Era apenas mais um dia. Silver chegara a casa de um solitário passeio pelas ruas, passeios que costumava usar para refletir o que estava acontecendo n sua vida. Há pouco, descobriu os planos da Team Rocket e com isso fez um novo amigo, Gold. Eles até se davam bem, mas, nos últimos tempos, quase não se viam… Então Silver passava todos os dias sozinhos em seu apartamento… Mas sozinho não é bem a palavra correta… Todas as noites, havia um ser feminino que o visitava e lhe fazia companhia. Nunca lhe perguntara o nome antes, mas ele nem sabia se aquilo era um sonho ou não…

– Ela virá hoje? – O ruivo perguntava.

Normalmente, ela chegava em sua casa a uma hora em que ele já dormia, então sempre tem poucas recordações dela… Lembra de ver uns lindos cabelos castanhos e uns brilhantes olhos cristal… Mais nada…

Silver colocou seu casaco no cabide da entrada e se dirigiu na cozinha, preparando o jantar, também pensativo.

– Me declaro hoje? – Pensava alto acerca da menina que o visitava.

Sim, o coração gélido de Silver havia sido esquentado por essa moça que o visitava. Todas as noites Silver fingia dormir para ela não se afastar, então a menina sentava-se do seu lado na cama e o penteava com seus dedos delicados, e ali ficava, o mimando até o próprio Silver adormecer ou até a madrugada começar a chegar o fim…

Enquanto jantava, Silver se sentia nervoso. Ele queria que ela o visitasse naquela noite para se declarar, mas ele conseguiria? Ele já o tentara tantas vezes antes… Mas falta-lhe a coragem… Aff! Ele não podia ser tão medroso! O que Gold diria se o visse ser tão fraco?! Hum, que nervos! Então Silver jantou, bem devagar, fazendo tempo para a noite já ir alta, tentando ganhar confiança. Então, as vinte e três horas soaram, fazendo o ruivo arrumar a cozinha vagarosamente e se dirigir para o quarto, se preparando para deitar.

– Hum… Ela virá? – Ele continuava falando sozinho.

Com os nervos, acabou esquecendo de vestir o pijama, ficando a olhar a janela aberta de seu quarto, por onde ela sempre entrava… “Dong, dong!” As doze badaladas soaram lentamente enquanto uma rajada de vento adentrara o quarto de Silver, esse arrepiou, pois ouvira uns passos leves e ágeis subirem a parede de sua casa, decerto, seria ela. Silver ficou ainda mais nervoso, sendo que, por instinto, fingiu que dormia.

– Silver… Você está dormindo? – A garota disse ao chegar ao parapeito da janela.

Silver se recusou a responder.

– Hum… Que pena… - Ela disse entrando no recinto e se dirigindo para o seu lado.

A garota se colocou de joelhos do seu lado e lhe acariciou a face, como sempre gostava de fazer. Silver avermelhava com o toque doce e delicado da outra, se esforçando para não a olhar.

– Silver… Você é tão lindo, tão fantástico… Daria tanto para que estivesse feliz. – Ela começou um diálogo com o corpo inanimado.

O rapaz continuou apenas ouvindo e aparentando dormir.

– Tenho pena de que você esteja sempre aqui sozinho, você precisa de companhia de vez em quando… Pena que sempre que cá estou você finge dormir… - Ela sorriu matreira.

O ruivo abriu intuitivamente os olhos, reparando que a garota estava incrivelmente perto.

– Silver… Você está acordado. – Ela sorriu ainda mais apaixonada.

– Então é você! Você é a garota que me tem vindo visitar! – Silver apontou um pouco nervoso.

– Sou pois. O meu nome é Lyra, mas me pode chamar princesa se quiser. – Ela pegou a mão que apontava para esta e a segurou firme com as duas mãos.

Silver estava confuso.

– Eu não intendo… O que a trás aqui? – Silver se confundiu.

