Sob a Máfia escrita por Deih


Capítulo 10
9




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BELLA

Meu celular vibrou e meus olhos se abriram encarando o pequeno espaço escuro, me apoiei em meu cotovelo vendo a hora, seis e vinte da manhã. Meu corpo estava dolorido, mas não era uma dor ruim, então eu o vi. Edward estava deitado de costas ao meu lado, suas costas vermelhas e marcadas em pequenas cicatrizes das minhas unhas, senti vontade de beijá-las uma a uma, e ao mesmo tempo queria gritar e mandá-lo cair fora.
Me levantei sem fazer barulho, me limitando a pegar o lençol, apenas me arrastei ao banheiro sentindo meus pés arderem de encontro com chão frio. A água morna tocou minha pele causando uma sensação boa, fazendo meu corpo despertar para a noite passada. Engoli o nó em minha garganta e relaxei me perdendo no tempo até ter a porta do box escancarada. Edward estava com sua calça social novamente e segurando uma arma.
–Está louco?-Gritei de susto.
–Me avise da próxima vez que...
–Não vai haver próxima vez. -Segurei a porta do box. -Posso voltar a tomar meu banho?
Seu olhar desceu por meu corpo fazendo minha pele aquecer antes de se virar e voltar ao quarto. Não demorei mais do que cinco minutos para terminar meu banho e voltar ao quarto. Edward estava fechando minha mochila, encarei os arranhões em suas costas, Rose adoraria ver isso quando ele retornasse. Não consegui conter o riso.
–Está pronta?-Falou sem se virar.
–Precisamos entrar em um acordo.
Me encarou.
–Eu não faço acordos com você. Não tem acordos Isabella, você vai vir comigo querendo ou não.
–Às vezes eu acho que você gosta de toda essa situação. Você é um maldito, Edward.
Seu olhar era frio, mas um sorriso debochado cresceu em seus lábios. Ele gostava disso, gostava de me ver irritada, de me ver tentar reverter as coisas.
Atravessou o pequeno quarto entrando no banheiro e saindo pouco tempo depois vestindo a camisa manchada de sangue.
–Tem alguma coisa que precise levar daqui?
Neguei.
–Vou precisar algemá-la?
–Se me algemar de novo, eu amasso seu crânio no volante. Dessa vez eu falo sério.
–Teremos um crânio amassado e um pulso algemado. Simples assim. –Afagou minha bochecha e segurou minha mão me puxando para fora.
Edward não se importou em trancar a porta, apenas me fez acompanhá-lo em passos apressados para onde o carro estava. Eu não vi seu ombro depois que acordei, mas ele devia sentir dor ainda, e depois da noite passada, ele realmente deveria sentir. Me encolhi no banco e fechei os olhos.
Pareceu uma eternidade até que o carro parasse, abri os olhos e encarei os outros carros na garagem pouco iluminada. Edward apenas estava em silêncio, como se quisesse que algo acontecesse. Eu reconheci a garagem.
