Harmonia de Opostos escrita por magalud


Capítulo 4
Capítulo 4




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Severus contrariou todas as expectativas e seguiu as instruções dos curadores. As únicas exceções eram as suas amadas poções, que ele cozinhava todos os dias para tentar clarear sua mente. Mas estava difícil tirar da cabeça o último encontro com Luna. E quando ela deixara de ser a Srta. Lovegood e se tornara apenas Luna? Quando ela se tornara uma ausência tão sentida? Quando ela se infiltrara no coração de Severus?

 

As poções não tinham as respostas. Pior: elas não traziam mais tranquilidade. A borbulha não o acalmava, os vapores não o inebriavam. Aparentemente, apenas Luna era capaz de devolver a paz a ele.

 

Dois dias depois que Luna saíra das masmorras, Severus recebeu uma visita. Para sua surpresa, Longbottom estava em seus aposentos. E não era uma visita para checar sua saúde.

 

— O que você fez com Luna, seu seboso?

 

Severus rosnou entredentes:

 

— Sr. Longbottom, não é porque não sou mais seu professor que vou permitir que se dirija a mim nesses termos!

 

— E como quer que eu me dirija depois do que fez a Luna?

 

— Luna? O que houve com ela?

 

— Não me venha com essa! Ela não quer sair de casa. Não fala coisa com coisa. Bom, quero dizer, agora é mais do que o normal dela.

 

— Sr. Longbottom, asseguro que sou inocente das acusações. Estou convalescendo, como bem sabe...

 

Neville o interrompeu:

 

— Bobagem! Você poderia estar no seu leito de morte e ainda assim seria cruel, sarcástico e insensível capaz de fazer um aluno de primeiro ano se mijar nas calças!

 

Nisso ele tem razão, admitiu Severus. Ele disse, apenas:

 

— Seja como for, repito que não tenho culpa pelo que sua amiga está passando.

 

— Conselho de amigo, Snape, seu bastardo: se eu descobrir que você tem algo a ver com o que houve com Luna, você vai se arrepender de ter sobrevivido!

 

Com dramaticidade de uma estrela do teatro, o jovem saiu dos aposentos do Mestre de Poções e bateu a porta.

 

Dois dias depois, Severus ainda não emergira das masmorras. O único movimento tinha sido uma coruja a Luna Lovegood, pedindo que ela viesse vê-lo. Sem resposta.

 

Madame Pomfrey consultou a diretora McGonagall e as duas foram tentar tirar o recluso professor de suas masmorras. Ao baterem, não obtiveram resposta. Elas lutaram contra as proteções do Mestre de Poções. Quando conseguiram entrar, ficaram horrorizadas.

 

Severus estava caído ao lado de um caldeirão já extinto. O cheiro era repugnante. Com feitiço Cabeça-de-Bolha, elas o retiraram e o levaram para a ala hospitalar. A notícia rapidamente correu Hogwarts.

 

Quase ao mesmo tempo, Luna Lovegood chegou à escola, sem saber de coisa alguma. Assim que foi informada, ela correu à enfermaria. Madame Pomfrey estava agitadíssima.

 

— Eu jamais deveria tê-lo deixado fazer as próprias poções! — A enfermeira se lamentava. — Mas ele estava melhor.

 

Luna indagou:

 

— Como ele está?

 

— Nada bem, e eu não entendo por quê. Ele não está respirando bem, e eu temo danos ainda maiores.

 

— Não entendo.

 

— Desde que foi atacado por aquela serpente, Severus teve a saúde abalada de diversas maneiras. A criatura causou caos em seu sistema imunológico. De vez em quando, ele apresenta problemas de coração.

 

Luna se assustou:

 

— Foi o que ele teve?

 

— Sim, mas é estranho. Não se comporta como uma doença mágico-coronariana. É quase como se tivesse sofrido uma crise alérgica. É melhor eu falar com St. Mungo's. Com licença.

 

Enquanto Madame Pomfrey se dirigia à lareira, Luna foi até a cama onde Severus jazia inconsciente. A expressão dele estava sem a máscara de desprezo ou sarcasmo que ele sempre ostentava. Mas certamente havia uma cor acinzentada pouco saudável, um sinal de que o perigo continuava muito perto. A moça pegou a mão quente e seca, milhares de pensamentos cruzando sua cabeça como Kurfunkers insanos.

 

Luna tinha finalmente decidido aceitar o convite de Severus para vir a Hogwarts ter uma conversa sobre a relação ou ausência de relação deles. Ela viera disposta a ter uma conversa definitiva. No seu coração, já havia um espaço reservado a Severus. Ela tinha vindo a Hogwarts saber se Severus também tinha espaço em seu coração para ela. Se ele não tivesse, ela estava pronta para aceitar a decisão.

 

No entanto, Severus parecia ter tido uma crise cardíaca de algum tipo antes que eles conversassem. Luna o encarou: Severus parecia desconfortável, inquieto. Ela apertou a mão dele.

 

— Vai dar tudo certo. Aguente firme, Severus.

 

A poucos metros, Madame Pomfrey gesticulava e vociferava em frente à lareira. Distraída, Luna quase perdeu o sussurro suave que acompanhou a pressão em sua mão:

 

— Luna...

 

Ela se inclinou, chamando:

 

— Severus! Severus, pode me ouvir?

 

Madame Pomfrey foi atraída pelo barulho e deixou a lareira imediatamente, indo à cama do Mestre de Poções. Ela parecia animada.

 

— Ele acordou? Severus, você me ouve?

