Juntos pelo acaso escrita por MsNise


Capítulo 19
Voltando


Notas iniciais do capítulo

Olá! Tudo bem? xD
Entãããão, esse capítulo vai ser dedicado à MaryWalker, que deixou uma recomendação inesperada e incrível nessa história ♥ Sério, eu nem mesmo sei como agradecer esse carinho enorme, com todos os comentários e com essa recomendação. Realmente, muito obrigada ♥
Agora, sem mais delongas, deixo vocês lerem esse capítulo que eu gostei muito de escrever!
Espero que gostem, amores ♥



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Por algum tempo simplesmente encarei Sali e apreciei todo o sentimento de alegria que me preencheu. Ela sustentou meu olhar atentamente. Quanto tempo havíamos perdido somente para sentir o sentimento do outro? Eu não me importava. Naquele momento eu o sentia claramente no ar, pairando entre nós como uma nuvem de amor. O tempo perdido não tinha mais relevância; a única coisa que importava eram aqueles instantes em que poderia olhá-la. Gostaria de poder olhá-la para sempre.

Um minuto de realização de sonho supera toda uma vida de espera.

— Não quer entrar? — perguntei, me aproximando do portão e o abrindo para ela.

Ela sustentou meu olhar por alguns segundos.

— Tudo bem — murmurou e seguiu em minha frente.

Eu não sabia o que falar. Mas desconfiei que não precisássemos de palavras.

Sali seguiu até o meu quarto imediatamente, sem pedir permissão. Ela parecia tímida, porém, andando com passos hesitantes e com a cabeça baixa. Sentou-se em minha cama e não me olhou nos olhos. Sentei ao seu lado.

Decidi que não falaria até que ela tomasse a iniciativa. Até mesmo porque não sabia por qual rumo seguir; ela tinha me deixado perdido com tantas reviravoltas de sentimentos. Precisava me explicar o que tinha acontecido para que assim eu pudesse explicar a ela, também, como eu me sentia. E desde quando me sentia daquela forma.

Porque ela precisava saber. Precisava saber o que eu sentia enquanto olhava nos meus olhos e confirmava que era tudo verdade. Não seria como um áudio qualquer. Seria frente a frente.

Seria real.

— Sinto muito — sussurrou por fim e fechou seus olhos. Ela soltou a respiração lentamente; e só então percebi que ela a estava prendendo de nervosismo. — Eu sei que o que fiz foi errado. E quero muito consertar isso.

— Tudo bem — engoli em seco e coloquei minha mão no espaço entre nós, mas não tive coragem de segurar sua mão. Uma dúvida me ocorreu. — Mas, Sali… o que, exatamente, você quer consertar?

E se ela quisesse acabar com nossa amizade de vez? E se ela quisesse consertar todas as sucessões de sentimentos que cresceram à medida que o tempo passou? E se ela quisesse apagar da memória todos os nossos momentos bons?

Minhas mãos começaram a tremer antes mesmo dela começar a falar.

— Quero consertar o domingo — ela murmurou, deixando-me momentaneamente aliviado. — A parte depois do cinema, especialmente. E um pouquinho da parte do cinema também.

— Certo — assenti.

Ela respirou fundo e abriu seus olhos. Seu cenho estava franzido; seu rosto vincado em sofrimento. Parecia estar com dificuldades para falar aquilo que queria.

— Mas antes quero te dizer algo… — ela brincou com seus dedos. — Quero te dizer que eu me lembro da noite de sábado. Inclusive…

— Sim?

Ela hesitou.

— Inclusive daquilo que te disse sobre achar confortável o abrigo de seus braços e querer ficar neles para sempre…

Senti meu coração dar batidas descompassadas. Pouco a pouco, com palavras discretas, Sali me destruía. De felicidade. De paixão. De realização.

Ela encarava a minha mão.

— E tudo era verdade. Cada palavra. E eu realmente apertei sua mão para te impedir de sair do quarto, mas não tive coragem de abrir meus olhos e te dizer isso — ela deslizou sua mão suavemente através do colchão até encontrar a minha. Sua mão estava fria, escorregadia e trêmula. — Acho que sou um pouco covarde — sussurrou.

Tudo bem. Agora está tudo bem.

Virei a minha mão para cima, entrelaçando nossos dedos. Como sempre tinha sido. Como deveria ser.

— Sali… se você sabe o que disse para mim, então também sabe o que eu disse para você — fiz uma pequena pausa e procurei pelo seu olhar. Ela me encarava. — Não é?

