— Ele está estranho
— Definitivamente estranho.
— Devíamos perguntar a ele?
— Ele está cavando o quintal todo a pelo menos duas horas. Se não o pararmos ele vai acabar nos enterrando.
— Talvez devêssemos chamar o Vovô Pabie, ele saberia o que dizer - o troll pôs uma mão na nuca - E Kristoff não o atacaria se estivesse furioso.
— Mas que diabos deu nele?!
— ACHEI!! - Exclamou Kristoff triunfante com uma caixa rústica de madeira coberta de terra em mãos.
Os trolls ao seu redor recuaram um pouco com a mudança brusca no comportamento anterior tão focado, mas logo se recuperaram e questionaram o que o seu amigo encontrara.
— Isso, meus queridos amigos, é a salvação do meu noivado. - Respondeu ele confiante retirando um colar de cristais de fogo e pedras polidas de dentro da caixa - esperava usar isso daqui uns 30 anos quando eu e Anna estivessemos velhos e rabugentos, mas parece que vou precisar deles agora - completou ele pensativo colocando-o de volta na caixa.

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— Acredito que o conselheiro de Arendelle possa responder essas questões - respondeu Anna com uma careta confusa
— Como queira, Vossa Alteza - suspirou o contador do reino se retirando frustrado.
Anna estava bem aquém das situações de Arendelle, Elsa era quem cuidava de tudo. Especialmente nos últimos 6 meses. Bem, é verdade que Anna recebera aulas sobre tudo e mais um pouco sobre como gerir um reino. Ela ainda lembrava da frustração que sentia com o fato de que Elsa seria Rainha e ainda assim recebia menos aulas que ela - beeeem menos - e ainda por cima de somente de seus pais - motivo pelo qual as aulas eram menos frequentes, os reis sempre tinham alguma obrigação. Ainda assim, Anna não vivia a par dos problemas do reino. Mas agora que Elsa estava em viagem, os pormenores de algumas transações as quais eram destinadas à decisão da rainha passavam por ela primeiro.
— Você faz falta para esse reino também - declarou ela ao entrar no seu quarto e ver a coroa em sua cabeceira, ela parecia um pouco menor hoje, não? Ou seria apenas Anna desejando que Elsa já estivesse voltando? Gostava mais da primeira opção.
Anna ouviu três batidas ritmadas na porta. Só haviam três pessoas que faziam isso no castelo, ela era uma delas.
— Elsa? - Perguntou ela esperançosa correndo para a porta.
— Oi, Anna. Posso ficar um pouco com você? - perguntou Olaf entristecido
— Claro, Olaf. O que houve? - questionou Anna dando passagem o boneco de neve
— Nada demais. É só que passamos semanas com o castelo cheio de gente e com tanta coisa para fazer... Então veio aquela loirinha maluca que é bem legal depois que você se acostuma, e então... - Ele suspirou e se sentou na cama da princesa - Bem, agora não tenho nada para fazer no castelo, Kristoff e Sven também não apareceram e não tem graça andar pelo reino sozinho.
— Ah, Olaf...
Anna sentou-se a seu lado e recostou sua mão no amigo de neve e lhe deu um olhar reconfortante.
— Também sinto falta deles, de todos. - Afirmou Anna
— Até do Kristoff? - perguntou ele com curiosidade.
— Claro que sim. Por que diz isso? - rebateu ela agachando-se ao seu lado.
— Bem, ele acha que você não quer vê-lo nem pintado de ouro - respondeu Olaf erguendo-se da cama - Disse que esperaria você esfriar a cabeça para falar com você. O que é meu bobo já que a sua cabeça não parece quente - acrescentou ele tocando sua testa e torcendo os lábios.
— Ele disse isso? Mas ele é que estava com a cabeça quente - retrucou Anna ligeiramente irritada.
— Sério? Não parecia - Olaf pôs a mão no queixo pensativo - Na verdade, ele estva bem triste quando disse isso.
Anna piscou surpresa. "Ele estava triste?" Talvez ela devesse reconsiderar, certo? Afinal, ela também não estava muito feliz com a separação.
— Olafo, sabe onde o Kristoff está? - perguntou Anna erguendo-se
— Não sei. - respondeu entristecido - Mas a gente pode procurar! - acrescentou animado - Vamos! Vamos procurar o Kristoff!
Olaf puxou Anna pela barra do vestido e ela o seguiu sorrindo.

