"Me sinto amada quando vejo o seu rosto
Mas todas essas cicatrizes, não podem ser substituídas
Você me deixa em choque
Me atinge fortemente e eu não sei o que dizer"

Towers ~ Little Mix

~Morgana

Eu e o Nico estávamos levando as cobertas para a sala onde o nosso “grupinho” se reúne toda vez que esfria,nós só temos essa sala graças a uma certa Lightwood que insistiu para a tia Maryse liberar essa sala já que normalmente elas eram utilizadas como depósito de sêmen por alguns alunos já que ninguém utilizava elas,a tia Maryse não curtiu a ideia dos alunos se pegarem lá e principalmente da Izzy ficar atrás dela insistindo então liberou para nós fazermos isso,então transformamos em um refúgio com uma lareira,uma televisão gigante e uns colchões no chão porque não queríamos investir em sofás ou camas.Entrei e deixei as cobertas lá me virando em direção a porta e me deparando com o Raphael parado lá ,fui em sua direção lhe dar um beijo mas o mesmo revirou os olhos e saiu porta a fora.Fiquei parada por um tempo confusa mas decidi segui-lo,tive que apertar o passo já que perseguir um vampiro não é tão fácil.Quando finalmente cheguei ao seu lado notei que ele parecia não estar fazendo questão de eu estar ao seu lado ou não.

—O que foi Rapha?-Nós estávamos caminhando,eu olhava para ele ajeitando meus óculos que insistiam em cair nos meus olhos.

—Nada além de você estar mostrando as pernas por aí.

—Capaz,esse vestido nem é tão curto e alias eu estou de meia calça.

—É curto sim e se você se abaixar dá até pra fazer um exame de útero!

—Meu Deus Santiago olhe a merda que você está dizendo!

—Falar a verdade agora é uma merda?

—Não,mas insinuar que sua namorada está parecendo uma garota vulgar é!

As pessoas andavam ao nosso redor nos olhando como se soubessem o que estava acontecendo,eles murmuravam coisas que eu fazia questão de ignorar.

—Namorada.Sabe,as vezes eu paro pra pensar se isso vai dar certo,você com esse seu jeito meio rebelde e atiçado e eu com meu jeito ciumento e meio calmo,mas as vezes...-Ele levantou a cabeça para me olhar de uma maneira hostil,eu nessas horas estava pasma. –Eu penso se isso foi uma boa ideia.

Eu me senti pequena,de certo modo até humilhada.Eu fiquei ali paralisada olhando ele que olhava para o anel em seu dedo.Uma onda de raiva passou por mim o que me fez retirar o meu anel e arremessar em sua direção.Ele levantou a cabeça surpreso pela minha atitude,num reflexo impecável conseguiu pegar o anel que ia em direção ao chão.Meu olhar era de uma certa raiva e até magoa enquanto o dele era um misto de hostilidade,magoa e confusão.

—Então...-Falei com uma calma que até eu me surpreendi,o jeito que eu estava calma e firme por fora mas por dentro eu estava um tsunami! –Quando tiver certeza talvez possamos ter uma conversa decente.

~Nico

Eu estava deitado conversando com o Jace que mantinha a Clary em seus braços,quando senti que algo estava errado “Morgana” pensei mas para ter certeza olhei para o Magnus que estava do outro lado da sala e olhava para mim como se soubesse que algo estava errado e soubesse o motivo de estar daquele jeito.Levantei em um salto assustando o casal ao meu lado,o Magnus já estava na porta quando fui em sua direção uma onda anormal de ar frio passou pelo quarto deixando todos confuso pois a sala estava quente –Com uns 20ºC enquanto lá fora estava uns 10ºC – e nenhuma janela estava aberta.Eu e ele sabíamos bem o que havia acontecido então saímos correndo em direção ao dormitório feminino mas quando chegamos não havia o menor sinal de que ela havia estado lá.Começamos a procurá-la em toda parte mas pelo tamanho do instituto não teria como cobrir a área em menos de uma hora e meia,o Magnus bem que tentou rastrea-la pela magia mas ele disse que ela havia bloqueado ele,não permitindo ninguém saber onde ela esteve ,fui para o jardim onde as flores cresciam e uma chuva media incomodava por ali,procurei por ali também mas não a encontrei e caí de joelhos tentando ter um breve sinal de onde ela poderia estar até que eu senti aquela aura pesada vindo da cozinha.”O quarto dela né esperto!”.Eu e o Magnus entramos correndo no dormitório indo em direção a cozinha e empurrando a porta que só quem conhece o quarto dela sabe onde fica,subimos depressa e quando entramos ela estava sentada com o queixo no joelho,seus óculos jogados e sua expressão era de completa frustração.Se eu não estivesse tão preocupado com ela eu poderia dizer que ela estava linda e frágil encolhida daquele jeito,em como sua cama de casal a fazia parecer pequena e meiga.Afastei esses pensamentos e me permiti fazer um panorama da situação,o clima do lugar estava pesado e de alguma maneira afetava o modo que eu respirava ou meus batimentos cardíacos,eu já havia sentido aquele clima antes quando tive que ir atrás de um grupo de fantasmas em um hotel,era um clima de pura chateação, algo como tristeza.

