Thomas’ POV

– Como assim namorando?!? – me encolhi ao ouvir o tom de voz da garota.

– Então... É.

– Eu não acredito que você estava saindo com ele e não me contou!! – Brenda estava muito brava. – Claro, eu já imaginava, mas ainda assim. E agora vocês já estão namorando?!?!?

– Quem está namorando? – Chuck entrou na sala e parou na porta, observando a cena que deveria estar no mínimo cômica. Eu encolhido na cadeira e Brenda vermelha com aquele olhar assassino e berrando aos ventos. – Ah, tá.

Ele se virou para mim.

– Parabéns. É o loiro, né? – assenti timidamente e ele sorriu. – Legal. Bren, estão te chamando.

Ela me olhou furiosa uma última vez e saiu da sala. Suspirei aliviado e Chuck riu, sentando-se ao meu lado.

– Espero que ela não fique brava quando descobrir que não tinha ninguém chamando. Você deveria ir trabalhar.

Ele piscou para mim. Agradeci mentalmente por Chuck existir e saí correndo antes que Brenda voltasse.

– Hey, calma quanta pressa – fui parado por uma mão em meu pulso e me surpreendi por um instante ao ver Newt ali.

– Você é meu primeiro de hoje – ele riu e só então percebi o duplo sentido da frase, corando absurdamente. Ele riu mais. – Digo...

– Eu entendi, Tommy. O que aconteceu para tanto desespero?

– Contei para Brenda que estamos namorando e ela surtou porque não contei nem que estávamos saindo – ele sorriu.

– Ah, faz sentido. Ela passou aqui há alguns segundos, reclamando com Deus e o mundo – sorri culpado. – Vamos?

Trabalhar com o loiro e manter as coisas profissionais era como tortura. Newt, é claro, percebia isso e provocava, fazendo poses que tinham implícitas milhares de intenções. O fato era que estava ficando cada vez mais difícil resistir às provocações do garroto, e eu não sabia até quando iria aguentar.

E é óbvio que Newt não queria esperar.

Minhas visitas à casa do loiro eram cada vez menos frequentes, enquanto ele praticamente morava em casa. Não que fosse um incômodo; a presença de Teresa era praticamente inexistente agora, com Newt ocupando todo o espaço. As coisas ficavam cada vez mais sérias e eu queria provar para ele que me importava.

– Vai lá para casa hoje? – perguntei casualmente. Ele deu de ombros, mudando de posição.

– Depois do trabalho, provavelmente. Por quê? – respondi com um aceno de cabeça, deixando o assunto de lado. Ele deu de ombros outra vez, e apenas continuei a fotografar.

A verdade era que tinha planejado algo para entregar ao garoto, e pretendia que nada me incomodasse; por mais que amasse ter Newt por perto, queria fazer uma surpresa.

Newt’s POV

– Como vai o namorado? – Minho me deu um abraço de urso quando cheguei ao apartamento, os garotos todos já prontos. Revirei os olhos e dei risada.

– Muito bem. Pode me largar, ursão? Preciso me trocar – o asiático me deu um beijo estalado na bochecha de brincadeira e fui empurrado para meu quarto logo em seguida. Ri baixinho, ouvindo os gritos provenientes da sala.

– Está começando a nos abandonar, Newton; precisa voltar pra casa de vez em quando, sabia? – gargalhei alto ao ouvir o comentário de Alby.

– Você conhece o ditado, Alby. “O bom filho a casa torna” – sai do quarto já vestido e segui os meninos para fora, em direção À Clareira.

O local continuava a mesma coisa: os mesmos clientes, as mesmas músicas, as mesmas regras. De vez em quando aparecia alguém diferente, mas ninguém que ficasse tempo suficiente para se tornar permanente.

Então, foi uma surpresa ao ver um rosto novo ali no meio.