–De volta ao inferno.
Bufou.
–Felix e Jasper. -O encarei. -Tornam isso menos pior.
–Interessante. -Abriu a porta pegando a minha mochila.
–Eu quero mais alguns minutos. -Pedi. -Vou depois.
Me encarou.
–Eu não posso fugir. -Apontei as portas fechadas.
–Certo, te dou cinco minutos então eu volto pra te pegar se não estiver lá.
Mostrei o dedo do meio e o observei se afastar. Estava dispensando a cena de Rose e o sangue em sua camisa, e todo o drama que viria a seguir. Voltei a fechar os olhos e relaxar, mas sai antes dos cinco minutos me arrastando para a entrada que dava para cozinha. As vozes altas vinham da sala, pensei em apenas seguir para o meu quarto, mas eu devia pelo menos um pedido de desculpas a Jasper. E ele estava me encarado sentado no primeiro degrau da escada.
–Eu vou matar você. -Falou se levantando.
–Me desculpe.
–A morte deu uma volta na sua cabeça? Qual é Bella, você sumiu e quase me matou, sabia?
–Eu já pedi desculpas. Não vou pedir de novo.
Felix passou por ele e me puxou para um abraço.
–Garota, você é das minhas.
–Também senti sua falta, Grandão.
Rose estava sentada ao lado de Edward enquanto Peter limpava seu ferimento. Seu olhar estava me queimando. Ela queria dizer alguma coisa. Apenas me encostei na escada e observei Edward tirar a camisa, o sorriso cresceu em meus lábios quando seus olhos foram para as costas dele. Sim, eu fiz isso.
Subi antes que os gritos começassem e Edward me encarou.
Dormi por exatamente duas horas, estava em meu velho quarto novamente e apesar de frio, eu gostava dele. Edward estava parado ao lado da porta me observando.
–Gostando de admirar a paisagem?
–Apreciei muito mais noite passada, é você se lembra. -Sorriu de lado.
–O que você quer?
–Precisamos conversar.
–Eu estou por conta própria nessa. -Puxei minha mochila pegando uma camiseta e trocando pela camisa que eu estava.
Do pescoço para baixo, eu tinha marcas arroxeadas, isso pareceu diverti-lo.
–O que você chama de por conta própria?
–Phill está atrás de mim agora, isso é. Ou me digam o que vão fazer e me inclui no plano, ou eu faço sozinha.
–Porque não amarra uma bomba no corpo, é mais fácil se matar assim.
Sorri sem humor.
–Engraçado, agora você não tem que me proteger. Vamos jogar na mesma partida.
–Phill não é um bandido de beira de esquina.
–Eu sei.
–E como acha que irá conseguir algo com ele? -Seu tom era impaciente.
–Eu dou um jeito.
–Esse jeito seria levá-lo para a cama?
–Pode ser. -Falei azeda. Era óbvio que não.
–Você não está nessa! -Falou firme saindo do quarto. -E se insistir. -Parou na porta. -Eu não vou apenas amarrá-la Bella, eu juro por Deus que não.
–Tente o que quiser, isso não prende aqui.
–Vamos ver.

