Don't Leave Me escrita por SBFernanda


Capítulo 4
Capítulo 4: Os presentes que ela me deu


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Eu sei que demorei para postar esse capítulo e peço desculpas, era pra sair bem antes, mas fiquei realmente enrolada com coisas da faculdade (estágio) e tive que dar uma atenção extra. Quando fiquei livre tive bloquei criativo. Isso é horrível, porque mesmo tendo a ideia eu não sabia como escrevê-la. Nada saía como eu queria e por isso todas as minhas fics ficaram sem atualização. Como podem ver, isso está passando (mas ainda não está 100%).

Eu espero que gostem desse final. Apesar de muito curtinha eu amei escrever essa fanfic.
Enjoy!



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Capítulo 4: Os presentes que ela me deu

Por sorte a ambulância chegou rapidamente. A ouvi antes de ver e eles pararam exatamente ao nosso lado. Mesmo sabendo que era melhor me afastar, não consegui e por isso tiveram de me puxar para longe de Hinata. Ao ver meu rosto ensanguentado, puxaram-me para a ambulância também e ao lado dela e de um outro rapaz que estava colocando aparelhos nela, fiquei segurando sua mão.

– Ela é sua namorada? - ouvi a voz do rapaz ao longe e o olhei. Ele repetiu a pergunta e neguei. Ele pareceu confuso. Será que não via nossas alianças?

– Ela é minha esposa. - falei depois de algum tempo. Ele me estendeu uma toalha fina, de papel macio. Não entendi de imediato, ma após uma rápida explicação soube que era para que eu limpasse o sangue.

A ambulância sacolejava, tão rápido que íamos pelas ruas. Eu queria que fosse mais. Não poderia perdê-la. Mas o monitor mostrava que mesmo fraco o coração dela batia. O tira não fora no peito. Hinata estivera de costas para o seu atirador, assim a bala se alojara atrás, e ela ainda perdia sangue.

Quando ia perguntar se ainda faltava muito a ambulância parou e no mesmo instante o rapaz abriu a porta, saltou e eu fui atrás dele, para que assim puxassem minha Hinata para fora. Eles corriam para dentro do hospital, passando a maca para uma enfermeira que ouviu o que ele dizia com rapidez e seguia para outro lugar.

Antes que eu pudesse entrar atrás de Hinata outra enfermeira me impediu e começou a me puxar para outra sala. Por mais que eu falasse, ela negava. Nem mesmo parentes poderiam entrar e enquanto esperávamos, ela achava melhor cuidar dos meus ferimentos. Por mais que eu quisesse ficar na porta da sala, deixei que ela fizesse aquilo. Ao terminar me mirei no espelho e percebi o estrago que estava. Meu rosto parecia até ter afundado devido a quantidade de roxo e tinha até mesmo sangue coagulado. Sobre meus lábios e embaixo deles, assim como sobre as sobrancelhas, haviam cortes. Uma única pessoa tinha feito aquilo comigo e eu nem tive forças pra revidar, me defender ou só afastar.

A enfermeira me indicou um local onde eu poderia esperar, depois de preencher os papeis para Hinata e ela me informaria, ou o médico, sobre tudo. Afirmei e segui para fazer o que ela me dissera. Preenchia tudo automaticamente, apenas esperando alguém chegar. Mas ninguém apareceu por longos minutos. Comecei a ser chato, perguntando a todo instante sobre Hinata, mas era sempre a mesma resposta. Ela ainda estava na sala.

Quase três horas depois um médico apareceu. Ele parecia cansado, mas fora isso nada mais transparecia. Ele trocou alguns palavras com a recepcionista que apontou para mim. Me levantei no mesmo instante.

– Sr. Uzumaki. - ele tinha a ficha de Hinata nas mãos, sabia quem eu era. - Devo dizer que sua esposa é muito forte. Tivemos de fazer uma cirurgia às pressas para retirar a bala que tinha se alojado muito próxima do pulmão, por isso Hinata perdeu muito sangue e correu grande perigo. - tentava me acalmar com o passado que ele usava na frase. - Hinata aguentou firme toda a cirurgia, Sr. Uzumaki. - fez então uma pausa. Aquela pausa característica de quando vão colocar um “mas” na frase. - Mas ela agora está em coma. Não sabemos dizer se e quando ela acordará.