Ela hesitou um pouco antes de assentir. Olhei-a atentamente. Sua expressão estava séria e concentrada. Linda. Sali era linda.

Aproximei nossos rostos. Ela ainda me olhava concentrada, mas havia um pouco de pavor em sua expressão. Imaginei como seria beijá-la, como seria seus lábios. Eu adorava observá-los enquanto ela sorria. Nossos narizes se tocaram e esperei que ela se retraísse. Ela continuou paralisada. Meus lábios se separam lentamente. Fechei meus olhos.

Minhas mãos buscaram pelo seu rosto. Acariciei sua bochecha enquanto me aproximava, confundindo as nossas respirações, fazendo o meu desejo se tornar tão real, chegando tão perto mais uma vez…

— Eu não sei beijar — ela sussurrou enquanto espalmava as mãos no meu peito. Meus olhos se abriram.

— Sali?

— Eu nunca beijei — ela parecia constrangida, afastando-se de mim e virando o rosto. — Nunca deixei que ninguém me beijasse.

— Desculpa — murmurei desorientado e baguncei meu cabelo de nervosismo, subitamente entendendo tudo. — Foi por isso que você não me deixou beijá-la no cinema, então?

Ela assentiu relutantemente.

— É que… argh — ela jogou a cabeça para trás. — Eu estava esperando pelo momento certo. Aquela baboseira toda, sabe? E pensei que fosse deixar rolar, mas é complicado. Não pensei que o fato de eu nunca ter beijado pudesse vir à tona. Desculpa, Guto — ela escondeu o rosto com as mãos. — Estraguei tudo, não é?

Estendi minha mão e acariciei delicadamente seu braço.

— Tudo bem — mesmo que a minha voz estivesse frustrada, a minha frase era verdadeira. Eu podia esperar. — Leve o tempo que precisar.

Ela suspirou e tirou as mãos de seu rosto, olhando-me com o canto do olho.

— Guto — ela murmurou. Parecia frustrada. — Como eu sou idiota — fechou seus olhos e balançou a cabeça negativamente. — Me recusando a beijar você… o garoto que eu sempre tinha esperado. A pessoa certa — respirou fundo e abriu seus olhos, colocando sua mão delicadamente em minha bochecha. Fechei meus olhos ao seu toque tão suave quanto o vento. — É muita tolice dizer que eu quero tentar de novo? — ela sussurrou; e estava tão perto de mim que pude sentir o cheiro doce de seu hálito. — De verdade dessa vez. Eu sei que o meu beijo deve ser horrível e que já quebrei com todo o clima, mas eu realmente quero tentar, Guto.

Engoli em seco e segurei em seu antebraço. Acariciei-o suavemente. Os batimentos de meu coração estavam rápidos e quentes. Eu me sentia queimar por dentro; conflagrava-me de alegria e de realização.

Ela queria tentar.

— Não vai ser horrível — neguei e abri meus olhos, notando-a bem perto de mim. — E o clima… a gente pode forjar um. Não acha?

— Como assim? — ela tinha um sorriso divertido brincando em seus lábios. A timidez não parecia mais tão presente.

Sorri e contornei seu sorriso com meus dedos. Eu também tremia — o que nunca tinha acontecido antes. Eram os efeitos colaterais de ter Sali por perto.

— A gente pode pôr uma música de fundo para criar um clima.

— Guto?

— É sério! Ia parecer uma cena de filme!

Ela riu e tirou a mão de meu rosto. A ausência me desconcertou por alguns segundos.

— Tá — percebi que ela tinha resolvido entrar na brincadeira. — Que música, então?

— Você decide. É o seu momento.

— É o nosso momento — ela respirou fundo e balançou a cabeça. — Imagination, do Shawn Mendes.

— Ok — peguei o notebook e procurei pela música no Youtube. Sali sorria amplamente. — Agora, como você quer que seja a cena? Como a imaginou?

— Eu não imaginei — ela deu de ombros. — Pensei que fosse só… rolar.

— Só rolar? Em pé ou sentados?

— Gustavo Clegg! — ela exclamou, tirando o notebook do caminho e ficando de joelhos na cama bem em minha frente. — Isso não está parecendo nada romântico!

— E o que você acha que funcionaria?

