Harmonia de Opostos escrita por magalud


Capítulo 5
Capítulo 5




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Eles se viraram para ver uma cena memorável: Xenophilius Lovegood tinha invadido o local, apesar das evidentes tentativas de Madame Pomfrey em detê-lo. A matrona estava em seus calcanhares, protestando com veemência. Ignorando a expressão irada do homem, Luna sorriu:

— Oi, pai!

— Filha, meu assunto é com esse professor.

Severus se adiantou:

— Sr. Lovegood, que fortuito que o senhor tenha vindo a Hogwarts. Eu ia mesmo procurá-lo.

— Eu fiz questão de vir, Professor Snape. Depois que eu soube que minha Luna vinha vê-lo de novo, eu tive que vir. Antes, com os Snargaloodlepods envolvidos, eu não me importei. São bichos muito perigosos. Mas agora a situação mudou, e eu quero saber quais são suas intenções com minha filha.

— Pai! — protestou Luna.

— Sr. Lovegood, eu tenho tentado convencer sua filha que o contato prolongado dela com a minha pessoa poderia justamente levar a esse tipo de conclusão. Também tentei fazê-la ver que isso poderia ser prejudicial à imagem de Luna perante seus pares e a sociedade em geral. Apesar de eu ter sido agraciado com a Ordem de Merlin, tenho plena consciência de meus atos e não gostaria de impor meu estigma a mais ninguém, especialmente alguém tão jovem e com tão brilhante futuro pela frente.

O pai de Luna se virou para a filha:

— Nossa, ele sabe usar as palavras, não? E que voz envolvente!

— Ele é um bom professor — observou a moça, com um sorriso. — A voz é mesmo muito bonita.

Severus achou melhor continuar:

— Então, se eu puder continuar... — Quando obteve atenção, novamente, ficou sério. — Obrigado. Como o senhor pode ver, eu tentei desencorajá-la das mais diversas maneiras. Cheguei a gritar com ela, mas nada a demoveu, nada a comoveu.

— Minha Luna é persistente quando quer uma coisa.

— Mas ela também tem compaixão. Quando ela percebeu que sua insistência poderia ser exagerada, ela imediatamente recuou e me deixou à vontade para tomar uma decisão.

— Então o senhor tomou uma decisão?

Severus suspirou:

— Decidi admitir há alguns dias que eu poderia viver sem sua filha na minha vida, se quisesse. Seria o melhor para ela, na verdade.

Luna sentiu como se uma faca entrasse em seu coração, uma dor imensa, o sorriso caindo. Ela sabia que ele poderia reagir dessa maneira, mas ela tinha tanta esperança...

Severus continuou:

— Mas também admiti que eu não queria viver sem ela. Ela me requisitou que eu consultasse meu coração, não minha mente. E nem em sonho meu coração iria recusar alguém doce como Luna. Acabo de receber algumas notícias que me deram a certeza de que mais do querer, eu preciso de Luna a meu lado. Então, se ela não tiver mudado de ideia, eu... — Ele inspirou fundo, antes de completar. — Eu gostaria, com sua permissão, de declarar minha sincera intenção de cortejar sua filha.

Era um pedido formal de corte. Luna encarou Severus, os olhos brilhando. Xenophilius indagou:

— É o que você quer, filha?

Ela tinha os olhos em Severus ao responder:

— Eu não mudei de ideia. Isso é o que eu quero.

Foi a vez de Severus pegar a mão de Luna, aliviado. Ele também temera que ela mudasse de ideia.

— E o que pretendem fazer quanto a filhos? Vão tê-los logo,mais tarde ou nunca?

Severus pareceu surpreso. Ele encarou a moça, que estava com um sorriso sonhador nos lábios.

— Bem, não tivemos chance de conversar sobre isso. Nunca pensei em ter filhos, mas se Luna quiser...

— Você gostaria de ter filhos, Severus? Pode ser sincero. Na sala de aula, você age como se não gostasse de crianças.

— Mas é claro. Não gosto de crianças indisciplinadas, preguiçosas ou simplesmente estúpidas. Obviamente não há menor chance de que um filho nosso se enquadre em nenhuma dessas categorias.

— E você ajudaria a cuidar das crianças?

— Certamente que sim. Eu precisaria de orientação para a fase de fraldas, mas a partir do momento que começassem a andar, eu sou perfeitamente capaz de cuidar de uma criança.

Xenophilius indagou:

— Isso é um sim? Porque eu exijo netos. Famílias precisam de crianças. Sem isso vocês não terão minha bênção.

— Sério, papai? — Luna parecia surpresa. — O senhor nunca me disse isso.

— Bom, eu estou dizendo agora. Não quero que Arthur Weasley me olhe com aquele ar de superioridade porque ele já tem uma neta.

Severus sorriu:

— Não há problema. Por mim, teremos uma família com crianças. Só não prometo que sejam tantas quanto os Weasley.

— Claro que queremos lhe dar netos, papai. — Luna sorriu. — Já sei que vai ser um vovô bem coruja.