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Definitivamente essa era a. Melhor. Coisa. Do MUNDO. Voar sempre foi um desejo de Elsa, mas ela nunca pensou que seria tão bom assim. Ok, em alguns momentos ela ainda precisava se concentrar na barra do vestido para não correr o risco de revelar mais do que uma fenda poderia. Por sorte seu gosto nunca foi pelos vestidos bufantes e sim por cortes mais simples e com o caimento mais flúido. Dimitri também estava ajudando mantendo boa parte da ventania que a carregava em seus braços e no sentido horizontal para evitar um constrangimento de uma saia levantada.
Mesmo assim, era uma delícia.
— Ok, vamos pousar - avisou Dimitri lembrando-se do último pouso - Como eu disse, não me concentro muito na queda. Vou precisar apará-la de novo, tudo bem?
Elsa acenou confirmando e o príncipe pousou e a direcionou para si antes de deixá-la cair a poucos centímetros dos seus braços.
Dessa vez não havia surpresa e a a rainha desceu tão rápido que quase daria para dizer que pousou direto no chão.
— Eu disse que fizesse companhia à Vossa Alteza, não que a carregasse pelos céus, Dimitri! O que você tem na cabeça? - Inquiriu seu pai furioso. Infelizmente, a voz agudizada pela idade o tornou quase cômico.
— Relaxe, papai. Não aconteceu nada demais e a Rainha estava segura em todos os momentos - disse Dimitri com a voz plácida.
— Essa não é a questão - rebateu o rei um tom mais baixo deixando o rosto sombrio - Você alguma vez se perguntou o porquê de eu não ter dito a você sobre a vida da rainha? O porquê de tanto sigilo? - acrescentou ele no mesmo tom - E então você vem e a carreg pelos céus para que todos os guardas de Gamel a veja?! - gritou ele de volta ao seu tom agudo.
Dimitri empalideceu, Elsa também. O príncipe esfregou a nuca preocupado e engoliu em seco. Elsa percebeu a situação e resolveu ajudar seu novo amigo.
— Me perdoe, Vossa Majestade. Seu filho não tem culpa, fomos à cavalo, minha pressa foi quem o fez nos trazer voando - Informou ela com voz de culpa.
O rei esfregou o rosto e suspirou pesadamente, seu bigode branco na cara rechonchuda se esticou o fazendo parecer mais velho ainda, e então acrescentou:
— Espero que estejamos bem, Alteza. Sei que tem pressa, pois acabou de nos dizer isso, contudo, meu filho Nicolau parece ter grande apresso por Vossa Majestade, assim como todos nós. Infelizmente não podemos oferecer uma estadia digna de sua realeza devido a situação... delicada que nos encontramos, mas se desejar ficar, estaremos preparando um lugar adequado para si - terminou ele com um leve reverência
— Eu agradeço, Majestade.- Elsa curvou-se levemente - Embora eu deseje ficar, minhas responsabilidades não permitem uma estadia longa - ela sorriu gentilmente - Eu prometo ponderar fortemente seu pedido.
— Obrigado, Alteza - O rei beijou a mão da rainha enquanto fazia uma última reverência - Cuidarei para que alguns de meus guardas de confiança a levem em segurança.
— Não será necessário, Majestade - recusou Elsa
— Eu insisto
— Eu também. Sei que não devo julgar suas escolhas nem dizer-lhe como reger seu reino, mas acho que deveria considerar manter seu herdeiro a par da situação - disse ela virando-se para Dimitri - obrigada pelo passeio, foi realmente divertido - ela sorriu e começou a andar - Mas se me dão licença, há um pequeno problema de excedente de suprimentos e roupas em Arendelle que preciso resolver - acrescentou ela dando um pequeno aceno de cabeça ao rei.
Ele sorriu esperançoso, se Arendelle não se envolvesse na guerra, poderia ao menos, quem sabe, enviar alguns mantimentos por um tempo. O rei a viu seguir seu caminho até um dos guardar que a guiou pela passagem lateral do castelo.
— Ok, Elsa é uma boa rainha, devia seguir seu conselho e me contar o que está acontecendo - O rei virou-se para o lado e encontrou seu filho mais velho de braços cruzados e com as sobrancelhas erguidas.
— Prometa-me que segurará seus impulsos! - Repreendeu o rei George Henrique com veemência. Dimitri ergueu os braços e então tomou posição de juramento solenemente. O rei bufou e continuou: - Sente-se, há muito o que falar.