Unkiss Me escrita por Carol Munaro


Capítulo 24
Bang!




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Depois de um dia de folga e de descobrir que as minhas férias estavam suspensas, cheguei no trabalho com cara de azeda. Eu estava muito feliz acordando meio-dia. Steves deu um sorrisinho pra mim.

– Que é? - Perguntei emburrada.

– Bom... Concluímos a investigação. A meu ver, isso é uma coisa boa. Fora que você vai voltar a me ver todos os dias. Sua rotina vai voltar a ser divertida.

– Arquiva as provas pra mim? Eu fico no administrativo.

– Nem fodendo. A sua função é essa. Aliás, você voltou de férias justamente pra isso. - Fiz careta. Levei nada menos do que três horas pra fichar tudo. Eu queria jogar tudo aquilo pro alto e ir pra casa dormir. Estranho, né? Eu não queria férias. Agora que to de volta, não vejo a hora de entrar de férias de novo. O dia de hoje me cansou muito.

– Vai viajar? - Perguntei pra ele enquanto separava as provas por caixa pra colocar no arquivo e ele fazia relatório.

– Não. Eu coloquei meu nome pra trabalhar. - Olhei pra ele com o canto de olho.

– Você não precisava ter feito isso. - Ele de ombros. - Vai estar disponível no ano novo, pelo menos?

– Acho que sim. Vai pra Times Square?

– To pensando ainda. Isaac disse que o povo da sala quer se reunir lá e me chamou. Vou me sentir um pouco intrusa.

– Mas eles conhecem você.

– Todo mundo ali tem entre dezoito e vinte anos. Aí chega eu. Vou me sentir...

– Cuidando do filho dos outros, do irmão mais novo. Já entendi. Ele vai passar o feriado com você?

– Não sei ainda. Acho que no dia vinte e cinco vamos nos ver. Na véspera acho difícil. Eu vou estar com os meus pais e ele com a família dele. Me ajuda a levar essas coisas pro arquivo. - Ele fez careta. - Só ajudar a levar. Nem to pedindo pra ficar lá comigo. - E lá fomos nós. Quando terminei aquilo, fui pra casa.

(...)

Acho que dormi por mais de 10 horas e graças aos deuses ninguém me ligou. Minha mãe veio toda animada falar comigo quando escutou o barulho do chuveiro.

– Você vai passar o dia todo aqui, né? E aquele seu amigo/peguete vai vir aqui?

– Não. Talvez a gente se veja amanhã. E que história é essa de falar que ele é meu peguete? Mãe, a senhora não era assim.

– Eu não falava, mas pensava. Ele é bonitinho. Mas ainda é um garoto, Laura.

– Isaac é mais maduro do que muito cara da minha idade. E ele é uma graça.

– Ele é experiente também?

– Mãe!

– Ué! Qual o problema?

– Hm... Ele sabe das coisas. E eu não vou falar disso com você. Tem comida pra mim? Acho que to atrasada.

– Não acredito que vai trabalhar hoje, Laura!

– Não vou sair tarde. Prometo! E é sempre bom ganhar um extra.

– Quero só ver se você não estiver aqui pra ceia. O seu pai vai surtar!

– Eu não vou chegar tarde. Quero estar aqui no máximo às sete. - Dito e feito. Ainda sobraram algumas coisas pra eu fazer no departamento, mas eu fingi que não vi e meu chefe também não. Aproveitei que estava lá e tentei arrastar o Steves lá pra casa. Não sem antes comprar presentes de última hora. O dele estava guardado fazia um tempo já, mas eu tinha esquecido o do meu irmão de sangue. Fazer o que? A vida tem dessas...

– Sabe que eu pedi pro chefe te liberar, certo?

– To sabendo. Ele falou pra mim.

– Ele disse que seria bom pra você.

– Eu sei. Comprou o que pro Isaac?

– Um jogo. Assassins Creed.

– Não me diga que é o Syndicate.

– Por quê? - A gente tinha parado pra comer alguma coisa. Por mais que fosse véspera de Natal, o povo não sairia dali tão cedo.

– Primeiro, é lançamento. Segundo, é edição limitada. Ou seja, é caro pra caralho. - Cocei a nuca. Ele riu. - Você tá muito na dele.

– Lógico que eu to na dele. A gente tá junto.

– Eu não gastaria tudo aquilo com uma garota nem se ela me desse a parte de trás.

– Steves! - Ele riu mais ainda. - Você é nojento.

– Sou sincero. - Fiz careta. - Ele falou o que comprou pra você?

– Não. - Tomei um gole de chocolate quente. Depois franzi a testa. - Ele contou pra você?

– Digamos que eu to sabendo das coisas.

– O que ele vai me dar?

– Um conjunto de lingerie. - Revirei os olhos.

– O Isaac comprando um conjunto de lingerie? Jura, Steves? Ele não é você.

– Isso pra você saber que não vou te contar.

– Não conta pra ele o que ele vai ganhar.

– Não contarei. Seu presente tá no meu carro. - Sorri e fiz cara de surpresa.

– Você comprou presente pra mim!

– Você comprou pra mim também, né? - Ele fez uma carinha de cachorro abandonado. Comecei a rir.

– Comprei. Mas só vou te dar depois da meia-noite.