Ela estava perto. Muito perto. Perto o suficiente para eu segurar em sua cintura e puxá-la para meu corpo. Perto o suficiente para eu beijá-la. No entanto, esperei que ela sentisse a nossa conexão. Meu coração ardia; e eu sabia que era porque estávamos tão próximos. Esperei que ela também sentisse seu coração queimar em chamas de amor.

Minha respiração estava pesada.

Sali sorria ainda com nossa brincadeira infantil. Sorriu por algum tempo, até perceber a nossa proximidade. Até perceber que não precisava de nada planejado. A música tocava ao fundo. Ela rodeou o meu pescoço com seus braços delicadamente e se aproximou de forma desajeitada. Um sorriso constrangido tomava conta de seus lábios.

— Guto…

Engoli em seco quando segurei em sua cintura e aproximei mais nossos corpos. Ela procurou o meu olhar.

— Se for muito ruim…

— Shh — sussurrei, encostando nossos narizes. — Não vai ser ruim — prendi-a em meus braços. Nossos lábios estavam perigosamente próximos. Senti minhas pálpebras caírem pesadamente sobre meus olhos. — Não tem como ser ruim.

E então eu acabei com a distância.

Seus lábios eram mornos e macios. Pressionei-os uma vez e afastei um pouco nossos rostos, levando uma de minhas mãos até a sua nuca. Procurei por seu olhar, mas ela permanecia de olhos fechados. Seu corpo estava tenso em contato com o meu. Pressionei mais uma vez seus lábios com os meus e escutei o seu suspiro. Ela não relaxava, porém.

— Sali…

— Me beije — ela murmurou inebriada.

Foi a minha vez de suspirar quando seus lábios se abriram ao pressioná-los mais uma vez. Ela hesitou um pouco no começo, mas logo senti seu corpo relaxar contra o meu. Foi bom poder firmar a minha mão em sua nuca e puxá-la para mais perto, até que não parecesse haver alguma distância entre nós. Suas mãos encontraram o meu rosto e o afastaram suavemente. Ela estava com a respiração pesada.

— Foi muito ruim? — perguntou de forma receosa.

— Não, na verdade — sorri, procurando pelo seu olhar. — E pra você?

— Foi estranho — ela murmurou com um sorriso hesitante. — Mas acho que posso me acostumar.

Encaixei minha mão em seu rosto, fazendo-a fechar os olhos e inclinar levemente a cabeça para o lado. Ela suspirou.

— Sali… — sussurrei, inebriado com sua presença.

— Guto… — seus olhos se fecharam. Beijei cada um deles. E também a sua testa. E suas bochechas. Seu queixo. Seu pescoço. — Você pode me beijar na boca de novo, sabia? — um sorriso divertido brincava em seus lábios.

Sorri também, erguendo a minha cabeça e encontrando os seus lábios com os meus. Ela correspondeu sem tanta hesitação. Seus braços rapidamente se encaixaram ao redor de meu pescoço, deixando os nossos corpos unidos. Beijá-la era como… olhar o céu no findar da tarde, como admirar as estrelas, como mergulhar no mar, como comer sorvete, como ver o mundo iluminado em dia de lua cheia. Era certo e bom.

A melhor coisa que já tinha acontecido comigo.

— Guto — ela sussurrou contra meus lábios, colocando suas mãos nas laterais de meu rosto. — O beijo de hoje tem alguma coisa a ver com o texto que você encontrou domingo?

Sorri e acariciei sua bochecha com o meu polegar.

— Não. O beijo de hoje tem a ver com o que sinto.

Ela roçou nossos lábios.

— E o que você sente?

— Paixão — beijei o canto de sua boca. — Devastadora.

— Desde quando?

— Desde sempre, eu acho — ri um pouquinho, beijando seu queixo. — Mas eu só descobri no dia que executamos o plano para juntar o Lipe e a Bia.

Ela suspirou e deslizou seu rosto para o meu novamente.

— E você?

Senti seu sorriso contra meus lábios.

— Desde que você me procurou pela primeira vez — ela sussurrou.

Aquilo foi tão agradável de se ouvir que tive que beijá-la na boca mais uma vez; um beijo lento e demorado, repleto de carinho e de espera.

— Esperei tanto por isso — balbuciei.

— Eu também, Guto — ela sussurrou. — Eu também.

