Green escrita por Bah


Capítulo 12
O pardal e a canção


Notas iniciais do capítulo

Pensei em algo para dizer sobre este capítulo e não consegui.Sofia e Taylor já fazem mais parte de mim que eu mesma.Espero que gostem e me desculpem por possíveis erros.



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Era manhã de sábado, Sofia navegava pelos canais da TV sem ao menos prestar atenção neles.Neste dia a saudade de Taylor havia despertado junto com ela, mais avassaladora do que nunca, e ela tinha a impressão de que algo poderia acontecer.

_Não tomou café, minha pequena...sem fome?

Ela assentiu.

_Voltou a sentir saudades do mocinho?

_Não, na verdade não "voltei", nunca parei de sentir_Disse educadamente.

...

Taylor olhava para a janela do hospital enquanto Sarah lia alguma coisa sentada em uma poltrona ao seu lado.

_Filho...

_Sim?

_Se a Sofia aparecesse aqui agora, sabe o que diria a ela?

_Não faço ideia... mas acho que mesmo com a raiva que tenho sentido pediria para que ela ficasse.Eu acho que não ia nem querer explicações contando que ela ficasse comigo.Eu sabia que seria difícil, só não sabia que eu me sentiria tão vazio.Não vejo mais sentido em nada disso, sabe, mãe?Nem amor próprio e orgulho tenho mais.

_O amor as vezes exige muito de nós, Taylor.Eu era uma moça de classe alta, família tradicional, e fui me apaixonar logo por quem?Pelo seu pai, um hippie que surfava o dia inteiro e vivia de vender artesanato na praia.Não foi fácil, mas estou casada com esse hippie há trinta e dois anos.

Taylor sorriu.

_A história de vocês deve ter sido muito bonita, mãe.Acho que nunca te disse isso, mas eu sempre quis encontrar uma garota que olhasse para mim do mesmo jeito que você olha para o meu pai.Contra todas as probabilidades eu encontrei essa garota, mas com certeza não vou fazer trinta e dois anos de casado com ela.

_Taylor...ela não sabe do que aconteceu.

_Como?

_Ela ligou várias vezes.Não espero que me perdoe por isso, mas fiz pensando no seu bem.

_Vocês...vocês esconderam isso de mim?Me fizeram pensar que a Sofia tinha me esquecido?

_Seu pai não tem nada a ver com isso, ele foi contra desde o começo.Mas eu achei que com o tempo isso passaria, que vocês estavam muito distantes para manter um vínculo tão forte.Eu estava enganada.Me perdoe, filho

_Mãe, só...só me passa o telefone.

Sarah olhou com complacência para o filho, discou o número e lhe entregou o telefone, que chamou uma, duas, três, quatro vezes:

_Residência dos Wickman_Falava Frida em Alemão.

_Sofia Wickman?_Disse simplesmente, visto que não sabia nem ao menos "oi" na língua.

_Você é americano?_Falou, em inglês dessa vez.

_Ah, graças a Deus, você fala minha língua.Pode por favor dizer à Sofia que um..._pigarreou_amigo precisa muito falar com ela?

_Vou chamá-la, só um segundo.

_Muitíssimo obrigado, você não faz ideia do quanto.

...

Pela ansiedade na voz, Frida já sabia de quem se tratava.Subiu as escadas o mais rápido que pôde e chamou por Sofia, animada.

_Senho...Sofia?_Deu três batidinhas na porta.

_Entre, Frida.

A mulher abriu apenas o suficiente para o seu rosto e disse contente:

_Acho que o moço de quem você tanto fala está no telefone!

O peito de Sofia encheu-se de algo bom e quente.Correu e quase tropeçou nas escadas, cheia de expectativa e apreensão.

_A-Alô?

E tudo estava mudo.

_Alô?_Disse mais uma vez, a voz muito mais fraca e oscilante do que ela desejava.Uma fungada curta preencheu o silêncio.

_Sofia...

Ela não sabia ao certo se ele chorava ou ria, mas bastou que ele pronunciasse seu nome e suas pernas amoleceram, seus olhos se fecharam quase que por vontade própria.Até que uma verdade arrebatadora veio como uma pancada na cabeça.A voz de Malcolm dizendo que ele não queria vê-la veio à mente.As noites em que ela passou chorando também.Clareou a garganta e endireitou os ombros, como se ele pudesse vê-la, e disse o mais friamente que conseguia:

_O que é que você quer?

