As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e eu passava as costas das minhas, numa tentativa falha de parar de chorar.

Isso sempre acontecia. Quando fico sozinha elas caem sem parar, sem alguma razão. Bom, á uma razão.

Levanto-me do sofá e me guio para a escada, afim de chegar em meu quarto. Sempre que fico sozinha esse caminho parece ser maior, mais sufocante do que o normal.

Entro nele e o tranco com a chave que estava no meu bolso. Eu escorrego de um jeito lento pela porta e finalmente sento no chão.

As lágrimas voltam a cair, sem parar, sem destino, sem sentimento. Apenas lágrimas que transbordam essa tristeza, aprisionada em meu coração.

A tempos essa tristeza me desgasta, tirava as poucas energias que eu tinha, tirava seus momentos de alegria, porém não os de tristeza.

Me envolvi minhas pernas com meus braços, enfiando a cabeça em meio de meus braços.

Estava me sentindo cansada, havia passado o dia inteiro encenando aquela estupidez, que minha mãe insiste em eu fazer todos os dias, em fingir que somos uma família feliz.

O meu corpo relaxa completamente, mostrando que eu iria desmaiar, e logo tudo se apaga, nada mais existe, tudo desaparece em questão de segundos.

–-X–-

O barulho do celular, ressoa por todo o quarto e me faz acordar daquele sono tão bom. Abro os olhos logo vendo que o sol ainda não havia aparecido no céu.

Levanto-me, vou até a cabeceira e vejo quem está me ligando, que no caso é minha mãe. Suspiro profundamente e ignoro a ligação dela.

Pego a chave que estava no bolso do meu casaco e abro a porta. Ando até o banheiro para eu me arrumar para a escola.

Aperto o botão para ligar a água da banheira, e logo em seguida retiro toda a minha roupa. Fico brincando e formando imagens, na água que preenchia a banheira até o momento. Quando a banheira ficou cheia eu entrei me acostumando com aquela água morna.

É tão bom entrar nesta água morna e esquecer, pelo menos por alguns minutos, de todo o frio, de todas as mentiras e traições.

–-X–-

Chegava na escola, sentindo aquele frio, comum daqui. Dei uma rápida olhada para atrás e vi que era uma das primeiras alunas a chegar, observo os alunos, que estão tão entusiasmados, sem algum motivo aparente, deve ser apenas pela futilidade que lhe é conveniente.

Entrei na escola, junto com várias pessoas usando um grande casaco escondendo o uniforme da escola.

Todas as pessoas que entraram comigo, já se animavam achando o seu grupo de amigos, enquanto eu apenas procurava um canto para escutar musica.

– Miku! - Virei para ver quem estava me chamando, logo vi a Melody. Melody é uma "amiga", se podemos chamar-la assim.- Que saudade! - Disse ela me abraçando um pouco mais forte do que eu queria.

– Oi, Melody - Disse, afastando ela de mim. Eu só estou perto dela para não estar sozinha no ambiente escolar. É um pouco complicado entender o meu relacionamento com ela, eu estou perto dela para não estar sozinha, mas parece que eu estou completamente sozinha perto dela, igual quando estou com a Tsuki.

– Que jeito de cumprimentar é esse? - Disse ela - Vamos animação! - Disse ela levantando os meus braços e balançando eles de um lado para o outro. - Você não tem solução! - Disse ela largando o meu braço, logo virando a cabeça para trás procurando a Tsuki. Logo ela me ignorou e ficou conversando com ela.

Peguei o meu celular junto com o fone, e coloquei as musicas no aleatório. A melodia da musica era agitada, a letra aparentava ser triste, mas era tão boa de se ouvir.

Senti uma mão encostar no meu ombro, logo eu virei e vi o Sam.

– Oi - Digo e logo um sorriso se abriu em meu rosto. Eu conhecia ele desde meus 10 anos, é o meu único amigo verdadeiro. Ele age de um jeito diferente comigo, mas por algum motivo eu gosto.

– Oi, Miku! - Disse ele sorrindo e passando a mão no topo da minha cabeça, me fazendo corar. - Vamos, a aula já está começando!