– O… O que? - deixei-me sentar na poltrona novamente. - Ela… ela pode não acordar? Não… - ri meio nervoso. - Ela vai acordar logo, o senhor vai ver.

– Assim também acreditamos, Sr. Uzumaki. Hinata se mostrou bem forte. Dentro de uma hora o senhor poderá vê-la, estaremos encaminhando-na para o quarto.

– Doutor… - chamei, me levantando novamente, antes que ele se afastasse. - O que está causando o coma?

– Acreditamos que o corpo esteja tentando se recuperar. A melhor forma é entrando em coma. Por isso mesmo acreditamos que ela estará consciente em breve. Pedirei para virem lhe chamar quando puder entrar.

E assim ele saiu. Tirei o telefone do bolso e disquei para a casa de meus pais. Minha mãe atendeu rapidamente, a voz alegre ao perceber que era eu, mas assim que me ouviu, se preocupou. Imediatamente comecei a contar tudo o que tinha acontecido para ela. Mamãe começou a chorar e pude ouvir a voz de meu pai do outro lado. Tive de repetir a história e enfim dizer que Hinata ainda estava viva, mas em coma. Eles prometeram que viriam o mais rápido o possível e eu agradeci, sabia que não adiantaria dizer para não virem.

Quando recebi autorização fui até o quarto de Hinata. Ela estava linda, mesmo com todos aqueles fios e tubos ligados a ela. O som do seu coração através do aparelho era um conforto. Eu quase a tinha perdido. Peguei sua pequena mão, acariciando. O dia hoje era pra ser apenas de alegria, era pra fazermos o que quiséssemos e agora estávamos ali. Não sei quanto tempo eu fiquei ali antes de uma enfermeira aparecer dizendo que havia alguém procurando por mim. Dei um beijo na testa de Hinata e saí.

Do lado de fora estavam dois policiais. Claro que eles estavam ali para me interrogar. Até mesmo demoraram. Ao me verem fizeram uma careta. Eu devia estar pior do que imaginava. Ao que os cumprimentei eles pediram para que fôssemos para o lado de fora e se eu poderia responder algumas perguntas. Foram várias, como a minha idade, meu parentesco com Hinata e, principalmente, porque tínhamos escolhido a Irlanda em vez de permanecer no Japão.

– O motivo, senhores, é o mesmo que fez minha esposa estar naquela cama. A família dela. Sabíamos que aqui era um lugar onde eles não tinham influência e seria mais difícil nos encontrarem.

– A família dela? - um deles perguntou. Não me lembrava mais de seu nome. - Desculpe senhor… quer dizer que sua esposa é filha de um membro da Yakuza? - ergui uma sobrancelha, querendo saber como eles sabiam que fora a Yakuza. - Algumas pessoas chegaram a ver o símbolo na roupa. Estranhamos porque quando eles agem assim não costumam usar nada que associe.

– Mas ele queria que eu soubesse de onde o ataque veio. Esse ataque foi pra mim. Minha esposa apareceu e agiu no momento errado.

– Compreendemos. O que não entendemos é por que o senhor e ela tiveram de fugir e estão sendo “caçados”.

– Porque não era pra nos casarmos, não para o pai dela. Senhores, aconselho que não tentem entender. A mente deles não é boa, eles não ligam para as mesmas coisas. Se é apenas isso…

– Apenas mais uma coisa. Podemos mandar um especialista para fazer um retrato falado?

– Claro. Peça pra me procurar aqui mesmo. - eles trocaram um rápido olhar e eu pude voltar para junto de Hinata. Estava decidido a não deixá-la até que acordasse.

Provavelmente faria isso mesmo se no dia seguinte minha mãe e meu pai não tivessem aparecido. Eles não puderam entrar sem uma confirmação, algo que pedi por precaução, então eu saí para ver se eram mesmo eles e recebi um belo abraço da senhora mais linda e chorosa que era a minha mãe. Naquele momento senti que eu poderia chorar também e, sem vergonha, foi o que fiz.