O garoto tinha cabelos estranhamente curtos e uma pele clara. Não era muito alto: tinha a mesma altura da maioria dos garotos trabalhando ali. Ava e Janson não estavam perto, mas supus que não iriam apresentar nosso novo colega. Apesar de ver o garoto aparentemente deslocado, não senti muita vontade de ir me apresentar. Ele não parecia muito aberto a amizades.

– Minho – chamei o garoto, que já estava se dirigindo ao palco enquanto conversava com Harriet. – Temos um novato. Vá enturmá-lo.

Ele me olhou como se eu fosse maluco. Ergui uma sobrancelha, como se dissesse: “duvido que você faça isso”, o que bastou para o asiático seguir em direção ao tal menino.

– E aí fedelho? – segurei o riso ao ver a cara de descrença que o garoto fez. Não prestei atenção no resto da conversa, já que Harriet me chamou a atenção.

– Não precisa juntar casais, Newt. Minho sabe fazer isso sozinho – senti a pontada de ciúmes da garota e não precisei pensar duas vezes antes de me afastar daquela área. Chequei o celular, esperando alguma mensagem de Thomas, mas não havia nada.

Ele estava estranho desde manhã, e tinha deixado bem óbvio que iria fazer algo hoje. Não me atrevi a perguntar o que era. Ainda assim, esperava pelo menos alguma notícia.

– Newt, vamos!

Ouvi Ben me chamar e guardei o celular. Tommy podia esperar.

Thomas’ POV

Mordi os lábios, nervoso. A casa estava uma bagunça, havia milhares de coisas espalhadas pelo chão – não caixas dessa vez – e o loiro iria chegar em duas horas. Suspirei.

– Vamos, Thomas, você consegue – murmurei para mim mesmo.

Limpei a casa do melhor modo que podia. O que não tinha lugar, eu joguei no armário ou no lixo. Sempre havia lugar. Olhei o que tinha feito na mesa, orgulhoso. Podiam estar um pouco assimétricas e meio feias, mas eram minhas. Era eu quem tinha feito. E esperava que isso agradasse Newt.

Sentei no sofá e esperei o loiro chegar assistindo televisão. Quando ouvi a porta abrir, escondi minha surpresa no bolso e segui até o som de passos cansados.

– Boa noite – selei seus lábios de leve e puxei-o para o quarto. Ele deu risada.

– Calma Tommy, o que foi?

Sentei-o na cama e me sentei ao lado dele. Mordi os lábios novamente e respirei fundo, tirando enfim as alianças que eu mesmo fiz do bolso. A cara de surpresa do loiro foi impagável.

– Newt, eu sei que não é preciso nada disso, antes que você fale algo – ele segurou o riso. -, mas esse relacionamento é muito importante pra mim. Quero que entenda que vou levar isso a sério e não tenho intenções de te magoar, e também que você mudou minha vida desde que entrou nela. E tudo ficou muito melhor, Newt. Eu sei que elas ficaram meio fracas e um pouco... disformes? Mas são nossas. E espero que esse seja um pedido melhor do que o que eu fiz há alguns dias. Newt, consegue me aguentar como seu namorado oficial?

Ele riu abertamente, o que me fez sorrir junto, e pegou as alianças da minha mão. Eram bem simples: dois aros de madeira presos em um fio de prata – já que nenhum de nós tinha o hábito de anéis, como tínhamos discutido –, cada um com o nome do outro entalhado.

– Você que fez? – ele olhou para mim e seus olhos brilhavam. Sorri de canto.

– Não estão perfeitas, mas...

Ele me calou com um beijo, como era de costume. Sorri de lado quando ele pegou aquele com seu nome e foi para trás de mim, colocando o colar em meu pescoço. Fiz o mesmo com ele em seguida.

– Somente se me aguentar também – murmurou, me fazendo sorrir e me derrubando na cama, fazendo com que eu me deitasse. Sorri por entre o beijo, pensando que nada poderia melhorar.