O que o Acaso Traz escrita por b-beatrice


Capítulo 3
Inferno


Notas iniciais do capítulo

Oi queridas!
Muito obrigada pelos comentários do capítulo anterior! Vou já respondê-los!
Estou postando esse capítulo, que é mais ou menos como um extra, no ponto de vista do Edward para ver se acelera um pouquinho o entendimento da história!
Espero que gostem!
Boa leitura!
ps: antes de julgarem, leiam mais um pouco! eu prometo me esforçar para escrever uma linda história! confiem um pouquinho mais em mim!



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Ponto de Vista – Edward

Para começar, eu odiava meu emprego.

Como se já não me bastasse tudo, havia lá aquela pequena criaturinha atrevida, irritante, provocadora e intrigante que parecia programar seu dia para não me dar um minuto de paz.

Definitivamente, eu estava vivendo um inferno.

O pior aspecto da vida em si, ao meu ver, é que você só reconhece o quanto era boa depois que você está na merda. E você só percebe que não era tão ruim quando você está mais na merda ainda. Eu, no momento, estava no fundo do poço. Poço de merda esse.

Se você me perguntasse, há uns 20 anos atrás como era a minha vida, eu dificilmente responderia que era perfeita. Eu era obrigado a comer vegetais, eu não podia passar o tempo que eu quisesse no vídeo game, meu pai exigia notas altas, minha mãe não me deixava faltar a escola...

Acontece que, a partir do momento em que um acidente de carro no qual meus pais foram gravemente feridos ocorreu e, mesmo com todo esforço médico, eu havia perdido ambos, minhas restrições e obrigações já não pareciam mais grande coisa.

É claro que todos ficaram impressionados com o milagre que fora eu ter sobrevivido sem grandes problemas, mas eu não queria entrar em detalhes. Eu queria meus pais de volta. Eu era realmente uma criança feliz e me comprometeria a fazer tudo perfeito se isso pudesse trazer meus pais de volta. O problema era: não podia.

Foi então que eu saí de Chicago, onde eu fora nascido e criado até então, e fora levado pela minha tia Esme para Nova York, onde eu passaria a morar com ela, tio Carlisle e meus primos Emmett e Jasper.

Não me entenda mal. Eu gostava dos meus primos e amava meus tios, mas não eram os meus pais. Não era a minha casa. Não era a minha família.

Eu tinha 5 anos quando isso aconteceu.

Vida que segue... Meus tios me acolheram e cuidaram de mim como se eu realmente fosse filho deles. Passei a frequentar a mesma escola que meus primos, um colégio particular muito tradicional e bem conceituado.

Descobri depois de um tempo que fora naquele mesmo local que meu tio estudara e tanto ele quanto minha tia continuavam fazendo grandes doações e projetos para o local.

Emmett, era 3 anos mais velho que eu e 2 anos mais velho que Jasper. O cérebro do trio, na verdade, era o do meio. Jasper inventada as mais variadas travessuras para fazermos. Emmett as cumpria com boa vontade, sem pensar em maldades ou possíveis consequências. Eu as cumpria para me divertir, se me importar com maldades ou possíveis consequências.

Eu definitivamente fora a causa para muitos dos fios brancos dos meus tios.

Minha pré adolescência também fora conturbada. Eu gostava de fazer amizade com os meninos que tinham os pais menos presentes, que eram aqueles que tinham mais liberdade. Comecei a beber cedo, ir para festas sem hora para voltar, sair de casa sem destino, beijar tantas garotas quanto fosse possível. E quanto mais eu as beijava, mais delas queriam me beijar.

Se nesse ponto você me perguntasse como era minha vida eu facilmente responderia que era uma merda.

Foi quando eu conheci Victoria.

Ela viera transferida de algum lugar da Austrália para minha turma, explicando que seus pais nunca moravam durante muito tempo em um mesmo lugar. Ela foi sem uniforme no primeiro dia, por causa da transferência apressada. Saia longa, regata, colar de corda no pescoço e algumas pulseiras coloridas no pulso, além do cabelo de fogo, todo cacheado e solto sem medo de mostrar seu volume.

Ela não usava ouro, não usava salto, não usava bolsa, não usava rosa. Ela era linda.

Victoria era, sem dúvida, uma lufada de ar fresco.

Ao contrário do que eu esperava, não começamos nada romântico. Victoria era como um moleque e se tornou minha companheira de farras.

Eu consegui para ela uma identidade falsa e os bares e boates se transformaram em uma espécie de refúgio para nós. Nas festas da escola éramos sempre o centro das atenções e, apesar da ausência de cunho romântico, éramos inseparáveis.

Seus pais nunca estavam em casa. Meus tios, por outro lado, não gostaram dela antes mesmo de conhecê-la, apesar de serem sempre perfeitamente educados em sua presença.

Isso devia ter sido um sinal para mim.

Na adolescência começamos a namorar. Nós já havíamos trocado alguns 'beijos de amigos' então eu não podia precisar quando o namoro começou.