Após alguns lamentos pelo meu rosto estar horrível de machucados e roxos, eles entraram no quarto comigo. Mamãe foi logo para o outro lado de Hinata e após vários minutos apenas acariciando o cabelo de minha esposa e sussurrar dizendo para ela ser forte, me mandou ir pra casa tomar um banho ao menos.

Pensei em negar, mas sabia que não adiantaria e que eu precisava. Ela me prometeu que ligaria caso Hinata acordasse e meu pai resolveu ir comigo. Não queria que as duas ficassem sozinhas, mas sabia que o tempo com ele seria bem aproveitado. E de fato foi. Ele falou coisas que me deram força, falou algumas coisa preocupantes e me deu o que pensar com elas. Todas em relação ao que faria caso a família de Hinata aparecesse.

Comemos, depois de eu tomar um banho, onde Hinata trabalhava e dei notícias dela para eles que disseram que visitariam quando pudessem. Hinata fizera amigos ali e eu não me surpreendia, o jeito dela cativava a todos e vinha me cativando a cada dia que morávamos juntos.

Ela não era perfeita. Não sabia cozinhar de tudo, mas havia coisas que ela simplesmente me fazia querer comer tudo de uma vez. Ela tinha preguiça de arrumar a casa todos os dias, por isso sempre que eu tirava algo do lugar ela reclamava. Mas nossa casa nunca ficava uma bagunça ou suja, ela odiava isso também. Tinha preguiça de tudo, mas principalmente de arrumar as roupas no guarda-roupa. Não deixava nada espalhado pelo chão ou calcinha pendurada no banheiro, mas deixava seus cremes e maquiagens pela pia. Eu sei que ela devia ter algumas reclamações minhas também, mas saber que ambos tínhamos defeitos era bom. Eu não queria ninguém perfeita. E isso me fazia amá-la ainda mais.

Quando contei isso para meu pai, percebi seu sorriso e seu olhar de orgulho. Ele tinha me criado bem, afinal. Depois disso e mais algumas palavras de conforto, voltamos para o hospital e ficamos em nossa conversa baixa junto com mamãe - que tinha que fazer muito esforço para falar baixo - e Hinata. Algumas vezes ao dia a enfermeira vinha examinar Hinata e sempre me dizia como ela estava se recuperando e que poderia acordar a qualquer instante.

Fiquei feliz de ela ainda não ter acordado no dia seguinte, pois quando me chamaram me dei de cara com Hiashi. Ele estava em seu terno preto, perfeito e sem qualquer amassado, tinha o mesmo ar impotente, mas dessa vez não me intimidou. Mesmo sabendo que cada machucado em mim era por ondem dele, tudo o que eu conseguia pensar naquele instante é que Hinata estava daquela forma por causa dele também.

– Onde ela está? - foi tudo o que ele perguntou, superior.

– Não irá vê-la.

– Quem pensa que é pra me impedir de ver minha filha?

– O marido dela. E eu acredito que perdeu o direito de ver Hinata quando mandou aquele idiota que atirou nela.

– Sabe que não era pra ela.

– Sei. Ela também sabia. Se o senhor se preocupasse com algo que não o seu tráfico ou qualquer porcaria dessas que o senhor e sua família faz, talvez percebesse que sua filha é mais feliz longe de você.

– Ora seu… - ele começou a andar na minha direção, mas minha raiva me fazia tolo e eu não me importava de apanhar mais naquele instante.

– Me mate. Sua filha vai te odiar da mesma forma ou mais. Não me importo. O senhor não irá ver Hinata a não ser que ela peça. A essa altura já devem ter chamado a polícia então caso o senhor me mate, só irá perder tempo aqui.

– Hinata vai querer me ver.

– Eu duvido.

Ele foi embora naquele dia. Minutos depois a policia realmente apareceu e depois daquele dia nunca ficávamos sem policiais. Hinata acordou quase uma semana depois, parecia confusa e fraca e ainda sentia muita dor. Foram muitos dias mais naquele hospital até que ela ganhasse alta. Ainda assim seu repouso tinha de ser absoluto. Junto com a volta pra casa perdemos nossa escolta policial e meus pais voltaram pra casa. Eu consegui uma licença do trabalho.