– Força de vontade, fidelidade… Muita coisa, meu amor! – Ela continuou sorrindo.

– Fidelidade? Como assim?! Você nunca me viu, como me considera fiel? E já agora, como sabe meu nome?! – Silver estava assustado, ela seria uma stalker?

– Oh, já entendi… Você não me está reconhecendo, pois não? – Ela apoiou os joelhos no colchão.

– Reconhecer? Nós nos conhecemos? – Silver estava muito confuso.

– Não se lembra de sua Arcanine, meu amor? – A pequena disse sorrindo de orelha a orelha.

Silver logo se lembrou. Ele tivera uma amiga que tinha aquela alcunha, há muito tempo, quando ainda vivia naquela cidade, muito antes de todos os seus problemas aparecerem… Seria ela? Silver esboçou uma face de espanto.

– Arcanine? É mesmo você? – Tremeu um sorriso em sua face.

– Você deve estar muito confuso, mas eu explico… Sabe, eu tenho vindo a ter muitas saudades suas… Então, todos os dias, pedia a Lúgia que me juntasse com você de novo. Então, uma noite eu subi na sua janela e acabei aqui com você.– Ela admitiu esfregando seu rosto no de Silver.

– Mas… Porque você está aqui? – Silver se questionou.

– Me pergunta algo tão óbvio? Oras! Eu estou aqui porque te amo, meu lindo! - Ela o abraçou com força o derrubando na cama. – Eu tive saudades suas.

– Lyra… Também tive… - Silver respondeu ao abraço sorrindo.

– Silver… - Ela chamou.

– Sim? – Ele respondeu ao chamado.

– Me mima como fazia antes? – Ela avermelhou um pouquinho.

Silver sorriu com vontade, se sentando e indicando o seu colo à amiga, onde essa se sentou. Silver começou por juntar as testas dos dois e beijar a face desta, suas mãos faziam fofas carícias na barriga desta e seus beijos desceram para o pescoço desta.

– Ahah, Silver! Isso faz cócegas! – A menina queixou-se.

Silver levantou uma sobrancelha, como quem se lembra de algo.

– Pois é, eu já esquecia… Você tem cócegas! – Silver riu começando a fazer cócegas nas axilas da outra.

– Ahhahah! Silver, quieto! Ahahahah! Pare! – A garota ria e chorava o mesmo tempo.

Então Silver beijou o pescoço da outra, aumentado mais o riso desta que mesmo não admitindo, se deliciava com as cócegas do outro, como nos velhos tempos.

– S-silver, m-me diz! Ahahah! V-você se sente Ahahah! Feliz c-comigo aqui? Ahahahah! – Lyra tentava perguntar enquanto ria.

– Feliz? Lyra, eu me sinto realizado. Eu amo ter você aqui. Por favor, nunca vá embora! – Ele pedia parando um pouco suas cócegas e a abraçando.

Lyra respondeu ao abraço apertado do outro.

– Ok, então… Se quiser, eu não volto a sair do seu lado, posso ficar com você. Me torno sua mulher. – Lyra segredou no seu ouvido.

– Minha mulher? – Silver gostou da ideia.

– Sim, tal e qual prometi há uns aninhos atrás… - Lyra relembrou o outro de uma promessa que lhe fizera beijando-lhe a face.

– Ahaha, pois foi… Então eu me tornarei seu noivo. – Silver devolveu o mimo.

– Gosto de mimar você. – Ela se jogou de novo ficando sobre o outro.

– E eu de ser mimado por você. – Silver começou a acariciar os cabelos morenos da mais pequena.

Então, Silver deixou de passar seu tempo sozinho, pois agora tinha uma noiva, que o amava, mimava e dava companhia a todos os mementos em que ambos queriam.

“O amor de crianças é o mais puro, pois nasce da amizade e só cresce se for verdadeiro, então, se tiver um amigo de infância, o estime, se ainda são amigos, é porque você é importante para ele.”