Foi nessa época também que seus gostos pareceram mudar. Ela desistira do visual meio hippie e passara a dar mais atenção às tendências da moda.

Descobri que a parte hippie nunca fora seu estilo e tivera essa fase meramente com o intuito de irritar seus pais. Não que eu me importasse.

Com o tempo, no entanto, Victoria deixou de ser o que eu conhecia. Deixou de ser a menina que não se importava com as questões da alta sociedade para ser a menina que buscava se destacar em cada evento.

Eu odiava aqueles eventos.

Nós brigávamos. Muito. Às vezes eu me perguntava o que ainda estávamos fazendo juntos, mas a verdade era que Victoria era a menos pior de todas as garotas, então fazia mais sentido continuar com ela.

Eu tinha 18 anos quando Victoria engravidou.

A parte mais engraçada, se é que existem outras, é que eu não fiquei de todo decepcionado. Depois de alguns segundos do choque inicial eu cheguei a enxergar nós dois construindo uma família. Enquanto isso Victoria atirava coisas nas paredes me culpando por tê-la engravidado e estragado sua vida.

Eu contei aos meus tios naquela mesma noite. Lembro da face de pena que cada um deles estampava e, a princípio, não entendia o que aquilo significava exatamente. Meus tios provavelmente já previam o caos que seria minha vida.

Momentos depois, no entanto, sorrisos curtos apareceram e me parabenizaram pela posição de homem que eu tomara, ao assumir o bebê. Ainda lembro de tia Esme dizendo que estava feliz por eu estar feliz.

Os pais de Victoria foram terminantemente contra um casamento entre nós, por ainda sermos muito jovens, mas aceitaram que passássemos a viver juntos.

Com a ajuda de tio Carlisle, vendi o antigo apartamento dos meus pais em Chicago e comprei um apartamento bem localizado em Nova York.

Victoria se mudaria depois que o bebê nascesse e eu tinha o quarto dele pronto antes mesmo que pudéssemos descobrir que era um menino.

Anthony Thomas Masen nasceu, me apresentando a um sentimento que eu não sabia descrever.

Victoria, no entanto, passou por alguns problemas psicológicos como depressão pós parto e chegou a se negar a amamentar. Por conta de tudo isso, ela voltara para a casa dos pais por um tempo.

Meu filho, no entanto, veio para casa comigo e eu me desdobrei para cuidar dele como um verdadeiro pai/mãe faria. Com a ajuda de tia Esme, trocar fraudas, dar banho e fazer mamadeiras não foram grandes desafios.

Vez ou outra eu o levava para Victoria vê-lo e achei que estávamos tendo progresso quando ele passara a dormir com ela uma noite ou outra e eu só ia buscá-lo no dia seguinte.

Foi em um desses dias que eu fora buscá-lo que Victoria me chamou para ter uma conversa que eu pensei que tudo finalmente ficaria bem. Achei que ela finalmente estava pronta para vir morar conosco.

Eu não poderia estar mais enganado.

Victoria não queria formar essa família em que eu tanto pensava. Seus pais se mudariam em breve para o Alasca e ela pretendia ir junto, levando meu filho.

Levantei e gritei sem medo de acordá-lo sobre o quão impossível isso seria. Eu jamais concordaria em deixá-la levar meu filho.

Foi quando eu vi os olhos dela se encherem de lágrimas e, com o som de fundo do choro do meu filho, ela falou a frase que me quebrara.

– Eu finalmente estou conseguindo cuidar dele como ele merece. Você vai mesmo ter a coragem de afastar esse bebê da mãe dele?

Alguns anos se passaram na minha mente. Todo esse tempo sem a minha mãe. Eu daria tudo na vida para que aquele acidente não tivesse acontecido. Eu daria tudo na vida para não ter perdido a minha mãe. Eu não tiraria meu filho dos braços da mãe dele.

Mal sabia eu que Victoria partiria com ele naquele mesmo dia. Mal sabia eu o tempo que ficaria sem ver meu filho. Mal sabia que a vida ainda podia piorar.

Eu tinha 19 anos, era órfão, não tinha um trabalho, sequer começara faculdade e tinha um filho plenamente afastado de mim.

Se você me perguntasse como era a minha vida, eu diria que definitivamente estava passando pelo purgatório.

Eu não voltei para a casa dos meus tios. Não parecia fazer sentido.

A cada mês eu enviava parte do dinheiro que meus pais me deixaram para pagar algumas despesas de Anthony, não aceitando que tio Carlisle tivesse qualquer despesa a mais, depois de tudo que ele fizera por mim.

Aceitei abrir uma exceção para a faculdade, já que tio Carlisle afirmara que me criara como um filho e seria absurdo eu não aceitar que ele continuasse pagando pela minha educação, já que ele estava pagando tanto pela de Emmett quanto pela de Jasper.

Estar na faculdade, morando em meu próprio apartamento depois da decepção pela qual passei era como um empurrão para mais bebidas, festas e mulheres. Dessa vez, no entanto, fiz questão de não ter envolvimento sério ou duradouro com qualquer uma delas.