Beijei-a novamente. E mais uma vez. E de novo. Como se eu nunca mais fosse vê-la, como se nunca mais pudesse viver aquilo. Gostaria de poder repetir aquilo sempre que quisesse, daquela exata forma, com aqueles mesmos sentimentos. Queria apreciar cada detalhe todos os momentos de minha vida. Seus dedos frios percorrendo meu rosto, meu pescoço, meu cabelo. A textura da pele de seu rosto e de seu cabelo. Meu coração batendo acelerado; e o dela em compasso com o meu.

Eu a amava.

Mais do que podia suportar.

Ela suspirou e separou nosso beijo, mudando de posição e se sentando entre minhas pernas. Passei meus braços ao redor de sua cintura e ela tratou de entrelaçar nossos dedos. Apoiou sua cabeça no meu ombro.

— Tudo estará diferente amanhã, não é mesmo? — ela sussurrou, brincando com nossos dedos. — Tudinho. Provavelmente não conseguirei nem mesmo te olhar nos olhos.

Sorri e soltei uma de suas mãos, erguendo seu rosto pelo queixo.

— Não vai ser tão diferente — murmurei. — É só que… você vai poder me beijar sempre que quiser. E eu também.

Ela riu.

— Vendo por esse lado não parece tão desconfortável — comentou.

Acariciei seu rosto.

— Eu continuarei sendo o Guto, tudo bem? O mesmo. Só que agora você sabe como eu realmente me sinto. As coisas não vão mudar… essencialmente. Não precisa voltar à estaca zero e ter vergonha de me olhar.

Ela sorriu um pouquinho.

— Você sabe que nunca vivi nada parecido, não sabe?

Assenti.

— E é por isso que vou me esforçar ao máximo para deixar tudo perfeito.

Ela voltou a olhar para baixo. Apoiei minha cabeça na sua.

— Você não precisa se esforçar para isso… — murmurou. — Acredite em mim, você já deixou tudo perfeito.

Suspirei e fechei meus olhos, aproveitando seu toque delicado e cálido. Toque que eu poderia ter sempre. Toque que, naquele momento, me pertencia. Naquele momento, Sali era minha. Apertei mais meus braços ao seu redor e beijei o topo de sua cabeça.

— Obrigado — murmurei contra seus cabelos cheirosos. — Acho que já está na hora de conseguir falar isso sem que você esteja dormindo.

Ela riu um pouquinho.

— No fundo, você sabia que eu não estava dormindo. Ou, pelo menos, desejava que eu não estivesse — murmurou. — Mas, Guto… você não tem que agradecer a mim. Eu não te salvei. Ninguém tem o poder de salvar outra pessoa… Somente você se salvou. Porque quis.

— Você me mostrou o caminho — discordei. — E isso, para mim, conta como salvar.

Ela virou sua cabeça para mim e me olhou seriamente.

— Falando em mostrar o caminho… Gustavo, você descomplicou a sua vida?

Sorri. Amava ouvir meu nome completo sendo pronunciado por sua voz.

— O suficiente para que você pudesse entrar nela.

Ela sorriu delicadamente.

— Quero que saiba que essa foi a minha única ajuda. Involuntária. Não pense que você não teria conseguido sem mim, porque você teria. Você é forte. A pessoa mais forte que eu conheço — ela apertou minha mão. — Mas eu fico feliz que você goste de minha companhia. Fico feliz que você queira ser forte comigo ao seu lado.

Depositei um selinho suave em seus lábios.

— Eu definitivamente quero ser forte com você ao meu lado.

Ela sorriu e voltou novamente à sua posição, apoiando a cabeça em meu ombro.

— E será, Guto. E será.


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Notas finais do capítulo

TEVE. BEIJO.
FINALMENTE TEVE BEEEEEEEIJO!!!!!!!
Gostaram? :3 HDUISHDSUAHDAS
Deixa eu contar que tenho esse capítulo pronto faz quatro meses e que o escrevi logo que comecei JPA, e só agora consegui postar (com algumas mudanças, é claro, mas lembro como se fosse hoje do dia que escrevi ele ♥). Esperei taaaanto para poder postar e, finalmente, encontrei o momento certo! Ai, gente, eu gostei tanto desse beijo atrapalhado deles, tomara que vocês tenham gostado também ;-; SDIAHUDSA
Aaah, e a música eu repeti Imagination porque imagino ela como tema de Guli. Escrevo praticamente todos os capítulos ouvindo ela ♥
Enfim, acho que é só isso :3 Realmente espero que vocês tenham gostado. Digam-me suas opiniões!
Até sexta que vem, amores ♥



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