Amor de Hotel escrita por Evena Solaris


Capítulo 3
Tensão na água


Notas iniciais do capítulo

Obrigada para quem está acompanhando! As coisas vão começar a esquentar...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/594659/chapter/3

A água da piscina aquecida estava deliciosa naquela fresca noite de verão. Eu poderia esticar meu corpo e relaxar sentindo a água morna em contato com meu corpo.

Mas, infelizmente, isso não era possível. Não, quando eu estava olhando para os lados interessada em achar um certo barbudo.

Admito, isso está começando a se tornar ridículo. Onde estava a garota blasé que não perdia o fôlego por ninguém? Que ria das garotas que suspiravam pelos cantos? Que ia a shows de Artistic Monkey sem nenhuma preocupação de como estava o cabelo ou a roupa?

Eu não sabia onde ela estava.

Mas, sendo honesta, sempre acreditei que mudamos em viagens. Tudo depende do lugar que estamos. Em Nova York por exemplo, me sinto uma metropolitana quase consumista. Em Tóquio, me sinto corajosa para provar tudo de novo que os japoneses tem a oferecer. Em Praga, me sinto em casa.

Respeitando essa lógica, suponho que San Andres, deveria revelar meu lado tropical. Mas homens com barba revelam meu lado pré-adolescente.

–Esse lugar está ocupado? - um distinto sotaque inglês me desperta e ao olhar para o lado, reprimo um grito de surpresa.

Marcus está me lançando um olhar interrogativo. Além de nós na piscina aquecida, há uma senhora na minha frente que cantarola uma música que nunca ouvi antes.

–Não - de algum modo, minha voz sai firme e indiferente. Tento me controlar enquanto ele entra na piscina.

A senhora ainda tem os olhos fechados e nem percebe a movimentação.

–Ela parece animada - ele comenta e há um brilho de divertimento em seus olhos ao encarar à senhora excêntrica.

Sacudo os ombros. Eu deveria dizer algo educado. Algo delicado, que faça com que ele veja a pérola que sou. Isso que minhas tias falariam.

Mas sempre fui do contra. E teimosa demais para meu próprio bem.

–Alguém tem que ser - comentei num meio sorriso. Marcus me encara confuso e me sinto na obrigação de dar algum tipo de explicação. - Eu estava mais cedo na recepção quando algo "simplesmente inaceitável" aconteceu - fiz questão de imitar seu sotaque polido.

Ele poderia ter ficado com raiva, mas ao invés disso, sorri e resolve continuar a provocação.

–Ora, sinto muito pelo acontecido, senhorita - ele disse galante. - Como posso me retratar?

Meu sorriso aumenta.

–Nunca mais me chamando de senhorita - replico estreitando os olhos. - Sou Nina.

Ele arqueia a sobrancelha.

–Nome exótico. Eu deveria imaginar...

Não entendo o que essa insinuação quer dizer. Mas antes de tirar isso a limpo, tenho uma ressalva:

–Ah, esse não é meu nome. É só como as pessoas me chamam - respondo, ciente de como isso é incomum.

Ele se aproxima, intrigado.

–Para a maior parte das pessoas, uma coisa equivale a outra - diz, com uma nota de implicância na voz.

–Eu não sou como a maior parte das pessoas - retruco, o desafiando com o olhar.

Seu sorriso aumenta e ele não recua. Esse jogo está ficando mais interessante do que imaginei.

–Não pensei que fosse - ele comenta varrendo meu corpo submerso com os olhos. Aquele calor latente volta a dar sinal de vida. - E qual seu nome, Nina?

Retorço os lábios, como se pensasse no seu caso.

–Sabe, eu estou em desvantagem. Você sabe um nome meu e eu não sei nenhum seu - eu o provoco, sentindo eletricidade correr por minhas veias.

Não tenho ideia do que ele vai responder. Num mundo tão previsível, essa é uma das melhores sensações que uma viciada em adrenalina pode ter.

–Mas eu pensei que Nina não fosse um nome seu - ele desconversa, simulando ares de confusão.

A senhora, por incrível que pareça, ainda está entretida na música que cantarola, embora pare ocasionalmente para nos observar. Devemos ser um espetáculo e tanto, com todas as provocações trocadas.

–Ah, percebo o que está fazendo. Tentando me enrolar para que eu me esqueça do que perguntei - digo, ajeitando o biquíni no corpo e percebo que seus olhos seguem meus movimentos. Acrescento, num sussurro - Não vai funcionar.

–Só tentando manter minha vantagem - ele retruca, tirando um de seus braços da piscina e o apoiando em sua borda. Seus dedos não encostam em meu ombro por alguns centímetros.

–Boa sorte nisso. - eu o provoco novamente.

Seu rosto se ilumina diante do desafio.

–Eu posso ser muito persuasivo - fala em tom baixo e sinto como se sua voz rouca acariciasse os meus ouvidos. É inebriante, como seu perfume.

Antes que eu pudesse perguntar a ele quais eram suas táticas de persuasão, fomos rudemente interrompidos.

–Querida, você pode ajeitar o meu maiô?

Mal havia reparado que a cantoria da senhora havia cessado. Ela está mostrando o fecho que se soltou nas costas de seu maiô. Não preciso olhar para Marcus para saber que o clima evaporou.

Tentando manter meu rosto impassível, avanço para ajeitar o fecho enquanto a senhora está comentando sobre o último programa que assistiu na TV do hotel. Como se eu estivesse interessada nisso.

Quando olho para trás, noto que Marcus desapareceu. Reprimo um lamento de frustração, pois a senhora ainda está puxando papo comigo.

Demoro uns bons quinze minutos para me livrar dela e do debate sobre programas ruins de TV. Quando finalmente escapo da senhora e me enrolo em uma toalha, vejo que do outro lado da cobertura, Marcus seca o cabelo distraído. Ele ainda está molhado, então suponho que tenha mergulhado na piscina gelada depois que saiu da aquecida.

Eu só posso torcer que tenha sido algo em nossa conversa que fez com que ele precisasse do contato da água gelada no corpo. Há dois caminhos que posso tomar para chegar ao elevador. Posso seguir o caminho mais curto e não cruzar com ele. Ou tomar o mais longo e passar ao seu lado.

É bem óbvio qual dos dois escolhi.

Reunindo coragem, coloquei meu chinelo, recolhi o cartão do quarto e caminhei com segurança para a saída mais afastada.

Não sei quando entrei em seu campo visual, mas quando isso aconteceu, Marcus cravou os olhos em mim lançando um sorriso tão malicioso que seria capaz de corromper a mais pura das almas. Senti uma onda eletricidade correr por entre meus músculos, mas não hesitei nem por um segundo.

Conforme eu me aproximava, seu olhar de apreciação mais mexia com meu autocontrole. Eu devolvi o olhar com um leve sorriso e passei por ele sentindo seu olhar queimar minhas costas.

Espero que tenha tido uma boa visão, Marcus.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi de novo!
Quem está aqui lendo e acompanhando, me dá seu alô e me diz o que tá achando hehe vou adorar te responder! ;)
Beijos e até a próxima!