Unkiss Me escrita por Carol Munaro


Capítulo 14
Are you out of your mind?




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– Sarah? - Ouvi me chamaram. Abri os olhos e sorri pro Isaac. Até ver uma mulher parada de braços cruzados ao lado dele.

– Ah, oi. - Falei sorrindo de canto.

– Oi. - Ela respondeu com cara de poucos amigos. Levantei, ajeitando o cabelo.

– Bom, vou pra casa. Até segunda, Isaac. Tchau, ahn… Mãe do Isaac. - Saí parecendo fugida de lá. Quando cheguei em casa, Steves me olhava com um sorriso malicioso de quem sabia que eu tinha aprontado. - Não fiz nada. - Já falei pra ele não me encher o saco.

– Não falei nada, ué.

– Laura, coloca aquele vestido lindo que comprei pra você. - Minha mãe pediu e lá fui eu servir de modelo pra ela e pra minha tia.

(…)

O restante do feriado passou normalmente. Não fui na casa do Isaac de novo e, graças a Deus, ele também não apareceu na casa da minha tia. O caminho de volta pra faculdade foi tranquilo, assim como a ida. Eu disse que tinha que comprar “coisas de mulher” e apenas deixei os dois na república, indo pro meu apartamento.

Assim que entrei, tirei o tal caderninho da minha bolsa. A filha da puta foi esperta o bastante pra não deixar nem os nomes de quem compra a droga, colocando só as primeiras letras. Liguei pro chefe.

– Preciso da ficha de todos os alunos.

– Todos? - Ele perguntou como se isso fosse impossível. E eu sabia que não era, mas sabia que daria um trabalho gigantesco olhar todos.

– Sim. Principalmente das meninas que moram na república feminina.

– Em dois dias eu consigo. - Voltei a analisar o caderno. Tinha o nome de quem vendia. Mas, já que não tinha sequer o nome dos clientes, quem dirá os nomes deles serem verdadeiros.

Levei um susto com o telefone tocando.

– Alo? - Ninguém respondeu. - Alo? - Perguntei de novo. Por força do hábito, já fiquei com a arma na mão. Desliguei o telefone e olhei pela janela. Após ver que não havia ninguém do lado de fora, abri a porta e percorri todo o corredor. Não tinha ninguém de novo. Peguei minhas coisas e fui pra república, deixando o caderno em casa, escondido num buraco falso debaixo da pia.

(…)

– Conta tudo! - Carly pediu assim que abri a porta.

– Olá, Carly. Como foi o feriado? Eu passei bem também. Obrigada por perguntar. Contar o que?

– Isaac foi junto. - Comecei a desfazer minha mala.

– Eu dei uma carona pra ele. Era caminho. - Ela estreitou os olhos. - Eu dei uma passada na casa dele sexta-feira. Só.

– E não rolou nada? - Comecei a enrubescer. - Sua safada! Conta agora o que rolou!

– Não rolou nada. A gente só se beijou.

– Hm… Nem mesmo um quase?

– Hm… Talvez. Mas eu não quis.

– Por quê? Ele não parece ser o tipo que dá o fora depois da transa.

– Eu sei. Mas… Sei lá. Não quis.

– Ah… Sem graça. Nenhuma novidade? Algo a mais? - Beijei meu primo.

– Não. Não aconteceu nada demais. Falei que iria ver minha família.

– Certo… Sexta vai ter uma festa. E você vai comigo.

– Mas quem disse que vou querer ir? - Perguntei rindo e ela revirou os olhos.

– Chegou um convite pra você. É da irmandade. E você quer entrar. Com certeza vai ter uma competição de shot de tequila e depois vão falar os nomes de quem entrou. - Mordi o lábio. Nunca me dei bem com tequila. - O que foi? Eu avisei que irmandade era ridículo.

– Não é isso. - Apesar de eu concordar. - Eu e tequila não somos muito amigas. - Ela riu.

– Ah, queridinha, tequila faz estrago com qualquer um. - Soltei um muxoxo.

– E você? Me conta como foi o seu feriado.

– Ah… Sabe como é… Família e tal…

– Para de me enrolar!

