The Curse of Blood escrita por Morgenstern


Capítulo 7
Nathaniel


Notas iniciais do capítulo

Heeey, voltei! Bem, aqui vai um capítulo que eu amei escrever. Vocês vão conhecer uma pessoinha que vai definir muito o rumo da história daqui por diante e que vai abalar as estruturas de uma certa protagonista. Eu tive uma ideia meio maquiavélica ontem, para o começo do desfecho da história - não, ainda não cheguei lá - e como eu tenho pavor de história com final previsível, vai ser esse mesmo que eu vou usar. Comentários são sempre bem vindos, e espero que vocês gostem do Nathaniel tanto quanto eu.



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Se meu pai não estivesse do meu lado eu provavelmente teria caído. Uma tontura momentânea se abateu sobre mim. O chão parecia ter sido tirado dos meus pés. Meu pai parecia alarmado e furioso. Era estranho ver um homem como ele assim. Era como imaginar um anjo fazendo maldades.

– Livie, Livie, você está bem? - ele perguntou, sustentando todo o meu peso nos braços.

Eu assenti fracamente e minha mãe tomou a dianteira, me levando para fora do recinto. Antes que a porta fosse fechada, lancei o olhar mais matador que pude na direção de Jack e deixei que minha mãe me conduzisse para fora dali. Minha mãe parou numa porta bem próxima e a abriu.

Por um segundo, esqueci de onde eu estava. O quarto era o lugar mais iluminado do navio. As janelas iam do chão até o teto, e as paredes brancas serviam para que o ambiente ficasse mais claro ainda. De frente para a janela, uma escrivaninha extremamente familiar parecia estar a minha espera. Eu olhei para minha mãe, em uma pergunta silenciosa e ela assentiu.

Se parecia muito com meu quarto, em uma escala menor e menos iluminado. Faltava somente minhas roupas, meus livros e minha pintura do Holandês na parede. Assim que eu entrei, soube que ali seria meu refúgio. Eu caminhei até a cama gigante, tirei as botas e mirei o teto. Ouvi uma porta se fechar e continuei olhando para o teto até o sono me levar.
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Tive sonhos perturbadores. Sonhei que a figura de proa do Holandês me devorava, enquanto Jack drenava meu sangue. A madeira do navio havia preso meu pais e a tripulação estava morta. Acordei com um sobressalto. Meu quarto estava escuro e eu consegui ouvir as ondas batendo no casco do navio. Alguma coisa me inquietava no navio. Minha mãe me disse uma vez, que todos os marujos do navio, tinham o coração entrelaçado a algo. Podia ser ao mar, ao próprio navio, a uma mulher ou até mesmo o rum. Eu não tinha o coração entrelaçado a nada. Eu amava meus pais incondicionalmente, mas não era a mesma coisa.

Meus pais tinham esse vínculo. Talvez fosse isso que os impedia de enlouquecer, passando tanto tempo no mar.

Ventava muito, então troquei a camisa e a calça por um vestido longo e de mangas longas de um roxo muito escuro, quase carmim. Vesti uma capa pesada, que supus ser do meu pai e saí do quarto. O navio a noite, era mais sombrio do que nunca. Andei o mais rápido que pude, em direção do que eu acreditava ser o convés.

Eu achava que o corredor do navio era sombrio, mas isso não era nada comparado ao convés vazio. Uma neblina cobria o chão completamente. Eu fui até a amurada e observei o mar, abaixo de mim, forte e impetuoso, seguir seu curso.

Até que uma voz aveludada me tirou da minha contemplação.

– Perdeu o sono?

Eu me virei para ver quem era. E me surpreendi. Um rapaz alto, com cabelos que se revelavam muito claros mesmo a penumbra, com traços tão delicados que parecia feito de porcelana. Suas roupas estavam mais para um lorde inglês do que para um pirata. Eu olhei para os olhos dele e me surpreendi. Eram os olhos mais lindos que eu já havia visto. Eram verdes. Não um verde comum. Eram tantas nuances de verde que eu acreditava que eu passaria o resto da vida olhando para eles e não conseguiria encontrar todas. Eu estava tão atordoada pela beleza estonteante dele que esqueci que ele havia me feito uma pergunta.

–Sim, perdi - respondi com um sorriso - E você?

– Para ser sincero, não dormi. A perspectiva de me tornar um pirata em breve me tirou o sono. - ele disse, rindo.

Não pude deixar de sorrir.

– O capitão ainda não lhe submeteu ao juramento? - perguntei, curiosa.

Ele pareceu refletir um pouco sobre a pergunta antes de responder.

– Ainda não. O capitão espera que eu me arrependa e volte para casa. - ele disse - Por ora, ainda não sou parte da tripulação.

