As If It Were The Last Day - 1ª Temporada escrita por PrisReedus


Capítulo 4
Breaking rules.




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– Por que resolveram ficar num canto sozinhas? - pergunta Ana segurando as varetas da barraca onde ela e Drake dormiriam, enquanto o mesmo montava os aposentos deles.

As primas Barthelemy dão um sorrisinho se desculpando , enquanto cada uma montava a própria barraca.

– Grupos assim, em uma situação dessas, com crianças, mulheres e idosos, brigam. E nós não vamos querer brigas, né? - explica July

– Ah, entendi… Eu to com fome, o que vamos comer?

– Enlatados, qualquer coisa que tenha uma validade estendida - diz Marie jogando a franja para o lado e se virando para o acampamento de Shane.

Um garotinho estava chorando enquanto mexia numa barraca desmontada, tentando arruma-la. Num acesso de raiva ele larga tudo, chuta terra e se senta abraçando os joelho.

“Não acredito no que vou fazer” Marie caminha até o garoto, deixando de lado algumas regras de July envolvendo crianças:

* Elas choram se afaste.

* Elas não correm, se afaste.

* Elas são frescas pra comer, se afaste.

* Elas não tem força para aguentar o próprio peso, se afaste.

* Elas não tem estomago para matar animais, se afaste.

Marie podia sentir os olhos da prima nas suas costas, mas ela foi e se abaixou na frente do menino.

– Oi.

Ele ergue o rosto molhado de lagrimas.

– Eu sou a Marie. Tá tendo dificuldades com a barraca? É por que a sua é diferente, mais evoluída, não porque você não sabe.

– Não é isso… - ele diz com a voz embargada - Meu pai morreu antes de me ensinar e agora eu não sei fazer nada!

– Eu entendo. Como é seu nome?

– Carl.

– E o do seu pai?- Rick.

– Olha… Eu também perdi meu Rick, ele era piloto e junto com… Como o nome da sua mãe?

– Lori.

– Junto com Lori, ele teve a sua “Carlzinha”. Um dia enquanto voavam, o avião do Rick sofreu uma pane e caiu… Nunca acharam o Rick e a Lori da pequena Carlzinha. Ela foi levada para morar com seu tio… Tem algum tio que você goste muito?

– Shane, melhor amigo do meu pai.

– Entendi - ela se senta co mas pernas cruzadas e apoia as mãos nos joelhos e continua a história - A pequena Carlzinha foi levada para morar com seu tio Shane e a filha de Shanezinha. Shane cuidou dela como se fosse sua filha, e ela passou a ama-lo como pai. Ela nunca esqueceu o Rick, e o que ela queria que ele fizesse, ela pedia ao Shane.

– Então é pra eu fingir que o Shane é meu pai?

– Não. Só peça que ele faça as coisas que Rick faria - ela olha para a barraca

Carl concorda com a cabeça.

– Acho que seu Rick ia gostar bastante de ver que você sabe montar uma barraca dessas. Não é qualquer um que faz viu - ela fica em pé, puxa ele pelas mãos, erguendo ele no ar e depois colocando no chão de novo - Quer que eu te mostre com começar? Aí depois você mostra pro a seu Shane que você não precisa começar do zero.

Lori seca suas lagrimas para ver a garota nova conversar com seu filho, ele até sorriu e em poucos segundos estavam montando a barraca. Shane se aproxima dela.

– Tá com ciumes?

– Não… Talvez um pouco. É a primeira vez que alguem faz ele parar de chorar.

Shane coloca a mão no ombro dela - Ele vai superar. Caramba, ele é igual ao Rick! Forte!

Lori acreditava em tudo o que ele dizia, porque ela não sabia que nesse momento seu marido estava largado no hospital, em coma, com mortos reanimados caminhando por ali, com seus rostos murchando e seus dentes batendo procurando por carne fresca.

A alguns metros de distância da esposa sofrida, estavam os irmãos Dixon, Merle e Daryl. Eles montavam suas barracas em silêncio e quando seus caminhos se cruzavam, Merle acertava um chuta com a canela nas pernas de Daryl ou um soco bem dado no meio das costas e Daryl, para não arranjar encrenca logo de cara, ficava quieto ajeitando sua barraca.

Aceitar trazer esse povo todo, velhos, crianças e garotinhas medrosas para a pedreira foi um erro, se Merle desse um de seus ataques de abstinência, ele passaria por cima de quem estivesse na sua frente.

Quando sua barraca já estava montada para onde o sol não bate, Daryl se permitiu dar um olhada em volta, ele para o olhar na garota nova e o moleque filho do policial morto. Eles montam a barraca dele, ela sabia o que fazia, então montava uma parte, desmontava e deixava ele fazer tudo de novo.

Ela não era um garota, era um mulher, na faixa dos 30 talvez, não era um deusa, mas não era de se jogar fora, o que chama atenção é seu quadril que, afinando para formar a cintura, parece ter a forma certa para um mão masculina a apertar. Ela não tem o corpo avantajado, com fartos bustos ou um traseiro chamativo, mas aquela cintura… E aquele pescoço a mostra quando ela joga o cabelo para o lado…

O Dixon mais novo tinha noção de que pensar em mulher nessa situação era um certa burrice, podia desconcentrar ele, o que o transformaria num alvo fácil.

“Olhar não mata ou tia pedaço… Okay, Daryl, esse foi um trocadilho horrível”

– Ei, irmãozinho, mexe essa bunda ridícula aí e pega meu saco de dormir! - Merle diz dentro da barraca, ajeitando sua mochila e seu rifle como se fosse um bebê.