– Saí sábado com as minhas primas. Digamos que… Foi louco. - Ri. - Olha, antes de tudo, eu curto homens, ok? - Arregalei os olhos assustada.

– Você ficou com uma prima sua?! - Praticamente berrei. Carly é meio… Alegrinha demais. Capaz de isso ter acontecido sim. Mas olha só quem tá falando alguma coisa! Como se eu pudesse culpar a coitada.

– Tá louca?! Fomos em uma festa. Eu fiquei com uma menina. Não minhas primas! Uma outra. - Olhei chocada pra ela. Ela nunca tinha me falado que curtia todos os gêneros. - Já digo que eu estava bêbada, a menina era muito gata, e rolou um clima. Mas eu não sou lésbica. Então, se você acha que vou te agarrar no meio da noite, esqueça!

– Por quê? Não sou tão gata que nem a outra menina? - Fiz uma pose com um biquinho e ela atacou o travesseiro em mim.

– Não faz piada, idiota! - Gargalhei.

– To brincando, amorzinho. Desfaz esse bico da cara. - Eu tinha acabado de sentar quando abriram a porta com tudo. Carly soltou um grito e eu botei minha mão dentro da mala, procurando a arma. Mas era só o Steves. - Bater na porta não existe mais?! Você quase nos matou de susto!

– Desculpa. Mas você tem que ver isso. Agora. - Olhei pra Carly e ela deu de ombros. Segui o Steves.

– O que aconteceu? - Perguntei.

– Eu sabia que devia ter ficado aqui no feriado! - Ele olhou pra mim rapidamente e voltou a olhar pra frente. - Encontraram alguém morto na Omega um pouco antes de a gente chegar.

– Menino ou menina?

– E faz diferença? - Revirei os olhos.

– Se for menina, as chances de a droga ter vindo da república feminina se multiplicam por mil.

– É um garoto. - Foi como se uma lâmpada acendesse na minha cabeça.

– Adam?

– Não. Ele tá prestando depoimento. - Logo avistei viaturas e uma ambulância do lado de fora do prédio da Omega. Se a ambulância ainda estava ali, o corpo ainda não tinha sido retirado.

– Preciso entrar no prédio.

– Você tá em disfarce. Não começa com essas ideias.

– Me dá cobertura. - Me esgueirei por detrás do prédio. Me senti em uma das cenas de Supernatural, já que sempre entrei na cena do crime pela frente. Dei um jeito e consegui entrar no quarto. Dei sorte por não haver nenhum policial naquele momento. O corpo estava largado em cima da cama com vários pacotinhos em volta. Quase levei um susto. Era o Jordan! Ele não morreria de overdose, morreria?

Liguei pro chefe assim que voltei pro lado do Steves.

– Algum policial te viu? - Ele perguntou.

– Não. - O chefe atendeu.

– To te vendo daqui, Laura. Seja discreta, pelo amor de Deus.

– Eu sei, chefe. Eu só preciso da autópsia o mais rápido possível.

– Eles nem tiraram o corpo ainda!

– Eu sei. E já sei até o que vai dar. Overdose. Mas ele mais se drogava que qualquer outra coisa.

– Se ele resolveu tentar alguma coisa nova…

– Não era.

– Vem aqui. Agora! E traz o Steves junto. - E lá fomos nós. - Vocês entraram na cena do crime?! - Ele quase berrou. Se tivesse na sala dele, teria berrado. Steves apontou pra mim. Me fiz de desentendida. - Você ficou louca?! Quer botar toda a investigação abaixo?!

– Eu precisava ver uma coisa. Tinha pacotes de droga ao redor. Mas, como eu disse, Jordan mais se drogava do que qualquer outra coisa. Não foi overdose. Isso eu garanto!

– Laura sempre tem uma teoria. - Steves falou rindo.

– Mas é verdade! - Falei. Eles tinham que levar em consideração o que eu falava. Se fosse de fumar, eu diria que Jordan era uma chaminé ambulante.

– Certo… Agora saiam daqui antes que alguém os veja.

– Simpático… - Resmunguei.