_Você já me deu o que eu queria.

_O que?

_Ouvir sua voz.

Sofia sentou-se no chão, esticando o fio do telefone.Não pôde conter o primeiro soluço antes reprimido.

_Por que você fez isso comigo, Taylor?Já se passaram um mês, uma semana e quatro torturantes dias e só então você decide falar comigo só para ouvir a porra da minha voz?_Apesar do tom brusco Sofia não gritava.

_Eu te amo_Ele disse em meio as lágrimas que ela não podia ver, mas que eram tão doídas de se ouvir.

_Então por que?_Sua voz agora bem mais macia, a voz da garota que ele conhecia tão bem.

_Porque descobri um dia desses que não posso enfrentar o líder do time de futebol_Ele forçou uma risada.

_Como assim?

_Tem muita coisa que você precisa saber, meu anjo.

_Bom, então me conte!

_Eu estive no hospital todo esse tempo.

O rosto dela empalideceu.

_Meu amor, por que?

O apelido carinhoso percorreu por toda a espinha de Taylor.Ele contou a história por alto, pois sabia que não havia objetivo em deixá-la aflita com os mínimos detalhes.Quando terminou, percebeu que ela chorava.

_Me perdoa, por favor, me perdoe por tudo!

_Por qual parte devo te perdoar?Por me amar ou por conseguir me preencher tanto mesmo falando apenas por um telefone?

_Pelo Ben e por pensar que...

_Meus pais fizeram você pensar que eu não queria falar com você.Na cabeça deles estavam só nos poupando ou algo parecido_olhou com ar reprovador para a mãe_E...eu sinto muito pelo Ben.

_Você não existe, não é mesmo?Não sei como esse coração cabe aí dentro.E como você está se sentindo?

_Melhor esses dias.Devo receber alta na semana que vem, mas ainda não posso me sentar.Vou me locomover em uma maca por um tempo, tipo um cosplay de Mark O'Brien.

Ela reprimiu uma risada.

_Queria estar aí com você.

_Bem, agora você está!

_Não, não estou.Queria ter segurado sua mão quando você sentiu dor, estar realmente ao seu lado quando você precisou de mim.Não vou suportar tudo isso_Sua voz estava oscilante.

_Nós vamos suportar, meu anjo, vamos suportar, passar por cima de tudo isso.

Frida adentrou a sala com o tom formal que só utilizava perto de Madeleine e Valentin.Ela rezava para que fosse apenas Madeleine.

_Senhorita Sofia?_pigarreou_A senhora Wickman pediu para que eu lhe avisasse que as aulas de música começam agora.

_Só um minuto_disse tampando o telefone.

_Falou comigo?_Taylor perguntou.

_Não, é que eu preciso ir.

_Tudo bem.E cria uma conta no Skype, não aguento mais ficar sem ver teu rosto!

_Bom, então terei de convencer minha avó a colocar internet primeiro.Me sinto em 1860 nessa casa, me chamam até de “senhorita Sofia”_e piscou para Frida, que mostrou a língua.

_Até breve, “senhorita Sofia”.

_Até breve, meu amor.

Valentin a esperava na sala de estar junto a Madeleine.

_Olá, Sofia_disse Valentin, ainda mais casualmente do que na aula passada.

_Oi, Valentin.

_Bom, onde pretende ter aulas hoje?

_Na sala da Arte_Disse com um sorriso que ia de orelha a orelha.

_Tem certeza?

_Absoluta.

Sofia queria mais do que nunca lembrar de Taylor.Podia até sentir seu cheiro novamente.

_Bom, fez a parte teórica que pedi na aula passada?

Sofia entregou a pasta e então começaram com os "Oohs" e "Aahs".Valentin ajustou o violão e tocou em mi maior.Sua voz fluiu leve e se misturou com o vento nos primeiros versos:

"Esta é a música que eu vou cantar para você
Quando você ficar velho e cansado
Eu vou cantá-la para te lembrar
Que eu estou velha ao seu lado..."