Minha vida, no entanto, estava longe de ser pura farra. Eu queria ter o máximo de contato possível com meu filho, apesar dele não ser capaz de compreender e apesar de odiar ter que manter contato com Victoria.

Eu estava sempre perguntando por ele, mas suas respostas eram sempre vagas.

Eu perdi os principais momentos. Seu primeiro sorriso, sua primeira palavra, seus primeiros passos... Soube tarde demais, no entanto, que Victoria havia perdido todos eles também.

Anthony já tinha 1 ano quando consegui ir visitá-lo no Alasca pela primeira vez. Qual não foi a minha surpresa ao vê-lo sendo cuidado por suas babás, enquanto ninguém sabia onde Victoria estava.

Quando ela finalmente apareceu nós brigamos. Que tipo de mãe larga seu filho sem dizer para onde ia ou quanto voltava? Em sua defesa, Victoria dizia que sabia o que era melhor para ele, que ninguém cuidava tão bem dele quanto as babás e que eu não tinha o direito de me zangar, já que nunca estava presente.

Foi como se ela me rasgasse ao meio. Me esforcei para fazer com os seguintes dias que eu passaria com meu filho fossem os melhores das nossas vidas. E foram. Anthony não era uma criança de estranhar pessoas, logo aprendeu que eu era o “papai” e descobri que brincar com ele era a melhor sensação do mundo.

Após aqueles maravilhosos dez dias, no entanto, eu tive que ir embora. Doeu tanto ou mais do que da primeira vez que fomos afastados.

A partir daí eu ligava para de vez em quando e esporadicamente conseguia que Victoria o colocasse no telefone.

Eu perdi seu primeiro dia na creche, bem como perdi seu primeiro dia de aula. Se eu estivesse presente jamais teria permitido que Victoria colocasse meu filho, tão criança, em uma escola de regime semi-internato.

Fui de imediato para o Alasca assim que descobri, pronto para pegar meu filho e leva-lo para Nova York comigo. Ela me desarmou novamente, no entanto.

– Você não pode afastá-lo de mim, Edward! – ela gritou – Eu sei o que é melhor para ele! Eu sou a mãe dele! Você não é nada além de uma voz no fundo do telefone!

Vacilei em minha posição, mas ainda não podia aceitar que meu filho vivesse uma infância como aquela.

Foi quando uma babá chegou, trazendo-o pela mãozinha, parecendo tão pequeno e indefeso.

– Venha cá, querido. – Victoria chamou – Venha mostrar o que você aprendeu hoje.

Com apenas 3 anos meu filho sabia contar, conhecia as letras e inclusive já soletrava algumas palavras. Meu filho contava fábulas e as interpretava. Meu filho, tão pequeno e indefeso, já estava cheio de conhecimento.

– Agora me diga – Victoria falou passando sua mão pelo cabelo dele – Você gosta da sua escola?

Anthony apenas balançou a cabeça afirmativamente.

– E você gostaria de ir para outra? Em outra cidade, bem longe daqui? – Victoria voltou a perguntar, mas dessa vez Anthony balançou a cabeça negativamente.

Victoria apenas olhou para mim com uma sobrancelha arqueada.

Suspirei, passando minha mão pelo cabelo.

– Relaxe, Edward. – Victoria falou – Eu sei o que é melhor para ele.

Foi só quando eu terminei a faculdade, no entanto, que cheguei a saber as covardias de Victoria.

Quando eu finalmente terminei a faculdade, apesar de todo atraso por conta de ter perdido algumas matérias, levei um choque ao perceber que o dinheiro dos mais pais não iria durar muito mais e eu precisava economizar, diminuindo drasticamente o valor que costumava enviar a Victoria.

Victoria me ligara berrando que aquilo não era suficiente para arcar com as despesas de Anthony e eu me perguntava o que no inferno custava tanto dinheiro para criar uma criança.

Foi quando eu somei o salário da babá, com os gastos com a escola agora interna, com os gastos com a colônia de férias e as atividades dos fins de semana. Foi quando caiu a ficha que Victoria provavelmente era pouco mais presente na vida do meu filho do que eu mesmo.

Foi quando eu finalmente decidi que ele viria morar comigo. Foi quando Victoria não apresentou resistência, já que o dinheiro não valia mais a pena.

Foi só aí que entendi que manter Anthony com ela, além de um capricho, era uma forma de receber dinheiro meu ao final de cada mês e, aparentemente, esse negócio já não valia mais a pena.

Foi então que meu filho, que mal me conhecia e para com o qual eu era tão ausente, veio morar comigo, quando eu não tinha ideia de como criar uma criança.

Eu não tinha um bom emprego, eu não sabia cuidar de uma criança, eu não tinha muito dinheiro sobrando, eu não sabia cuidar de mim mesmo e agora tinha meu filho para cuidar também.

A vida definitivamente sabe como piorar as coisas.


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Notas finais do capítulo

E então? O ponto de vista do Edward ajudou um pouquinho [muito]? rsrsrsrs
Fico aguardando os comentários de vocês!
Beijinhos!



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