– Que? - Olhei pra ele como se eu tivesse um ponto de interrogação na testa.

– Nada. Não falei nada.

(…)

– Ainda vai querer ir na festa de sexta? - Isaac perguntou. Eu fazia minhas unhas enquanto ele segurava o potinho do esmalte pra mim. Quero saber como ele aguenta minhas crises de menininha-querendo-se-arrumar.

– Acho que não vai ter festa. Principalmente porque ele era um dos populares. Ou seja, quem organiza é amigo dele.

– Eles nunca dispensariam uma festa. Falariam que seria uma forma de homenagem ao Jordan. - Fiz careta. - Não faz essa cara. Você conhece aqueles caras melhor do que eu. - Olhei pra ele.

– Adam era muito amigo dele. - Isaac não falou nada.

– Talvez seja melhor falar com ele. - Olhei pra ele.

– Hm… Acho que não.

– Por quê? Por minha causa? - Dei de ombros. Ele riu. - Qual é, Sarah… O cara perdeu o amigo. Tá achando que sou tão insensível assim?

– Um pouquinho só. - Ele colocou a mão em cima da minha, que segurava o pincel do esmalte. Ele pegou o pincel e fechou o potinho, vindo pra cima de mim. - O que é isso? Um ataque?

– Eu chamaria de outra coisa.

– Tentativa de transar comigo? - Ele se afastou, sem graça, enquanto passava a mão na nuca. Soltei uma risada baixa e o puxei pela camisa, beijando-o em seguida.

– Isso é um "ok"?

– Talvez. - Isaac me beijou, como eu tinha feito com ele. Dessa vez, não nos parei. Deixei que acontecesse. Deixei que ele beijasse meu pescoço e me visse de sutiã. Deixei que ele me deixasse arrepiada e me tocasse. Mas não como acontece em toda vez que a gente se agarra por aí. Deixei ele me tocar de um jeito diferente. Mais intensamente. Com mais carinho. De um jeito totalmente especial. E eu sabia que poderia me arrepender disso depois que ele descobrisse a verdade, mas não parei. Nem mesmo quando ele me chamou de “Sarah”. Porque eu gosto do Isaac. Gosto de estar com ele e beijá-lo. Agora mais ainda. E eu vou fazer o possível pra que ele entenda meu lado.

(...)

– Ainda bem que a Carly não tá aqui. - Isaac disse ainda deitado comigo. Estávamos de conchinha. Isso aqui tá mais bonitinho do que eu pensei.

– Ela tá num encontro. Aposto que tá fazendo o mesmo que acabamos de fazer. - Ele riu baixo e beijou meu pescoço.

– Espero que ela fique por lá porque eu vou dormir aqui.

– E quem te convidou? - Perguntei me virando, pra olhar pra ele, que fez cara de pensativo. - Não que eu esteja falando “não”, já que você vai dormir aqui de qualquer jeito. Porque se a monitora te ver aqui esse horário, ela me mata.

– Claro que só por causa da monitora. - Ele falou com ironia.

– Óbvio. - Falei mais irônica ainda. Ele fez carinho no meu rosto. Fechei os olhos.

– Estranho seria se eu não me apaixonasse por você. - Abri os olhos e sorri.

– Eu gosto muito de você, Isaac.

– Eu sei. - Ele falou baixo e me deu um selinho, continuando a fazer carinho em mim. - Você pediu pra que eu não esquecesse, se lembra? - Sorri. - Nunca vou esquecer. Prometo. - O abracei. Ficamos assim por um tempo, ate eu sentir que ele tinha dormido. Eu queria fazer o mesmo, mas estava sem sono. Então, fui fazer o que sempre faço quando tenho insônia. Fui trabalhar.


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Notas finais do capítulo

*Em uma das falas do Isaac usei uma música do Nando Reis, All Star. Recomendo, é uma das melhores musicas da vida.
*Outra coisa. Em algum momento eu usei "Stevens" e em outros "Steves", acho. Juro que n sei qual coloquei primeiro nem sei se isso realmente aconteceu aushauhs Mas, se aconteceu, vcs sabem que é a mesma pessoa, né?



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