E nos próximos versos lágrimas se formaram nos cantos de seus olhos enquanto um sorriso macio brotava em seus lábios:

"Então se nossos corpos ficarem feios
E nossos corações pararem de bater
Nossa casa desmoronar em mim
E nossos filhos começarem a sair

Eu espero que você saiba que eu apreciei
Você em todos os sentidos possíveis
Todas as pequenas coisas que você fez,
Elas me atravessaram pelos dias mais difíceis."

E então, Valentin suavizou os acordes enquanto ela diminuía o ritmo e o tom de sua voz para o último verso:

"E eu cantarei
Oh, é incrível que você está aqui
Tão só eu estaria
Em um mundo em que você não está perto
Não vá para casa sem mim."

_Incrível, Sofia...não sei como faz isso, mas eu sinto em minha espinha cada palavra que você canta.

_Obrigada, é muito gentil.

Assim que Valentin deixou a sala, Sofia correu para o telefone, ainda sentindo a música em seu peito.

_Sofia?_Chamou Madeleine quando a menina passou correndo por ela.

_Preciso fazer mais uma ligação, vó.

Madeleine deu uma risadinha.

_E te deixar me falir assim?Vá até o seu quarto, tenho umas coisas para você.

_Pra mim?

_Vá até lá ver!

Sofia rasgou o embrulho cor de rosa, revelando um notbook e logo após rasgou o embrulho menor, que continha um iPhone ainda mais atual que o que ela atirou contra uma árvore.

_Agora pode ter privacidade para conversar com seu namorado.A internet foi instalada hoje...não sei bem para que serve, mas Frida disse que eu devia lhe avisar.

Sofia a abraçou como ainda não havia feito.

_É muito importante para mim, vó, nem sei como agradecer.

_Mais abraços como esse compensam.

_Quantos a senhora quiser!

Assim que ficou sozinha, configurou os novos aparelhos e ligou para Taylor.

_Alô?

_Sarah?É a Sofia.

_Olá, querida!Como vai?

_Com saudades.

_Compreensível...vou passar o telefone para o Taylor antes que ele tenha um AVC.

_Por favor!_Sofia riu.

_Alô?

A voz dele era ansiosa e esgoelada.

_Adivinha quem tem Skype agora.

_O QUÊ?_pigarreou_sério?então quer dizer que posso te ver?

_Sempre que quiser!

_Espera, eu só preciso...ãhn, preciso ficar mais apresentável.

_Tudo bem, mas não demora, vou te chamar em dez minutos!

As mãos de ambos suavam, Sofia jogou o corpo sobre a cama e sorria para o teto.

...

_MÃE, PRECISO DE UMA BLUSA!

_Que desespero é esse, meu filho?

_RÁPIDO, ME DÁ AQUELA MAIS NOVA!RÁÁÁÁÁÁPIDO!

_Vão se ver pelo computador?

_Vamos, e eu só tenho dez minutos.AGORA SÓ TENHO NOVE.

Sarah deu uma gargalhada e o ajudou com a camisa.

_A ESCOVA DE CABELO, A ESCOVA!

_Shhhhhh!Estamos em um hospital, pare com essa gritaria!_Disse enquanto penteava os cabelos do filho.

_Como estou?Quer dizer, além das olheiras, da cor de folha de ofício e dos roxos na cara.

_Você está lindo,Taylor.Vou deixar vocês a vontade.

E então chegou o pedido de chamada de vídeo de Sofia.Ele respirou fundo duas vezes e aceitou.

...

Sofia entreabriu os lábios e não conseguiu dizer nada.Lágrimas caíam sem avisar de seus olhos.Toda a confiança que Taylor emanava havia desaparecido.Ela via um menino muito mais frágil e machucado do que imaginava.Havia perdido peso e nunca estivera tão pálido.Ela passou os dedos sobre a tela, contornando seus cabelos, mas o monitor gelado apenas confirmou a distancia de seus corpos.

_Você...

Ele não conseguiu dizer mais nada.Viu uma Sofia mais magra, olheiras roxas em seu rosto perfeito.

_Estamos horríveis_Disse ela por fim.

Ele riu, embora seus olhos revelassem tristeza.

_Isso não está te fazendo bem, não é, meu anjo?

_Nem para você, Taylor.

_Te ver agora me faz bem.

_Eu sinto tanto a sua falta...como estão as coisas?

_Eu estou melhor a cada dia, devo receber alta amanhã.O problema é a minha mãe...

_O que aconteceu com a Sarah?