—Esta tudo bem Baby Blue?-Perguntei me aproximando e sentindo que o ar pesava a cada passo que eu dava em direção a ela.

—Não,porque esse filme,na verdade livro,esta totalmente errado!Ele não tinha nenhum carma,ele não perdia a fé no mundo como ela,desde o começo ela era destinada a morrer,a aura de morte estava sobre ela,mas não!Ele acabou morrendo porque do nada o câncer dele começou a se espalhar e levou junto dele toda o amor que eles tinham,mas o pior é que não fala como ela passou o resto da vida dela,se ela curou o câncer,se ela se casou com outro e teve filhos,ou adotou filhos por pensar que não poderia se casar com mais ninguém além do Gus,mas sabe,até que eu entendo a Hazel,aconteceu uma coisa com ela que ela não tinha como se defender e muito menos negar.

—Sério Sky?Esta falando de A Culpa É Das Estrelas?E não me chamou pra assistir junto?-O Magnus falou tentando fazer ela sorrir,o que só a fez aumentar sua frustração.Ele estava se aproximando dela como se não sentisse aquela aura pesada que ela estava emanando,como se já tivesse se acostumado com aquilo.

—Sim,me desculpe mas você estava lá curtindo com o seu namorado que faz questão de dizer que ama você do jeito que você é,mesmo você sendo rebelde ou sei lá!

Ele finalmente chegou até ela e se sentou ao seu lado segurando sua mão num gesto reconfortante que me fez criar coragem e ir até ela,a abraçando de lado de um jeito que lhe dissesse que eu não a soltaria por nada.

—O que houve Blue?-Falei calmamente.

—Terminei com o Raphael,ele olhou pra mim e disse que não sabe se o nosso namoro foi uma boa ideia graças ao meu temperamento ou meu jeito de me vestir.

—Então ele é o maior demente!Porque o que te faz ser tão linda é o seu jeito de ser.

Ela olhou pra mim sorrindo e me deu um beijo na bochecha agradecendo por ter falado aquilo e estar ali com ela naquele momento,o Magnus levantou rapidamente dizendo que ia pegar algo para nós bebermos,quando ele voltou trouxe refrigerante batizado para nós,o que me fez ter certo receio em beber em um colégio.Ele se sentou na nossa frente cruzando as pernas”como índio” que nem dizem nas escolas fundamentais e a Morgana estava entre as minhas pernas com a cabeça em meu peito e eu repousando meu queixo na sua cabeça.Estávamos comentando algo como o Axl Rose poder alcançar notas mais altas que a Beyonce,quando ouvimos batidas na porta e de alguma maneira já sabíamos quem era a pessoa que estava batendo.o Magnus fez uma cara de bravo e foi abrir a porta,nos revelando um Raphael com olhar confuso.

—O que faz aqui Santiago?Veio conferir se ela estava bem ou não?-O Magnus falou de uma maneira rígida que nos surpreendeu.

—E-eu,eu vim saber como ela estava.

—Ela esta bem e se não esta ela vai ficar.O que ela não precisa é ser consolada por quem a machucou!Por mais que essa seja a ironia da dor.-Eu falei pra ele,que me observava abraçado com ela e ela com os olhos em nossos dedos entrelaçados buscando um pouco de força.

—Como assim?

—Uma vez eu da Blue que ela aprendeu algo com uma cantora mundana chamada Selena Gomez,que a ironia da dor é que você quer ser consolado por quem lhe machucou.

—Hum.-Ele falou meio emburrado.