******

Felix me deu um sermão de horas. Ele não podia me ver circulando que falava algo como: Você está ficando mal-agradecida princesa, podemos morrer por isso. Esse é um dos motivos pelo qual eu odiava ajuda. Você não deve estender a mão se não pode mantê-la. Estava no porão no meu segundo copo de uísque quando o vi se sentar no banco ao lado. Felix puxou a garrafa e serviu um copo.
–Me desculpe.
–Tudo bem.
–Você é uma péssima mentirosa. Eu não quis dizer aquilo, mas eu estou vendo partes quebradas por todos os lados. Eu sei que posso manter isso lá na frente, mas vai ficar as rachaduras se não tapar os buracos agora.
–Do que está falando?
–Você e Edward.
Bufei.
–Não existe Edward e eu. Deixou de existir a três anos quando ele me mandou embora sabendo de toda pressão que eu iria enfrentar. Quando ele pirou minha cabeça e simplesmente não me quis...
–Ele queria protegê-la.
–Eu tive o suficiente para suportar, Felix. Parece patético eu contar essa versão, mas ninguém viu como eu fiquei. Ele sumiu, todos vocês sumiram e então acabou. Se ele esteve o tempo todo comigo, ele saberia a grande parte deteriorada que tenho, e pior.-Bebi mais gole do meu copo.-Meu noivo era um assassino com a missão de me torturar. Que bela droga de vida a minha.
Ficamos em silêncio por um tempo.
–Isso é perigoso, Bella. Sua cabeça está a prêmio agora. E sendo sincero com você, da mesma forma que você não confia em nenhum de nós, a maioria desses caras não confiam em você. E acredite, eles gostam de você. Mas viemos de caminhos diferentes, a sua justiça não é a nossa lei. Como a nossa não é a sua.
–Obrigada por avisar. -Sorri.
–Eu gosto de você e gosto da forma que vê as coisas. Você tem medo, mas sabe que enfrentá-lo é sempre a melhor saída.
–Tem pessoas lá fora correndo riscos por mim.
–Tem um aqui dentro querendo dar a própria vida pela sua.
–Vou tentar ser mais generosa. -Desci do banco. -Mesmo não sabendo nada sobre ele agora, o que pesa na forma de confiar, mas eu vou tentar.
–Isso já é um começo.
A porta bateu e Jasper se aproximou ajeitando sua camisa polo preta, ele estava bem arrumado para alguém que só circularia dentro de casa.
–Vocês não estão prontos ainda?
–Para quê? -Perguntei ajeitando a gola de sua camisa.
–Festa. Vamos aproveitar um segundo de paz.
–Festa em comemoração à quê?
Jasper enlaçou meu pescoço beijando minha bochecha.
–Em comemoração à sua volta, pode ser.
–Sinto muito, mas não vou participar.
–Por favor, Bella. Você me deve isso.
Felix sorriu.
–Certo, vou me sentir bem depois que terminar uma garrafa de uísque.
Jasper sorriu.
–Uísque liberado. -Cantarolou correndo de volta para a porta.
Felix me deixou pouco depois e quando sai do porão as luzes já estavam baixas e pessoas já falavam alto. Segui direto para as escadas subindo para o meu quarto. Me encarei no espelho por alguns segundos prendendo o cabelo para cima, Jasper não podia inventar nada mais sem sentido do que uma festa com todo esse clima. Achei um vestido na mala, Alice havia me feito levá-lo para lua de mel dizendo que era sexy.
O coloquei embaixo do braço e deixei o quarto indo para a luxuosa suíte de Edward onde havia um banheiro, o que me irritava e me fazia dependente dele. Em pouco tempo estava arrumada deixando a suíte e voltando ao meu quarto. Felix deu dois toques na porta e a abri, seu olhar me avaliando.
–Você está incrível.
–Obrigada.
–Edward irá gostar.
–Vai se ferrar. -Soquei seu braço.
A sala estava abarrotada de garotas e homens com roupas apertadas. Felix pegou uma bebida no caminho e gritou por cima da música se eu queria algo, então resgatei a garrafa de uísque da mesa posta em um canto no corredor. Ele sorriu, sabia que eu iria precisar disso. Edward estava parado na entrada da cozinha, me avaliou por dois segundos, mas não fiquei para ver o que ele iria fazer ou falar, alguém havia me roubado de Felix e se era para se libertar essa noite, eu o faria!

EDWARD

–Embry está aqui. –Emmett avisou.
–Embry? O que ele quer?
–Boa pergunta. Mas ele está circulando, Peter está o vigiando. Ele ainda não percebeu, mas alguma ele quer.
–Onde Bella está?
–Com o Felix.
–Vamos cuidar disso.

Embry não tinha alguém para ser fiel, ele fazia vários trabalhos para quem pagava mais. Nosso último encontro não foi o dos mais agradáveis, então se ele estava ali, para alguém ele estava trabalhando. E para mim, todos eram suspeitos.
Peter acenou do outro lado da sala, Embry estava a seu lado com um sorriso forçado.
–Meu caro, Cullen.
–Embry, o que faz aqui?
Sorriu.
–Me falaram de uma festa, assim que soube que era sua, eu resolvi aparecer. Espero não ter feito por mal.
Primeira mentira meu caro.
–Não. Claro que não.
Seus olhos varreram a sala e percebi quando a encontrou. Bella estava sentada embaixo da escada. Eu devia ter mandado tira-la dali.
–Quem é?
–Uma amiga.
Embry passou as mãos pelo queixo.
–Espero que não se importe de eu ir até lá.
–Eu posso apresenta-los.-Falei lhe dando as costas.-E já adiantando que ela é minha.
Até o fim dessa noite, tudo o que terá dela é o arrependimento de ter chegado ate ela.


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