Unkiss Me escrita por Carol Munaro


Capítulo 13
It was good




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– Ai, ai! Meu cabelo! - Berrei quase sendo sufocada por um quilo de almofadas em cima de mim. Meu priminho riu e eu bufei. - Não achei graça, não.

– Laura! - Minha mãe me repreendeu.

– Ele pisou no meu cabelo!

– Ele é pequeno. - Fiz bico.

– Capetinha. - Resmunguei antes de o derrubar por cima de mim e fazer cóceguinhas nele.

– Acho que esse jogo deve virar. - Stevens falou e tirou meu primo de cima de mim. Joguei uma almofada nele. Em questão de segundos eu já estava sendo coberta pelos dois, que jogavam almofadas em mim.

– Socorro! - Berrei e ouvi meu primo gargalhar. Alguém tirou uma almofada de cima da minha cara e eu abri os olhos.

– Olha só quem tá loira. - Nicholas, meu outro primo, me olhava sorrindo.

– Por que todo mundo fala isso? - Resmunguei. Ele continuou achando graça. Jogou a almofada em cima do meu rosto, como tava antes.

– Você é namorado da Laura? - Ouvi ele perguntar pro Stevens.

– Não. Trabalhamos juntos. - Consegui me sentar no sofá.

– Ele tá como meu irmão numa investigação. O convidei pra vir pra cá. - Falei.

– Laura namora outro cara. - Revirei os olhos.

– Não namoro, Stevens. - Nicholas deu de ombros. Meu celular tocou. Meu primo mais novo correu e atendeu.

– Oi! Você que é o namorado dela?

– Me dá isso aqui! - Falei pegando o celular da mão dele. - Alo?

– Falou pra sua família sobre mim? Um passo um pouco grande, Sarah. - Ouvi a voz do Isaac.

– Meu irmão fez fofoca. E como você tá?

– Bem. Você parece bem também. - Ele riu baixo. - Quem atendeu o telefone?

– Meu primo.

– Quer suco, Laura? - Minha tia berrou bem do meu lado.

– Quem é Laura? - Isaac perguntou.

– Laura é... Minha prima. - Falei pra ele e fiz sinal pra minha tia de que sim, eu queria.

– Você tem muitos primos, pelo jeito.

– Você não faz ideia. - Falei rindo e subindo as escadas. - Sua família é grande também?

– Não. Minha mãe é filha única. - Entrei no quarto e fechei a porta. - O que acha da gente se ver amanhã?

– Amanhã é sexta.

– Black Friday. Eu sei. Não vai ter ninguém em casa. E eu não tenho nada pra fazer.

– Minha mãe e minha tia querem que eu vá as compras com elas. Se eu não for, minha mãe surta. Juro! Mas dou uma fugida depois de um tempo.

– To com dó de você. No meio daquele povo. - Seria uma boa eu apresentar meu distintivo e mandar todo mundo sair da frente. Mas eu poderia ser presa por abuso de poder.

– Nem me fale. To me preparando psicologicamente desde agora. Que horas eu passo aí?

– A hora que você quiser.

– Vou tentar dar um perdido nas duas o mais rápido possível. Prometo!

– Então, até amanhã.

– Até amanhã, Isaac. - Quando desliguei o telefone, percebi que tinha alguém na porta. Era o Stevens. - O que foi?

– E esse sorrisinho? - Tapei minha boca com uma mão.

– Não tem sorrisinho nenhum.

– Sei... - Revirei os olhos enquanto ele ria.

(...)

A ceia de Ação de Graças foi a mesma coisa de todo o ano. A gente senta, reza, dá graças a alguma coisa e depois se mata de comer. Nada de interessante.

– E como tá o trabalho, Laura? - Nicholas perguntou. Eu tirava os produtos de higiene da minha mala.

– Bem, acho. Descobri que resolveu trabalhar também.

– Meu pai arrumou algo pra mim. - Murmurei um “hm”. - Você não contou pra aquele seu amigo sobre a gente, né?

– Aquilo foi no início da minha adolescência, Nicholas. Relaxa.

– Ah, tá... Valeu. Aquilo foi meio...

– Ousado. - Murmurei e ele concordou, um pouco envergonhado.

– Mas foi bom.

– É. - Ele continuou do meu lado. Olhei pra ele pelo canto do olho. Ele se inclinou e me deu um selinho. Tipo aqueles de criança, sabe? Ri nervosa. - Assim foi bom também.

– Foi. Acho que... - Ele começou a gesticular e não terminou a frase. Mas não precisou. Eu tinha entendido.

– Também acho. - Nos beijamos de novo. E dessa vez não foi um beijo de criança. Isaac que me desculpe, mas é bom ficar com alguém que me chame de “Laura”.