Daryl se curva, pega o pacote azul escuro e joga dentro da barraca do irmão.

– Tá com fome? - pergunta pegando sua besta, flechas e uma garrafa d’água.

– Vai cozinhar, gracinha?

– Vai se foder.

Daryl marchou para dentro da mata, os animais ainda não sentiam a ameaça, tanto dele quanto dos mortos, então estavam por ali. Ele andou bastante até encontrar o rastro de um coelho… Dois coelhos, ele começa a andar suavemente, coisa que na “vida real” não fazia mesmo que implorassem.

No acampamento, momentos antes, estava July na parte de trás do seu Jipe, pegando seu lançador e seus dardos envenenados ilegais. Ela caminha até sua prima e o garoto - Ei… Eu vou caçar. Sei lá, algo pra não gastar nossas latas.

Marie está de pé, observando o que Carl faz, dando os comandos, ela puxa Marie pra um abraço e dá um beijo em sua têmpora - Tá e se cuida.

July vai para a mata. Ela segue se pendurando em galho de arvores, e escorregando agachada em terrenos molhados. Quando se dá conta, ela já podia ver a estrada por onde vieram.

“Merda, me afastei demais” ela dá meia volta mas uma daquelas coisas está ali e agarra seu braço, July se joga pra trás e isso faz ela cair contra um tronco que servia de “degrau” para um pequeno barranco, ela desce rolando, se sujando e se ralando.

Sua faca nunca esteve tão longe e tão perto, está no seu coldre, em sua coxa direita e ela não consegue pegar. Suas pernas vão juntas e com força contra o morto que se joga por cima dela, mantendo ele afastado, ele vira o rosto pra morder a panturrilha dela e aí… Um assovio corta o ar, uma flecha disparada a 100m de distância dali atravessa a testa do morto, fazendo ele parar no lugar por um milésimo de segundo, e então desabar em cima de July. Ela joga o corpo pro lado e retira a flecha.

Era um dos caras do acampamento do Shane. Ele é alto, forte, seu porte físico é, como dizia a mãe do velho Jimmy “um armário!”, tem os ombros quadrados, o rosto também, suas bochechas são fundas, seus olhos inchados, mas ainda dá pra ver o azul neles, seus cabelos são curtos e loiros.

Ele agora encara ela, com a besta para o alto. Ela se levanta e limpa a roupa com tapas rápidos e antes que desse um passo na direção dele, ela lembra de cinco regras que ela e a prima criaram quando criança, as primeiras do “Modo Sobrevivência”:

* Meninos são nojentos.

* Meninos zoam o nosso cabelo.

* Meninos fazem sujeira pra comer.

* Meninos não entendem o que queremos.

* Meninos fazem xixi nas flores.

Mas esse menino que faz xixi nas flores acabou de salvar a vida dela. Ela dá um passo pra frente, decidida, como se esmagasse alguma coisa: essas cinco regras feitas há vinte um anos atrás. July caminha até ele, pega um lenço dentro do terceiro bolso do lado direito de sua calça e limpa o sangue da lamina, depois estica pra ele.

O besteiro a pega e coloca junto das outras, na própria besta, onde há um gancho para prende-las.

July aperta os lábios, dando um sorriso - Crossbow Horton Scout HD 125… É uma boa escolha.

Daryl encara a besta e depois volta para ela - Você é do Jipe, né? A que ajudou o moleque.

– Não, essa é minha prima, Marie. Somos parecidas mesmo.

– E você?

– July.

Ele emite um barulho do fundo da garganta, tipo um “hm” rouco - Aconselho você a voltar pro acampamento - ele vira as costas e continua por onde veio.

– Está caçando?

– É, e agradeço se ficar quieta. De preferência longe.

– Está fazendo errado.

– Tanto faz - ele se vira para ela - Vai me ensinar a respirar também?

– Deveria. Está respirando muito pesado, aposto que se quisesse pegar aquele coelho… - ela se vira para a direita e assopra seu tubo, lançador de dardos envenenados. Em um segundo o animal está caído, paralisado - … Ele o teria visto.

Daryl olha para o coelho morto e depois pra ela - Matou ele envenenado.

– É um veneno ilegal. Baseado nos remédios e cosméticos que não nos faziam nada, mas matava todos os animais.

– Você treinava?

– Não. O meu pai gostava dessas coisas, e eu gostava de aparecer. Depois comecei a gostar de verdade, eu e minha prima.

– Ela também caça?

– Sim. Ela gosta de lanças… Mas ela é muito boa com a besta.

Daryl faz o barulho com a garganta de novo.

– Pode continuar sua caçada, cara. Até mais.

Antes que ele respondesse, um barulho de galho quebrando faz os dois se virarem. Era um cervo, pequeno, mas já rendia um boa alimentação.

July assopra o dardo. Daryl atira. O cervo cai. Mas quem o acertou?

Os dois correm e vêem uma flecha no pescoço do bicho e bem ao lado, um dardo roxo.

– É MEU! - dizem juntos.

Daryl é o primeiro a pensar em dividir. Em unir a janta do grupo, afinal caçaram juntos. Mas July não.

– A gente divide, foi nossa conquista - ele diz

– Não.

– Sim.

– Nããão.

Daryl olha bravo e se vira - Então boa sorte pra carregar sozinha.

Ela estava prestes a quebrar mais uma regra:

* Reivindique tudo o que achar que é seu.

Ah, tá bom - diz bufando - A gente divide, mas ele é meu!

Daryl volta e joga o animal no ombro - Presta atenção no caminho, teimosa.


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