Hiashi apareceu em nossa casa. Hinata não quis vê-lo, mas isso não o impediu. Eu sabia que nunca ganharia uma briga com ele, mas isso não diminuia minha vontade. Hinata me impedia dessa besteira segurando em minha mão. Foram palavras vãs, avisos de que se ela não tivesse sido rebelde nada daquilo teria acontecido. Hinata pediu que ele a deixasse viver. Ela era boa demais pra expulsá-lo de sua vida, mas eu compreendi o que aquilo signifcava e ele também.

– Seu castigo por me desobedecer é perder lugar na família e não herdar nada. - ele disse, ainda superior. - Por sua causa também tive de assassinar meu kuton. Não temos mais vínculos a não ser pelo sangue, Hinata, você pode voltar para o seu país se quiser. - e sem esperar resposta alguma, ele saiu.

O castigo, Hinata disse, era na verdade um presente que ele estava nos dando, já que isso era o que ela sempre quisera. Sua herança viria da Yakuza e agora não mais. Ela estava livre e por isso nós podíamos voltar. Foram longas conversas antes de decidirmos voltar mesmo. Meus pais e nossos amigos ficaram animados com aquilo. Nos ajudaram a arrumar uma casa e eu consegui transferência do trabalho para junto de meu pai.

Apesar de Hinata estar se recuperando, algumas semanas depois de nossa volta a achei doente. Ela ficava muito tempo dormindo, mais do que quando estava se recuperando do ferimento, quando comia vomitava e sempre enjoada. Pensei inclusive que ela estivesse com alguma virose, mas quando sugeri que fôssemos ao médico ela disse que não seria preciso.

– Eu estou até mesmo surpresa que não lhe contaram no hospital, Naruto. - ela disse, carinhosa como sempre, sentada com as pernas sobre as minhas enquanto ficávamos de bobeira no sofá. Sob meu olhar confuso ela completou: - Eu estou grávida. Queria ter lhe contado antes… - mas as palavras seguintes se perderam quando ouvi as primeiras. Hinata estava grávida. Então talvez fosse por isso que lutara tanto pra viver. Era loucura ela se pôr na frente de uma bala quando tinha uma vida dentro de si, mas segundo ela, naquele momento ela apenas sabia que não poderia me deixar morrer.

Obviamente espalhei a notícia para todos o mais rápido possível. Tivemos uma comemoração. Era meu primeiro filho! Eu seria pai! O momento de tristeza tinha acabado. Agora que nossas vidas estavam de volta ao normal, uma nova poderia vir para bagunçar tudo sem preocupações.

E foi exatamente o que aconteceu. Os meses de gravidez de Hinata foram simplesmente agitados e loucos. Ela tinha aversão a rámen, o que me deixava em uma situação delicada. Algumas vezes na semana acabava passando no restaurante que eu gostava e vendia o melhor rámen de todos. Aquilo acabou gerando briga. Hinata nunca deixava de ser ciumenta e ela simplesmente não acreditava que era apenas pelo rámen. Acabei tendo de arrumar outro jeito e esse jeito foi minha mãe. Com ela Hinata não implicou e sempre ganhava alguma coisa também.

Outra coisa foi que minha esposa passou a ser chorona. Qualquer coisa ela chorava e se afastava de mim. Era um lado que Hinata nunca mostrou, mas agora estava ali me assustando. Meu pai disse que eu apenas precisava procurá-la e aconchegá-la, porque era normal. Normal? Era assustador e confuso.

Mas teve o lado bom também. Já completamente curada do tiro, mesmo que com uma barriga bem avantajada de nosso filho, Hinata se mostrou insaciável. Por veze eu estava cansado e ela não. Nosso filho mexeu com os hormônios dela, me explicou, e eu gostei muito daquilo.

No dia do nascimento de Boruto, nome que eu escolhi, nós tínhamos passado o dia no quarto. Ele chegara de repente, à noite. Houve muito grito e choro. Hinata tinha escolhido tê-lo em casa, de forma natural, em uma picina montável que ficou bem na nossa sala. Esqueça tudo o que ouve sobre ser lindo. Nada é lindo! Nada! É horrível! E eu tinha que ficar ali e dar força para ela. Mas quem me dava forças? Eu estava em pânico e tinha que sorrir e dizer que ela estava indo bem. Tinha que mandar ela se acalmar quando eu não conseguia me acalmar. Hinata chorava ainda mais quando eu dizia aquela coisas. Estava tudo errado!

