O que o Acaso Traz escrita por b-beatrice


Capítulo 2
Embate


Notas iniciais do capítulo

Oi queridas!
Obrigada pelos comentários do capítulo anterior! Eu sei que ainda não deu par entrar muito na história, mas o início é assim mesmo! Daqui a pouco vocês estarão entendendo tudo!
Boa leitura!



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Ponto de Vista – Bella

Eu sabia que iria me arrepender de ter chamado o pequeno garoto para passar um tempo comigo. Especialmente porque eu não tinha o menor jeito com crianças.

De fato, eu acabei me arrependendo, mas justamente pelo motivo oposto.

Anthony me deixara cismada com ele.

Quando chegamos à biblioteca, achei que ele fosse correr para a seção de gibis ou para os livros com brincadeiras, ou mesmo para os cheios de figuras, mas ele foi direto para os livros educativos, escolhendo um que era inclusive utilizado pela escola nas turmas que deveriam estar pouco a frente dele.

Logo em seguida, ele tomou a direção da sala de leitura comum, enquanto eu fui andando na direção da sala das crianças, achando que essa seria sua opção.

– Ei, baixinho! – chamei sussurrando para evitar receber broncas – Vamos por aqui.

Apontei para a sala das crianças, que estava completamente vazia.

Ele me olhou como se tivesse perdido alguma coisa, mas veio em minha direção.

– Eu não sou baixinho. – falou como se estranhasse o fato de eu chamá-lo assim.

– Foi uma brincadeira. – expliquei esperando que ele não se zangasse.

Ele apenas deu de ombros e seguimos para a sala toda colorida e cheia de pufes confortáveis e desenhos agradáveis nas paredes.

– Por que você quis vir para cá? – ele perguntou parando na porta, olhando o ambiente em volta como se o estivesse avaliando.

– Por que você não iria querer vir para cá? – perguntei sentando em um pufe e pegando um livro que eu carregava dentro da minha bolsa.

– Não é normal. – ele comentou adentrando a sala devagar, como se a qualquer momento algo absurdo fosse surgir pelo chão – Livros devem ser lidos à mesa.

– Onde aprendeu isso? – perguntei estranhando seu comentário – Livros podem ser lidos como quisermos.

– Na escola. – ele respondeu finalmente sentando em um pufe e abrindo seu livro, mas ainda parecia desconfiado.

– Com quem? – perguntei curiosa, lembrando das infinitas vezes em que crianças vinham para cá enquanto eu ainda trabalhava nessa biblioteca – As professoras trazem os alunos aqui o tempo inteiro.

– Em outra escola. – ele respondeu desviando seu olhar do seu livro para mim, mas rapidamente voltou a focar nas páginas.

– Então você nunca leu deitado antes de dormir? Nunca viu sua mãe lendo uma história para você na cama? – perguntei provocando-o.

Novamente ele desviou os olhos de seu livro para os meus antes de responder.

–Não. – respondeu pensativo – Não que eu me lembre.

Eu poderia pensar que ele estava mentindo ou apenas me oferecendo uma resposta má educada por ter perguntado tanto, mas pelo seu olhar percebi que Anthony estava dizendo a verdade.

A partir desse momento ele voltou a dar atenção à sua leitura enquanto eu fingia ler, mas o observava ou pensava sobre ele.

De fato, o garotinho era diferente. Suas respostas eram sempre diretas, como se estivesse passando por uma avaliação oral constante. Sua pronúncia era perfeita e sua forma de formar frases e respostas não parecia a de uma criança.

Agora que eu começara a reparar, até seus modos, sua postura e sua maneira de ser não eram característicos de uma criança.

Era como se ele fosse um mini adulto, em sua postura exemplar, uniforme impecável e seu modo de falar claro. Ele era sério. Crianças geralmente eram alegres ou irritadiças, mas Anthony era apenas sério. Como um adulto seria.

– Quantos anos você tem? – perguntei antes que conseguisse me segurar.

– Seis. – ele respondeu voltando a olhar em meus olhos.

– Quando foi que você aprendeu a ler? – perguntei estranhando, já que as crianças de sua idade geralmente ainda estavam aprendendo, apesar de já saberem juntar letras, a leitura de textos longos e sua interpretação era um grande desafio.

– Ano passado. – ele respondeu diretamente, ainda sem desviar seus olhos dos meus.

Seria um tanto intimidador, se ele não tivesse uma postura completamente passiva.

