Serena escrita por Kikonsam


Capítulo 37
Azul é a Cor Mais Quente


Notas iniciais do capítulo

Outro pra vcsss, amanhã to voltando da minha viajem, então provavelmente segunda terá um novo.



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Nunca pensei que algum dia fosse sentir mais frio do que quando eu senti quando meu pai me levou para o norte do Canadá para esquiar com doze anos. Lá, meus poderes não funcionaram. Aqui, funcionam.
Estamos chegando mais perto o possível do monte de vento correndo em sentido horário no qual chamamos de Furacão Lauren. Todas as estrangeiras com suas respectivas supremas estão tentando fazer algo útil para fazê-lo parar. Por enquanto, já que estamos somente próximas e não exatamente na ventania do furacão, não voamos ainda. Outro fato que possa explicar melhor por que não voamos longe ainda foi que as bruxas holandesas fizeram um escudo invisível em nossa volta. Pelo menos nossos cabelos são poupados da ventania. O Lauren se aproxima mais a cada minuto. As espanholas já tentaram até invocar entidades devastadoras, mas que não deram conta de nada.
– Vamos entrar no furacão! - ouço o grito de Maggie enquanto o vento se aproxima.
O vento nos engole junto com o escudo das holandesas. Devastação. É só isso que tenho a dizer. Nada mais que poeira com terra, telhas de casas e carros. Sim, carros, voando pelos ares. Provavelmente não sairei viva deste dia, mas logo após pensar nisso, me lembro do feitiço do demônio no corpo de Misty Day que me fez imortal.
– Meninas! - ouço a voz de Cordelia se acentuar no monte de meninas que estão em desespero no escudo holandês.
Cordelia parece um pouco mais humana do que no último mês depois do fim da crise dos caçadores.
– Todas juntas! - Cordelia grita para se ressaltar no meio da barulheira. - As holandesas vão acabar com o escudo quando chegarmos ao olho do furacão, e faltam alguns instantes. Todas vocês, lancem todos os feitiços que tiverem conhecimento. A partir de agora é cada uma por si!
Neste momento me dou conta de que prefiro lutar pela minha sanidade mental e estrutura corporal. Por que, afinal, mesmo sendo imortal, quem quer passar a eternidade sem uma cabeça?
Sinto que o vento escuro de poeira e diesel de carros para de rodar.
Estou no olho do furacão.
Só consigo enxergar o imenso vazio de destruição deixado pelos ventos devastadores que alguma hora já passaram neste local onde estou em pé. O escudo das holandesas se vai e nem sinto nada me levando. Só consigo enxergar carros destruídos junto ao que restou de casas, prédios e carcaças de animais. Pobre Misty, deve estar sendo duro para ela ver essas vacas mortas de forma tão brutal e jogadas no chão como se não oferecessem nenhum valor para a sociedade.
As estrangeiras tentam de tudo. Os escudos das holandesas não são suficientes para isolar o furacão. Nem todas as meninas de todos os países juntos tentando acabar com a fonte do Lauren foi capaz de ao menos diminui-lo. Pelo contrário, ele parece estar cada vez mais forte. O frio permanece, mas em menor proporção.
– Difícil, hein, meninas? - ouço a voz indiscutivelmente familiar de Madison Montgomery vinda de minhas costas.
Viro-me, e a vejo de vestido branco na altura do joelho, cabelos voando ao vento e com um sorriso no rosto.
– Madison, por que isso tudo? - ouço a voz de Zoe perguntar a ela.
– Por que seu namoradinho me levou para aquela escuridão eterna! - fala ela, gritando. - E também por que peguei um certo abuso dessa tal de Serena.
De mim? Como assim? Ela nem me conhece?
– Como é que é? - eu falo, e dessa vez, as palavras foram pensadas, e não deslizaram pela minha boca. - Você acha que pode falar de mim assim? Está muito enganada!
Não aguento. Levanto meus braços e consigo fazer uma roda de fogo por volta dela.
Ela abre um sorriso. Madison começa a gargalhar para mim.
– Eu já estou morta, sua nojenta de cabelo vermelho! - ela grita para mim. - E você, de certa forma, também.
Ela falou a verdade em palavras duras. Eu, pelo simples fato de ser imortal, já estou morta. Ela, também. Mas eu não sou de desistir fácil.
– Abby - digo, me virando para Abby. Está na hora de contar com sua ajuda. - Você pode acabar com isso. Você é a única capaz de controla-la.
Abby fica meio receosa, enquanto seus cabelos tingidos de rosa claro caem pelo seu rosto.
Madison fala antes que ela possa falar algo.
