não é só porque eu concorro a Miss Nova York que não posso exagerar só um diazinho. – ela piscou para mim. – Não foi você mesmo que disse?

– Na minha opinião você nem precisa fazer essas dietas. É linda de qualquer jeito. – falei e senti o rubor sobre mim. Que? Que merda eu falei? Daphne me olhou um pouco assustada e sem graça.

– Obrigada. – disse ela.

Ficamos em silêncio, enquanto pegamos nosso café da manhã. Levamos as bandejas com chocolate quente e café gelado, e repleta de guloseimas para a mesa. Sentamos em nossos devidos lugares e começamos a comer em silêncio. No meio da refeição Daphne quebrou o silêncio.

– Achei fofo o que você fez pelo Luke.

– Não foi nada demais. Fiz o que qualquer pessoa faria.

– Nem toda pessoa faria isso. Você manteve a calma ligou para a mãe dele, comprou o sorvete que ele queria. Isso foi fofo.

– Não fiz mais do que eu deveria. É sério. – ficamos um tempo em silêncio enquanto nos alimentamos. – Mas você tem uma paixonite por crianças que eu notei.

– Sim, não posso negar. Sempre sonhei em ter um irmão ou irmã, mas nova, mas acabei sendo a caçula. – Ela tomou um pouco de seu café gelado antes de me perguntar: - e você, tem irmãos?

– Sim, um irmão, Jared, ele é o caçula. Aos dez estava eu trocando as fraldas dele. Senti um pouco de ciúmes no início, mas aos poucos me acostumei com a ideia, e hoje não sei o que seria de mim sem ele.

– Que lindo! – disse Daphne encantada. - Eu sou tia, sabia? Aqui a foto da minha sobrinha. – ela me estendeu seu celular com uma foto de uma neném rechonchuda dos olhos claros, com alguns traço parecidos aos de Daphne.

– Nossa, que bebê linda.

– Não dá vontade de dar um aperto nela? – disse ela rindo e pegando o celular de volta. – Acho que não vejo a hora de ser mãe. Sinto-me envergonhada por não lembrar se me despedi de você ontem. – Daphne disse com a mão na testa demonstrando vergonha, e deixei um pequeno riso escapar. – É sério, seria falta de educação.

– Fica tranqUila, você se despediu sim, se despediu de todo mundo. – falei dando enfase à palavra "todo".

– Que vergonha! – ela falou se voltando para seu prato

– Não precisa ter vergonha. Você só subiu no banco e se despediu. Grande parte nem ouviu.

– Acho que isso já é um consolo. - diz ela e terminamos nossos últimos resquícios do café, até um cara se aproximar de nós.

– Daphne? É você? – perguntou ele.

– Claro...- disse Daphne se levantando para cumprimentar- Como vai, Christopher?

– Bem, bem. Eu chamei Wendy para sair comigo, você não gostaria de vir com a gente, não? – perguntou o cara. Quê?! Que tipo de convite é esse onde já se viu chamar alguém pra ficar de vela?

– Não vai dar Christopher. Hoje já vou sair. Desculpe. – disse ela se recusando. Sinto um pouquinho de mentira aí.

– Mas, mas... Com quem?

– Com... – agora Daphne foi pega. Mas quando olhou para mim uma luz se acendeu em seu rosto. – Com o meu amigo Josh. Não é mesmo?

– Claro. – concordei com a maior calma.

– Ah, então tudo bem. Bom, eu vou lá, ok? Fiquem bem. – disse ele.

– Você também. – falei em uníssono com Daphne.

– Quem esta cantando alguém agora, hein?

– Ah deixe disso! Só falei aquilo para me livrar dele. Não quero mais sair com ele e ele não entende isso.

– E quantas vezes vocês saíram?

– Uma. – respondeu ela.

– E ele que está assim nesse grude e você querendo afastá-lo? Que controvérsia. – falei em ironia

– Não é? Não é só vocês homens que não gostam de se envolver. – respondeu ela também em ironia. – Bom já esta na minha hora. Vou indo, que eu tenho que trabalhar.

– É, eu também. – falei em total desânimo. Daphne se aproximou de mim e me deu um beijo na minha bochecha.

– Tchau. Achei muito lindo o que você fez hoje. – disse ela.

– Já falei que não foi nada demais. Tchau. – dei um beijo no rosto dela, que mesmo depois de muito exercício físico exala um cheiro doce e suave.

– Você que pensa. - Ela piscou o olho para mim e foi embora.

Fiquei um tempo ali, só mexendo no celular. Procurei Daphne no Facebook, entre os amigos de Eliza. Adicionei-a e peguei seu e-mail, não para convidá-la para sair, mas para conversar mais. Eu gostei, sabe? Afinal, não convido nenhuma garota que eu saí para ser minha amiga no Facebook, e ter meu e-mail. Volto para casa e apronto-me para o trabalho.


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