– Você está adiantado para a sua idade? – provavelmente sua resposta seria não, já que as turmas dos mais velhos ainda estavam tendo aula nesse horário.

– Não dessa forma. – ele respondeu e pareceu pensativo antes de completar – Eu aprendi na outra escola. Eles gostavam de adiantar algumas coisas.

– Que escola era essa? – perguntei não conseguindo pensar em qualquer escola normal que ensinasse seus alunos a ler livros tão complexos para essa idade.

– Era uma escola especial. – ele respondeu um tanto incerto – Minha mãe queria que eu fosse super dotado.

Ri com a sua inocência.

– Crianças não vão para escolas de super dotados porque querem se tornar super dotados. – expliquei, mesmo não gostando muito do termo – Vão para lá porque já são.

– Eu não acho que eu seja, de qualquer forma. – ele respondeu parecendo mais tímido do que nunca.

– Eu posso ver que você é inteligente e interessado. – comentei apontando para o livro que ele escolheu.

– Eu comecei a ler esse na escola. – ele comentou pensativo, olhando para o livro, mas pareceu logo perceber o que fazia e voltou a olhar para mim – Eu vim para cá antes de terminar, no entanto.

– O que fez você vir para cá? – perguntei não o entendendo muito bem e ainda muito curiosa sobre tudo relacionado a ele.

– Eu vim morar com o meu pai. – ele respondeu direto como sempre.

– Então você antes morava com a sua mãe? – concluí idiotamente.

– Basicamente. – ele respondeu depois de pensar por alguns segundos, como se houvesse uma resposta complicada demais para que eu entendesse, então optasse por essa.

Houve mais um momento de silêncio, mas Anthony o interrompeu após olhar seu relógio.

– Minha babá deve estar chegando. – ele falou voltando seu olhar para mim – Eu preciso ir.

– Tudo bem. – respondi assistindo ele se levantar e colocar sua mochila nos ombros – Você não quer levar o livro para ler em casa?

– Eu ainda não tenho o cartão para isso. – ele respondeu parecendo um pouco triste.

– Podemos fazer agora. – falei tentando animá-lo, já me levantando também, me sentindo culpada por minhas perguntas tê-lo impedido de aproveitar seu momento de leitura.

– Eu não tenho nenhum documento aqui. – ele respondeu.

Isso definitivamente seria um fator complicador. Mesmo para os alunos da escola era necessário apresentar identidade, comprovante de residência, carteirinha comprovando ser aluno...

– Peça ao seu pai para você trazer um dia desses. – aconselhei.

– Claro. – ele respondeu sorrindo de canto, mas sua voz deixava claro que aquilo não ia acontecer – Foi um prazer, Bella.

– O prazer foi meu, Anthony. – respondi ainda meio boba por uma criança daquela idade agir daquela forma.

Assisti da porta da sala para as crianças que Anthony passou pela prateleira onde o livro estava anteriormente e, além de guardá-lo, fez questão de ajeitar a posição dos outros naquela parte.

Percebi que a aula de Angela deveria estar acabando e resolvi que encontrá-la no corredor seria mais rápido do que esperá-la vir até aqui.

Estava andando pelos corredores praticamente vazios quando fui chamada.

– Senhorita Swan! – ouvi a saudação e rezei para que eu tivesse confundido a voz que me chamava – Eu estava pensando em você e então você passa! A vida é mesmo cheia de coincidências.

Sim. Era ele. Com a minha sorte eu realmente me iludi torcendo para que fosse qualquer um além de James Hunter. Notas altíssimas, comportamento péssimo, família rica demais para que ele fosse devidamente responsabilizado pelos seus atos.

– Essa coincidência não teria ocorrido se o senhor estivesse na sua sala de aula, senhor Hunter. – respondi torcendo para que ele desistisse de me encher de uma vez por todas.

– Na verdade, senhorita Swan... – ele falou, se colocando em minha frente como se tentasse falar de forma sensual, fazendo com que eu me perguntasse como algumas garotas caíam naquilo – Eu estou interessado em aulas particulares e prometo que não vou sair da sala enquanto eu não tiver adquirido todo conhecimento necessário.

– Senhor Hunter – comecei prestes a dar o que eu pretendia tornar o maior fora da história naquele rapaz, mas infelizmente fui interrompida.

– Senhorita Swan! – ouvi a voz do senhor Masen gritar meu nome como se eu estivesse fazendo algo errado e tivesse sido pega em flagrante.