– Essa aí? Há, há! Ela não faz mal a uma mosca, com aquela velha otária que a ensinou "sabedoria com poderes".
Abby não pareceu ter gostado do que Madison falou sobre a senhora que lhe ensinou tudo o que sabe em Chinatown.
Alguma coisa mudou nela, ao invés de ficar vermelha de raiva, ela ficou azul. Mas especificamente, seu cabelo mudou da tonalidade rosa chiclete para azul da cor do céu. Nunca pensei que algum dia na minha ida fosse ver alguém mudar a cor do cabelo naturalmente.
– Abby? - pergunto.
Abby parece não ligar para o que eu falo, ela simplesmente continua com sua raiva, e fala pra Madison:
– Ninguém fala assim da Yuka! Ninguém!
– Alguém pode me explicar o que está acontecendo? - pergunta Angie. Acho que pela primeira vez ela sente medo de Abby, já que ela nunca demonstra sentir medo dela.
– O cabelo de Abby se muda com o estado de espírito dela. - diz Kathy, baixinho. - Seu cabelo era rosa por que ela estava na sua maior paz de espírito possível nos outros momentos. A coloração mudou por que, ao seu estado de espírito entrar em colapso e ir para o estado de irritação, muda para azul.
– Ah, tipo aquela menina de Harry Potter? - pergunta Maggie. Claro que ela está falando da Tonks. Mas o cabelo de Abby parece mudar com muito mais dificuldade do que o da Tonks.
– Sim - fala Abby.
– Ah, então quer dizer que a puta também é multicolorida? - fala Madison, zombando da cara de Abby.
Abby pareceu aumentar sua raiva, por que seu cabelo está aumentando a tonalidade de azul, e se aproxima do roxo.
– Agora você vai saber com quem você está falando. - fala Abby.
Ela levanta sua mão, e vejo Madison ser levantada pelo pescoço por essa mão, por mais que Abby não esteja encostando em Madison.
Madison se esperneia, gritando. Abby não para. Levanta a outra mão e os cabelos de Madison são levantados para o céu, e seu espírito roda pelo olho do furacão, pairando sobre o rastro de destruição deixado por ela mesma. O que quer que Abby tenha feito, funcionou. Madison começa a gritar, e as ondas sonoras de seus gritos são abafadas pela pior cena que eu já vi na minha vida.
Os órgãos de Madison começam a sair pela sua boca. Ou o espírito dos órgãos, pelo menos. Não consigo distinguir o que sai de dentro do espírito de Madison, mas sei que é nojento. Todas as meninas olham para outro lugar, e eu também. Ao olhar para Abby, a vejo com as duas mãos estendidas, o cabelo roxo sendo levantado pelo vento e com olhos negros como o buraco em que me meti quando fui morta por Maggie.
Olho de volta para Madison, e a vejo seca, como um pano de chão feito de pele. Seus espíritos de órgãos estão esparramados pelo chão, enquanto ela desce lentamente para se deitar junto a eles.
Abby vai trocando a coloração do seu cabelo, agora, ele está ficando verde, e seus olhos estão voltando ao normal.
A carcaça que sobrou de Madison ainda respira. Madison já está morta, nada pode mata-la novamente. Mas podemos manda-la de volta para onde ela veio.
– Mande-a para o Poço de Blair, Abby! - grito.
Abby está com um cabelo cor verde-limão. Ela olha para a carcaça que sobrou do espírito de Maggie, e levanta com dificuldade sua mão. Por incrível que pareça, um poço se faz no meio da destruição que Madison está deitada em cima. Ela cai como uma pena, literalmente, para a escuridão que eu jamais esquecerei, o Poço de Blair.
Madison some de minha vista, e o poço se fecha.
Olho para Abby, que agora se deita no chão, respirando com muita dificuldade, enquanto Angie, Kathy e Maggie tentam reanima-la.
Graças a Deus, em menos de um minuto Abby abre os olhos.
– O que houve? - pergunta ela, ainda de cabelo verde.
– Você derrotou a Madison - fala Angie - E seu cabelo tá horroroso.
– O que? - Abby pega no cabelo, e ao vê-lo verde, grita e diz - Eu quase morri! Meu Deus!
– Calma, Abby - fala Maggie - Agora ele tá mudando de cor, olha, tá ficado... Branco?
– Branco? - Abby vê o cabelo descolorindo e ficando totalmente branco. Ela parece não acreditar, e chora, rindo. - Paz total de espírito! Eu alcancei o que a Yuka queria!
– Meninas? - Zoe mete a cabeça perto de nós - A Madison foi embora, mas o Lauren não, e nós estamos no olho dele, vamos?
É verdade. Tinha me esquecido que estávamos no olho de um furacão que, apesar da sua fonte ter sido banida, ele não vai embora tão cedo. Digo:
– Vamos acabar logo com isso.


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Notas finais do capítulo

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