Miss Simpatia escrita por Little Queen Bee


Capítulo 3
Quem sabe?




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POV. Josh

Acordei pela manhã sem saber direito onde eu estava. Senti um peso no braço e havia uma garota deitada sobre ele. Se eu conheço ela? Nem dos meus sonhos. Olhei para meu corpo e eu estava nu. Eu devo ter bebido muito ontem pra não lembrar de nada.

Retirei meu braço cuidadosamente para não acordar a desconhecida. Recolhi minhas roupas que estavam jogadas pelo chão e vesti-as rapidamente. Peguei meus sapatos, minha blusa e sentei-me cuidadosamente em uma cadeira para colocá-los. Fui andando de fininho até a porta. Saí do quarto e só então percebi o quanto eu bebi. Não me lembro de ter entrado aqui. Não me lembro de ter transado com essa garota, ou de ter conhecido ela. Girei a chave para abrir a porta da sala.

– Ei. O que está fazendo? - virei-me para a pessoa. A mulher estava nua, coberta apenas com um lençol.

– Hã... Oi. Você acordou? - falei como quem estivesse esquecido de que ela dormia.

– É... e você está metendo o pé? – perguntou ela, sentando-se no sofá da sala. Bufei. Não dava mais pra mentir.

– Olha. Isso foi um erro. Desculpa. Eu não me lembro nada de ontem. Eu não devia ter feito isso. Eu bebi de mais. E eu não quero nada sério. Podemos ser amigos?

– É, claro... – ela falou com uma voz gentil. Estranho. Muito estranho. Ela se levantou do sofá e veio em minha direção.- Que não! Caí fora daqui! Anda, caí fora! – disse ela me empurrando para fora do apartamento e batendo forte a porta.

Suspirei e coloquei minha blusa. Saí do prédio e tentei localizar onde eu estava. Até que eu não estava tão longe assim de casa. Andei mais algumas quadras até chegar a uma cafeteria. Pedi um café bem forte. Rasguei o sachê de açúcar e coloquei em meu café. Esfreguei meus olhos por conta do sono. A ressaca hoje seria braba, mas graças á Deus é sexta-feira.

Olhei para o relógio e voltei para casa. Eu dividia um apartamento com um colega de faculdade. Joguei as chaves em cima da mesa e corri para um banho. Só a água gelada que me fez despertar. Saí do banho e olhei minha barba no espelho, só então reparei na marca vermelha no meu pescoço. A filha da mãe da mulher me deu um baita de um chupão enquanto eu estava no delírio do álcool. Enrolei a toalha em minha cintura e fui caçar uma roupa para trabalhar.

Coloquei a blusa e peguei minha câmera que estava jogada no sofá. Apanhei minha carteira e saí de casa. Andei algumas ruas até o metrô. Ele estava lotado, como o normal. Eu trabalho como fotógrafo para a Poise Magazine, mas faço faculdade de jornalismo. Alguns anos atrás eu fazia um curso de fotografia porque eu tinha sonho de viajar por toda a Europa e tirar fotos das paisagens mais belas. Mas aí eu tive que acordar pra vida e ver que não seria tão fácil assim.

Bufo no meio da multidão. Minha mãe sempre pergunta quando levarei a vida a sério, quando irei parar com uma garota e apresentá-la para a família. Ninguém entende que quero curtir, mas todos acham que já estou velho demais para isso. Imagina! Olha o George Clooney, só foi aquietar o amiguinho dele agora com cinquenta e três anos. E eu só tenho metade da idade dele.

Desci na estação da 5ª avenida, que fica bem em frente ao prédio da revista. Entrei no enorme prédio e bati meu ponto. Parei na recepção do escritório da Poise e peguei minha câmera.

– Aí está minha estrela do dia. – finjo estar fotografando Rosalie. A senhora que sempre fica na recepção e que me trata como se eu fosse seu filho.

– Não gosto de fotos. Já disse. – disse Rosalie tampando o rosto. Então baixei a câmera.

– Mas por quê? Você é linda, Rose. – falei dando um beijo em sua bochecha.

– E você um galanteador. – disse ela retribuindo o beijo. – Vá logo antes que se atrase.

– Já é. Bom dia, minha flor.

Peguei o elevador para os escritórios. Saí do elevador e andei mais alguns corredores até um salão repleto de mesas. Sentei-me em minha mesa, que ficava no canto do salão e procurei minha pasta de fotos que entregaria essa manhã. Dei uma última olhada antes de entregá-las. Todas ótimas. Eu começava a ficar com dor de cabeça por conta da ressaca. Apoiei a cabeça em minhas mãos, tentando amenizar a dor.

Meu celular tocou e guardei as fotos na pasta, deixando-a de lado.

– Fala, Brian. – falei. Brian era um dos meus melhores amigos que estavam comigo desde o colegial.

– Fala aí, Josh. Bora no Cesario’s hoje á noite? Vai geral da faculdade hoje lá, porque é aniversário de um moleque do curso de medicina.

– Sei lá, cara. To com uma ressaca braba. Eu só não fico na cama, por que eu tenho que me sustentar. – disse passando a mão na testa.

– Bora, cara. Fica de ressaca tudo junto. Ressaca de quinta, sexta, sábado e descansa domingo. Bora, vamos pegar umas gatas lá.

– Eu nunca mais pego ninguém e fico bêbado ao mesmo tempo. Se bem que não tem diferença dar fora bêbado e sóbrio. Então eu topo.

– Já é. 20:00 lá. Valeu? Tenho que desligar. Até mais tarde.

– Até mais, cara. – despedi-me e voltei-me a concentrar no trabalho.

Grudada entre a divisória das mesas, ou devo dizer, mini-salas, estava uma foto e minha família. Meu coroa, minha mãe, meu irmão mais novo e eu. Todos reunidos para o natal alguns anos atrás. Meu pai e minha mãe ficam me perturbando para que eu leve a vida mais à sério.

Jared é meu irmão mais novo e não há nada que eu não faria por ele. Eu ansiava muito por sua chegada. Acho que é um instinto de irmão mais velho. Sei lá. Sentia-me sozinho e necessitava de um companheiro para toda a vida. Hoje em dia só vou na casa da minha família por causa dele, porque se depender dos meus pais, apareço lá só no próximo século. Sempre quando as coisas ficam pesadas para meu irmão, eu o chamo para passar uns dias comigo em meu apartamento. Ele é apenas um adolescente e eu sempre lhe dou conselhos, como: Nunca faça nada do que eu fiz. Não sou um exemplo a ser seguido, apesar de ele achar que eu sou. Aos vinte e seis anos mal sei o que fazer da vida.

Tive sorte em escolher um curso descente, quase já passando da hora. Não sei quando chegará a hora de tomar uma decisão. Talvez demore. Não sei se essa iniciativa vem de mim. Quem sabe?


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