Amor de Hotel escrita por Evena Solaris


Capítulo 4
A Culpa é da Tequila


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada a todos que comentaram, sou muita grata às palavras de carinho.
Sei que o capítulo demorou, espero compensar vocês :) Preparei uma surpresa para vocês na nota lá embaixo.
As músicas indicadas desse capítulo, isto é, as que me ajudaram a entrar no clima do capítulo foram: "Toxic" e "Too close", covers da Melanie Martinez, "Don't you worry Child", do Sam Tsui.



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Olhei frustrada para meu cabelo. Não importava o que eu fizesse, ele continuaria de pé. Aquela era minha última noite no hotel. Aquela semana relaxante de piscina, voltas pela cidade, cafés da manhã luxuosos chegava ao fim.

O resto da semana se passou sem que eu visse Marcus de novo, ao que imaginei ser pela sua agenda de compromissos. Talvez tenha ficado preso em inúmeras reuniões de trabalho.

Sorri lembrando o nosso pequeno momento na piscina. Seu olhar que queimava a pele, a toalha em seu torso, o sorriso sacana. Eu imaginava como seria sentir o toque áspero da sua barba deslizando por mim, traçando sinuosas curvas...

Suspirei, voltando ao presente. Uma mensagem no meu celular acabou me distraindo e encarei o aparelho emburrada. Se havia algum dia que eu não queria absolutamente ninguém para me incomodar, era hoje. A mensagem era de Rita, uma colega de trabalho que dificilmente me mandava qualquer coisa.

A curiosidade foi maior que minha vontade de jogar o celular pela janela.

“Nina, precisa voltar o mais rápido possível. Ficamos sabendo que o filho do Diretor está nesse momento em algum lugar, vendendo todas as ações da empresa pela metade do preço. Não sabemos o que será do futuro daqui. “

–Merda – praguejei para ninguém em especial, já que estava sozinha no quarto.

O Diretor da multinacional em que trabalho havia falecido há dois meses, mas todos imaginaram que seu filho iria assumir os negócios. Nunca havia visto o filho do meu antigo chefe e sempre supus que ele fosse um cara espero.

Pelo visto era só mais um filho da puta que veio para ferrar com a minha vida.

Agarrei meus cabelos, sentindo que o autocontrole estava muito próximo de escapar pelos meus dedos. Eu tinha duas opções. Ficar emburrada dentro do quarto, imersa em autopiedade e raiva do mundo. Ou sair e ter a noite da minha vida.

Bom, se o mundo já está desabando sobre meus pés, não haveria problema de me juntar aos destroços. Só por uma noite.

Normalmente eu evitava boates de qualquer hotel pelo motivo óbvio de que não costumava ficar em hotéis tão bons quanto esse. Pulei o jantar, estava irritada demais para colocar alguma comida para dentro. Segui com determinação para o bar, localizado ao lado da boate.

O plano era simples. Beber até que alguém teria que me carregar para o quarto. Se sobrasse alguma energia, eu poderia dançar. A paquera era opcional.

–Uísque, por favor! – eu pedi, usando um tom mais alto para ser atendida logo. O barman sorriu e se apressou em me atender, mesmo que houvesse uma fila de pessoas esperando.

Pisquei, surpresa com o golpe de sorte. Talvez fosse o fuso horário, talvez San Andres funcionasse como um amuleto de boas energias. Seja como for, as chances naquela noite estavam a meu favor.

–Não acha que essa é uma bebida muito forte para você? – a voz grave atrás de mim me surpreendeu.

Voltei-me para Marcus e sua imagem de smoking e aquela barba me desconsertou. Ainda assim, fui capaz de replicar:

–Sou bem grandinha – havia um tom de desafio em minha voz. Talvez eu não precisasse realmente de álcool para ser impulsiva. Ou talvez tenha sido a mensagem de Rita.

Vai saber.

–Aqui a sua bebida, senhorita. – o barman acabava de me atender, colocando o drink a minha frente. Curvei-me para pegar minha carteira, mas o funcionário apenas balançou a cabeça. – É por conta da casa.

E antes que eu pudesse agradecer, saiu dali para atender aos outros hóspedes.

–Ora, parece que você tem um fã – Marcus voltou a falar, os seus olhos queimavam cada centímetro de mim.

–Parece que você é muito observador, Marcus – retruquei, sentindo um prazer quase infantil quando seu nome deslizou pelos meus lábios. – Mas não te vejo bebendo nada. Estômago fraco?

Ele sorriu irônico.

–Se quer fazer isso, faça com alguma coragem. Quatro tequilas! – ele pediu para o barman que olhou para nós dois, contrariado. Talvez pensasse que Marcus estava tentando algo comigo.

O que, tenho certeza, ele não estava.

–Tudo para você? – perguntei, erguendo as sobrancelhas em surpresa.

