Minha segunda chance escrita por millsswan


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Quinn GP



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PRÓLOGO

— Eu não vou com você. A voz de Rachel soou estranhamente alta. Quinn se endireitou e olhou para ela.

— Como assim, não virá comigo? Você tem trabalhado nisto por semanas! O que diabos pode ser mais importante que isto? E, se você não vai comigo, quando irá? Amanhã? Quarta-feira? Preciso de você lá agora, Rach, há muito a ser feito! Rachel balançou a cabeça.

— Não. O que eu quis dizer é que eu não vou. Não vou ao Japão nem hoje, nem na próxima semana, nem nunca.

Ela não conseguiria ir. Não poderia fazer as malas e ir para a terra do sol nascente. Ela não iria a lugar nenhum. Não de novo, não pela milionésima vez na vida agitada, imprevisível e tempestuosa que levavam juntos. Ela já fizera aquilo tantas, tantas vezes... E não agüentava mais. Quinn guardou mais uma de suas camisas cuidadosamente dobradas na mala e se virou para ela com uma expressão de incredulidade no rosto.

— Você está mesmo falando sério? Ficou louca?

— Não, não fiquei louca e, sim, estou mesmo falando sério. Não quero mais viver assim. Você diz, "Pule", e eu pergunto, "Que altura?". Acabou.

— Nunca tratei você dessa forma!

— Ah, é, você está certo, claro. Você me diz que quer pular, eu pergunto a altura e depois faço com que aconteça, em qualquer país, em qualquer idioma, sob quaisquer circunstâncias.

— Você é minha assistente! Esse é seu trabalho!

— Não, Quinn, eu sou sua mulher, e não agüento mais ser tratada como se fosse mais uma empregada. Não vou deixar você fazer isso nunca mais! Ela a encarou por um longo tempo.

— Você escolheu uma hora péssima para discutir nosso relacionamento, Rach.

— Não é uma discussão de relacionamento. É uma decisão clara, bem pensada. Não vou com você e não sei se estarei aqui quando você voltar. Preciso de tempo para pensar. Quinn socou a roupa dentro da mala, mas Rachel não se importou. Ela que amassasse suas camisas impecáveis; a lavanderia se encarregava delas porque ela não tinha tempo. Estava ocupada demais mantendo as engrenagens do negócio funcionando.

— Que droga, Rach, este não é um bom momento. Você sabe o quão importante este contrato é, o que significa para mim. Por que justamente hoje?

— Não sei. Eu apenas... Cheguei ao meu limite. Estou exausta de não ter vida própria.

— Você tem uma vida! Nós temos uma vida boa como o diabo!

— Não, nós apenas trabalhamos.

— E temos obtido imenso sucesso!

— Sucesso profissional? Sem dúvida. Mas isso não é um casamento. Nossa vida em comum não é um sucesso, porque nós não temos uma vida em comum, Quinn. Não vimos nossa família no Natal, trabalhamos no Ano-novo. Pelo amor de Deus, vimos os fogos de artifício pela janela do escritório! E você sabia que hoje é o dia de desmontar a árvore e guardar as decorações de Natal!? Acontece que nós não tivemos uma árvore de Natal e não decoramos nossa casa. Quinn, nós simplesmente ignoramos o Natal! Ela respirou fundo e continuou:

— Nós não estamos aproveitando a vida ou o que construímos, Quinn. Quero mais que isso. Eu quero... uma casa, um jardim, tempo para cuidar das plantas, para enterrar minhas mãos no solo e sentir o perfume das rosas... Nós nunca paramos para sentir o perfume das rosas, Quinn. Nunca. Quinn grunhiu.

— Temos que ir. Vamos perder o voo, estamos atrasados. Tire algum tempo para você, faça o que precisar, mas venha comigo, Rach. Lá você pode fazer uma massagem, visitar um jardim zen budista, qualquer coisa, mas pare com essa maluquice e...

— Maluquice? perguntou Rachel, a voz alcançando algumas oitavas acima.

— Não posso acreditar, Quinn, que você não tenha entendido nenhuma palavra do que acabei de dizer. Não quero visitar um jardim zen, não quero massagem. Não vou com você nessa maldita viagem. Preciso de tempo. Tempo para pensar no rumo que quero dar à minha vida, e não tempo para paparicá-lo enquanto você tem idéias mirabolantes, enquanto sua fome por poder aumenta mais e mais. Chega! Quinn correu a mão pelos cabelos. Depois enfiou os sapatos, pegou sua mala e se virou para ela.