Foram mais de 7 horas de trabalho de parto até que Boruto nasceu. Não houve choro já que ele estava na água e assim que saiu dela foi para o colo de Hinata. Entendi porque diziam que era “humanizado”. A criança nascia mais calma e se adaptando de um ambiente a outro. Naquele momento eu pude me acalmar. Era apenas eu, Hinata e nosso filho. Além da médica, Tsunade. Ela mostrou a Hinata como amamentar, mas disse que ela precisava se limpar e trocar primeiro. Foi aí que o pequeno, enrolado em seus panos, veio parar em meu colo. Naquele momento eu soube muito bem como era ter a vida em suas mãos.

Boruto era pequeno e loiro. Seus olhos abertos eram azuis, como os meus. Ele era o bebê mais lindo que existe e eu queria ir chamar todos que estavam na varanda para vê-lo, mas não conseguia nem me mexer, apenas o olhar. Apenas quando Hinata voltou é que os outros entraram e eu saí do meu topor. Foi então que percebi que estive chorando.

Os momentos eram maravilhosos. Boruto era o tipo de criança que eu fui. Não nos deixou dormir por meses, chorando alto, querendo a mãe todas as noites. Quando maior, ficava grudado nas pernas dela, impedindo Hinata de fazer as coisas e por mais que eu tentasse brincar com ele, chamar sua atenção, ele não ligava para mim. Assim como eu, ele era apaixonado na mãe.

Com um ano ele começou a me procurar mais. Já conseguia sair com ele sem que Hinata precisasse estar junto. Sasuke e Sakura tinham tido uma filha também (quem diria?) e Sakura o obrigava a sair com ela também. Se bem que meu amigo parecia gostar apesar de sempre murmurar algo sobre não saber cuidar de criança. Sarada, sua filha, era apaixonada nele.

Haviam memórias que nada poderia substituir. Como quando Boruto andou pela primeira vez. Eu gritei, comemorando e Hinata chorou de emoção.

– Você é o príncipe da mamãe, sabia? Lindo, tão lindo. - ela dissera para o menino enquanto chorava. Ele parecia confuso.

Teve também quando ele me chamou pela primeira vez. Claro, Hinata fora antes e ela chorara com aquilo também. Mas quando cheguei do trabalho e vi aquele pequeno menininho loiro correndo em minha direção e dizendo “papai” perfeitamente como foi, eu senti vontade de chorar também. Era bobo como ficávamos ao ter alguém assim.

Quando comentei aquilo com meu pai ele disse que agora eu poderia entendê-lo quase completamente. Mas que entenderia melhor mesmo apenas quando fosse avô. De fato, ficávamos bobos com essa coisa de paternidade.

Nossa rotina começou a ser de fato uma rotina quando Boruto fez três anos, pois já podíamos definir horários melhor para ele e assim nos sobrava mais tempo para nós dois. Foi nessa época que Hinata descobriu que estava grávida novamente. Eu não pude esconder minha felicidade e nem Hinata a dela. Mesmo que ter tempo para nós fosse maravilhoso, ambos achávamos que Boruto não poderia ser filho único. Eu por ter sido, ela por saber como é bom ter um irmão.

Nosso segundo filho foi bem mais tranquilo. Eu já sabia o que esperar, como os ciúmes, os desejos e as lágrimas. Estava pronto até mesmo para o parto. Boruto se assustava sempre que a barriga da mãe parecia maior, mas também aguardava ansioso pelo novo bebê.

Teve uma vez em que cheguei em casa e vi Hinata deitava no chão com Boruto com a cabeça deitada em sua barriga. Ao me aproximar percebi que meu filho falava com o bebê e me juntei a ele.

– É menina, papai. - ele contou, antes que a mãe pudesse fazer. Naquele momento eu soube que teria uma princesinha.