–Evidente que não, Picapau. – ele disse com um sorriso de lado. – Dois para mim, dois para você. Hoje vou te ensinar a beber.

A ousadia dele me fez rir. Ou aquele homem era muito confiante ou estava alucinando. De qualquer forma, eu estava tentada a ficar e ver onde todo aquele jogo ia dar.

–O que te faz acreditar que eu deixarei você me ensinar alguma coisa? – repliquei, esquecendo momentaneamente do infame apelido que ele me dera sem permissão.

Marcus estreitou os olhos.

–Tudo no mundo de negócios é faro. Reconheço uma boa transação quando estou na frente de uma. – ele falou, parando apenas para receber as bebidas e pagar por elas. Aproveitei para bebericar um pouco do uísque, desesperada por algo que pudesse me refrescar um pouco, não sei por que de repente aquele lugar parecia tão abafado. – Anime-se, Nina. Se você se comportar bem, posso te ensinar mais que apenas beber.

Fiquei tentada a sair dali. Ele tinha muita audácia. E era impossível não se sentir intimidada pela sua confiança, pela sua aparência, pela sua voz. Ele por si já se apresentava como o drink mais inebriante daquele bar todo.

–Boa sorte nisso – falei, fingindo estar muito à vontade com aquela situação, como se barbudos charmosos me dissessem isso o tempo todo. Na verdade estava numa batalha interna. Tinha coragem suficiente para não voltar correndo para o quarto, mas tinha medo demais para simplesmente agarrar o seu pescoço e calar sua boca.

Enquanto isso, Marcus já havia vinha com uma nova seleção de palavras, capaz de me perturbar, me alarmar e me incendiar, tudo ao mesmo tempo.

–Recorda quando eu disse que posso ser muito persuasivo? – ele falou com um olhar penetrante.

–Começo a entender isso. Me diga, a tequila é a sua arma secreta? – eu o indaguei, ao que ele respondeu virando suas doses como um profissional.

–Sua vez – ele me desafiou.

Eu me ancorei na parede, os braços cruzados na frente de meu corpo sendo usados como armadura. Marcus me combinava para um jogo. E eu não tinha nada a perder.

Mas queria apostar mais alto.

–E o que ganho com isso, irritadinho?

–Ah, eu tenho um apelido agora? – ele comentou com uma expressão divertida. Dei um longo gole no uísque antes de responder. Precisava de coragem líquida.

–Não vejo motivo para não lhe retribuir a cortesia – falei com uma piscadela. Eu sabia que estava sendo atrevida. Eu queria ver até onde Marcus iria.

Queria saber se eu estava lidando com um menino ou com um homem.

Ele passou a língua sobre os lábios e soltou uma risada seca antes de se aproximar a ponto de ficar tão perto que eu podia contar quantos cílios se acumulavam em suas pestanas.

–Quando eu acabar com você, não poderá nem falar então aproveite enquanto pode me chamar de qualquer coisa que seja. Agora seja uma boa garota e acabe com a tequila.

Engoli em seco, não sabendo se aquelas palavras deveriam me revoltar ou me fazer rir. Não havia como saber já que o efeito foi incendiar o meu interior, que clamava para que eu finalmente quebrasse aquela distância estúpida que se colocava entre nossas bocas.

Mantendo o olhar preso ao seu, eu engoli as duas doses de uma vez. O sorriso no rosto de Marcus cresceu.

–Passei no teste, professor? – provoquei, sabendo que em algum lugar na minha mente, uma voz – a da razão – implorava para que eu voltasse para o quarto, de onde eu não devia ter saído.

–Não faça isso, Nina – Marcus falou, com a respiração um pouco mais acelerada. – Não comece algo que não pode acabar.

Franzi a testa, me fazendo de confusa.

–Quem falou em acabar? A noite só começou – eu disse e com um sorriso, dei as costas para ele, caminhando com segurança para a boate.

Percebi depois que havia esquecido metade do meu uísque no bar.

Não que aquilo importasse.

Eu já havia tido tudo o que queria do uísque. Agora queria ver o que a tequila teria a me oferecer.


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Notas finais do capítulo

N/A: Gente, esse capítulo foi dividido em duas partes. O resto da noite vai ficar para o próximo...
Mas como eu fiquei muito sem escrever e vocês foram tão fofos comentando e tudo mais, eu vou deixar um aperitivo para o próximo capítulo. Um fragmento do próximo capítulo, apenas a parte do diálogo.
“Talvez eu devesse te beijar agora.”
“Talvez eu devesse permitir.”
“Mas esse é o problema...eu nunca peço permissão.”
E é isso, quero muito saber o que estão achando!
Tô meio deprimida, porque uma tia muito querida faleceu ontem, mas vou tentar responder vocês o mais rápido que puder. Essa fic acabou servindo como uma distração em um momento difícil, então muito obrigada para quem ainda está por aqui.
Beijos



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