De fato, aquele não era o meu dia de sorte.

– Senhor Masen. – cumprimentei tranquilamente, virando-me para ele, tentando demonstrar que eu não tinha nada a temer.

– Senhor Hunter, acredito que o senhor tenha algum lugar para estar nesse momento. – senhor Masen falou com James, direcionando a ele um olhar que faria qualquer um evaporar, não abrindo espaço para contestações.

– Claro. – James respondeu e saiu de cabeça baixa, entrando em uma das salas do enorme corredor enquanto o senhor Masen continuava vindo em minha direção.

– Senhorita Swan, acredito que a senhorita deva saber que não é permitido flertar com os alunos desta instituição. – ele falou com sua voz de veludo que me deixaria completamente arrepiada, se não fosse meu humor por receber tal acusação.

– Eu sei disso, senhor Masen. – respondi o mais seriamente que pude – Acontece que infelizmente alguns dos alunos parecem não querer saber.

– Acredito que esse problema seria facilmente resolvido se a senhorita não desse abertura a cada olhar que vai em sua direção. – o idiota teve a coragem de me dizer tal coisa.

– O que o senhor quer dizer? – perguntei indignada, levando minhas mãos para a cintura, exatamente como me dava vontade de fazer quando repreendia os alunos mais petulantes.

– Desça da sua pose, senhoria Swan. – ele afirmou, chegando ainda mais perto – Eu não sou um dos seus alunos.

– Então pare de se comportar como se fosse! – só percebi minhas palavras depois que já as havia proferido com toda raiva que eu sentia naquele momento.

E não, eu não me arrependia.

– Senhorita Swan. – ele repetiu com sua voz rouca e respirou fundo, como se estivesse precisando se controlar para o quer que estivesse prestes a fazer – A senhorita está brincando com o fogo.

De fato, estava quente de repente.

O corpo dele estava praticamente colado ao meu e seus olhos me encaravam com tanta intensidade que meu coração começou a bater acelerado, ao mesmo tempo que minha respiração se tornou difícil, mas percebi que, o que quer que estivesse acontecendo comigo, provavelmente estava acontecendo com o senhor Masen também, já que ele parecia estar respirando no mesmo ritmo que eu.

Como se fosse possível, ele se aproximou ainda mais de mim e pude sentir a borda de seu terno, que estava aberto, entrar em contato com meu terninho comportadamente fechado. Seu perfume invadiu minhas narinas e de repente esqueci de como fomos parar naquela situação e só conseguia pensar em encontrar uma forma de grudar meu nariz em seu corpo e sentir melhor aquele perfume maravilhoso.

Maldito presunçoso, grosseiro e sexy!

Para minha sorte ou azar, algumas coisas aconteceram a seguir de forma tão rápida que eu mal pude perceber cada uma delas em seu tempo.

O sinal bateu, o senhor Masen xingou, os alunos começaram a sair de suas salas e então, em um piscar de olhos a encarnação da minha fonte de raiva havia sumido, aumentando ainda mais o ódio que eu sentia por ele.

Estava contando até dez para evitar expulsar minha raiva batendo em algum dos armários que ficavam no meio do corredor, o que acabaria chamando alguma atenção para mim.

– Ei Bella! – infelizmente Angela me interrompeu antes que eu chegasse ao seis.

– Aquele maldito idiota! – deixei escapar enquanto cerrava meus punhos, mas para a minha sorte apenas Angela foi capaz de ouvir.

– Senhor Masen continua pegando no seu pé? – ela perguntou rindo.

– Você ri porque não é você o alvo daquela fonte de mau humor! – respondi ainda irritada.

– Em pensar que tantas mulheres matariam para receber a atenção daquele homem... – Angela comentou fazendo graça da minha desgraça.

– Diga a todas que estou mais do que disposta a passar meu posto. – respondi deixando que minha irritação se esvaísse junto com minhas palavras – Não importa mais. Você terminou tudo?

– Sim! – ela respondeu alegre como sempre – Podemos ir.

Definitivamente, essa era a melhor notícia do dia.


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Notas finais do capítulo

Desculpem mesmo por esse início não ser muito claro, mas eu prometo que vai melhorar! (pelo menos espero rsrsrsrs)
Estou pensando em fazer o próximo capítulo no ponto de vista do Edward para acelerar a compreensão da história!
Aguardo os comentários de vocês!
Beijinhos!



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