— Você está louca. Não sei o que deu em você, não sei se é aquele período do mês ou o quê, mas você não pode simplesmente resolver que não vai mais trabalhar. Você tem um contrato a cumprir, Rach.

— Um con... Ela começou a rir desconsoladamente.

— Ora, então me processe, Quinn. Rachel deu as costas para ela e foi até a janela, calando-se, com medo de dizer algo de que pudesse se arrepender. Ainda estava escuro lá fora, e ela olhou para as luzes de Londres refletidas na superfície do rio, antes de fechar os olhos.

— Estou indo. Você virá?

— Não.

— Tem certeza? Porque, se você não vier, acabou. Não espere que eu corra atrás de você implorando.

— Não se preocupe.

— Estamos entendidos. Onde está meu passaporte?

— Sobre a mesa, com as passagens. Disse Rachel sem se virar. Ela ouviu Quinn pegar os documentos, andar até a porta, parar e respirar fundo. Ela esperou por alguns segundos... Pelo que, exatamente? Que ela cedesse? Que pedisse desculpas? Que dissesse que a amava? Rachel não se moveu.

— Sua última chance.

— Eu não vou, Quinn.

— Tudo bem, faça o que quiser. E me avise quando mudar de idéia. Ela o ouviu se afastando e fechando a porta do quarto. Esperou até ouvir que a porta da frente também fosse fechada. Então, sentou-se e suspirou. Ela se fora. Ela realmente se fora. E os únicos motivos que ela dera para ela seguir com ela estavam relacionados a trabalho. Um contrato!

— Maldita seja, Quinn! gritou ela para o quarto vazio. E então, começou a chorar, sacudida por soluços de pura amargura. Sentindo-se subitamente mal, correu para o banheiro e vomitou, para depois deixar-se ficar no chão frio, desamparada.

— Eu amo você, Quinnie — sussurrou ela.

— Por que você não me ouve? Por que você não quer nos dar uma chance? Teria ela ido com Quinn se ela tivesse parado um segundo, dito que a amava e que precisava dela para depois tomá-la em seus braços? Não. E, de qualquer forma, aquele não era o estilo de Quinn. Ela poderia facilmente começar a chorar de novo, mas não daria a ela essa satisfação. Assim, Rach se levantou, lavou o rosto, escovou os dentes e se maquiou. Depois, foi até a sala e apanhou o telefone. — Marley?

— Rachel, bom dia, querida! Como vai?

— Bem. Acabo de deixar Quinn.

— Como assim?

— Eu a deixei. Bem, na verdade, foi ela quem me deixou... Depois de um breve silêncio, Marley respirou fundo e disse:

— Certo. Onde você está? — Em casa, Mar, e não sei o que fazer a seguir.

— E onde Quinn está agora? — A caminho do Japão. Eu deveria ir também, mas não pude.

— Certo. Faça uma mala. Jeans, botas e um bom casaco, porque aqui está gelado. Estou a caminho. Você vem ficar comigo.

Estarei aí em uma hora e meia. Rachel vasculhou seu guarda-roupas atrás da calça jeans, apenas uma, que estava certa de ainda possuir, e um velho par de botas há muito abandonado, já que trabalhava usando roupas elegantes e saltos altos. A foto de seu casamento estava sobre a cômoda, lembrando-a de que eles não tiveram tempo para uma lua de mel. Depois de uma breve cerimônia civil, Quinn a levara para um hotel e fizera amor com ela, até que elas não aguentassem mais. Ela dormira em seus braços e até mesmo acordara abraçada nela, já que, pelo menos daquela vez, Quinn não a deixara sozinha na cama e não se levantara no meio da noite para trabalhar em seu laptop, tomado por uma energia que nunca parecia abandoná-lo. Ah, aquilo parecia ter sido há tanto, tanto tempo. Rachel engoliu em seco e deu as costas para o porta-retratos olhando em volta. Não havia nada daquela casa que ela quisesse levar consigo. Ela pegou seu passaporte, mas apenas para que Quinn não o pegasse, não porque quisesse ir a algum lugar. Seu passaporte era um símbolo de liberdade, ela o queria com ela. E talvez ele fosse útil. Rachel não podia imaginar para que, mas, de qualquer forma, guardou-o em sua bolsa. Em seguida, colocou sua mala junto à porta, jogou fora todos os perecíveis da geladeira e se sentou no sofá da sala para esperar Rachel, ligando a televisão para se distrair. Segundo a repórter que aparecia na tela, aquele dia, a primeira segunda-feira do ano, era conhecido como "segunda-feira do divórcio". A repórter continuou falando, explicando que aquele era o dia em que, passados Natal e Ano-novo, milhares de mulheres respiravam fundo para tomar coragem e contratavam advogados, dando início aos seus processos de divórcio.