Assim como com Boruto, Hinata quis um parto em casa, mas já sabendo o que viria eu evitava olhar para a água e me fixava nos olhos dela. Hinata parecia mais pronta também. Foi bem mais calmo, o que foi bom já que nosso filho estava na varanda da casa, junto com os outros, podendo ouvir tudo. Quando Himawari chegou, sem choro também e com os olhos também azuis como o meu, eu soube que nossa família tinha se completado.

Ela realmente foi a minha princesinha. Tudo o que Boruto fora e ainda era agarrado com Hinata, Himawari era comigo. Exceto que não chorava quando eu ia pro trabalho, o que era muito bom. Não pude mais sair só com ela, pois não sabia mesmo dar conta dela e de Boruto, mas não deixava de ter momentos bons com minha filha.

Ela era apaixonada por rámen, como eu. Por isso quando ela fez um ano, comemos juntos. Hinata quase teve um ataque ao ver sua menininha, tão pequena, comendo aquilo, mas acabou rindo de tudo aquilo e observando enquanto Bolt fazia careta. Ele não gostava do meu prato preferido.

E agora aqui estamos nós. Bolt tem 5 anos, minha pequena Himawari tem 2 e nossa vida possuiu uma rotina tranquilizante. É bom saber o que me espera ao sair do serviço. Não tenho mais as noites de video-game com meus amigos, mas tenho todos os dias com meu filho. Não podemos, eu e Hinata, dormir sem roupa e abraçados, não podemos deixar a porta trancada a noite toda, tampouco. Mas isso me fazia feliz.

Como agora. Hinata estava sentada na cama de Boruto, que estava dormindo a sono leve demais pra ela se afastar. Minha esposa cantava baixo para nosso filho, como ele gostava que ela fizesse. Himawari, minha princesinha, já estava em um sono pesado, aconchegada no colo da mãe.

Naquele momento parecia fazer muitos anos desde que vi Hinata na faculdade e me interessei por ela ser a menina mais bonita que tinha visto. Mas fazia menos de 10 anos. Menos de 10 anos que quase a tinha perdido, que a tinha tirado de uma família onde ela não teria nada daquilo.

Quando saiu, me viu ali, mas não disse nada. Primeiro colocou Himawari no berço do quarto dela e só então voltou. Estávamos na sala agora e ela tinha o cabelo solto, provavelmente tinha soltado em meio aos afazeres. Sem dizer nada, me abraçou e me deu os diários beijos.

– O que você estava pensando aquela hora, nos olhando?

– Que tenho sorte. Por ter te visto na faculdade aquele dia. Por não ter desistido quando me assustei…

– Você se assustou mesmo não é? - ela riu, me puxando para a cozinha, mas na porta de nosso quarto a parei e puxei pra dentro.

– Sim. Mas percebi que você vale a pena o susto. - ela sorriu e eu fechei a porta. - Mas minha maior sorte foi você não ter desistido quando podia.

– Eu nunca desistiria. - ela sussurrou, ficando na ponta dos pés, deixando seu nariz encostar em meu queixo. - Eu te amo, Naruto.

– Então, nunca me deixe. - sussurrei antes de beijá-la.

Esse é o clichê da vida: quando não procuramos encontramos alguém capaz de nos dar tudo o que sequer imaginávamos querer. Hinata me deu amor, carinho, ciúme, casa, prazer e uma família, só minha. Ela me deu dois presentes, além de se doar pra mim. Sua vida era minha a partir do momento que ela escolheu não me deixar. E o que eu fazia pra ela? Me doava também, tentava fazê-la feliz. Porque vivemos em um eterno clichê e percebi que as coisas só não dão certo se não quisermos. E eu e Hinata queríamos… E como queríamos!


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Notas finais do capítulo

Ahá, vocês ficaram com medo de eu matar a Hina né? Confesso que teria ficado mais impactante e até melhor, mas a contradição (que eu gosto de fazer) é de todos esperarem por isso por conta da capa e eu não fazer. haha Além do mais, eu tinha de colocar essas coisas fofas que são os filhos deles.
Obrigada a todos que leram. Espero que tenham gostado. Foi escrita de coração e com empolgação.
Até a próxima!



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