(...)

Dezenas de pessoas se espremendo na frente de uma loja. E eu no meio de todas elas.

– Mãe, a gente realmente precisa disso? - Perguntei choramingando.

– Já viu os preços anunciados? Tá quase de graça! - Fiz bico. Eu tava cansada daquele povo me empurrando e olha que a loja nem tinha sido aberta. Me deram outra cotovelada na costela e eu cheguei no meu limite. Levante meu distintivo e berrei, mandando todo mundo calar a boca.

– Eu quero que formem uma fila. AGORA! Os idosos na frente, por favor.

– Isso não é justo! - Alguém berrou.

– Injusto é me esmagaram aqui na frente! Eu disse pra formarem uma fila! - Por qual razão eu não tinha feito isso antes? - Vocês vão mesmo precisar de mim? - Perguntei pra minha mãe e pra minha tia.

– Sim! - Tentei esconder minha cara de decepção.

– E depois que as portas abrirem? - Alguém perguntou.

– Entrem como gente. Já vai ser o suficiente, amigo. - Ele fez uma cara feia e eu fingi que não vi.

Depois de horas de compras, dedos calejados e um corpo precisando de um banho, fomos embora. Tomei um banho rápido e fui pra casa onde deixei o Isaac na quarta-feira. Toquei a campainha.

– Oi! - Falei quando ele abriu a porta. Ele me beijou.

– Oi. Entra. - Entrei e ele fechou a porta.

– Era aqui que você morava antes da faculdade?

– Aham. Só eu e minha mãe. Ela tá na casa dos meus avós. Eu disse que ia terminar um trabalho e ia lá. Nós dois sabemos que eu não vou. - Ele falou com um sorriso malicioso e eu ri. - O que falou pra sua mãe? - “To saindo pra não estragar meu disfarce. Daqui a pouco to de volta”. Eu falei exatamente isso pra ela. Ai que vergonha!

– O mesmo que você. - Ele achou graça. Sentei no sofá.

– Comprei coisas pra gente comer.

– É salgadinho de novo?

– Não. - Ele falou já indo pra cozinha. - Mas se fosse você não reclamaria. - Não mesmo. Pouco tempo depois, ele voltou com três potinhos.

– Quando você me avisou que viria, já deixei tudo pronto. - Ele colocou os potes em cima da mesa e um daqueles negócios de fondue, acendendo embaixo pra derreter o chocolate. Minha boca encheu de água.

– Você é um amor, sabia?

– Sabia, sim.

– Metido. - Ele me deu um selinho.

Muitos morangos e uvas com chocolate, muitos beijos, muitos abraços e risadas depois, deitamos no sofá. Continuamos conversando.

– Acho que mereço mais um beijo só por ter feito fondue pra gente. - Ele falou.

– Mas eu já te dei vários beijos. - O que não era mentira. Ele fez bico. Dei um beijo nele. Sabe aqueles beijos que você não tem vontade de parar de beijar? Então... Nos beijamos de novo. Dessa vez, eu por cima dele. E tava tão bom! Acho que estávamos passando um pouco dos limites.

– Acho que a gente devia ir lá pra cima. - Ele falou baixo. Não pensei muito e me levantei, subindo as escadas. Ele passou na minha frente e foi me guiando até o quarto dele. Mas, assim que deitei na cama, parei, me sentando em seguida.

– Melhor ficarmos só nos beijos.

– Ah, meu Deus... Você é virgem?! - Olhei pra ele com uma sobrancelha arqueada.

– Não. - Eu queria. Muito. Mas queria que isso acontecesse quando ele soubesse quem eu sou, com o que trabalho, porque menti pra ele... Eu não queria que ele me chamasse de “Sarah” no meio da transa. Mas não era só isso. Não seria justo com ele.

– Hm... Ok. - Ele deitou do meu lado e abraçou minha cintura.

– Eu gosto de você. - Falei me ajeitando do lado dele, deitando também.

– Eu sei. Eu também gosto de você.

– Não vai esquecer isso? - Nem quando eu te contar a verdade?

– Lógico que não. Sarah, eu não sou aqueles caras que fazem um escândalo por causa de uma transa. Você não é obrigada e eu respeito isso. Não to bravo. Para de neura. - Ele me apertou mais e beijou minha bochecha. - Acho que não vou mais sair daqui.

– Nem eu. To com preguiça.

– Acho que seria uma boa dormir.

– Também acho.

– Você não tem que voltar pra casa?

– Depois eu me viro. - Respondi com os olhos já fechados.

– Boa noite, Sarah.

– Boa noite. - Eu já estava adormecendo, mas senti ele beijar minha bochecha antes de eu adormecer por completo.


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