Xenophilius declarou, sorrindo:

— Então vocês têm minha benção. Só me mantenham informados sobre o dia que pretendem se unir. Eu tenho um jornal para fechar e não é fácil encaixar todos os compromissos.

— Não se preocupe quanto a isso — garantiu Severus. — O senhor será o primeiro a saber.

— Excelente! Agora acho que está tudo resolvido. Vou deixá-los sozinhos. Podemos combinar um jantarzinho lá em casa um dia desses.

— Ótima sugestão. Espero a ocasião com grande expectativa.

Xenophilius despediu-se, e Severus indagou, com um risinho no canto da boca:

— Passei no teste com o futuro sogro?

— Papai pareceu satisfeito. O verdadeiro teste será quando ele perguntar sobre a grande conspiração dos duendes. Ele pode ficar meio exagerado.

— Espero que ele seja compreensivo quando descobrir que estou sem emprego e sem perspectivas.

— Agora você é quem está exagerando. Você está apenas entre empregos.

— Mais entre carreiras do que propriamente entre empregos — ele corrigiu, sarcástico.

— Certamente exagerado, Srta. Lovegood — soou a voz da diretora Minerva McGonagall. — Você não precisa trocar de emprego nem de carreira.

— Mas se não posso fazer poções...

— É melhor conversarmos, Severus. Srta. Lovegood, poderia nos dar licença?

Severus começou a protestar:

— Diretora, eu...

Desta vez, foi Luna quem o interrompeu:

— São assuntos da escola, é melhor mesmo eu ir. Assim vocês conversam à vontade. Posso voltar depois?

— Claro. Eu preciso falar com você.

Ao acompanhar Luna deixar a ala hospitalar, Minerva observou:

— Vocês parecem ter se acertado. Fico feliz por você, Severus.

— Um lado se acerta e o outro se complica. Madame Pomfrey disse que não posso mais ser Mestre de Poções. Vou desocupar as masmorras assim que receber alta. Deixarei Hogwarts o quanto antes.

— Eu sinto muito pelo que aconteceu, mas repito que está sendo exagerado. Não é porque não pode mais lecionar Poções que precisa deixar Hogwarts. Você tem tantos talentos, Severus. Eu imaginei que você poderia lecionar Estudos Trouxas. Fica longe das masmorras, então não há risco de vapores chegarem até você.

— Eu agradeço, diretora. Contudo, talvez seja mesmo hora de mudar de carreira. Vai ser duro deixar Hogwarts, mas depois de 20 anos talvez seja a ocasião de tomar novos rumos. Embora eu ainda não saiba o que eu vou fazer da minha vida, pode ser a oportunidade de deixar os corredores sagrados de Hogwarts. Afinal, tenho planos de mudar outros aspectos de minha vida.

— Não há jeito de eu convencê-lo a ficar?

— Receio que eu esteja disposto a tentar uma vida fora de Hogwarts, diretora. Espero que entenda.

— Vamos sentir sua falta, Severus. Eu vou sentir sua falta.

— Eu também, Minerva.

— E devo dizer que Albus estava certo. Ele previu que um dia isso iria acontecer.

— Mesmo? Albus realmente não cansa de surpreender.

— O que me leva ao próximo ponto. Por saber que um dia você deixaria Hogwarts, ele resolveu montar um fundo, uma espécie de poupança para você.

— Um fundo?

— Uma espécie de prêmio por serviços prestados à escola. Não faço ideia do montante. Albus tinha confiança de que um dia você sairia de Hogwarts e construiria sua vida. Então, você poderia precisar de um pé de meia.

— Eu... não sei se posso aceitar.

— Esse fundo é seu, Severus. Albus montou esse fundo com a fortuna da família Dumbledore. Ele considerava que tinha uma dívida pessoal com você.

Severus suspirou:

— Até do túmulo, o velho ainda manipula minha vida.

— Vou mandar os papéis para Gringotts. Você poderá pegar sua chave no próprio banco.

— Sinistra continuará a ministrar minhas aulas?

— Vou pedir que acumule Poções e a direção de Slytherin. Firenzi assumirá Astronomia e Sybill fica com Ciências Divinatórias.

— É uma boa solução.

— Apenas temporária. Vou ter que sair em campo em busca de substitutos. Inclusive para um possível novo diretor da escola: você era meu candidato natural para minha sucessão. Albus concordava comigo quanto a isso. Apesar de seu período como diretor ter sido tumultuado, você é a melhor pessoa para o cargo. Severus, quero que fique muito à vontade sobre sua saída. Madame Pomfrey diz que sua alta sai até amanhã. Nem preciso mencionar que Hogwarts sempre terá um lugar para você.

— Obrigado por tudo.

— Não por isso. E Severus, minha porta está sempre aberta.

Com um sorriso, ela saiu. Severus experimentou uma mistura de excitação, medo e nostalgia. A saída de Hogwarts era claramente o fim de uma era. Luna representava um futuro que ele jamais imaginara, cheio de possibilidades que ele igualmente jamais consideraria imagináveis. E havia a apreensão por não ainda ter ideia de como seria sua vida profissional.

Mas em primeiro lugar ele pretendia esclarecer alguns pontos.

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