_Câncer de mama...de novo.

_Não...sinto muito, meu amor, muito mesmo.

_Eu também.

Taylor tentou conter as lágrimas, sem sucesso, e Sofia encostou a testa no monitor.

_Sofia...

_Sim?

_Canta pra mim, meu pardal?

Um soluço abafado escapou de sua garganta.Limpou as lágrimas e o muco que escorriam em seu rosto e começou com voz baixa e áspera:

"Esta é a música que eu vou cantar para você
Quando você ficar velho e cansado..."

O tempo passou rápido para eles.Conversaram por seis horas seguidas, alternando entre risadas e choros.

_Sofia, querida, hora de acordar.

_Hmm...que horas são?

_Meio dia.Você dormiu em cima desse notebook a noite toda?

_Na verdade não dormi, tínhamos muito assunto para colocar em dia.

_Entendo, mas não poderá fazer isso sempre, ouviu?Não vai fazer bem para a sua saúde.

_Eu sei, vozinha, pode deixar.

_Venha, vamos descer para o café.

_Vó!

_Sim?

_Ainda dá tempo de me matricular em uma escola normal?Não tenho mais motivos para ficar presa nessa casa.

_Claro, meu bem.Temos uma ótima escola tradicional, bilíngue, você não terá problemas em se comunicar com ninguém.Estudei lá toda a minha juventude.

_É de lá que vem sua fluência em inglês?

Ela assentiu.

_Então não terei mesmo problemas.

...

_Malcolm, já está tudo dentro da mala?

_Sim, só falta o Taylor_Disse bagunçando o cabelo do filho.

_Adoro quando você faz isso, me sinto um filhote de cachorro.

_Por que não disse antes?!_E fez mais uma vez.

_Ah, seu velho insuportável_Disse Taylor rindo.

Malcolm tirou o filho da cama e o colocou na cadeira.

_Uou, parece que estou em uma montanha russa, tá tudo girando.

_É por causa dos remédios e o tempo deitado_Disse a enfermeira_logo você vai estar melhor.

_Muito obrigada por tudo, enfermeira, nem acredito que ele está tendo alta..._Disse Sarah alisando um dos ombros da enfermeira.

_Não precisa agradecer, Senhora Evans, qualquer coisa é só ligar para o hospital.

Assim que chegaram em casa, Taylor foi até seu telescópio.Era o mais perto que podia chegar de Sofia.

Uma semana se passou.Taylor estava de volta a escola, ela prestes a começar.O contato resumiu-se a mensagens, apenas.

...

Sofia voltou de uma caminhada e encontrou sua casa escura e quieta.Mais silenciosa que o normal.Um vento frio soprou sua nuca e percorreu sua espinha.

_Vó?Frida?_Chamou com voz trêmula.

E então todas as luzes se acenderam de uma só vez.Ao redor da mesa estavam Madeleine, Frida e Valentin.Gritaram "SURPRESAA!" em uníssono.Madeleine segurava um bolo cor de rosa grande o suficiente com velas de dezoito anos cravadas em cima.

_Achou que fôssemos esquecer, não é?_Perguntou Frida eufórica, com os cachos negros sacudindo como molas.

_O meu aniversário...é hoje?

_Então você não estava se lembrando?É claro que é, bobinha!

Só percebeu que continuava com expressão confusa, imóvel, quando os olhos azuis de Madeleine, antes tão iluminados, apagaram-se.

_Não gostou da surpresa?_Perguntou desapontada.

_Não é isso, eu amei!Ninguém nunca fez nada assim para mim antes...

A menina correu e abraçou com fervor a avó, Frida e logo em seguida deu um "quase abraço" desajeitado em Valentin, que parecia tão desconfortável quanto ela.

Madeleine entregou-lhe um embrulho pomposo enorme (típico de Madeleine), que revelou um belo quadro de fotos com moldura impecável.

_Achei que precisaria de um para as fotos dos amigos que fará aqui.

_É lindo, vó, eu amei!

_Bom...eu também tenho uma lembrancinha_Disse Frida sem jeito.

_Ora, Frida, não precisava!

_Espero que goste!_Estendeu um vestido azul turquesa de seda e mangas de renda delicada.

_Nossa...é lindo!

_Está em minha família há algum tempo...como não posso e nem pretendo ter filhos, é seu!