—Agora que você já sabe como eu estou pode ir,você não tem que ficar aqui e pelo que eu pude notar já existe uma fila pra te dar uns pegas,mas cuidado com as que tem atitudes rebeldes ou se vestem vulgares demais segundo sua concepção.-Ela falou tirando forças do aperto em sua mão.

—Morgana eu não..

—Quis dizer aquilo?Você quis sim,não adianta dizer que não porque quando uma pessoa fica brava diz a primeira coisa que vem a sua mente e aquilo era o que estava na sua.-Ela falou olhando firme em sua direção mas eu pude ver o quanto ela estava sendo forte naquele momento.

—Eu...

—Sente muito?É claro que sente,você fez uma feiticeira foda ficar sem palavras.Mas olhe pelo lado bom isso vai entrar no seu currículo!

—Morgana pare de completar tudo o que eu falo,até parece que lê...

—Sua mente..Talvez.-Ela falou de uma maneira que eu pude sentir um sorriso irônico formando em seu rosto.

—Hum.-Ele repetiu emburrado novamente.-Me dê uma chance se eu me retratar,pra eu fazer tudo corretamente.

—Até a próxima discussão?Noop,sem chance.Agora que você já falou tudo o que tinha pra falar pode ir.

O Magnus olhava para o Santiago murmurando algo como “Eu que te salvei pra você fazer essa merda?!”,eu estava acariciando os longos fios azuis na minha frente,algo que estava fazendo ela ter leves arrepios coisa que eu sabia que ela tinha.Ela estava com a respiração um pouco fora de costume,seu peito subindo e descendo como se o não conseguisse preencher o espaço em seus pulmões com ar suficiente e o Raphael revezava o olhar entre eu e ela,o jeito que estávamos um com o outro poderia ser interpretado de outra maneira caso alguém visse.

—Sabe,eu sempre achei que poderia acontecer algo entre vocês.Vocês de alguma maneira complementam o outro e isso me dava um certo receio,mesmo sabendo que vocês são irmãos.Na realidade vocês não são irmãos mesmo mas isso não importa,eu sempre achei que você poderia tirá-la de mim porque você sempre compreendeu ela mais do que eu em um milhão de anos poderia compreender ela.-Ele falou olhando para nós.

—Eu amo cada coisa nela,o modo como ela revira os olhos quando esta emburrada ou que dá um breve sorriso quando vê crianças se divertindo.Eu conheço ela,eu sei que ela não é como o resto,em termos mais literários eu posso dizer que a Morgana é uma divergente e não pode ser controlada e eu não quero controla-la porque eu respeito o jeito dela de ser.Mas você,eu sei que você era afim dela a muito tempo pois você é meu amigo também,mas quando você pediu ela em namoro você esperava outra Morgana.-Falei olhando pra ele com uma cara de poucos amigos,olhei para o Magnus que fazia questão de terminar o que eu dizia.

—Uma que não se vestisse com roupas que marcam seu corpo ou que não aceite elogio ou olhares de garotos mas você se enganou,essa garota só existe nos sonhos dos mais românticos ou os que não conhecem ela,mas quem conhece sabe que ela nunca vai mudar porque essa é a essência dela,coisa que você não aguentou.

O Magnus falou de maneira séria que de certa maneira me fez ter um pouco de medo dele,ela deu um riso fraco e balançou a mão fazendo a porta se fechar em um estalo.Ficamos parados sem dizer uma palavra,até ela se virar para o lado da parede e me abraçar,sem nenhuma lágrima porque ela não chora.Uma longa história esta atrás disso,mas naquele momento eu não pude pensar nela mas sim o quanto eu ia reconfortar a minha pequena Baby Blue.

Depois de beber uma garrafa inteira o Magnus saiu dizendo que tinha que encontrar o pessoal e contar o que havia acontecido,ela bebeu mais uns goles do refrigerante e saiu da minha frente e se deitou ao meu lado,comecei a passar a mão em seus cabelos,não com o intuito de arrepia-la mas sim de acalma-la.Após uns dez minutos sua respiração começou a ficar uniforme o que significava que ela havia dormido,quando fui ver o horário vi que já era dez e meia da noite,.Depositei um beijo em sua cabeça e desci indo para o meu dormitório,dormitório que eu tinha que dividir com o garoto que partiu o coração da garota que eu acabei de fazer dormir e acalmar,a garota que eu amava cada detalhe.Minha Baby Blue.