Oh, meu Deus.

Duas horas mais tarde, ela estava sentada à mesa da cozinha de Marley em Suffolk. Marley ofereceu-lhe café, mas o cheiro a fez ficar enjoada novamente.

— Desculpe... Não consigo. disse ela, recusando a xícara que a amiga oferecia e correndo para o banheiro para vomitar mais uma vez. Quando finalmente conseguiu se aprumar, Marley esperava por ela junto à porta, parecendo muito preocupada.

— Você está bem?

— Vou sobreviver. É só tensão, Marley, eu a amo e estraguei tudo. Ela foi embora. Marley abriu o armário do banheiro, apanhou uma caixa e entregou para a amiga.

— Um teste de gravidez? Não seja louca. Você sabe que não posso engravidar. Tive problemas com a cirurgia do apêndice, lembra? Fiz milhares de teste, é impossível, não existe a menor possibilidade de...

— "Impossível" é uma palavra que não existe e eu sou a prova viva disso. Faça o teste. Por mim. Marley saiu do banheiro e fechou a porta. Rachel leu as instruções, achando aquilo tudo tolo e sem sentido. Ela não poderia estar grávida. Não havia possibilidade.

— O que, em nome de Deus, vou fazer da minha vida?

— Você quer ficar com ela? Ela sequer pensava naquilo. Mesmo chocada com o resultado, sabia a resposta e sacudiu a cabeça.

— Não. Quinn sempre foi muito claro a respeito do fato de não querer filhos. E, de qualquer forma, ela teria que mudar muito, muito mais do que é possível um ser humano mudar, para conseguir cuidar de um bebê. Você acredita que ela me disse que eu não podia deixá-la porque tínhamos um contrato?

— Talvez essa seja apenas a forma dele de lidar com suas próprias emoções, Rachel.

— Quinn? Não seja ridícula. Ela sabe muito bem como lidar com o que quer que seja. Ela disse que, se eu não fosse com ela, estava tudo acabado, e ela não estava brincando. Ela fez uma pausa.

— Preciso encontrar uma casa, Marley, não posso ficar com você e Jack para sempre, especialmente porque você também está grávida. Outra pausa.

— Não posso acreditar que estou grávida depois de todos esses anos. Marley riu.

— Acontece, querida, acontece. Sorte sua eu ainda ter um teste guardado. Refiz o teste várias vezes, mal podendo acreditar, como você. Mas estou feliz, as crianças também. Agora, me diga, onde você quer viver? Na cidade ou no campo? Marley tentou sorrir.

— No campo, que tal? Acho que realmente não quero voltar para Londres. Você pode não acreditar e até mesmo rir de mim, Marley, mas quero ter um jardim.

— Um jardim? Marley pareceu lembrar-se de alguma coisa.

— Espere aí. A amiga deixou a cozinha e Rachel pôde ouvir sua voz abafada falar com alguém no telefone do escritório. Marley voltou para a cozinha cinco minutos depois, parecendo animada.

— Jack tem um amigo, Kurt Hummel, que está de mudança para Chicago, onde viverá por um ano. Kurt encontrou alguém para cuidar de sua casa, mas parece que a coisa não deu certo, e ele está desesperado atrás de uma pessoa que assuma esse compromisso.

— Por que ele simplesmente não a deixa fechada?

— Porque ele vai ter que voltar para cá algumas vezes nesse período, então vai precisar que a casa esteja em ordem. É uma casa maravilhosa, as despesas continuarão a ser pagas por ele e tudo que você tem a fazer é viver lá, cuidar um pouco das coisas, não dar festas malucas e chamar o encanador se necessário. Ah, e alimentar o cão, passear com ele, essas coisas. Você gosta de cães, não? Rachel assentiu.

— Adoro cães. Sempre quis ter um.

— Ótimo. Murphy é um amor. Você vai adorá-lo, vai amar a casa. A casa-se chama "Chalé das Rosas" e tem um jardim absolutamente incrível. Fica perto daqui, assim nós poderemos nos ver sempre. Vai ser divertido.

— Você acha que ele vai se importar com minha gravidez?

— Kurt? De jeito nenhum. Ele adora bebês. E, de qualquer forma, ele não passará tanto tempo por aqui. Venha, vamos até a casa dele, acertar os detalhes.


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Notas finais do capítulo

Continuo...



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