_Tem certeza?Não posso aceitar...

_Não só pode como vai!Você é como uma irmãzinha caçula para mim.

Sofia a abraçou mais uma vez.Frida começou a contar a história do vestido, que até então era herança de família, e Valentin a interrompeu com uma pigarreada sugestiva.Todos os olhos da sala voltaram-se para ele.

_Se me permitem...

Valentin tirou do bolso uma linda caixinha artesanal feita de bambu.Sofia abriu-a e uma borboleta lilás, igualmente feita a mão, saltou de lá de dentro.Até mesmo o arame que a prendia na caixa era decorado com delicadas flores de papel.

_Uau...foi você quem fez?

Ele assentiu.

_É maravilhosa, Valentin...tão delicada, tão frágil.

_Exatamente por isso que dei a você.Não poderia haver dona mais digna.

Suas bochechas rosaram e ela fechou imediatamente a caixinha.

_Vou guardar com muito cuidado.

_Agora acho que podemos mostrar a surpresa maior_Interrompeu Madeleine.

_Mais surpresas?Além de todo esse banquete e todos esses presentes?

_Talvez o melhor deles.

O coração de Sofia estava acelerado, o sangue corria por suas veias.Por mais surreal que fosse, por mais remota que fosse a possibilidade, imaginou que a qualquer minuto Taylor sairia de trás de um móvel qualquer junto àquele barulho delicioso e familiar das rodas no assoalho.Imaginou que ele estaria com os olhos cheios de lágrimas e nem sequer tentaria escondê-las atrás da cabeleira lisa e negra.Já podia sentir seu cheiro suave e masculino de colônia.Ele diria: "Se não vier me abraçar agora, serei obrigado a correr atrás de você!" e ela correria até ele e se sentaria com cuidado e desejo em seu colo frágil.Iniciariam um beijo tranquilo e doce, cheio de saudade.

Gritinhos histéricos que ela conhecia bem a tiraram de seu devaneio.Lindsay e Tiffany surgiram do quarto ao lado com chapéus de aniversário soprando cornetas e línguas de sogra.Sofia estava feliz em vê-las e sentiu-se culpada por, ao mesmo tempo, estar completamente frustrada.As duas a apertaram em um abraço de urso e ela forçou um sorriso que mais pareceu uma boca anestesiada em uma consulta odontológica.

_Amigaaaaa!Que casarão é esse?

_Ai, Sofiiiiz!Daria tudo para morar nesse lugar_Disse Lindsay.

_E eu daria tudo para voltar.

_Nossa, miga, que bad é essa?Por causa do Taylor?

_É..._Ela olhou para as três pessoas em volta da mesa, em especial para Valentin_Depois conversaremos sobre isso.

_Devo entregar o presente dele depois também?

_Ele se lembrou do meu aniversário, Tiffy?_Um rubor se apossou de seu rosto.

_Ele pode esquecer o nome dele, Sofia, mas você?Só se for vítima de Alzheimer.

_Bom, então me entregue logo!

Tiffany entregou-lhe um diário encapado com o primeiro "desenho" que fizeram juntos.Um lindo cadeado dourado com duas pedras legítimas fundidas prendia sua lateral.Ametista, pedra do signo de peixes, Topázio do signo de Leão.O signo dela, o signo dele.Na parte de trás havia uma frase de Shakespeare escrita em tinta de tela com letras que com certeza eram dele.A imagem tornou-se clara na mente de Sofia: o pincel está preso em seus lábios e seu cenho franzido enquanto ele se concentra para desenhar cada uma das palavras com movimentos labiais que ela jamais poderia reproduzir.Suas pernas fraquejaram e ela quase foi ao chão.

_Não quero me meter e tal, mas o que significa esse ponto verde no meio desse negócio roxo?Você ficou tão abalada com isso...

_Significa tudo, Lindsay.Tudo.

_Eu ficaria só com o cadeado!

_Cala a boca, Lindsay!

_Tá tudo bem, Tiffy.Ele não deu nenhuma chave?

Lindsay estendeu uma correntinha com uma pequena chave.Sofia colocou-a no pescoço e segurou o diário com força sobre o peito.Tinha cheiro de Taylor, de refúgio, de uma bela canção com final feliz.

O curso do verdadeiro amor jamais foi tranquilo.

– William Shakespeare.


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