Pensei em meu pai e isso me parecia completamente o tipo de coisa que ele faria. O rapaz, pareceu surpreso de estar falando com uma mulher e foi a vez dele de perguntar.

– Não é comum moças bonitas estar em um antro de piratas desprezíveis. - ele disse, bem humorado. - O que faz aqui, senhorita...?

Ele deixou o resto da frase no ar, claramente esperando uma resposta. Eu não tinha certeza se e deveria contar a ele que eu era filha do capitão, então levei alguns segundos para responder.

– Livia - respondi. - Mas me chame de Livie.

Eu estendi a mão, esperando um aperto de volta, mas ela foi delicadamente puxada para cima, até a boca do rapaz. Ele me olhava firmemente, como se procurasse alguma coisa dentro de mim. Ele devolveu meu braço e depois do que pareceu séculos, interrompeu o contato visual.

– E você, - eu disse, copiando o tom de voz dele - me parece com bons modos demais para estar no meio de piratas desprezíveis, senhor...?

Ele riu baixinho ao ouvir o que eu disse. A risada dele era adoravelmente rouca. Ele passou a mão pelos cabelos claros, o que me fez achá-lo terrivelemente charmoso. Ele deve ter percebido que eu o olhava como se ele fosse a última criatura viva na Terra, riu maliciosamente e se aproximou um pouco mais.

– Meu nome é Nathaniel. - ele disse, exibindo seu sorriso perfeito - Mas pode me chamar do que quiser.

Eu ri, e ele sorriu ao ver que tinha conseguido me fazer sorrir e disse com um tom de voz sedoso.

– Não respondeu a minha pergunta, Livie. - ele falou.

Eu levantei a sobrancelha para ele, mas me arrependi, era idêntico ao que meu pai fazia e eu ainda não tinha certeza se eu podia contar a todos quem eu era, mas Nathaniel pareceu não notar.

– Elizabeth, resolveu se unir a Will, e eu vivia com ela, então vim junto. - eu disse, o que na verdade não era mentira, somente omiti o fato que eram meus pais.
Ele pareceu se convencer e respondeu a minha pergunta.

– Fugi de casa. - ele disse - Meus pais criavam uma expectativa muito grande em relação ao meu futuro e eu resolvi que não é isso que eu queria. Então fui até a taberna e me uni a tripulação.

Eu o entendia. Mas quis fazer mais perguntas.

– O que eles esperavam de você? - perguntei.

Ele ponderou minha pergunta por alguns segundos e respondeu.

– Meu irmão, foi um grande almirante. Eles esperavam que eu seguisse seus passos ou fizesse melhor. - ele falou - Não os deixarei moldarem meu destino.

Eu sorri ao ouvir aquilo. Ele sorriu também ao me ver sorrindo para ele tão abertamente. Senti que eu podia confiar nele. Mas não sabia se meus pais aprovariam a ideia de eu contar a um estranho quem eu era. Eu fechei um sorriso e disse.

– Acha que alcançará o que almeja podendo ir a terra somente de dez em dez anos? - perguntei.

Ele me encarou, com um leve tom de surpresa no rosto. Suspirou levemente e voltou o rosto para o mar.

– Não pretendo fazer o juramento, Livie. - ele disse - Quero ser muitas coisas, mas não me prenderei a uma promessa que não serei capaz de cumprir.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele se virou na minha direção, soltou o sorriso mais arrebatador que eu jamais imaginei que um ser humano fosse capaz de dar, pegou minha mão, beijou meus dedos e chegou tão próximo a mim que me causou arrepios.

– Tenho certeza que teremos muito tempo para conversar mais, Livie. - ele sussurrou ao meu ouvido. Estremeci levemente ao ouvir ele dizendo meu nome dessa forma - Depois de conhece-la tenho certeza que terei uma excelente noite de sono.

Ele se afastou levemente, estudou meu rosto, que devia estar muito mais do que vermelho, sorriu satisfeito e com uma breve reverência, e sem dizer mais nada, se afastou.

O observei se afastar até que ele entrou no convés inferior e se juntou ao resto da sonolenta tripulação.

Não me lembro de como retornei a minha cabine. Lembro somente de tirar as botas e adormecer, finalmente, pensando em olhos verdes que se assemelhavam tanto a esmeraldas.


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Notas finais do capítulo

Enfim amigos, é isso. Quem sabe, se os trabalhos da escola não me engolirem antes, eu posto um capítulo até sábado. Não estou prometendo nada! Seria ótimo se vocês guardassem na cabeça essa última estrofe, que ela vai ter um significado especial daqui há alguns capítulos. It's all folks!



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