– Certo... Também só vou te dar depois da meia-noite. - Terminamos de comer. Eu fui pra minha casa e o Steves foi pra casa dele se arrumar.

– Boa noite, Laura. - Isaac disse quando eu atendi. Ri nervosamente.

– Olá. Resolveu ser formal hoje?
– Pra dar uma variada. Vou te ver amanhã?
– Você quem sabe. Minha casa ou na sua?
– Pensei em marcarmos em algum lugar. No parque seria uma boa. Nada vai estar aberto amanhã.
– É. Mas vai estar muito frio. - Fiz drama. - Uma coisa: Você contou pro Steves qual é meu presente de Natal?
– Claro que contei. Ele que me ajudou a escolher. - Então é possível que ele vá me dar um conjunto de lingerie. Espero que seja um de marca, pelo menos, porque esse jogo não foi nada barato. - Você já tá em casa?

– Cheguei agora a pouco. To vendo que roupa vou escolher. Descobri que minha tia vai estar aqui. Lembra? A do dia de Ação de Graças. E o meu plano era ficar de moletom vendo a maratona de filmes com o meu irmão na TV. - Ele ficou em silêncio por alguns segundos.

– Como você não sabia que ela estaria aí?

– Hm... Longa história.

– Acho que nós dois temos tempo. - Revirei os olhos.

– Minha mãe ficou um pouco surpresa quando eu disse que estaria aqui no Natal. Ela achou que eu voltaria pro meu apartamento ou que eu iria ficar com você.

– Ela não está totalmente errada. A gente vai se ver amanhã.

– Mas ela achou que eu não iria ficar aqui, que eu não passaria a ceia aqui. Faz uns dois anos que não venho pra casa no Natal.

– Por causa do seu pai?

– Mas agora tá tudo certo. Me acertei com ele faz meses. Antes de conhecer você. Eles até foram me ver na faculdade.

– Fico feliz que vocês estejam bem.

– Obrigada. - Bateram na porta. - Quem é? - Perguntei tapando o bocal. Abriram a porta. Era o Nicholas. - Eu perguntei quem era! - Berrei e ele apoiou no batente da porta, colocando as mãos dentro dos bolsos. - Isaac, vou desligar. Depois te ligo. - Desliguei e cruzou os braços. - Eu to de toalha.

– Bom te ver também. É aquele cara do Ação de Graças?

– É.

– Vocês estão namorando agora ou é só a mesma coisa de antes?

– Somos exclusivos. E eu tenho que me trocar.

– Fica tranquila, Laura. Sou seu primo.

– Isso não te impediu de me beijar aquele dia.

– Ah, vai! Parando com o vitimismo. Não beijei sozinho. - Resolvei ignorá-lo. Virei de volta pro guarda-roupa e continuei escolhendo qual roupa usar. To começando a achar que eu realmente vou optar pelo moletom.

– Vai continuar parado aí?

– Achei que tava me ignorando.

– E eu to. - Ele riu. - O que você quer?

– Nada. Vim te dar oi.

– Oi.

– Onde vocês se conheceram?

– Faculdade.

– Ah... A investigação que sua mãe falou. Por acaso foi onde explodiram uma sala?

– Foi.

– Uau! Ele é quantos anos mais novo que você? Três?

– Cinco.

– Qual, é, Laura. Ele é uma criança!

– Não é, não.

– Se vocês casarem, não vai ser estranho pros filhos de vocês?

– E por que seria? E se eu ficasse com você, com certeza não seria estranho pros nossos filhos porque eles provavelmente nasceriam com problema. Mas sabe pra quem seria estranho? Nossos pais. Agora, dá licença que eu preciso me trocar e isso é impossível com você aqui.

– Hm... Com certeza eu beijaria você de novo, mas transar contigo acho que é meio nojento por causa dessa coisa de primos e tudo mais, por mais que você seja bonita. Creio que você concorde comigo. E não é impossível você se trocar agora. - Olhei pra ele.

– Tá bom, então. - Fui até minha gaveta de lingerie e peguei um conjunto.

– Você não vai fazer isso, né? - Me desenrolei da toalha e comecei a me vestir. - Oh, Lord... - Ele falou se virando. Peguei dois vestidos do guarda-roupa.

– Qual deles? - Perguntei.

– Eu não vou olhar pra você.

– Para de graça. Qual dos dois? - Nicholas fingiu que não ouvia. - Eu sei que você quer olhar. Agora, olha pra mim e diga qual dos dois vestidos. - Ele virou pra mim de novo. - É pra olhar pros vestidos. - Ele pigarreou.

– O branco. - Olhei pro vestido.

– Nesse caso, vou ter que trocar o conjunto. - Deixei os vestidos em cima da mesa e tirei as peças.

– Até que eles são bonitos. – Ele disse sobre os meus seios. Sabia que ele tentava fazer com que eu acreditasse que ele estava confortável, mas eu sabia também que isso era impossível nessa situação.

– Obrigada. Eu sei que são. Cuido muito bem dos dois. - Me vesti. Depois, coloquei um sapato e passei perfume.

– Você é o pior ser humano da face da Terra. - Ele resmungou enquanto saíamos do quarto.

– Pelo contrário, meu querido.

– Você tava me provocando. - Apontei pra ele como se tivesse com uma arma na mão.

– Bang!

– Você é ridícula.

– Obrigada. – Respondi sorrindo.


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