 

O homem na cama repetiu:

 

— Luna... Luna...

 

A enfermeira disse, frustrada:

 

— Não, ele apenas está delirando. Pena. Eu gostaria que ele soubesse o que descobri.

 

Luna se iluminou de esperança.

 

— A senhora sabe o que ele tem? Ele vai ficar bom?

 

Mas Madame Pomfrey não partilhava de seu otimismo.

 

— Sim, eu sei o que ele tem. E ele vai ficar bom. Mas não vai gostar nada disso.

 

— Como assim? Que está acontecendo?

 

— Desculpe, mas isso é algo que devo discutir primeiro com meu paciente.

 

Luna sentiu uma dorzinha ao se dar conta de que ela não era nada de Severus, não tinha direito a informação.

 

— Claro — foi o que ela disse. — A senhora tem razão. Ao menos, ele vai ficar bom.

 

— Sim, vai. Agora é melhor você deixar o Prof. Snape descansar.

 

Luna agradeceu e saiu, preocupada. Ela não sabia o que Madame Pomfrey estava escondendo, mas estava na cara que havia algum tipo de sequela em jogo. Nada tão grave capaz de ameaçar a vida de Severus, mas certamente se tratava de algo que não agradaria o professor. O que poderia ser?

 

Com permissão da diretora McGonagall, Luna passou a noite em Hogwarts e fez Madame Pomfrey prometer chamá-la depois que ele acordasse. O que ela não esperava era que Severus armasse uma grande confusão assim que a enfermeira mencionou o nome de Luna. Os gritos chegaram até o corredor onde Pomfrey encontrou Luna.

 

— O que está havendo?

 

A enfermeira parecia contrariada.

 

— Ele quer falar com você.

 

Luna sentiu o coração apertar.

 

— Ele não reagiu bem às notícias?

 

— Severus nem sequer ouviu o que eu tentei dizer. Ele exige falar com você.

 

— Certo, vamos lá.

 

Luna arregalou os olhos ao encarar Severus. Sumiram a cor cinza e a aparência de perigo iminente. O professor parecia bem corado. Na verdade, Severus estava mais do que corado: ele estava roxo, como à beira de um ataque apoplético. Mas ao pôr os olhos na moça, ele pareceu se acalmar.

 

— Severus, como você está?

 

— Preciso muito falar com você.

 

— Madame Pomfrey tem algo importante a dizer. Esperarei aqui fora.

 

— De jeito nenhum! Ela pode esperar.

 

A matrona começou a protestar. Gentilmente, Luna insistiu:

 

— Severus, o que Madame Pomfrey tem a dizer é mesmo muito importante. Não sei o que é, mas tem a ver com sua saúde. E sua saúde não pode esperar.

 

Ele queria protestar, mas pensou melhor e exigiu:

 

— Está bem, já que me pede. Mas você deve ficar aqui.

 

Madame Pomfrey tentou dizer:

 

— Talvez seja melhor a Srta. Lovegood...

 

Severus a interrompeu, com uma voz capaz de secar uma pimenteira:

 

— Ela fica.

 

Madame Pomfrey ergueu uma sobrancelha antes de começar:

 

— Então está bem. Severus, eu consegui isolar o seu problema. Ou melhor: seu problema se agravou e se descortinou. Fiquei fascinada ao descobrir que a solução era tão simples.

 

— O meu problema cardíaco?

 

— Você não tem um problema de coração. Você tem uma alergia.

 

Ele riu:

 

— Alergia? Uma maldita alergia?

 

Madame Pomfrey não compartilhava seu sorriso.

 

— Não é uma alergia qualquer, Severus. Você desenvolveu uma alergia a fumaça de poções.

 

O sorriso de Severus caiu. Luna arregalou os olhos.

 

— Mas... Como assim? Que fumaça? Fumaça de quê?

 

— Qualquer fumaça. Lamento, Severus. Você não deve fazer poções nunca mais.

 

— Mas... é o que faço para viver!

 

Luna pegou a mão dele, e Madame Pomfrey lamentou:

 

— Eu sinto muito, Severus. Você é um homem de muitos recursos; tenho certeza de que vai se dar bem e superar essa dificuldade. Minerva virá falar com você.

 

Ela se ergueu e saiu, mas Severus mal registrou o ato. Ele olhava um ponto fixo, sem piscar, e falou mais para si mesmo:

 

— Poções são a minha vida... É o que eu gosto de fazer...

 

Luna procurou chamar a atenção dele:

 

— Então você vai aprender a fazer outra coisa de que goste. Defesa Contra as Artes das Trevas — você gosta disso, não? Foi professor no meu quinto ano.

 

— Na verdade, não. Era apenas um disfarce. Eu acho que vou deixar Hogwarts.

 

— Você tem um plano?

 

— Não tenho plano. Mas vai ser muito doído deixar as masmorras depois de quase 20 anos vivendo ali. E minhas poções...

 

Luna pegou a mão dele:

 

— Há outros lugares para se morar, outras coisas em que trabalhar. Confio em você.

 

De repente, Severus se deu conta de que parecia agir como um bebê chorando por um brinquedo quebrado.

 

— Peço desculpas por meu comportamento. Acredito que ainda esteja sob o efeito do choque da notícia. Não pude me acostumar à ideia. E eu a chamara aqui para discutirmos outro assunto...

 

— Não se preocupe com isso — sorriu Luna.

 

— Mas eu realmente...

 

Uma voz irada irrompeu pela enfermaria adentro, interrompendo os dois:

 

— Severus Snape!

 

 


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